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Capítulo Trinta e Cinco: BORBOLETAS

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Beatrice di Ângelo

Atualmente

O BURKER 9 HAVIA SE TORNADO UMA BAGUNÇA com todos aqueles filhos de Hefesto focados em construir um navio de guerra para oito semideuses viajarem, era praticamente impossível encontrar Leo ali dentro.

Demorou cerca de dez minutos até achar o elfo fugitivo do papai noel. Leo estava olhando para aquele mesmo desenho que havia feito quando criança.

— Oi.

Leo focou em mim e deu um de seus sorrisos imperativos.

— Ei, Trice —me cumprimentou, agitado — O que traz a sua incrível presença até o meu humilde espaço de trabalho?

— Vim ver se precisava de ajuda, mas isso aqui parece lotado já.

Ele olhou ao redor, como se apenas agora tivesse percebido que o lugar estava locado.

— Agora que descobriram sobre esse lugar, isso está sempre lotado — resmungou — mas eu sempre aceito sua ajuda, cariño.

— Só me diz o que fazer.

O garoto sorriu.

— Preciso começar a projetar o interior do navio, como as cabines de cada um. Jason deu algumas sugestões sobre a da Primrose, mas achei que seria melhor perguntar para você também, já que são melhores amigas.

Leo me estendeu um papel onde estava o rascunho de como seria a cabine de Prim, eu tinha de admitir que a ideia inicial de Jason era boa, mas ainda faltava alguma coisa.

— Sabe essa parede aqui? Que tem prateleiras? Seria melhor mudar as prateleiras para essa aqui e nessa, colocar rosas do chão até ao teto — expliquei — Rosas são as flores favoritas dela e sempre acalmam ela. Também precisa de um lugar para cobras, como um terrário.

Ele franziu a testa.

— Para quê um lugar para cobras…?

— Prim fala com cobras — respondi, dando de ombros — e se dá muito bem com elas.

Demorou alguns segundos para ele digerir isso, mas Leo concordou.

— Entendi.

Ser amiga de alguém que falava com cobras não era normal, mas todos os semideuses eram estranhos, então ok.

— E ela sabe mexer com plantas, por ser neta de Deméter — expliquei — Então se tivesse uma pequena estufa, Prim poderia produzir medicamentos para todos, isso seria útil.

Leo olhou pensativo para os diversos papéis na mesa.

— Isso é uma ótima ideia, na verdade. 

— Ela já salvou a minha vida mais de uma vez por causa dessas coisas de saber usar planta, chega uma hora que ambrosia demais pode fazer mal, então…

— Vou pensar em um lugar. Até agora planejamos a cozinha, que também vai servir como sala de reuniões, uma enfermaria, Annabeth pediu um estábulos, porque aparentemente o namorado desaparecido dela pode falar com cavalos…

O encarei indignado.

— O namorado da Annabeth fala com animais e você acha isso mais estranho do que a minha amiga falar com cobras?

Ele deu de ombros.

— Vocês são todos estranhos para mim.

— Falou o cara que pega fogo.

Leo me encarou incrédulo.

— E você fala com fantasmas!

Sorri inocente e ele passou a mão pelo cabelo.

— Quer saber, eu estou aqui desde antes do café da manhã. Quer me acompanhar em uma pausa para um café?

— Pode ser.

O acompanhei até uma porta que eu nunca havia reparado que existia, Leo abriu e eu entrei, me deparando com uma mini área de café. Meus olhos imediatamente focaram na máquina de café e sem pensar muito, peguei uma xícara e escolhi um dos tipos chiques de café que havia ali. 

— Como isso aqui surgiu?

Leo sorriu.

— A gente trabalha melhor com café, então fizemos alguns acordos com os filhos de Hermes e conseguimos isso — comentou animado.

Estreitei os olhos.

— De onde eles roubaram isso?

— Não fazemos esse tipo de pergunta quando estamos fechando negócios.

Decidi não retrucar e apenas pegar o café grátis. Leo me observava com atenção enquanto se servia de café, havia uma expressão pensativa em seu rosto.

Me sentei em cima do balcão para beber meu café.

— Então… Você e Jason ainda estão brigados? — Leo perguntou distraidamente, tentando fazer a pergunta parecer inocente.

Revirei os olhos.

— Leo…

— O que? É estranho ver vocês quase destruírem o acampamento brigando sendo que são melhores amigos — retrucou, dando de ombros — E eu não aguento mais ele reclamando que você o odeia, sério.

Naquele momento, percebi como o garoto parecia cansado.

— Eu imagino que deve ser uma droga ouvir ele reclamando, mas… Não sei o que fazer, de verdade — murmurei — O que fazer quando descobre que seu melhor amigo traiu a sua melhor amiga?

Leo passou a mão pelo cabelo.

— Não sou o melhor com conselhos, mas… Não acho que Jason é o tipo de cara que trai alguém se tiver em sã consciência. Hera roubou as memórias deles e implantou todas essas falsas em Piper e eu, a gente realmente achava que ele estava namorando Piper, tudo isso é uma confusão e eu realmente acho que Jason não tem culpa.

Eu já havia pensado e considerado aquilo, sabia que ele tinha razão, mas ainda não conseguia acalmar a minha frustração por tudo e olhar na cara de Jason como se nada tivesse acontecido.

Uma verdadeira confusão típica de tragédia grega.

— Você tem razão.

Ele arregalou os olhos.

— Sério? Tão fácil assim? — murmurou surpreso — Pensei que você iria surtar e me dar um soco.

Bufei e empurrei o ombro dele de brincadeira, um sorrisinho surgiu no rosto de Leo e uma coisa estranha surgiu no meu estômago, como diversas borboletas.

Franzi a testa, estranho.

Lembrei de quando havia beijado Leo, algo que acabei fazendo sem pensar, apenas para tentar fazer ele se sentir melhor com todas aquelas memórias falsas que tinha.

Havia sido bom e fez com que eu me sentisse viva.

Desde que o fantasma de Luke desapareceu, era como se eu estivesse vendo o mundo por uma nova perspectiva. Era como se eu tivesse livre, eu realmente queria explorar tudo, incluindo todas as possibilidades existentes.

Então havia Leo Valdez.

— Você está me encarando com uma expressão estranha — ele murmurou, preocupado — Está tudo bem?

Forcei um sorriso e em seguida, terminei de beber o café.

— Estou ótima. 

Pulei para fora da bancada e larguei a xícara vazia em um canto. Me inclinei e dei um rápido beijo na bochecha do garoto, que imediatamente corou.

— Acabei de lembrar que tenho algo para fazer. Nos vemos depois?

Leo piscou.

— Hã… Ok?