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Capítulo Dezessete: A MANSÃO

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Beatrice

Atualmente

DEMOROU UM TEMPINHO PARA Piper e Jason aparecerem, meu braço estava dolorido e definitivamente estava com frio por causa da neve, mas as coisas poderiam ser piores.

Encarei os restos de Festus, sabia que aquilo iria doer profundamente em Leo e se eu fosse sincera, estava doendo um pouco em mim também.

Jason me encarou atentamente procurando qualquer machucado enquanto Piper checava Leo, sorri para ele, mostrando que estava bem, o loiro suspirou aliviado e me puxou para um abraço apertado, beijando carinhosamente minha testa, decidi aproveitar o abraço devido ao frio.

Quando nos afastamos, Leo acordou.

— Onde...

— Fique deitado — disse Piper, com lágrimas nos olhos — Você caiu muito feio quando... quando Festus... É uma sorte a Trice ter ajudado você!

Desviei o olhar, apenas agora notando Luke parado despreocupado ali.

— Onde ele está? — disse Leo, sentando-se imediatamente.

— Estamos falando sério, Leo — disse Jason — Você poderia ter sido atingido. Não deveria...

Era óbvio que aquilo não iria o parar, apenas agarrei o pulso do loiro e delicadamente o puxei para trás, dando algum espaço para Leo, pois ele iria precisar ao perceber o que havia acontecido.

Leo se levantou.

Depois olhou para os escombros. Festus deve ter deixado cair as duas grandes gaiolas ao aproximar-se da cerca, pois elas rolaram para lados opostos. No entanto, não sofreram qualquer dano.

Festus fora destruído. Seus membros estavam espalhados pelo campo. A cauda, presa à cerca. A parte principal do seu corpo deixara um longo rastro no gramado até o ponto onde se despedaçara. O que tinha sobrado da couraça era uma pilha de retalhos carbonizados, soltando fumaça. Apenas seu pescoço e sua cabeça pareciam intactos, em meio a rosas congeladas, como se fossem um travesseiro.

— Não...

A forma como ele sussurrou aquilo me fez desviar o olhar enquanto ele corria na direção do dragão, demorei alguns segundos para perceber, assustada, que estava me importando profundamente com Leo.

— Não me deixe — ele implorou — Você é a melhor coisa que já consertei na vida.

Jason e Piper se aproximaram dele, mas continuei ali.

— Cair do céu é o seu novo esporte favorito? — Luke questionou, me encarando.

— Eu preferia que isso não acontecesse com frequência — resmunguei desanimada — achou meu irmão?

Luke assentiu.

— Ele está bem, procurando por Percy junto com o cão infernal.

Imediatamente me senti aliviada por saber que Nico estava bem, era como se um peso gigante houvesse saído dos meus ombros.

— Obrigado.

Então Leo chorou, pessoas sendo sentimentais daquela forma faziam eu me sentir estranhamente desconfortável, nunca sabia como reagir direito. Mudei o peso de um pé para o outro, meus olhos focados em qualquer outra coisa que não fosse o sofrimento dele.

De uma forma estranha, ver Leo sofrendo, doía em mim.

Pareceu demorar uma eternidade até ele se recuperar e olhar ao redor, suspirei aliviada quando isso aconteceu.

— Onde estamos? — perguntou — Quer dizer, em qual cidade?

— Omaha, Nebraska — respondeu Piper — Vi um cartaz enquanto caíamos. Mas não sei o que é essa mansão. Caímos logo atrás de você. Porém, enquanto você aterrissava com Trice, Leo... juro que isso parecia... não sei...

Estremeci só de lembrar daquilo, definitivamente não havia sido divertido.

— Raios laser — disse Leo.

Ele pegou uma peça do dragão, atirando-a em direção à cerca. Imediatamente um raio saiu da parede, incinerando a placa de bronze, transformando-a em cinzas.

Jason assoviou:

— Algum sistema de segurança. E como estamos vivos?

— Festus — disse Leo, triste — Ele atraiu os raios, que o cortaram em pedaços enquanto ele descia, por isso não perceberam vocês. Eu o levei em direção a uma armadilha mortal... Se Trice não tivesse me tirado a tempo...

Tentei dar um sorriso positivo.

— Não ia deixar você se machucar, Leo.

— Sem saber, claro — disse Piper disse, tentando tranquilizar ele — E salvou nossas vidas mais uma vez.

Aquilo definitivamente era verdade, se não fosse por Leo, a gente nem teria um transporte antes de sair do Acampamento Meio-Sangue.

— Mas e agora? — perguntou Jason — Os portões principais estão trancados, e acho que não poderíamos sair voando sem ser atingidos. Eu não posso levar vocês e nem Trice pode transportar todo mundo.

Leo olhou o caminho que levava à grande mansão.

— Já que não podemos sair, vamos ter que entrar.

Não consegui evitar uma careta ao ouvir aquilo, algo me dizia que não era uma boa ideia, mas não era como se tivéssemos muitas opções no momento.

— Uma mansão com segurança de alto nível e a gente nunca tem sorte, então o que acham que tem lá dentro?

Luke bufou.

— Péssima pergunta.

— A gente vai ter que descobrir — Leo deu de ombros — Alguma ideia melhor?

Suspirei desanimadamente.

— Infelizmente não.

Mesmo sem nenhuma animação, seguimos o elfo fugitivo do Papai Noel para o caminho que levava a mansão.

— Quando tudo isso acabar, o que vocês acham de férias?

Jason me enviou um olhar.

— Depende, qual seria o destino?

— Qualquer lugar longe de pessoas ou monstros em geral... E neve, eu definitivamente odeio neve.

PARA SER SINCERA, se não fosse por Leo, eu teria morrido umas cinco vezes até chegar à porta principal ou mais.

Primeiro foi o portão-armadilha na calçada, ativado por movimento; depois os raios laser nas escadas; um dispensador de gás na grade da varanda; os pregos envenenados acionados por pressão no capacho da entrada, e por fim a campainha explosiva.

Leo desativou tudo isso. Era como se pudesse farejar as armadilhas, e sempre conseguia a ferramenta adequada para cada uma delas no seu cinto.

Luke desapareceu depois de um momento, falando sobre ter que resolver algo de fantasmas, como eu estava tentando evitar ser morta, não tentei saber mais sobre o que ele tinha que fazer.

— Você é incrível, cara — disse Jason, impressionado.

Leo fez cara feia ao examinar a porta de entrada.

— Sim, sou incrível — ele disse — Não sou capaz de consertar bem um dragão, mas sou incrível.

— Mas não foi sua... Porta destrancada — anunciou Leo.

Piper ficou olhando, descrente.

— Sério? Todas as armadilhas... e a porta destrancada?

Dei de ombros.

— Não era como se a pessoa esperasse que a gente realmente sobrevivesse depois das armadilhas.

Leo girou a maçaneta. A porta se abriu facilmente e ele entrou sem hesitar.

Antes que Jason o seguisse, Piper agarrou seu braço e eu decidi ficar apenas para ver qual seria o drama da vez, meu lado curioso às vezes levava a melhor sobre mim.

— Leo precisará de um tempo para superar a morte de Festus. Não tome como pessoal.

— Eu sei — disse Jason — Eu sei, tudo bem.

Estava óbvio que era mentira, mas decidi dar algum crédito para meu melhor amigo e apenas apertei seu ombro, mostrando que estava ali.

Entrei na casa, querendo ficar de olho em Leo. Estava acostumada com escuridão, era quase meu elemento natural, então não me afetei com a escuridão que dominava a casa.

Pela noção que eu tinha e o eco dos passos, o hall de entrada era enorme. Uma luz tímida que passava pelas frestas das pesadas cortinas de veludo. As janelas tinham três metros de altura. Em intervalos regulares, junto às paredes, havia várias estátuas de metal em tamanho natural. Sofás dispostos em forma de U no meio da sala, com uma mesa de centro e uma grande poltrona na extremidade. Um enorme lustre pendia do teto. Na parede de trás, várias portas fechadas.

— Onde está o interruptor? — perguntou, e sua voz ecoou pela sala.

— Não vejo nenhum — respondeu Leo.

Não consegui evitar de bufar.

— Uma mansão desse tamanho e não tem um maldito interruptor?

— Temos fogo? — sugeriu Piper.

Leo esticou a mão, mas nada aconteceu.

— Não está funcionando.

— Seu fogo acabou? Por quê? — perguntou Piper.

— Bem, se eu soubesse...

— Certo, tudo bem — ela disse — O que faremos? Explorar?

O elfo fugitivo do Papai Noel balançou a cabeça.

— Após todas aquelas armadilhas do lado de fora? Má idéia.

Suspirei baixinho e dei uma olhada nos móveis, deveria ter alguma armadilha em algum lugar ali.

— Leo tem razão — disse Jason — Não vamos nos separar mais uma vez... como fizemos em Detroit.

— Ah, obrigada por me lembrar dos ciclopes — disse Piper, com voz trêmula — Eu realmente precisava disso.

Revirei os olhos.

— Piper, por favor, me diga que você não vai chorar.

Tenho certeza que ela me enviou um olhar ofendido naquele momento.

— Trice!

— Temos poucas horas até o amanhecer — disse Jason, mudando de assunto — Está muito frio lá fora. Vamos trazer as gaiolas para dentro e acampar nesta sala. Esperaremos pela luz do dia; depois decidiremos o que fazer.

Ninguém teve uma ideia melhor, então pegamos as gaiolas com o treinador Hedge e com os espíritos da tempestade e voltamos a entrar. Felizmente, Leo não encontrou almofadas envenenadas ou estofamento eletrificado no sofá.

Ele não parecia disposto a preparar mais tacos. E não tínhamos fogo, por isso resolvemos comer coisas frias.

Enquanto comia, observei as estátuas de metal ao longo das paredes. Pareciam deuses gregos ou heróis. Talvez fosse um bom sinal. Ou talvez fossem usados para prática de tiro ao alvo (o que, atualmente, eu não era capaz de julgar). Na mesa de centro, havia um jogo de chá e uma pilha de livros grossos. A grande poltrona do outro lado parecia um trono. Mas ninguém tentou sentar nela.

As gaiolas não ajudavam a deixar aquele lugar menos assustador. Os venti não paravam de se mexer lá dentro. Quanto ao treinador Hedge, ele ainda estava congelado. Leo trabalhava na gaiola, tentando abri-la com várias ferramentas, mas a tranca parecia complicada.

Sem muito o que fazer, juntei os dois sofás com Piper e nos jogamos ali, consegui pegar um casaco enorme de pelinhos que Drew havia colocado na minha mochila e usei de cobertor para nos esquentar.

Piper foi a primeira a adormecer e logo depois, senti o cansaço me atingir.