Capítulo 35 - Pensando
Alex ficou lá, estendido ao meu lado no sofá, assistindo Diário da Princesa como se isto estivesse no topo de sua lista de prioridades do dia. Ele ria nos momentos que demandavam risadas, comentava cenas que ele achava particularmente especiais e, o mais importante, ele entendia e ria das minhas piadas.
Em algum momento do início do filme, Caio reapareceu. Eu fiz menção de levantar para tirar satisfações (o que é mais complexo quando envolve gessos), mas Alex segurou meu braço e me encarou, sem dizer nada. Seu silêncio dizia muito mais que as palavras de qualquer outra pessoa. Aquele, em particular, me dizia que gastar mais tempo da minha vida com Caio não valia a pena.
Mais para o meio do filme, Caio conseguiu convencer Igor e Mariana a saírem com ele. Os três vieram perguntar se nós queríamos ir e, enquanto eu estava pegando a pantufa que o hotel chique me dava para atirar na cara de Caio, Alex disse:
― Não, obrigado. Estamos no meio do filme, então vamos passar dessa vez.
Coloquei minha pantufa de volta no pé, mas fiz questão de olhar Caio bem feio. Acho que Regina ficaria muito satisfeita por eu ter controlado meu temperamento explosivo.
Eu não, Alex.
Mas ela não precisa saber esse detalhe.
Em algum momento entre a saída dos três e o final do filme, eu e Alex nos aconchegamos no sofá. A ponto que, quando o filme acabou, ele estava deitado na minha perna, encolhido como uma criança para caber no sofá.
― Alex? – eu chamei enquanto as letras rolavam e permanecia mudo. – Você dormiu?
― Não – ele respondeu, inerte. – Só estou pensando.
― Pensando no que? – perguntei, enrolando seu cabelo quase loiro em meus dedos.
― Eu acho que não namoraria uma princesa.
― Por que a afirmação? – perguntei, surpresa. - Existem muitas no mercado de casamentos querendo um astro jovem?
― Às vezes eu não entendo metade das coisas que você fala, mas gosto de ouvir mesmo assim – ele disse.
― Que bom saber que fico monologando a maior parte do tempo.
― Eu não disse que é a maior parte do tempo, mas eu não tenho a menor ideia do meaning de monologando – ele riu.
― Eu também não sei se namoraria um príncipe – comentei. Ele se sentou para me olhar. – Acho que não.
― Por que não?
― Eu acabaria famosa por tabela, eu acho. E eu não quero ser famosa - respondi.
― Eu achei que você queria trabalhar com música.
― O que não significa que eu quero ser famosa - pontuei.
Alex ficou me olhando como se precisasse de mais informações. Eu não estava desejando muito dar informações. Informações que diziam respeito ao meu futuro eram do tipo que eu nem sabia como oferecer.
Mas era muito difícil negar dar uma resposta com Alex me olhando daquela maneira. Não era correta a maneira como seus olhos brilhavam, nem como uma pequena covinha aparecia no seu rosto quanto ele dava aquele pequeno sorriso.
― Eu estava pensando na produção, não sei. Ou assessora – disse. - Realmente, Alexander, não faço ideia. A única coisa que eu sei é que eu não quero ser famosa. Não sei como você aguenta.
― Na maior parte das vezes, eu não aguento.
Eu sustentei seu olhar, incerta do que responder. Ele queria que eu sentisse pena? Com pena ele que ficaria, se visse o estado da minha conta bancária. Para não mencionar o meu cabelo.
Ele era rico e o topo da lista dos 25 com menos de 25 mais bonitos de Hollywood.
Então, Alex, me poupe.
Mas, ao mesmo tempo, ele me encarava de volta com um olhar tão amargurado que seria insensível da minha parte para não sentir pena.
― Mas eu achei que você gostasse de atuar.
― Ah, de atuar eu gosto. É de ter que fugir feito um louco para preservar minha privacidade toda vez que eu ouço um barulho suspeito. I actually hate it – ele respondeu.
― É perfeitamente compreensível – eu disse, sentindo uma pequena tristeza. - Mas são ossos do ofício.
― São o que? – ele perguntou, com cara de quem não entendeu nada novamente.
― Ossos do ofício – eu repeti, mais devagar.
― Katerine, eu não estrelo CSI – ele riu.
― Olha quem está um mestre em fazer piadas – eu bati em seu ombro, sorrindo.
― Não foi piada, eu realmente não entendi nada.
Eu dei uma risada e expliquei o significado da expressão. Quando se é um ator famoso, a fama é uma consequência inevitável.
― Então, se atuar é algo que te faz feliz, como parece ser, a falta de privacidade é algo que você vai ter que se acostumar a conviver – terminei de explicar.
― Não sei se, algum dia, vou realmente chegar a me acostumar.
― Bem, então talvez seja só uma questão de suportar – eu dei de ombros.
O clima estava um pouco pesado, então dei um sorriso para reconfortar. Estiquei minha mão boa para tocar o braço dele e disse:
― Pelo menos você tem um monte de gente maravilhosa para te ajudar a passar por isso.
― Você vai voltar para casa, Katerine – ele respondeu.
― Eu não estava exatamente falando de mim, estava falando mais da sua famí...
― E eu estou falando de você – ele me interrompeu.
Alex provavelmente tem algum truque para distrair jovens inocentes e eu aposto que o cerne do truque são aqueles olhos. Novamente, da mesma forma que aconteceu na casa de vidro, eu só reparo o quão perto estamos quando já poucos centímetros nos separam e eu estou perto de beijá-lo.
E, pior, estou perto de beijá-lo e ansiosa pelo momento.
É nesse ponto, porém, que tudo começa a ruir. Quando mal cabe um dedo entre nós dois. E não porque eu racionalizei a situação e consegui evitar um novo erro. Ah, não. Foi a própria vida que demonstrou o tamanho do erro.
Nós dois pulamos no sofá, um para cada lado, quando a porta do quarto abriu.
Igor, Mariana e Caio invadiram a sala, conversando alto e de forma confusa. Demorei menos de dois segundos para perceber que Caio estava bêbado. Afinal, tenho conhecimento no assunto.
Foram necessários apenas mais dois minutos para que ele começasse a falar besteiras sobre mim. Ou melhor, para mim.
― Kate, me desculpe, eu não sei o que falar. Quanto tempo você vai ficar com o gesso? Você pode fazer todo tipo de coisa com ele ou há alguma limitação física...
Eu nem sequer tive tempo de computar a situação. Alex estava empurrando Caio para fora em apenas mais dois segundos. Ele bateu a porta com uma força exagerada e o quarto caiu em silêncio.
Nós quatro trocamos olhares, sem ter a menor ideia do que dizer. O queixo do Igor estava quase se arrastando pelo chão.
Foi nesse momento de total silêncio que ouvi o celular de Alex vibrar, na mesa de apoio próxima ao sofá onde eu estava. Olhei na direção dele e, antes não tivesse olhado. O visor dizia: Gabriella. Uma foto da dita cuja também ocupava toda tela.
Nenhum de nós se mexeu ou disse qualquer palavra até o celular parar de vibrar. Tempo suficiente para eu refletir que tudo aquilo estava errado. Novamente. Pequenos momentos de sensatez.
― Preciso ir – Alex disse. – Amanhã preciso pegar um voo super cedo. Vou participar de um programa ao vivo.
― Ah. Que legal.
― Então tá – Alex disse novamente, um pouco constrangido. Ele pegou o celular na mesa. – Até.
― Até – eu, Igor e Mariana falamos conjuntamente.
Nós três observamos ele sair pela porta em silêncio. Não se passaram dois segundos e Alex enfiou a cabeça de volta, para dizer:
― Katerine, espero que você assista a transmissão.
E fechou a porta novamente.
Eu sorri.
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Oi gente!
Sei que está um pouco tarde e não é mais terça, mas melhor tarde do que nunca, né? Espero que vocês me perdoem. Eu ainda estou me acostumando com a rotina de trabalho e essa semana está sendo particularmente difícil.
Tão difícil que aqui no trabalho nem tem acesso ao wattpad. Vou mandar esse capítulo por e-mail para minha mãe e torcer para que ela consiga postar.
Beijos e até mais!
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