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❦Chapter XXIX - I live in a world full of monsters.



001 ━━ Hey! Galera, comentem, pois me desanima muito fazer o capítulo e quando posto, não ter comentários.





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Capítulo Vinte e Nove: EU VIVO EM UM MUNDO CHEIO DE MONSTROS

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Beatrice

Atualmente


FICAR CARA A CARA COM A MORTE ERA ALGO engraçado, pessoas normais nunca sabiam quando a sua hora ia chegar, mas para os semideuses? Poderia ser a qualquer momento.

Eu já havia aceitado a morte quando alguém gritou:

— Olhem para cima!

Um enorme bastão preto de metal bateu em Encélado, fazendo um enorme barulho. O gigante cambaleou e caiu no buraco.

— Jason, levante-se! Beatrice! — gritou Piper.

Infelizmente, não foi a voz da garota que chamou a minha atenção, mas sim o fantasma de Luke, que estava bem na minha frente.

Beatrice!

— Não me deixe na mão — ela ordenou. — Você não vai falhar comigo. Nenhum de vocês dois.

Piper ajudou Jason e eu a nos levantarmos.

— Certo, madame.

A cerca de trinta metros de distância, Leo estava de pé em uma máquina de construção — comprida como um canhão, com um único e enorme pistão, do qual faltava a ponta. Encélado lutava para subir, com um machado do tamanho de uma máquina de lavar cravado no peitoral. De forma incrível, o gigante conseguiu livrar-se do machado. Gritou de dor e a montanha tremeu. Icor dourado encharcou a frente de sua armadura, mas ele manteve-se de pé.

Trôpego, ele se agachou e recuperou seu arpão.

— Boa tentativa. — O gigante recuou. — Mas eu não posso ser vencido.

Enquanto observamos, a armadura do gigante recuperou-se sozinha, e seu icor já não escorria. Mesmo os cortes nas pernas, que tinham a proporção das patas de um dragão e que Jason lutara tanto para atingir, não passavam de pálidas cicatrizes.

Leo correu até nós, viu o gigante e praguejou:

— Qual é o problema desse cara? Morra, logo!

— Meu destino está predeterminado — disse Encélado. — Gigantes não podem ser mortos por deuses ou por heróis.

— Só pelos dois juntos — disse Jason. O sorriso do gigante desapareceu, e Jason notou em seus olhos algo parecido com medo. — É verdade, não é? Deuses e semideuses devem trabalhar juntos para matá-lo.

— Você não vai viver por tempo suficiente para tentar! — O gigante atrapalhou-se ao começar a subir as paredes da cratera, derrapando na superfície lamacenta.

— Alguém tem um deus à mão? — perguntou Leo.

Infelizmente, a resposta era não.

— Leo — Jason disse —, caso você tenha uma corda no cinto, prepare-a.

Ele saltou sobre o gigante sem qualquer arma, apenas com as próprias mãos.

— Encélado! — gritou Piper. — Olhe atrás de você!

Era um truque óbvio, mas seu tom de voz foi tão persuasivo que convenceu inclusive eu. O gigante perguntou:

— O quê? — E virou-se como se tivesse uma aranha enorme presa às costas.

Jason imobilizou as pernas dele no momento certo. O gigante perdeu o equilíbrio. Encélado caiu pesadamente na cratera e escorregou até o fundo. Enquanto tentava subir, Jason agarrou-lhe o pescoço. Quando tentou se levantar, o garoto ficou em cima de seus ombros.

— Saia daqui — gritou Encélado.

Ele tentou agarrar as pernas de Jason, que não parava de se mexer, puxando e escalando os cabelos do gigante.

A escuridão dominou o sol. O gigante tremeu ao notar isso.

— Aproximem-se da plataforma! — Jason gritou.

O raio rachara a própria montanha. A terra retumbava e se separava, e as pernas de Encélado escorregaram no abismo. Ele tentava subir pelas paredes do buraco, usando as garras de modo incontrolável, e por um momento conseguiu agarrar-se à margem, mas suas mãos tremiam.

Ele lançou para Jason um olhar de raiva.

— Você não ganhou nada, menino. Meus irmãos estão se reerguendo, e são dez vezes mais fortes que eu. Vamos destruir os deuses e arrancar suas raízes! Você vai morrer, e o Olimpo vai evaporar com...

O gigante perdeu o equilíbrio e caiu no abismo. A terra tremeu. Jason caiu em uma brecha.

— Segure firme — gritou Leo.

Jason agarrou a corda e a gente o puxou para cima.

Estávamos juntos, exaustos e mortos de medo, e o abismo fechou-se como uma boca raivosa. A terra parou de sugar seus pés.

Por enquanto, Gaia se fora.

A montanha estava em chamas. A nuvem de fumaça subia alto. Avistei um helicóptero — talvez fossem bombeiros ou repórteres — aproximando-se.

Tudo ao nosso redor era uma carnificina. Os Nascidos da Terra haviam se derretido em montes de lama, deixando para trás suas pedras e alguns pedaços de roupa suja, mas sabia que em pouco tempo recuperariam a forma. Os equipamentos de construção estavam arruinados. O chão, cheio de buracos e sujo.

O treinador Hedge começou a se mover. Com um gemido, sentou-se e coçou a cabeça. Suas calças amarelo-canário ganharam um tom de mostarda Dijon misturada com lama. Ele piscou e olhou para o cenário de guerra ao redor.

— Eu fiz isso?

Antes que alguém pudesse responder, Hedge pegou seu bastão e ficou de pé, trêmulo.

— Ah, vocês querem uma patada? Posso dar umas patadas, seus cupcakes! Quem é o bode aqui, hein?

Ele fez uma dancinha, chutando pedras e fazendo gestos rudes que deviam ser comuns entre sátiros, apontando para as pilhas de lama.

Leo abriu um sorriso e a gente não conseguiu resistir: começamos a rir. Talvez parecesse um pouco histérico, mas era um alívio estar vivo, por isso nenhum de nós ligava.

Então um homem levantou-se do outro lado da clareira. Tristan McLean cambaleava adiante. Seus olhos estavam fundos, traumatizados, como alguém que tivesse acabado de caminhar por um campo nuclear devastado.

— Piper? — ele chamou com voz trêmula. — Pipes, o quê... o que é...?

Ele não conseguia completar o pensamento. Piper correu até ele e abraçou com força, mas ele pareceu quase não tê-la reconhecido.

— Precisamos sair daqui — disse Jason.

— Sim, mas como? — perguntou Leo. — Ele não está em condições de caminhar.

Jason olhou para o helicóptero, que circulava acima deles.

— Você pode nos conseguir um megafone ou algo parecido? — perguntou a Leo. — Piper precisa dizer algumas coisas.

Conseguir o helicóptero foi fácil, difícil foi colocar o pai de Piper a bordo.

Piper precisou gritar apenas algumas palavras no megafone improvisado de Leo para convencer a pilota a aterrissar na montanha. O helicóptero do parque era bem grande, usado para resgates médicos e para buscas e salvamentos, mas quando Piper disse à ótima pilota que seria uma grande idéia levá-los ao aeroporto de Oakland, ela concordou imediatamente.

— Não — murmurou seu pai, enquanto o levantavam do chão. — Piper... havia monstros... havia monstros...

Ela precisou da ajuda de Leo e Jason para segurá-lo, enquanto o treinador Hedge levava as coisas deles. Felizmente, Hedge ajeitou suas calças e pusera seus sapatos, e assim Piper não teve de explicar suas pernas de bode.

— Tudo vai ficar bem, papai — ela disse, com o tom de voz mais tranquilizador que pôde — Essas pessoas são meus amigos. Vamos ajudá- lo. Você está seguro agora.

Ele piscou, observando as pás do helicóptero.

— Lâminas. Eles tinham uma máquina com muitas lâminas. E tinham seis braços...

Quando nos aproximamos, a pilota veio ajudar e perguntou:

— O que aconteceu com ele?

— Inalou muita fumaça — disse Jason. —Talvez esteja exausto por causa do calor.

— Temos que levá-lo a um hospital — disse a pilota.

— Não é preciso — respondeu Piper. — O aeroporto basta.

— Sim, o aeroporto basta — concordou a pilota, automaticamente, depois franziu a testa, sem saber muito bem por que mudara de idéia. — Ele não é Tristan McLean, o ator de cinema?

— Não — respondeu Piper. — São parecidos, nada mais. Esqueça isso.

— Certo — disse a pilota. — São parecidos. Eu... — Ela piscou, confusa — Esqueci o que ia dizer. Vamos.

Finalmente, conseguimos colocá-lo a bordo e o helicóptero levantou vôo. A pilota não parava de receber mensagens pelo rádio, perguntavam aonde ia, mas ela as ignorava. Partiram da montanha em chamas e seguiram em direção a Berkeley Hills.

Todos nós tentamos não ficar olhando para Piper e seu pai enquanto eles tinham um momento, nem todos os mortais conseguiam sobreviver a saber sobre a existência dos deuses e monstros, era uma informação perigosa demais que poderia destruir a vida de um mortal.

Luke estava ao meu lado, havia um olhar pesaroso em seu rosto.

Minha mãe ficou em um estado parecido — murmurou — é horrível e normalmente não tem mais volta, ela enlouqueceu.

O olhei curiosa.

— O que aconteceu com ela?

Havia sido um sussurro, mas Luke havia ouvido.

Ela achava que tinha um grande futuro e queria que o espírito do acampamento, aquele que vê o futuro, habitasse seu corpo — explicou — o espírito não tinha um corpo humano desde que seu pai o amaldiçoou. Mesmo Hermes insistindo que era uma péssima ideia, minha mãe tentou e... Ela enlouqueceu.

— Deve ter sido horrível.

— Foi.

Um silêncio se instalou ali.

Quando passamos pelas colinas e chegamos a East Bay, Jason ficou tenso e quando entedi o motivo, também fiquei. A gente se debruçou sobre a porta de carga.

— O que é aquilo? — perguntou Jason, apontando.

Uma estrada maior passava por um túnel, ligando East Bay às cidades do interior.

— Onde? — perguntou Piper.

— Aquela estrada — respondi ansiosa. — A que segue pelas colinas.

Piper pegou o capacete com microfone que a pilota lhe dera e perguntou pelo rádio.

— Ela disse que é a Rodovia 24 — disse Piper. — Aquele é o túnel Caldecott. Por quê?

Fiquei olhando para lá até desaparecer da nossa visão, meu peito apertou e tudo o que conseguia pensar era que aquilo levava para casa.

— Monstros — disse o pai de Piper, com uma lágrima descendo pelo rosto. — Eu vivo num mundo cheio de monstros. 

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