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CAPÍTULO 6 - O RETRATO


ainda em 05/07/1981 (domingo)


Regina entrou em casa ainda com aquela sensação de formigamento nos lábios e encontrou seu pai sozinho na sala.

Havia um certo ar de preocupação em seu semblante e Regina sentou-se ao seu lado.

- Tudo bem, pai?

- Sim, estou bem. Estava aqui refletindo. Há anos tenho uma informação para lhe passar e estava esperando o momento certo. Por muitas vezes duvidei que esse momento chegaria e agora estou me confrontando com ele ao vivo e em cores.

- Pai, o senhor está me assustando. Do que se trata? É algo grave? O senhor está doente?

- Venha comigo até o quarto dos fundos. Você precisa ver algo para depois conseguir entender e acreditar no que vou lhe contar.

Regina acompanhou seu pai pela casa até o mencionado quarto. Lá havia um grande armário. Walter abriu a porta e de dentro retirou um grande embrulho. Tinha formato retangular e se assemelhava a um quadro.

Regina viu seu pai rasgar cuidadosamente o papel que protegia o que estava embrulhado e uma pintura aparecera. Estava de cabeça pra baixo, mas Regina percebeu que havia três pessoas retratadas ali. Walter virou o retrato para a parede e pediu que ela se sentasse.

- Esse retrato foi pintado no século XIX, precisamente no ano de 1855. As pessoas aqui retratadas são nossos antepassados ingleses. O homem se chamava Robert Smith, a esposa Catherine Smith e a criança, que na época estava com dez anos, chamava-se... - a voz de Walter ficou embargada e ele fez uma pausa antes de continuar - a menina era Clair Smith.

Um arrepio sinistro percorreu o corpo de Regina ao ouvir o nome da menina.

Seu pai continuou sua narrativa.

- Robert Smith era um médico conceituado, filho de uma família burguesa. Catherine, uma musicista, era filha de Sir George e Lady Caroline Sinclair, nobres aristocratas da região. Ela tocava piano e cantava divinamente, segundo registro. Eles viviam em Manchester, área rural da Inglaterra, na era vitoriana. Somente os pais de Catherine, além do marido sabiam que Clair Smith não era filha biológica de Robert. Catherine havia sido violentada na noite que debutou na sociedade local e ficou grávida. Robert já a conhecia e era apaixonado por ela. Ofereceu seu nome e seu amor a ela e aceitou a criança como sua.

Robert e Catherine eram muito felizes, mas não tiveram outros filhos. Pouco tempo depois desse retrato ser pintado, o casal sofreu um acidente e faleceu. Clair Smith foi ao enterro dos pais e, segundo narrado em seu diário, ouviu a voz de sua mãe garantindo que eles estariam juntos novamente em algum momento no futuro.

Clair foi morar com os avós maternos, estudou e, quando moça, se tornou enfermeira. Quando seus avós morreram, decidiu vir para o Brasil. Da Inglaterra, ela trouxe o seu sobrenome, o retrato e o diário onde narrou toda sua trajetória de vida. Ela se casou com um médico brasileiro e teve um filho homem. Em homenagem ao seu pai, ela batizou o menino com o nome de Robert Smith Neto. Esse Robert Smith Neto é meu avô, seu bisavô, filha.

As lágrimas desciam pelo rosto de Regina sem controle algum. Ela não conseguia dimensionar o impacto daquelas informações e seu lado racional se recusava a acreditar que fosse verdade.

Seu pai pegou o quadro e o colocou virado para ela, para que Regina pudesse observar melhor. Ela sufocou um grito com a mão. Sua cabeça balançava em negativa, recusando-se a aceitar o que seus olhos lhe mostravam. As pessoas retratadas ali eram idênticas a ela, Roberto e Andréia. Quanto mais observava a pintura, mais sua vista se escurecia e ela acabou desmaiando.


Roberto havia chegado em sua casa há pouco tempo, ainda impactado pelas emoções de seus beijos com Regina. Estava para entrar no banho quando seu telefone tocou. Pensou em não atender, mas sua preocupação de que alguém necessitasse de ajuda, o fez mudar de ideia.

- Alô.

- Roberto, é Walter. Preciso de você. Regina desmaiou e não consigo reanimá-la. Traga sua maleta médica e venha rápido, por favor.

- Estou a caminho.

Trinta minutos depois, Roberto voltou à casa de Walter. Foi informado que Regina ainda não recobrara a consciência. Walter explicou que contou uma história da família para a filha. Ela se emocionou muito e terminou desmaiando.

Roberto examinou Regina e percebeu que sua pressão estava baixa. Pediu que o quarto fosse arejado e colocou um pouco de álcool no algodão próximo as suas narinas. Isso a trouxe de volta, porém quando tomou consciência da presença dele, começou a gritar, totalmente surtada. Roberto notou que se tratava de surto emocional e resolveu aplicar um ansiolítico para acalmá-la. O remédio fez efeito e Regina se acalmou, mas as lágrimas continuaram a rolar por sua face. Em nada se assemelhava com a mulher que o beijou há cerca de uma hora. Roberto a deixou com a mãe e foi conversar com Walter fora do quarto.

- Dr. Walter, a Regina já teve algum outro evento igual a esse? Ela toma medicamento para ansiedade ou tem qualquer outro problema de saúde?

- Não, não. Ela nunca teve crise nervosa e nem toma medicamento algum. Regina é uma pessoa calma e equilibrada como você a conheceu. Mesmo quando passou por num momento muito traumático para uma mulher, manteve-se serena.

- Que evento traumático foi esse?

- Eu não tenho autorização de Regina para falar sobre esse assunto, mas devido aos últimos acontecimentos, acho que você tem o direito de saber. Ela foi violentada com dezessete anos pelo homem que é o pai biológico de Andréia. Eles se conheceram num acampamento que fizeram com alguns colegas. Todos beberam muito. O cara se engraçou com ela. Regina foi para a barraca do rapaz e, mesmo com seus choros e gritos, ele a desvirginou de forma violenta. Ele caiu no sono pesado após o ato sexual, deixando-a totalmente sem chão. Ela passou a noite acordada, esperando o tempo passar. Quando amanheceu e ele acordou, viu o colchão da barraca manchado de sangue, olhou para ela com cara de nojo, pegou a mochila e foi embora sem falar nada com ninguém. Aos poucos, os outros conhecidos foram tomando consciência do ocorrido e a trouxeram para casa. Ela chegou aqui chorando, triste, mas manteve a calma. Não quis dar queixa na polícia, pois se julgava em parte culpada pelo ocorrido. Dois meses mais tarde, descobriu que estava grávida. Aceitou a gravidez e tornou-se uma mãe maravilhosa. Encarou todas essas situações com tranquilidade, apesar do trauma que sofreu. Depois do ocorrido, ela nunca mais deixou alguém se aproximar. Você é o primeiro homem que despertou sua atenção desde então.

Conforme escutava a narrativa de Walter, um misto de sentimentos se espalhava dentro de Roberto: raiva, compaixão, medo, perplexidade. Se ele se encontrasse com aquele sujeito, não sobraria um osso inteiro. Teve consciência de como Regina sofreu e mesmo assim ela soube superar os obstáculos e se tornar vitoriosa!

- Dr. Walter, se ela não surtou naquela época, o que de mais grave pode ter na história da família para levá-la a esse estado de ânimo?

Walter balançou a cabeça depois encarou Roberto por muito tempo. Parecia ter entrado em transe também. Vários minutos se passaram até que ele pediu para Roberto acompanhá-lo. Seguiram até os fundos da casa. Na ida, Walter passou pela adega, pegou dois copos e uma garrafa de whisky.

Chegaram no quarto onde havia um grande armário, uma mesa, uma cadeira, papéis de embrulho rasgados no chão e um quadro encostado na parede.

Walter serviu uma dose generosa da bebida em cada copo e oferece um para Roberto.

- Não posso beber Dr. Walter. Estou em serviço, cuidando de sua filha. Ainda vou dirigir de volta para casa.

- Vou deixar aqui, caso você mude de ideia após a minha narrativa. Não quero você surtando também. Vou lhe colocar a par da história, apesar de você não ser oficialmente da família, mas está envolvido nisso até o pescoço. Essa afirmação fez Roberto duvidar da sanidade mental do Dr. Walter também. - Será que todos tinham problemas mentais na família? – pensou. Então sentou-se na cadeira apontada por Walter e se preparou para ouvir a maluquice que ele tinha a dizer.

Após meia hora de narração e de ser apresentado ao retrato, virou o copo de whisky em um só gole. Não teria acreditado em uma palavra do que lhe foi contado sobre a história da família Smith, se não fosse pelo retrato. Sim, era inacreditável a semelhança física dos antepassados da pintura comparados com ele, Regina e Andréia. E as declarações de Andréia afirmando ter ele sido seu pai no passado. E as imagens que surgiram em sua mente no consultório que pareciam não fazer sentido algum. Agora faziam todo sentido. Mesmo assim, era muito difícil de aceitar. Seria como acreditar que Papai Noel e o Coelho da Páscoa realmente existem.

Walter parecia esgotado. Envelheceu anos em horas. O peso do segredo saiu de seus ombros e derrubou sua filha e seu quase possível genro.

Roberto se levantou e estendeu a mão para ajudá-lo. Walter se pendurou nele e juntos deixaram aquele cômodo. Walter ficou na sala de jantar e Roberto subiu ao quarto para ver Regina. Ela parecia melhor, mais tranquila. Ela demonstrou todo medo e sofrimento em seu olhar ao vê-lo. Sônia foi para a cozinha preparar um chá e eles ficaram sozinhos. Num impulso, Roberto se sentou na cama e puxou Regina para seu colo. Abraçou e a embalou como a um bebê e ela se deixou ficar nos seus braços. De repente, Roberto percebeu que nada tinha importância desde que ela estivesse ao seu lado. Ele a amava, com toda sua força, com todo o seu coração.

Não saberiam dizer quanto tempo ficaram ali abraçados, quietos. Roberto pensou que ela havia adormecido. Porém, ao fazer carinho em seu rosto, ela se virou e olhou para ele.

- Re, seu pai me contou toda a história. É realmente algo fantástico, inacreditável, inimaginável. Se não houvesse o retrato com a semelhança indubitável, eu não acreditaria. Porém, também lembrei do que Andréia me disse no consultório e das imagens confusas que vieram em minha mente enquanto ela me olhava fixamente. Tudo agora faz sentido. Mesmo assim, apesar da semelhança física e de todos os detalhes, ah! Meu Deus... nós somos outras pessoas, vivemos em outros tempos. Essa história não pode regrar nosso destino, nosso futuro.

- Me beija, pediu ela com ternura. Roberto atendeu ao seu pedido e seu beijo foi lento, suave, profundo. Uma energia forte pareceu os envolver e os fazer levitar. Era como a força da cachoeira ou das ondas do mar os arrebatando. Parecia que o quarto todo ficara envolto nessa energia divina e uma luz azul translúcida tomasse conta do ambiente. Nada se comparava com aquela sensação.

- Você é alguma fada que se tornou humana? - perguntou ele. Ela fez uma expressão de incredulidade e depois começou a rir.

De repente ela perguntou:

- Como está meu pai?

- Ele está bem abalado, mas nada grave. Ver que você melhorou vai reanimá-lo. Vamos até a sala falar com ele?

Ela concordou e eles saíram do quarto abraçados.

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