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Henry observava Charlotte se aproximar da garotinha, que por acaso os olhava com um ar de superioridade que o incomodou. Eles ainda se mantinha alerta para o caso de mais alguém aparecer, Henry puxou a cortina de forma que cobrisse metade da janela, assim eles teriam mais segurança.

- Qual é o seu nome? - Charlotte perguntou em um tom gentil, o qual sempre usava quando tentava controlar a situação.

- Helena. - ela respondeu de forma quase entediada.

Trocou um olhar rápido com sua amiga e soube que ela pensava o mesmo que ele, não iria ser fácil ter a ajuda daquela criança.

- Muito bem, Helena. - iniciou, mas um pouco menos doce. Percebeu que ela não queria ser tratada como criança, então usaria outro método. - Nós precisamos que você não diga para ninguém que estamos aqui.

- Por que eu faria isso? - perguntou, torcendo o nariz em desagrado.

Henry bateu a cabeça de leve na parede, Helena lembrava Piper e se lembrava Piper então eles tinham que a dar algo em troca.

- Estamos tentando escapar e precisamos de toda a ajuda possível. - Charlotte resolveu ser sincera, ficando confusa ao escutar uma risada divertida vindo da garotinha.

- Vocês acham mesmo que vão conseguir?

- Como assim? - Henry indagou preocupado, principalmente pelo sorriso de quase pena que ela os lançou.

- Já vi outros tentarem escapar diveersas vezes, mas eles sempre acabam pegos e o papai não é nem um pouco receptivo com eles. - informou, fazendo uma careta por alguma lembrança que teve.

Charlotte se voltou para ele e sussurrou irritada.

- Ok. Mudança de planos, ela definitivamente não vai nos ajudar por boa vontade. - Henry somente a encarou como se dissesse "você ainda duvida?", o que fez a Bolton estreitar os olhos em sua direção e o ignorar. Voltou-se novamente para a criança que analisava suas unhas em uma falsa atenção. - Helena, você parece ser uma garota muito inteligente e sei que tem algo que nós dois podemos fazer por você.

- Você quer propor uma troca? - agora ela lhes dava sua real atenção, Henry estremeceu internamente quando notou o brilho nos olhos dela.

- Isso. Você nos ajuda e nós vamos te ajudar também. - Charlotte deu um segundo para ela pensar, mas não foi necessário.

- Sempre quis me vingar um pouco do papai, ele não me deixou ter um polonês de estimação. - falou, revirando os olhos em exagero. - Disse que era dar na cara de mais em relação ao trabalho dele. Dá pra acreditar?

Resolveram que era melhor nem responderem, principalmente agora que sabiam o parentesco dela.

- Não estou confortável ao lado dela. - O Hart sussurrou apressado no ouvido de Charlotte. Ela inspirou profundamente e manteve o sorriso falsamente cordial.

- Só precisamos saber onde fica o escritório do seu pai. - disse, torcendo para ela lhes dar logo a informação.

- É escondido, mas posso mostrar a vocês. - respondeu, dando às costas para os dois e pegando algo que estava escondido atrás de um quadro. - Mas os seguranças são problema seu.

- Feito. - Charlotte aceitou a oferta.

Helena começou a digitar algo no aparelho que estava em sua mão, franzia o cenho concentrada e Charlotte aproveitou o momento para encarar Henry. O Hart alternava constantemente o olhar entre elas duas e as entradas do quarto, não queria ser pego desprevenido.

- Você confia nela? - indagou descrente, escutando um pequeno bufo impaciente.

- Não, mas não temos outra alternativa. - respondeu, em tom baixo assim como o dele.

Mas Henry percebeu quando Charlotte fixou o olhar em um ponto no chão e torceu a boca como se estivesse mergulhando em pensamentos.

- Temos, não é? É claro que temos. - disse, se permitindo ficar um pouco animado quando ela balançou a cabeça em uma afirmação relutante.

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- E agora? - Jasper perguntou ao cientista, que terminava de construir uma réplica da máquina que Charlotte havia projetado.

Foi feita às pressas, mas era a única garantia deles de um plano B caso seus amigos precisassem de ajuda.

- Agora esperamos. - respondeu, se afastando e começando a assobiar enquanto caminhava em direção ao seu quarto.

- Eu detesto esperar. - Ray reclamou, se jogando em um pufe que estava perto dos monitores.

- Pelo menos você não está amarrado. - O outro Henry reclamou alto, o que fez Piper se virar irritada para ele.

- Você também não estaria se soubesse quando calar a boca.

- Agora falar o que eu penso e me preocupar com os outros é errado? - perguntou sarcástico enquanto a Hart se aproximava perigosamente dele.

- Não, não é. Agora tentar diminuir alguém para que desista do que quer fazer é um nível de babaquice que ninguém quer chegar. - afirmou, levando a mão ao bolso de trás de sua calça sem que ele percebesse.

- Você só fala isso porque. - não terminou a frase já que Piper o acertou com o laiser, o fazendo tombar a cabeça novamente desmaiado.

- Pronto. Agora esperamos o sinal dela em silêncio. - declarou, com um enorme sorriso que fez os outros dois permanecerem calados.

- Me lembre de pensar duas vezes antes de irritar ela. - Ray sussurrou assustado para Jasper, o Dunlop inclinou a cabeça e respondeu apressado.

- Não tem como, uma vez ela me bateu porque eu estava respirando muito alto.

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- E assim tem como você ver quem tá próximo. Agora vamos falar sobre o que eu ganho. - disse, com uma leve impaciência na voz.

Helena havia informado como conseguiu rackear o sistema de segurança da casa e implantar um sensor de calor no aparelho que estava em sua mão. Era parecido com um tablet e como já estava desbloqueado facilitava em muito o que eles deveriam fazer. Charlotte não havia contado seu plano para Henry, mas sabia que não precisaria para ter a confiança de seu amigo.

- Claro, mas antes queria pedir desculpas. - olhou confusa para o Hart, assim como Helena.

- Desculpas por-

- Henry! - tentou impedir ao máximo o grito, principalmente porque uma criança havia caído desacordada à frente deles depois de ter sido atingida por um laiser.

- Não tinha como, Charlotte. Ela não é confiável. - tentou explicar, se levantando para pegar Helena nos braços e a colocar deitada na cama.

Charlotte se colocou em pé ao lado dele completamente nervosa, sabia que o laiser que ele usou não era tão potente, principalmente porque deve ter sido o que tirou de seu bolso sem ela perceber, mas mesmo assim ainda era de uma criança que eles estavam falando.

- Mas não precisava ter acertado um laiser nela.

Henry apertou a ponte do nariz como se para se acalmar, virou-se para ela e perguntou cansado.

- Você queria que eu fizesse o quê?

Charlotte podia notar nos olhos dele o quanto ele estava arrependido, mas não conseguiu se controlar.

- Eu não sei, mas não isso. - respondeu, apontando para Helena.

- Não temos tempo. Vamos logo sair daqui. - falou direto, dando a volta na cama e se aproximando da porta.

- Você ainda me mata de raiva. - resmungou, mexendo em sua pulseira.

- Não é pra tanto, ela vai ficar bem. - garantiu, mas Charlotte não o dava atenção.

- Só espera. - pediu, soltando uma esfera e a apertando entre os dedos.

A esfera se partiu e se transformou em outras cinco bolinhas bem menores, Charlotte pegou uma delas e apertou novamente entre os dedos, mas na frente do rosto de Helena. Uma luz forte cobriu o rosto dela antes de sumir rapidamente.

- O que você fez? - perguntou confuso e totalmente perdido.

- Apaguei a memória dela até ontem. - respondeu simples, se aproximando da porta.

- Como-

- Não temos tempo agora, até porque eu só tenho mais quatro esferas. - informou, abrindo a mão para ele ver e depois as colocando no bolso da frente de sua calça. - Pronto? - indagou, com a mão na maçaneta.

Henry estava com o tablet em mãos e observava pelas câmeras se tinha alguém, como o corredor se encontrava vazio e a entrada para o escritório estava à quatro quartos de distância, eles precisavam ser rápidos e desligar as câmeras para que pudessem passar. Provavelmente só tinham uma chance e teriam que aproveita-la muito bem.

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