❦Chapter XX - Stories around the bonfire
001 ━━ Estou ansiosa para terminar logo essa primeira parte da fanfic, então vamos fazer assim: 25 votos e 15 comentários e eu já posto o próximo cap!!!
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Capítulo Vinte: HISTÓRIAS AO REDOR DA FOGUEIRA
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Beatrice
Atualmente
OBSERVEI AS CHAMAS EM MINHA FRENTE, o treinador evitava me encarar, se eu tivesse de chutar, diria que ele estava com medo.
Medo de mim.
Leo foi o primeiro a voltar ao normal e se sentou ao meu lado, enrolado num cobertor enquanto tentava se aquecer.
Passei uma xícara de chocolate quente para Leo, que me encarou surpreso.
— Não sabia que você sabia cozinhar.
Dei de ombros, preparando o chocolate para os outros. Leo havia voltado ao normal facilmente, o que não podia se dizer o mesmo de Piper, pois a garota estava começando a acordar apenas agora, com Jason cuidadosamente ao seu lado.
— Minha mãe me ensinou... Acho.
— Sua memória está melhorando?
Suspirei, desanimada.
— Não exatamente — admiti — eu tenho esses flashes e impressões, sabe? Mas não consigo juntar tudo para ter alguma informação decente.
Leo fez uma careta.
— Isso é uma merda.
— É.
Ele bateu o joelho de propósito no meu, seu olhar focado em mim.
— O treinador comentou o que aconteceu, enquanto Piper e eu estávamos virados em estátuas de ouro — murmurou — Você não é um monstro, Trice.
Ri baixinho, amarga.
— Difícil acreditar quando tudo dentro de mim grita isso.
O garoto respirou fundo.
— Eu coloquei fogo na oficina da minha mãe, foi assim que ela morreu — sussurrou — tenho essa coisa com o fogo que simplesmente não consigo controlar, o pessoal do chalé falou que raramente nascem filhos de Hefesto com esse dom e quando acontece, normalmente coisas ruim acontecem também. Talvez nós dois sejamos monstros então.
O encarei surpresa, pegando sua mão.
— Você não é um monstro, Léo.
— Então você também não é.
Fiquei em silêncio, ele apertou minha mão, entrelaçando nossos dedos e por um momento, apenas fiquei grata por ele estar ali.
Piper finalmente abriu os olhos.
— Ai, meu Deus! — disse, batendo os dentes — Ele me transformou em ouro!
— Você está bem agora — disse Jason, aproximando-se e colocando um cobertor quente em cima dela.
Servi chocolate quente e estendi para ela, que me agradeceu silenciosamente.
— L-L-Leo... — conseguiu dizer Piper.
— Presente e desdourado.
Voltei a me acomodar do lado de Leo, que agarrou novamente a minha mão.
— Você está melhor? — perguntei, preocupada.
— Eu também fiz o tratamento do metal precioso — Leo disse — mas voltei ao normal mais facilmente. Não sei por quê. Tivemos de mergulhá-la no rio para que retornasse por completo. Tentamos secá-la bem, mas está frio, muito frio.
Talvez fosse o dom de fogo de Leo que houvesse tornado o processo mais fácil.
— Você está com hipotermia — disse Jason. — Já usamos o máximo que podíamos de néctar. O treinador Hedge preparou uma poção natural...
— Remédios para atletas — ele disse, encarando-a com o seu rosto feio. — É uma espécie de hobby que tenho. Talvez você fique com hálito de cogumelos selvagens e Gatorade por alguns dias, mas vai passar. E provavelmente você não morrerá. Provavelmente.
Troquei um olhar com Leo, que tentou esconder o sorrisinho.
— Obrigada — disse Piper, fraca — Como conseguiram vencer Midas?
Desviei o olhar.
Jason contou a história, dizendo que grande parte foi sorte e tornando mais bonitinho o que eu fiz, mas o treinador o interrompeu:
— Ele está sendo modesto. Você deveria ter visto. Ah! Ah! Corta! E bum com o raio!
— Treinador, você não viu nada disso — disse Jason. — Estava do lado de fora, lanchando.
Mas o sátiro não parou.
— E então eu apareci com o meu bastão e dominamos a sala. Depois disso, eu disse: "Pessoal, estou orgulhoso de vocês! Caso tenham tempo, poderíamos exercitar um pouco seus músculos superiores..."
— Treinador — disse Jason.
O sátiro finalmente o encarou.
— Sim?
— Cale-se, por favor.
— Claro.
O treinador sentou-se ao lado da fogueira e começou a dar pequenas mordidas no seu bastão. Jason pousou uma das mãos na testa de Piper e checou sua temperatura.
— Leo, você pode atiçar o fogo?
— É para já — disse Leo, evocando uma bola de fogo nas mãos e jogando-a às chamas.
— Pareço tão mal? — perguntou Piper.
Nós três trocamos um olhar, Léo e eu acabamos decidindo nos acomodar melhor nas cobertas, deixando para Jason responder essa.
— Não...
— Você é um péssimo mentiroso — disse ela — Onde estamos?
Leo fez pequenos cavalos de chamas correrem ao redor da fogueira, não consegui evitar um sorriso.
Era lindo.
— Pikes Peak — respondeu Jason — Colorado.
— Mas isso fica a oitocentos quilômetros de Omaha.
— Mais ou menos — ele concordou — Pus arreios nos espíritos da tempestade para nos trazerem aqui. Eles não gostaram nada... e viajaram um pouco mais rápido do que pedi, quase batendo contra as montanhas antes que eu pudesse colocá-los de volta na mochila. Não vou fazer isso de novo.
O garoto ao meu lado bufou baixinho.
— Por que estamos aqui?
Piper perguntou o que estávamos tentando descobrir nas últimas horas.
— Foi o que perguntamos a ele — resmungou Leo.
Jason olhou para a tempestade, como se observasse alguma coisa concreta.
— A trilha que vimos ontem, lembram? Ainda estava no céu, mesmo que muito apagada. Eu a segui até deixar de vê-la. Depois... honestamente, não sei. Mas este parecia ser o lugar certo para descer.
— Claro que é — disse o treinador Hedge, cuspindo um pouco de grama — O palácio flutuante de Éolo deve estar sobre as nossas cabeças, bem no pico da montanha. Esse é um dos seus lugares favoritos.
Isso fica cada vez melhor...
— Talvez seja isso — disse Jason, levantando as sobrancelhas — Não sei. Deve haver algo mais também...
— As Caçadoras seguiam para o oeste — lembrou-se Piper. — Você acha que podem estar por aqui?
Jason esfregou o antebraço, como se as tatuagens o incomodassem, algo que eu entendia bem.
— Não sei como alguém poderia sobreviver nesta montanha agora. A tempestade está bem forte. Estamos na tarde anterior ao solstício, mas não temos muita escolha além de esperar por aqui. E precisamos de um tempo para você se recuperar antes de seguirmos.
Fechei os olhos por breves momentos, sentindo o sono começar a me pegar.
— Precisamos aquecê-la — disse Jason, sentando ao seu lado e abrindo os braços. — Ah, você se importaria se eu...
— Não.
Mesmo a abraçando, ele não parecia exatamente confortável.
O treinador Hedge mastigava o bastão e cuspia as sobras no fogo. Leo providenciou alguns utensílios de cozinha e começou a fritar hambúrgueres numa grelha de ferro, parecendo ter sua energia renovada.
— Então, pessoal, já que estão todos em posição para a hora da contação de histórias... tenho algo a dizer... No caminho para Omaha eu tive um sonho. É um pouco complicado de entender, tinha a estática e a Roda da fortuna...
A expressão dele era séria.
— É o seguinte — ele disse — meu pai, Hefesto, falou comigo.
Leo contou tudo sobre o seu sonho. Sob a luz da fogueira, com o vento soprando lá fora, a história era ainda mais assustadora.
— Eu não entendo. Se os semideuses e os deuses devem trabalhar juntos para matar os gigantes, por que os deuses ficariam em silêncio? Se eles precisam de nós...
Ri, achando engraçado.
— Piper, os deuses são orgulhosos e odeiam admitir que precisam de nós, meros semideuses.
— Ah — disse o treinador Hedge. — Os deuses odeiam precisar dos humanos. Eles gostam de ser clamados pelos humanos. Mas as coisas terão que piorar muito antes que Zeus admita ter cometido um erro ao fechar o Olimpo. Beatrice está certa.
— Treinador — disse Piper — esse foi um comentário quase inteligente.
Léo gargalhou.
— O quê? Eu sou inteligente! Não fico surpreso que vocês, cupcakes, não tenham ouvido falar sobre a Guerra dos Gigantes. Os deuses não gostam de falar sobre isso. É propaganda negativa admitir que precisaram dos humanos para vencer o inimigo. Isso é constrangedor.
— Mas não é só isso — disse Jason — Quando eu sonhei com Hera, na cela, ela disse que Zeus estava agindo de forma estranha, paranóica. E Hera também... disse que foi até aquelas ruínas por ter escutado vozes na sua cabeça. E se alguém estiver influenciando os deuses, como Medeia nos influenciou, talvez?
Leo colocou pães de hambúrguer na grelha.
— Sim, Hefesto disse algo parecido, algo sobre Zeus estar agindo de forma estranha. Mas o que me deixou mais assustado foi o que ele não me disse. Como algumas vezes em que ficou falando sobre semideuses e sobre ter tantos filhos, essas coisas. Eu não sei. Ele agia como se reunir os melhores semideuses fosse tarefa quase impossível... como se Hera estivesse tentando, mas isso fosse algo idiota a se fazer... E existe algum segredo que ele não deveria me contar.
Jason se mexeu.
— Quíron também agiu assim, lá no acampamento — ele disse — Falou sobre um juramento sagrado... sobre não poder conversar sobre... alguma coisa. Treinador, você sabe algo sobre isso?
— Não. Sou apenas um sátiro. Eles não contam nada importante para nós. Principalmente para um velho... — E parou de falar.
— Velho como você? — perguntou Piper — Mas você não é tão velho, certo?
— Cento e seis anos — ele murmurou.
Arregalei os olhos, mas antes que eu pudesse dizer algo, Jason me enviou um olhar.
— O quê? — disse Leo, tossindo.
— Cuidado com o fogo, Valdez. Em números humanos, isso equivale a apenas 53 anos. Mas, claro, eu fiz alguns inimigos no Conselho dos Anciãos de Casco Fendido. Fui protetor por um bom tempo. Mas começaram a dizer que eu era imprevisível. Muito violento. Você imagina uma coisa dessas?
— Uau! — disse Piper, tentando não olhar para nós — É duro de acreditar.
Mordi o lábio inferior com força.
— Você é a pessoa mais calma que eu conheço. Eles realmente falaram isso?
O treinador fez uma cara feia.
— É verdade, mas finalmente conseguimos uma boa guerra com os titãs. E eu pergunto: eles me puseram na linha de frente? Não! Me mandaram para o mais longe possível... para a fronteira com o Canadá, vocês acreditam? E depois da guerra me colocaram para pastar. Na Escola da Vida Selvagem. Ah! Como se eu fosse muito velho para ajudar em alguma coisa, só porque eu gosto de bancar o durão. Todos aqueles bobões do Conselho... falando sobre natureza.
— Eu achava que os sátiros gostavam da natureza — disse Piper.
— Claro, eu adoro a natureza — ele disse. — A natureza significa os grandes matando e comendo os menores! E quando você é... sabe... um sátiro como eu, quando está em boa forma, tem um bom bastão e não aceita levar desaforo para casa... Isso é a natureza — disse Hedge, soando indignado. — Bobões! Mas deixa para lá. Espero que tenha algo vegetariano para comer, Valdez. Eu não gosto de carne.
— Sim, treinador. Não mastigue seu bastão. Tenho tofu. Piper também é vegetariana. Preparo num segundo.
O cheiro dos hambúrgueres encheu o ar e meu estômago roncou.
Leo colocou tofu na grelha.
Alguns momentos depois, ajudei Leo a servir a comida e me sentei ao seu lado para comer.
— Precisamos conversar — Piper disse — Não quero esconder mais nada de vocês.
Meu corpo ficou tenso.
— Do que você está falando, Piper? — minha pergunta saiu cuidadosamente, todo o meu corpo estava se preparando para agir, pois eu sabia que não iria gostar daquilo.
Ela se encolheu.
— Três noites antes da viagem ao Grand Canyon eu tive um sonho... um gigante me disse que meu pai fora seqüestrado. E pediu que eu cooperasse, ou ele seria morto.
As chamas crepitaram. Finalmente, Jason perguntou:
— Encélado? Você já disse esse nome.
O treinador Hedge assobiou.
— Grande gigante. Cospe fogo. Não gostaria de estar perto dele.
Jason olhou para o treinador como quem diz: Cale-se.
— Vá em frente, Piper. O que aconteceu depois?
— Eu... eu tentei localizar o meu pai, mas tudo o que consegui foi encontrar sua assistente, e ela disse que não me preocupasse.
Respirei fundo.
— Jane? — lembrou-se Leo — Medeia não disse algo sobre controlá-la? Piper fez que sim.
— Para ter meu pai de volta, eu deveria sabotar uma missão. Não sabia que seria a nossa. Porém, quando começamos a viagem, Encélado me enviou outro aviso: disse que queria vocês dois mortos. Queria que eu os levasse a uma montanha. Não sei exatamente qual, mas fica em Bay Area... eu podia ver a ponte Golden Gate lá do topo. Preciso estar lá no fim do dia do solstício. Seria uma troca.
Leo me agarrou antes que eu pudesse avançar na direção da garota, as sombras se agitaram ao meu redor.
— ELA IA TRAIR A GENTE.
— Beatrice! — Jason ralhou — Piper, eu sinto muito.
Leo balançou a cabeça, ainda me segurando.
— Não me diga que está guardando isso há uma semana? Piper, a gente podia ajudar.
— Por que não gritam comigo ou algo parecido? Que nem a Trice? Eu recebi uma ordem para matá-los! Ela está certa!
Bufei, me livrando dos braços de Leo.
— Obrigada.
— Mas você nos salvou nessa missão — disse Jason — Eu colocaria a minha vida nas suas mãos a qualquer hora.
— Eu também — disse Leo. — Posso ganhar um abraço também?
Os encarei incrédulos.
— Qual o problema de vocês?
Piper concordou.
— Vocês não entenderam! — disse Piper — Eu já devo ter matado o meu pai a essa altura, só por ter contado tudo a vocês.
— Duvido — disse o treinador, que comia seu hambúrguer de tofu enrolado num prato de papel, como se fosse um taco. — O gigante ainda não conseguiu o que quer, precisará manter seu pai como refém. Esperará até que o caso se esgote, esperará a sua chegada. Quer que você desvie nossa missão para a montanha, certo?
Ela fez que sim, confusa.
— Isso significa que Hera está presa em algum outro lugar — disse Hedge. — E precisa ser salva nesse mesmo dia. Então você terá de escolher: salvar seu pai ou salvar Hera. Se for em busca de Hera, Encélado cuidará do seu pai. Mas ele nunca a deixaria livre, mesmo que você cooperasse. Você obviamente é uma dos oito da Grande Profecia.
— Então não temos escolha. — Piper chorou — Temos de salvar Hera ou o rei gigante será libertado. Essa é a nossa missão. O mundo depende disso. E Encélado parece me observar o tempo todo. Ele não é estúpido. Saberá se mudarmos de caminho e seguirmos em direção contrária. E matará o meu pai.
Eu me irritei.
— Para de chorar, caramba — retruquei — para de chorar e começa a agir, usa esse seu cérebro. Você está com uma equipe de semideuses poderosos, acha realmente que não tem como conseguir os dois?
Piper me encarou.
— Você não estava irritada?
— Eu estou, se você realmente traísse a gente, já estaria morta — resmunguei — e papai ganharia mais uma alma.
— Ele não vai matar o seu pai — disse Leo — Nós vamos salvá-lo. Beatrice tem razão, a gente consegue.
— Não temos tempo! — gritou Piper. — Além do mais, é uma armadilha.
— Somos seus amigos, rainha da beleza — disse Leo. — Não vamos deixar que o seu pai morra. Temos que encontrar uma maneira.
O treinador Hedge resmungou.
— Ajudaríamos caso soubéssemos onde fica a tal montanha. Talvez Éolo possa nos dizer. Bay Area tem má reputação entre os semideuses. O antigo lar dos titãs, o Monte Otris, fica sobre o Monte Tam, onde Atlas segura o céu. Espero que essa não seja a montanha do seu sonho.
— Não creio. Era uma ilha.
Um arrepio me atravessou e Jason franziu a testa ao olhar para o fogo, como se quisesse lembrar algo.
— Má reputação... isso não parece certo. Bay Area...
— Você acha que já esteve por lá? — perguntou Piper.
— Eu... — Ele parecia a ponto de enlouquecer. A angústia era clara em seus olhos. — Não sei. Hedge, o que aconteceu no Monte Otris?
Hedge comeu mais um pedaço de papel e de hambúrguer.
— Bem, Cronos construiu um novo palácio por lá no último verão. Um lugar grande e terrível, que serviria como quartel-general de seu novo reino e tudo o mais. Mas não houve batalha ali. Cronos marchou sobre Manhattan, tentou ocupar o Olimpo. Se eu lembro bem, deixou alguns titãs tomando conta do palácio, mas, após a derrota em Manhattan, o palácio ruiu.
— Não — disse Jason.
Errado, errado, errado.
— O palácio não ruiu sozinho — sussurrei, olhando para as minhas mãos — a gente...
— Não foi isso que aconteceu. Eu... — Ele ficou tenso, olhando para a entrada da caverna. — Vocês ouviram isso?
Durante um segundo, não houve qualquer som. Depois eu ouvi: uivos cortavam a noite.
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