❦Chapter XIV - Boys, the biggest idiots there are
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Capítulo Catorze: GAROTOS, OS MAIORES IDIOTAS QUE EXISTEM
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Beatrice
Atualmente
LEO E PIPER DORMIRAM PELO O QUE imaginei terem sido umas quatro horas, tirei alguns breves cochilos durante aquele tempo, tentando evitar sonhos dramáticos de semideuses.
Então levantamos acampamento e seguimos pelo túnel.
O caminho se retorcia e parecia infinito. Depois de muito tempo, o que encontramos foram as portas de um elevador de aço polido, ambas com a letra M gravada em itálico. Próximo ao elevador havia um mapa, como se aquilo fosse uma loja de departamentos.
Isso era inesperado.
— M de Macys? — perguntou Piper — Acho que tem uma loja dessas no centro de Chicago.
— Ou Monocle Motors? — perguntou Leo — Gente, dê uma lida no mapa. É uma confusão só!
Estacionamento, canil, entrada principal - Andar do esgoto
Móveis e Café M - 1
Moda feminina e aparelhos mágicos - 2
Moda masculina e armamentos - 3
Cosméticos, poções, venenos e miudezas - 4
— Canil? — perguntou Piper — E que tipo de loja de departamentos coloca a entrada num esgoto?
— Ou vende veneno? — perguntou Leo — Cara, o que significa "miudezas"? Será roupa íntima?
Jason respirou fundo.
— Na dúvida, melhor começar por cima.
Lhe mandei um olhar incrédulo.
— Quem deu esse conselho horrível para você?
As portas se abriram no quarto andar e um cheiro de perfume tomou conta do elevador. Jason saiu na frente, com a espada em punho e eu girei um dos pingentes, segurando meu cetro negro.
— Gente, vocês precisam ver isso.
Piper ficou sem fôlego.
— Isso não é a Macys.
A loja de departamentos parecia um caleidoscópio. O teto era todo de mosaicos de vidro, com signos astrológicos em volta de um sol gigantesco. A luz do sol entrava pelos vidros, lançando todo tipo de cor no ambiente. Os andares superiores tinham jiraus em volta de um grande átrio, e assim era possível ver todos os andares, até o térreo. Os corrimãos dourados brilhavam tanto que era ruim olhá-los.
Além do teto de mosaico de vidro e do elevador, não vi nenhuma janela ou porta, e duas escadas rolantes de vidro ligavam os vários andares. O carpete era uma mistura de cores e desenhos orientais, e as estantes de mercadorias eram bem estranhas também. Era muita coisa para ser absorvida ao mesmo tempo, mas encontrei camisetas normais e sapatos misturados a manequins com armamentos e casacos de pele que pareciam se mover.
— Organização mandou lembranças — murmuro baixinho.
Leo chegou à beira de um dos jiraus e olhou para baixo.
— Vejam isso.
No meio do átrio, um chafariz jorrava água seis metros acima do chão, mudando de cor de vermelho para amarelo, depois para azul. O espelho d'água estava cheio de moedas de ouro, e em cada canto do chafariz havia uma gaiola dourada... como se fossem gaiolas de canários, mas de tamanho gigante.
Dentro de uma delas, um furacão em miniatura girava entre raios. Alguém prendera os espíritos do vento ali, e a gaiola tremia enquanto eles tentavam se libertar. Na outra, congelado como uma estátua, vimos um sátiro baixinho segurando um bastão de galho de árvore.
— Treinador Hedge! — disse Piper — Precisamos descer.
Mas uma voz perguntou:
— Posso ajudá-los a encontrar algo?
A gente deu um passo para trás.
Uma mulher surgiu na frente deles. Usava um elegante vestido preto e jóias de diamante, parecia uma modelo aposentada — talvez com seus cinquenta anos, mas não saberia dizer ao certo. Seus cabelos pretos e compridos caíam sobre o ombro, e seu rosto era incrível, como o de uma supermodelo: afilado, arrogante, frio... nada humano. Tinha unhas longas e vermelhas, seus dedos pareciam garras.
Ela sorriu.
— Que bom encontrar novos clientes. Como posso ajudá-los?
Esse é o momento que a gente corre?
Leo olhou para Jason e eu como quem diz: ela é toda sua.
— Hum... — disse Jason — esta loja é sua?
A mulher fez que sim.
— Eu a encontrei abandonada, sabe. Sei que muitas lojas estão assim, hoje... Decidi que seria o local ideal. Adoro colecionar objetos de bom gosto, ajudar as pessoas, oferecer qualidade e bom preço. Então isso parecia... como se diz... um negócio da China.
Ela falava com um sotaque agradável, Jason imediatamente começou a relaxar e eu o encarei incrédula.
— Então você é nova aqui nos Estados Unidos? — perguntou.
— Eu... sou nova, sim — ela concordou — Sou a Princesa de Colchis. Meus amigos me chamam Sua Alteza. Mas o que vocês estão procurando?
Se aquele já não era um alerta para entidade estranha ou monstro perigoso disfarçado, eu sinceramente não sabia o que mais poderia ser. Entretanto, os garotos eram sempre estúpidos e por isso tanto Jason quanto Leo já olhavam encantados para a mulher.
Bufei baixinho e Piper cutucou as costelas de Jason muito mais carinhosamente do que eu teria feito para ele tirar aquela expressão de bobão do rosto.
— Jason...
— Ah, claro. Na verdade, Sua Alteza... — disse, apontando para a gaiola no primeiro andar — Aquele lá é um amigo nosso, o treinador Hedge. O sátiro. Poderíamos... levá-lo de volta, por favor?
Respirei fundo, lembrando-me de todos os motivos pelos quais eu não deveria meter a mão na cara do meu melhor amigo.
O cutuquei com o meu cetro, lhe fazendo resmungar.
— Claro! — ela concordou, imediatamente — Adoraria mostrá-los meu depósito. Mas, como vocês se chamam?
— Jason... — Piper tentou chamar a sua atenção.
Mandei um olhar exasperado para a garota que também parecia começar a perder a paciência com aqueles dois idiotas.
— Ela é Piper. Ele é Leo. Essa aqui é a Beatrice e eu sou Jason.
A princesa olhou bem para ele, e por um momento seu rosto brilhou de ódio, literalmente, tanto que podia ver os ossos sob sua pele, mas o momento passou, e Vossa Majestade voltou a parecer uma mulher normal e elegante, com um sorriso cordial e uma voz tranquilizadora.
Agarrei o pulso de Piper, a colocando protetoramente atrás de mim. Se eu tivesse que brigar com Jason, seria mais fácil se ela não estivesse no caminho, algo me dizia que não seria a primeira vez que eu brigaria com ele.
— Jason. Que nome mais interessante — ela disse, com os olhos tão frios quanto o vento de Chicago — Acho que deveríamos fazer negócio com você, algo especial. Venham, crianças. Vamos às compras.
Porra, onde a gente havia se metido?
A princesa fez um gesto em direção ao balcão de cosméticos.
— Começamos com as poções?
— Legal — disse Jason.
Garotos eram tão facilmente manipuláveis que chegava a dar raiva.
— Meninos — interrompeu Piper — estamos aqui pelos espíritos da tempestade e pelo treinador Hedge. Se essa....princesa... é realmente nossa amiga...
— Ah, eu sou mais que amiga, querida — disse Vossa Alteza — Sou a vendedora. — Suas jóias brilhavam, e seus olhos cintilavam como os de uma cobra... frios e sombrios. — Não se preocupe. Vamos chegar ao primeiro andar.
Agarrei o braço de Jason, garantindo que minhas unhas arranhassem sua pele bruscamente.
— Eu juro que se você não parar de bancar o idiota, eu vou socar esse seu rostinho bonitinho — sussurro séria — E ninguém vai me impedir dessa vez.
Jason piscou, quase parecendo voltar ao normal, mas então ele olhou para a vendedora irritante e voltou a suspirar, parecendo novamente um idiota. Respirei fundo, me controlando para que esqueletos não surgissem do nada.
— Claro! Parece uma boa idEia. Certo, Piper? Trice? — disse Leo.
Não, não parece uma boa ideia, mas aparentemente apenas eu e Piper conseguimos ver o óbvio.
— Claro que sim — disse Vossa Majestade, pondo suas mãos nos ombros de Jason e Leo e levando-os ao balcão de cosméticos — Venham comigo, meninos.
Troquei um olhar com Piper, a gente não tinha escolha além de os seguir, infelizmente.
— Filhos de Júpiter, não podem ver um rostinho bonitinho.
Piper suspirou.
— Garotos.
Ela disse aquilo como se fosse uma ofensa e sinceramente, concordava plenamente com aquilo.
— E aqui... — disse a princesa — poderão encontrar a melhor variedade de poções mágicas do mundo.
O balcão estava repleto de béqueres borbulhantes. Nas gavetas, frascos de cristal — alguns em forma de cisne ou ursinhos. Os líquidos dentro deles eram de várias cores: de branco cintilante a multicoloridos. E os cheiros... argh! Alguns eram agradáveis, como cookies saídos do forno ou rosas, mas estavam misturados a cheiro de pneu queimado, de spray de gambá e de vestiário de academia de ginástica.
A princesa apontou para um frasco cor de sangue... um simples tubo de laboratório tapado com uma rolha.
— Este é capaz de curar qualquer doença.
— Mesmo câncer? — perguntou Leo — Lepra? Unhas encravadas?
Memórias roubadas por uma maldita deusa do casamento talvez? Seria realmente útil se a resposta fosse sim.
— Qualquer doença, meu garoto. E este... — disse, apontando para um frasco em forma de cisne com um líquido azul dentro — o matará de forma bem dolorosa.
— Incrível — disse Jason, e sua voz parecia confusa e sonolenta.
— Jason — disse Piper — Temos um trabalho a fazer, lembra?
A voz da garota soou trêmula e sem nenhum pingo de confiança, o que me fez apertar o cetro mais forte.
— Trabalho a fazer — murmurou Jason — Claro. Mas vamos às compras antes, certo?
— E temos poções para aumentar a resistência ao fogo... — disse a princesa.
— Disso eu não preciso — disse Leo.
Analisei lentamente a poção do frasco vermelho, me perguntando se ela poderia ser útil para Jason e eu recuperarmos as memórias.
— Sério? — perguntou ela, olhando o rosto de Leo mais de perto — Você não parece usar meu protetor solar... mas não importa. Também temos poções que causam cegueira, insanidade, sono ou...
— Espere — disse Piper, ainda olhando para o frasco vermelho — Aquela poção pode curar amnésia?
— Essa aqui.
Mostrei o frasco vermelho para a princesa e ela franziu a testa.
— É possível, sim. Bem possível. Mas porquê, minha querida? Você se esqueceu de algo importante?
— Você não faz ideia — murmuro cansada.
Piper parecia tensa e repentinamente estava decidindo se aquela poção era importante, me fazendo a encarar confusa.
Talvez ela não quisesse que Jason recuperasse a memória.
— Quanto custa? — perguntei ignorando a indecisão da filha da deusa do amor ali.
Eu precisava das minhas memórias de volta.
A princesa tinha um olhar distante.
— Bem... O preço é algo relativo. Eu adoro ajudar às pessoas. Honestamente. E tento manter as ofertas, mas algumas vezes as pessoas me enganam — disse, olhando para Jason — Certa vez, por exemplo, conheci um lindo rapaz que buscava um tesouro do reino de meu pai. Ele fez uma oferta, e eu prometi ajudá-lo a roubar.
— De seu próprio pai? — Jason dava a impressão de estar um pouco em transe, mas a história pareceu incomodá-lo.
Bom, eu me incomodava com a história.
— Ah, não se preocupe — disse a princesa — Eu pedi um preço muito alto. O rapaz teria que me levar com ele. Ele era bem bonito, forte, elegante... — disse, olhando para Piper — Eu sei, minha querida, que você é capaz de entender minha atração por um herói assim, e minha vontade de ajudá-lo.
Piper corou.
— Particularmente, nunca gostei muito de garotos certinhos — digo dando de ombros.
— Oh, eu vejo... — a princesa diz me encarando — Você teve sua própria história trágica de amor, não é?
Desviei o olhar.
— Seja como for — disse Vossa Alteza — meu herói tinha de cumprir muitas missões impossíveis, e eu não minto ao dizer que ele não poderia ter levado nada daquilo a cabo sem a minha ajuda. Eu traí minha própria família para ajudar o herói, mas ainda assim ele me enganou no pagamento.
— Enganou? — perguntou Jason, franzindo a testa, como se tentasse se lembrar de algo importante.
— Que confusão — disse Leo.
Vossa Alteza acariciou o rosto de Leo, com carinho e eu apertei meu cetro com força, já querendo fazer a mulher tirar a mão do rosto dele aos tapas.
— Não precisa se preocupar, Leo. Você parece honesto. Sempre pagaria um preço justo, certo?
Leo fez que sim e eu lhe encarei incrédula, mas fiquei ainda mais surpresa comigo mesma ao notar que estava quase com ciúmes dele.
— O que estamos comprando? Eu quero dois.
Piper interrompeu:
— Então, a poção, Sua Alteza... quanto custa?
A princesa observou a roupa de Piper, seu rosto, sua postura, como se fosse colocar preço numa heroína semi-nova e em seguida fez o mesmo, não desviei o olhar e apenas sorri inocentemente, brincando com o meu cetro.
— Vocês dariam qualquer coisa por isso, queridas? — perguntou a princesa. — Acho que sim.
Me lembrei imediatamente da mãe terra, a mulher brincando com a minha mente: Você daria qualquer coisa para ter seu herói rebelde de volta? Acho que sim.
— Não. Não estou disposta a pagar qualquer preço. Mas um preço justo, talvez sim. E depois vamos embora. Certo, meninos?
Por um momento, as palavras de Piper pareceram surtir algum efeito. Os meninos pareciam confusos.
— Ir embora? — perguntou Jason.
— Você quer dizer... depois de fazer compras? — perguntou Leo.
A princesa analisou Piper com algum tipo de respeito recém adquirido.
— Impressionante — disse a princesa. — Pouca gente é capaz de resistir às minhas sugestões. Você é filha de Afrodite, querida? Ah, sim... eu devia ter notado. Tudo bem. Talvez a gente possa comprar um pouco mais até que você se decida, o.k.? E você... Filha de Hades, isso explica seu rostinho mal humorado.
— Mas a poção...
Minha voz foi completamente ignorada pela mulher.
— Agora, meninos — disse a princesa, virando-se para Jason e Leo. Sua voz era muito mais poderosa que a de Piper, cheia de confiança — Querem ver mais coisas?
— Claro — disse Jason.
— Sim — respondeu Leo.
E isso aqui fica cada vez melhor.
— Ótimo — disse a princesa — Vou precisar de muita ajuda para chegarmos à Bay Area.
— Bay Area? — perguntou Piper. — Por que Bay Area?
Girei o cetro, vendo ele se transformar no chicote que se enrolou ao redor do meu pulso, pronto para ser usado e arrancar mais algumas cabeças.
— Bem, é onde eles vão morrer, certo?
A princesa sorria.
Ela os levou até as escadas rolantes, e Jason e Leo ainda pareciam muito animados com as compras, troquei um olhar com Piper, que parecia começar a ficar desesperada.
— Então garota bonita, algum plano?
Piper suspirou.
— Não. E você?
— O que acha de arrancar algumas cabeças? Estou me sentindo no humor perfeito para isso.
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