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❦Chapter II - Where everything goes wrong, is anyone surprised?


Chegaaaamos ao segundo capítulo e eu estou me apaixonando por essa protagonista aaaa

Se vocês tiverem teorias ai sobre a nossa fofa Beatrice, de quem é filha, qual seu passado e o motivo pelo qual a nossa querida (sentiram a ironia?) Hera tirou a sua memória.... me conteem.



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Capítulo Dois: ONDE TUDO DÁ ERRADO, ALGUÉM ESTÁ SURPRESO?

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Beatrice

Atualmente


AQUELE PASSEIO PARECIA DURAR UMA ETERNIDADE E se não acabasse me breve, havia grandes chances de eu ser presa por homicídio - adolescentes eram um verdadeiro terror.

Chegamos ao final do salão de exposições, onde grandes portas de vidro conduziam a uma varanda.

— O.k., cupcakes — anunciou o treinador Hedge. — Vocês estão prestes a ver o Grand Canyon. Tentem não estragar tudo. A passarela de vidro se chama Skywalk e aguenta o peso de setenta aviões tipo jumbo, então vocês, seus pesos-pena, estarão seguros. Se possível, tentem não empurrar o colega lá embaixo, senão vou ter mais trabalho.

O treinador abriu as portas e todos foram para o lado de fora. O Grand Canyon se estendia à frente deles, ao vivo e em cores. Avançando sobre o precipício, uma passarela em forma de ferradura, feita de vidro, que permitia olhar lá embaixo.

Nossa — disse Leo — Isso é demais.

Dei uma rápida olhadinha para baixo e me senti enjoada, aquilo era tudo, menos demais.

Altura definitivamente não era algo que eu gostava.

Jason parou ao meu lado e seu dedo mindinho voltou a se entrelaçar ao meu, ele deu um sorriso motivador que me fez relaxar um pouquinho, mesmo que todo o meu corpo gritasse "PERIGO".

— Você não vai cair.

Suspirei desanimada com o pensamento.

— Imagina, primeiro acordamos sem memória dentro de um ônibus escolar e depois caímos do Grand Canyon.

Jason bufou ao mesmo tempo que pareceu controlar uma risada.

— Você deveria ser menos negativa.

— É a mesma coisa que pedir para você ser menos perfeitinho, francamente...

Olho para cima vendo nuvens de tempestade, repentinamente o alerta de perigo aumenta dentro de mim, como se algum deus louco decidisse que aquele era um ótimo dia para tirar minha vida.

Deus louco?

Da onde eu havia tirado aquele pensamento?

— Tudo bem? — perguntou Leo — Não vão se debruçar e vomitar, né? Eu devia ter trazido a minha câmera.

Jason agarrou o guarda-corpo da passarela. Estava tremendo, suando, mas algo me dizia que não tinha nada a ver com a altura e que esse era um problema exclusivamente meu. Ele piscou, cansado enquanto eu acariciei suas costas.

— Tudo bem — disse, finalmente — Só estou com um pouco de dor de cabeça.

Um trovão ribombou no céu e eu imediatamente me encolhi, com medo do som. O vento frio quase o jogou para o lado.

— Isso não pode ser seguro — Leo completou, e olhou para as nuvens franzindo o rosto — Tem uma tempestade bem acima de nós, mas em volta o céu está limpo. Que estranho, não?

Um círculo escuro de nuvens pairava logo acima da gente, e o restante do céu, em todas as direções, estava perfeitamente claro.

— Muito bem, cupcakes! — gritou o treinador Hedge. Ele franziu a testa ao olhar para a tempestade, como se ela o preocupasse também. — Acho que devemos encurtar nossa visita, então, mãos à obra! Lembrem-se, frases completas!

O trovão ribombou mais uma vez e a minha cabeça parecia prestes a explodir, olhei para a pulseira de ouro que havia ao redor do meu pulso, em baixo da pulseira da amizade, havia alguns pingentes pendurados nela, notei um que parecia um cão de três cabeças e ao seu lado, havia outro que era uma caveira.

— Nossa, isso é ouro? — perguntou Leo. — E você escondendo de mim?

Vejo uma moeda dourada brilhar na mão de Jason, que rapidamente a guardou após me lançar um olhar preocupado.

— Não é nada, só uma moeda.

Leo deu de ombros.

— Vai, duvido que tenha coragem de cuspir lá embaixo.

Eles não se preocuparam muito com a folha de exercícios, na real, ninguém ali parecia realmente preocupado com aquilo e eu não acho que seria capaz de me concentrar naquilo com aquela irritante sensação de perigo.

Leo estava muito ocupado construindo um helicóptero com seus limpadores de cachimbo para notar algo estranho.

— Olhe isso — disse, lançando o helicóptero.

Tive certeza que aquilo cairia, mas as hélices realmente giraram e a engenhoca voou até o meio do canyon antes de perder força e despencar em espiral no vazio.

— Como fez isso? — perguntou Jason, sem nem ao menos disfarçar a surpresa.

Leo deu de ombros.

— Teria ficado mais legal se eu tivesse alguns elásticos.

— Diga a verdade: nós somos mesmo amigos?

Enfiei as mãos novamente nos bolsos da jaqueta e notei que Piper não estava com a gente, olhei ao redor a procurando e para a minha surpresa, não a encontrei.

Será que ela havia ido ao banheiro?

— Até onde sei, sim.

— Tem certeza? Qual foi a primeira vez que nos vimos? Sobre o que conversamos?

Jason parecia desesperado para conseguir alguma resposta decente, não o culpei, pois também estava assim.

— Foi... — Leo franziu a testa — Não lembro direito. Tenho déficit de atenção, cara. Não dá para esperar que eu guarde detalhes.

Suspirei frustrada.

— Se a gente namora, então quando foi nosso primeiro beijo? O pedido de namoro?

Leo piscou, me encarando e por alguns segundos, pensei ter visto um pouco de mágoa brilhar em seus olhos.

— Nosso primeiro beijo foi numa detenção depois de você ter se metido numa briga.

Jason bufou, parecendo acreditar naquilo tanto quanto eu, ou seja, nem um pouco.

— Mas eu não lembro nada sobre você. Não me lembro de ninguém daqui além da Beatrice.

— E se... Se vocês tiverem razão e todos estiverem errados? — perguntou Leo — Acha mesmo que vocês dois apareceram aqui esta manhã, do nada, e que todos temos lembranças falsas sobre vocês?

Mordo o lábio inferior, desviando o olhar.

Sim.

Não havia passado de um sussurro, mas pelo silêncio que se seguiu, eu sabia que os dois garotos haviam escutado.

— Pegue a folha de exercícios — disse Jason, entregando o papel a Leo — Voltamos já.

Antes que Leo pudesse protestar, Jason pegou minha mão e me puxou, atravessamos a passarela rapidamente.

Só os alunos estavam naquele lugar. Talvez fosse muito cedo para turistas, ou quem sabe o mau tempo os tivesse espantado. Os internos da Escola da Vida Selvagem estavam distribuídos em duplas pela passarela. A maioria brincava ou conversava. Alguns jogavam moedas lá embaixo.

Dei uma rápida olhada para trás, vendo Piper agora parada ao lado de Leo.

— Você realmente acha que o treinador pode nos ajudar?

Jason suspirou.

— Ele é o único que parece não nos conhecer, então sim — murmurou — tenho certeza que não estamos loucos, Trice. Como nós dois poderíamos simplesmente ter esquecido de tudo? Ao mesmo tempo?

— Isso parece uma grande piada sem graça.

Fomos até o treinador Hedge, que estava apoiado no taco de beisebol, estudando as nuvens de tempestade.

— Foram vocês que fizeram isso? — perguntou o treinador.

Jason deu um passo atrás, enquanto eu piscava com a forma direta dele.

— Fizemos o quê?

O treinador olhou para ele, os olhos pequenos como contas cintilando sob a aba do boné.

— Não brinque comigo, menino. O que estão fazendo aqui e por que estão atrapalhando meu trabalho?

— Você quer dizer... que não nos conhece? — perguntou Jason — Não somos seus alunos?

— Eu nunca os vi antes — respondeu Hedge.

Coloquei a mão no peito, suspirando aliviada ao perceber que definitivamente não tínhamos perdido nossa sanidade mental.

— Olhe só, senhor, não sei como nós dois viemos parar aqui. Simplesmente acordamos no ônibus escolar com zero noção do que está acontecendo. Tudo o que sabemos é que não deveria estar neste lugar.

O treinador nos analisou.

— Isso mesmo — E a voz grave de Hedge baixou para um murmúrio, como se ele estivesse contando um segredo — Vocês dois tem muito poder sobre a Névoa, pois todos aqui pensam que os conhecem, mas a mim vocês não podem enganar. Estou farejando monstros há dias. Sabia que havia alguém infiltrado, mas vocês não tem cheiro de monstros. Tem cheiro de meios-sangues. Então... quem são vocês e de onde vieram?

Metade daquele discurso simplesmente não parecia fazer sentido.

— Não sei quem somos. Não nos lembramos de nada além de que Trice e eu somos melhores amigos. Você precisa nos ajudar.

O treinador estudou nossos rosto, como se tentasse ler seus pensamentos.

— Certo — ele murmurou — Você está sendo sincero.

— É claro que ele está! E que história é essa de monstros e meios-sangues? São códigos ou o quê? — pergunto levemente desesperada.

O treinador Hedge franziu a testa.

— Olhe, garota, não sei quem vocês são. Só sei o que é, e isso significa problemas. Agora tenho que proteger quatro de vocês, e não dois. Vocês são as encomendas especiais?

— Do que está falando?

Hedge olhou para a tempestade. As nuvens estavam mais densas e escuras, pairando bem em cima da passarela.

— Esta manhã recebi uma mensagem do acampamento. Disseram que um destacamento estava a caminho. Viriam buscar uma encomenda especial, mas não me deram mais detalhes. Pensei comigo mesmo: Tudo bem. Os dois de quem estou cuidando são bastante poderosos, mais velhos que a maioria. Sei que estão sendo perseguidos. Farejo um monstro no grupo. Imagino que, por isso, o acampamento esteja tão apressado em resgatá-los. Mas aí vocês aparecem do nada. Então... é vocês as encomendas especiais? Uma encomenda única?

As palavras confusas do treinador sobre acampamento e monstros fizeram minha cabeça doer, como se minha mente tentasse encontrar informações que deveriam estar ali, mas não estavam.

Jason perdeu o equilíbrio, e o treinador segurou-o. Mesmo sendo baixinho, Hedge tinha mãos de ferro.

— Cuidado, cupcake. Você disse que não se lembra de nada, certo? O.k. Vou ter de vigiar mais dois até que o pessoal chegue. Vamos deixar que o diretor resolva isso.

— Que diretor? Que acampamento? — perguntou cansada — uma resposta decente, é só isso que eu peço!

O treinador suspirou.

— Apenas fiquem sentados. Os reforços chegarão a qualquer momento. Tomara que nada aconteça antes...

Um relâmpago tomou conta do céu. O vento batia furioso. Folhas de exercício voaram para o Grand Canyon e a passarela sacudiu. Os jovens gritaram, tropeçando e agarrando-se ao guarda-corpo.

Me agarrei a Jason como se ele pudesse evitar que eu caísse, ele passou rapidamente os braços ao meu redor enquanto meu corpo tremia levemente, algum tipo de reação a algum trauma que eu não era capaz de lembrar, mas parecia doloroso. O som dos relâmpagos me acertavam como adagas e eu só queria desesperadamente sentir meus pés firmes no chão e não na merda de uma passarela extremamente alta.

— Eu devia falar alguma coisa — resmungou Hedge, então gritou ao megafone: — Todos para dentro! A vaca faz mu\ Saiam da passarela!

— Acho que ouvi você dizer que essa coisa era segura! — gritou Jason, tentando falar mais alto que o vento.

Isso não parecia seguro agora.

— Em circunstâncias normais — ele afirmou. — E esse não é o caso. Venha!

A tempestade se transformou em um pequeno furacão. Nuvens em forma de funil se aproximavam da passarela como tentáculos de uma água-viva monstruosa.

Os meninos gritavam e corriam para o prédio. O vento carregava cadernos, casacos, bonés e mochilas.

Leo perdeu o equilíbrio e quase caiu por cima do guarda-corpo, mas Jason agarrou seu casaco e o puxou de volta, agarrei seu pulso para o manter firme na passarela.

— Obrigado, cara! — gritou Leo.

— Andem, andem, andem! — dizia o treinador.

Piper e Dylan mantinham as portas abertas, chamando os outros alunos para dentro. O casaco de Piper sacudia para todos os lados, os cabelos pretos batendo no rosto. Ela parecia calma e confiante — dizia aos demais que tudo terminaria bem, encorajando-os a continuar andando.

Tentávamos correr na direção deles, mas era como andar em areia movediça, o vento parecia estar contra a gente, nos puxando para trás.

Dylan e Piper conseguiram empurrar mais um aluno para dentro, depois as portas escaparam de suas mãos e bateram com força, fechando o caminho para a passarela.

Piper puxava as maçanetas, os meninos que estavam dentro empurravam o vidro, mas as portas pareciam presas.

— Dylan, ajude! — gritou Piper.

Dylan ficou parado, com um sorriso idiota, o agasalho dos Cowboys sacudindo ao vento, como se ele de repente estivesse gostando da tempestade.

— Sinto muito, Piper — ele respondeu — Cansei de ajudar.

Ele girou o punho e Piper foi atirada para trás, bateu contra as portas e caiu na passarela de vidro.

— Treinador — disse Jason — deixe-me ir!

— Jason, Leo, Beatrice, fiquem atrás de mim — ordenou Hedge. — Essa guerra é minha. Eu deveria saber que era ele o nosso monstro.

— O quê? — perguntou Leo.

Uma folha de exercícios atingiu seu rosto, mas ele a afastou rapidamente enquanto minha cabeça voltava a doer.

— Que monstro?

O boné do treinador voou, e no alto de seus cabelos cacheados havia dois galos — como os que surgem nos personagens de desenho animado quando algo bate em sua cabeça. Ele ergueu o taco de beisebol... que não era mais um taco normal. De alguma forma, transformara-se em um cajado de galho de árvore, ainda com brotos e folhas.

Dylan abriu um sorriso psicótico.

— Ah, pare com isso, treinador. Deixe o menino me atacar! Afinal de contas, você está ficando muito velho para isso. Não foi por esse motivo que o aposentaram nessa escola estúpida? Estive em sua turma o semestre inteiro e você nem notou. Está perdendo o faro, vovô.

O treinador deixou escapar um som raivoso, como um animal balindo.

— Acabou, cupcake. Você já era. Acha que pode proteger quatro meios-sangues de uma vez, velhinho? — perguntou Dylan, zombando — Boa sorte.

Dylan apontou para Leo e uma nuvem em forma de funil se materializou em volta do garoto, que voou da passarela como se tivesse sido empurrado. De alguma forma, ele conseguiu girar no ar e se chocar contra a parede do canyon. Deslizou, procurando agarrar-se onde podia. Finalmente segurou-se em uma rocha estreita, uns quinze metros abaixo da passarela, e ficou pendurado ali, pelos dedos.

Senti algo ferver dentro de mim.

— Socorro! — gritou — Uma corda, por favor. Uma corda, qualquer coisa.

O treinador praguejou e deixou seu cajado com Jason.

— Não sei quem vocês são, mas espero que sejam bons. Mantenham aquela coisa ocupada — disse, apontando para Dylan — enquanto eu resgato Leo.

— Resgatar como? — perguntou Jason — Vai voar?

A ideia não parecia muito atraente na minha opinião.

— Voar não, escalar — disse Hedge tirando os sapatos.

O treinador não tinha pés. Tinha cascos, cascos de bode. O que significava que aquelas coisas na cabeça dele não eram galos. Eram chifres.

— Você é um fauno — disse Jason.

— Dependemos de um fauno para ajudar o duende do Papai Noel?

— Sátiro! — repreendeu Hedge — Faunos são romanos. Mas falemos sobre isso mais tarde.

Hedge pulou o guarda-corpo da passarela. Fincou os cascos na parede do canyon. Ele descia o penhasco com uma agilidade incrível, firmando os cascos em cavidades do tamanho de um selo postal e driblando as rajadas de vento que tentavam atingi-lo, seguindo em direção a Leo.

— Isso não é fofo? — disse Dylan a nós — Agora é a vez de vocês.

Jason atirou o cajado. Parecia um gesto inútil, com ventos tão fortes, mas o pedaço de galho foi bem na direção de Dylan, inclusive fazendo uma curva quando ele tentou se esquivar, e acertou sua cabeça com tanta força que ele caiu de joelhos.

Piper não estava tão atordoada quanto parecia. Seus dedos agarraram o cajado, que rolou até ela, mas antes que pudesse usá-lo, Dylan se levantou. Sangue — sangue dourado — escorria pela testa dele.

— Boa tentativa, rapaz — disse ele, olhando para Jason. — Mas vai precisar melhorar.

A passarela tremeu. Fissuras finas como fios de cabelo surgiram no vidro. Dentro do museu, outros alunos pararam de sacudir as portas. Deram um passo atrás, observando a cena horrorizados.

O corpo de Dylan se desfez em fumaça, como se suas moléculas tivessem se desintegrado. Tinha o mesmo rosto, o mesmo sorriso branco e brilhante, mas seu corpo era feito de vapor negro, os olhos eram fagulhas elétricas em uma nuvem viva. Ele abriu as asas de vapor e voou acima da passarela.

— Porque sempre um Ventus? — resmungo irritada — malditos espíritos da tempestade.

A gargalhada de Dylan soou como um tornado arrancando um telhado.

— Fico feliz por ter os esperado, semideuses. Leo e Piper eu conheço há semanas. Poderia tê-los matado a qualquer momento. Mas minha senhora disse que mais dois chegariam. Ela me dará uma grande recompensa por sua morte!

Outros dois funis de vento aproximaram-se e tocaram Dylan, um em cada lado, transformando-se em venti — jovens fantasmagóricos com asas de fumaça e olhos que faiscavam.

Piper continuou deitada, fingindo-se atordoada, agarrada ao cajado. Seu rosto estava pálido, mas ela nos olhou, determinada, e nós dois entendemos a mensagem: Distraia-os. Vou atacá-los pelas costas.

Se aquela era a minha amiga, eu estava orgulhosa.

Jason cerrou os punhos, preparando-se para a luta, mas não teve chance. Dylan ergueu a mão e arcos de eletricidade se formavam entre seus dedos. Uma carga elétrica atingiu o peito de Jason, estranhamente, algo me dizia que ele iria ficar bem.

Bum! Jason caiu de costas.

— Agora é a sua vez, garota — Dylan disse focando em mim — cansou de se esconder atrás do loirinho?

Dei uma rápida olhada para Jason, ele levantou a cabeça e viu que suas roupas soltavam fumaça. O raio correu por seu corpo e explodiu o calçado do pé esquerdo. Os dedos ficaram pretos com a fuligem. Os espíritos da tempestade sorriam. Ventos sopravam. Piper gritava, mas tudo soava baixo e distante.

Precisava dar alguns segundos para ele se recuperar, fiquei entre os espíritos de tempestade e Jason, impedindo que eles notassem que ele havia sobrevivido.

— Você se enganou, idiota — retruco chamando a sua atenção — eu não preciso me esconder atrás de ninguém... Mas você vai desejar se esconder de mim, isso eu posso garantir.

Dylan riu.

— Eu deveria ficar com medo?

Agarrei minha pulseira no automático e apertei o pingente do cão de três cabeças, a jogando para cima, quando voltou para a minha mão, era uma lança completamente preta, sorri provocadoramente.

— Deveria.

Decidi ignorar tudo ao meu redor e sem pensar, avancei em direção ao Ventus, ele arregalou os olhos.

— Uma lança de ferro estígio? — perguntei incrédulo — Quem é você?

Ele tentou me atacar e eu prontamente desviei, o atacando por baixo, minha lança raspou na lateral de seu corpo, sangue dourado escorreu enquanto ele bufava irritado.

— Não fique com toda a diversão, Trice.

Sorri ao ver Jason atingindo outro espírito, que foi pego de surpresa ao ver o garoto ainda vivo e segurando uma espada de ouro imperial.

— Você demorou, Superman.

— Como você está vivo? — perguntou Dylan, franzindo a testa — Aquela descarga seria capaz de matar vinte homens!

— Minha vez — disse Jason.

Dylan rosnou e recuou. Olhou os dois companheiros e gritou:

— E então? Matem-os!

Os outros espíritos da tempestade não pareciam muito felizes com a ordem, mas voaram na nossa direção, os dedos carregados de eletricidade.

Jason esquivou-se do primeiro, golpeou-o com a espada e sua forma esfumaçada se desintegrou. O segundo desferiu um raio, mas a espada de Jason absorveu a carga elétrica, aproveitei o momento de distração do segundo e o ataquei, minha lança atravessando seu corpo enquanto ele se desintegrava em pó.

Dylan resmungou, indignado, olhava para baixo como se esperasse que seus companheiros retomassem suas formas, mas o pó dourado foi espalhado pelo vento.

Sorri para o loiro e fizemos um toque rápido.

— Isso é impossível! Quem são vocês?

— É isso que estamos tentando descobrir desde que acordamos — resmunguei.

Piper estava tão chocada que deixou cair o cajado.

— Vocês, como...?

Foi quando o treinador chegou à passarela de vidro e pôs Leo no chão, como um saco de farinha.

— Espíritos, respeitem-me! — urrou Hedge, flexionando os braços curtos.

Ele olhou ao redor e notou que Dylan estava sozinho, não havia como disfarçar a surpresa em sua expressão.

— Maldição! Não deixaram nada para mim? Eu gosto de desafios!

Leo se levantou, respirando com dificuldade. Parecia completamente humilhado e as mãos sangravam de tanto agarrar- se às pedras, suspirei baixinho, aliviada que o fauno realmente havia conseguido o ajudar.

— Ei, treinador Superbode ou seja lá o que você for... Acabei de despencar na droga do Grand Canyon! Chega de desafios!

Dylan sibilava, mas percebi o medo em seus olhos.

— Vocês não têm ideia de quantos inimigos despertaram, meios sangues. Minha senhora vai destruir todos os semideuses. Não há como vocês ganharem essa guerra.

Revirei os olhos, com tédio.

— Cala a boca, idiota.

No alto, a tempestade explodiu com toda a força. As rachaduras da passarela se multiplicavam. Colunas de chuva despencavam, e Jason lutava para manter o equilíbrio, me agarrei a borda, tentando não cair.

Um buraco se abriu entre as nuvens: um vórtice que dançava em tons de preto e prata.

— Minha senhora me chama de volta! — gritou Dylan, feliz — E vocês dois, semideuses, virão comigo.

Ele avançou até Jason, mas Piper o atacou pelas costas, o que realmente me surpreendeu, o monstro era constituído de fumaça, mas ela conseguiu agarrá-lo. Os dois caíram.

Leo, Jason, eu e o treinador tentamos alcançá-los, mas o espírito urrou, raivoso, e lançou uma torrente que atirou todos nós para trás. Jason e Hedge caíram sentados, a espada de Jason deslizou no vidro da passarela. Leo bateu com a parte de trás da cabeça e se encolheu, confuso e gemendo enquanto minhas costas batiam com tudo na proteção.

Piper levou a pior, com o golpe, ela se soltou das costas de Dylan e foi de encontro ao guarda-corpo da passarela, de onde escorregou e ficou dependurada no abismo, segurando-se apenas com uma das mãos.

Jason ia na direção dela, mas Dylan gritou:

— Fico com esse aqui!

Ele agarrou o braço de Leo e começou a subir, agarrei a perna dele, tentando impedir Dylan de o levar, mas o vento era forte e acabei escorregando novamente na passarela, observei irritada ele levando junto o menino quase inconsciente. O redemoinho de tempestade se acelerou, sugando-os como um aspirador de pó.

— Socorro! — gritou Piper — Alguém me ajude!

Então escorregou, gritando enquanto caía.

— Jason, vá! — gritou Hedge. — Salve Piper!

Consegui agarrar minha lança que havia escorregado para longe, ao mesmo tempo em que o treinador avançou no espírito com um legítimo golpe de "kung-bode-fu": com um coice, livrou Leo, que começou a cair em direção ao chão, segui o meu instinto, sem pensar muito e no segundo seguinte, senti algo estranho me absorver e um frio me envolver, quando abri os olhos estava caindo um pouco acima do garoto, estiquei meu braço e o agarrei, puxando seu corpo desacordado em minha direção enquanto o abraçava.

Apenas quando estávamos quase indo de encontro com tudo na passarela que eu consegui fazer o truque novamente, no segundo seguinte, estávamos os dois deitados no vidro gélido e escorregadio.

Olhei para cima vendo que Dylan havia agarrado os braços do treinador, que tentou acertá-lo com uma cabeçada, depois o chutou e o chamou de cupcake. Os dois subiam cada vez mais rápido.

O treinador gritou mais uma vez:

— Salve Piper! Eu resolvo isso aqui!

Então o fauno e o espírito da tempestade giraram e desapareceram nas nuvens.

Olhei para Jason, torcendo que ele não fizesse nada idiota, mas no segundo seguinte já era tarde demais, ele havia simplesmente se jogado da passarela.

Ele enlouqueceu?

Leo tossiu, chamando a minha atenção e eu suspirei, passando minha mão pelos seus cabelos, aliviada que ele não estava morto.

— Hey, você está bem?

Ele piscou, ainda parecendo desorientado e focou em mim.

— Bode... Queda... Frio... Acho que vou vomitar.

O encarei confusa e seu corpo virou, fiz uma careta ao notar que ele estava vomitando e desviei o olhar rapidamente, não querendo ver a cena.

— Isso é nojento — resmunguei.

Leo bufou.

— Nunca mais faça aquele truque sem me avisar, por favor — sussurrou — eu não to bem.

— Era isso ou você ia ter uma queda dolorosa, idiota, então ao invés de reclamar, você poderia me agradecer de salvar essa sua bunda, não é?

Antes que ele respondesse, percebi, totalmente surpresa e incrédula, Jason surgindo voando na passarela agarrado a Piper, que felizmente parecia bem. O apelido inconsciente de Superman fez realmente sentido agora.

Os dois correram em nossa direção, ajudei Leo a se sentar corretamente no chão de vidro, tentando não olhar para o vômito.

— Bode... feio... e idiota... — murmurou.

— Para onde ele foi? — perguntou Piper.

Leo apontou para cima.

— Não voltou mais. Por favor, diga que não foi ele que salvou minha vida.

— Sim. Duas vezes — respondeu Jason — quer dizer, tecnicamente a última também foi Trice.

Ele gemeu mais alto, me fazendo bufar.

— O que aconteceu? O cara do tornado, a espada dourada e a lança negra... Eu bati com a cabeça. É isso, não é? Estou tendo alucinações?

Jason se lembrou repentinamente da espada e caminhou até onde ela estava, a pegou de volta. Com um gesto rápido ele girou o cabo entre as mãos e, durante o giro, a espada voltou a se transformar em moeda e pousou na palma de sua mão.

Peguei minha lança e a joguei para cima, ela desapareceu, quando levantei o pulso, a pulseira estava ali, brilhando como se nunca tivesse saído do meu braço.

— Claro — disse Leo — Alucinações, com certeza.

Piper tremia dentro das roupas ensopadas, suspirei cansada e num gesto rápido, tirei minha jaqueta de couro que impediu minhas roupas de estarem completamente molhadas e a estendi para a garota, que me encarou surpresa.

— Você precisa mais do que eu.

Ela corou.

— Obrigado, Trice — murmurou — aquelas coisas...

Observei Piper tirar a jaqueta molhada e trocar rapidamente pela minha, ela parou um pouco de tremer.

— Venti — Jason respondeu.

— Ou espíritos da tempestade — completei — você pode usar os dois termos.

Piper concordou devagar, perdida.

— Certo. Mas vocês agiram como... se já tivessem visto tudo aquilo antes. Quem são vocês?

Jason me encarou e eu dei de ombros, ele então balançou a cabeça.

— É isso o que estamos tentando dizer: nós não sabemos.

A tempestade se dissipou. Os outros jovens da Escola da Vida Selvagem olhavam através da porta, aterrorizados. Os seguranças tentavam abrir as fechaduras, mas não conseguiam e eu desejei profundamente colocar meus pés na terra, sem estar a tantos metros do chão.

— O treinador disse que deveria proteger quatro pessoas — lembrou Jason. — Acho que estava falando de nós.

Concordei silenciosamente, fazia sentido.

— E aquela coisa em que Dylan se transformou... — disse Piper, voltando a tremer — Meu Deus, não acredito que ele dava em cima de mim. E nos chamou de... o quê? Semideuses?

A palavra me deu dor de cabeça, me levantei do chão e parei ao lado de Jason, olhando temerosa para as rachaduras.

Leo deitou-se de costas, olhando para o céu.

— Não parecia ter pressa de se levantar. Não sei o que quer dizer "semi", mas não estou me sentindo muito "deus", não. E vocês?

Seguiram-se alguns estalos, como galhos se partindo, e as rachaduras na Skywalk começaram a aumentar.

— Temos que sair daqui — disse Jason. — Talvez, se nós...

— Ok... — interrompeu Leo — Olhem para cima e me digam se o que estou vendo são cavalos voadores.

O encarei preocupada, será que ele havia batido a cabeça com tanta força assim?

Então eu vi uma sombra escura descendo a leste. Lenta demais para ser um avião, mas muito grande para ser um pássaro. Quando a coisa se aproximou, notei que eram animais alados: cinza, de quatro patas, iguais a cavalos, exceto por terem asas com seis metros de envergadura. Carregavam uma espécie de caixa brilhante, com duas rodas: uma carruagem.

Arregalei os olhos, surpresa.

Reforços. Hedge me disse que os reforços viriam ao nosso encontro.

— Reforços? — perguntou Leo, levantando-se. — Isso soa mal...

Belisquei o braço dele, que resmungou um palavrão ao me encarar incrédulo.

— E para onde vão nos levar? — questionou Piper.

— Vocês estão sendo negativos — retruquei, cruzando os braços — estou indo para onde eles quiserem nos levar, desde que eu saia desse maldito lugar.

Observei a carruagem pousar do outro lado da passarela. Os cavalos voadores recolheram as asas e cavalgaram agitados sobre o vidro, como se notassem que aquilo estava a ponto de rachar. Havia dois adolescentes na carruagem — uma menina loura e alta, talvez um pouco mais velha que eu, e um garoto forte, de cabeça raspada, com o rosto que parecia uma pilha de tijolos. Os dois usavam jeans e camiseta laranja, com escudos pendurados nas costas.

A garota desceu antes mesmo que a carruagem parasse, sacou uma faca e correu na direção do nosso grupo, ela parecia prestes a cometer um assassinato se fosse preciso, silenciosamente me coloquei atrás de Jason, o fazendo virar um escudo humano.

Enquanto isso, o menino freava os cavalos.

— Onde ele está? — perguntou a menina.

Os olhos cinza eram furiosos e um tanto assustados.

— Quem? — perguntou Jason.

Ela franziu a testa, como se aquela resposta fosse inaceitável. Depois virou-se para Piper e Leo:

— E Gleeson? Onde está seu protetor, Gleeson Hedge?

Mordi o lábio para evitar uma piada sobre o primeiro nome do treinador, simplesmente não era o momento para aquilo.

Leo pigarreou.

— Ele foi levado por uma espécie de... tornado.

— Venti — Jason explicou — Espíritos da tempestade.

A menina loura ergueu uma das sobrancelhas.

— Você quer dizer anemoi thuellai? É esse o termo grego. Quem é você? O que aconteceu?

Jason fez o melhor que pôde para explicar, mas parecia complicado sob o olhar sério daqueles olhos cinzas, fiquei em profundo silêncio atrás dele, sem conseguir me forçar a interagir.

No meio da história, o garoto da carruagem se aproximou. Ficou parado, olhando para nós, de braços cruzados. Tinha um arco-íris tatuado no bíceps, o que era estranho, mas novamente, não era o momento para falar ou até mesmo, perguntar sobre.

Quando Jason terminou a história, a menina loura não pareceu satisfeita.

— Não, não, não! Ela me disse que ele estaria aqui. Disse que se eu viesse, encontraria a resposta.

— Annabeth — grunhiu o careca — Veja isso.

Ele apontou para os pés de Jason, segui para onde ele estava apontando e franzi a testa, notando que ele estava sem sapato no pé esquerdo.

— O menino de um sapato só. Ele é a resposta... E a garota com uma cicatriz na garganta!

— Não, Butch — a menina insistiu. — Não pode ser ele. Eu fui enganada.

Ela olhava para o céu, como se algo estivesse errado.

— O que você quer de mim? — gritou. — O que fez com ele?

A passarela tremeu, os cavalos relincharam com urgência e eu me agarrei com força ao braço de Jason.

— Conversa incrível e tals... Mas podemos sair logo daqui? — murmurei nervosa — não sei vocês, mas eu não estou afim de cair e morrer hoje, já tive emoções demais por um dia.

— Annabeth — disse o careca — precisamos ir embora. Levamos esses quatro ao acampamento e lá resolvemos tudo. Os espíritos da tempestade podem voltar.

Ela ficou irritada por um instante.

— Certo — Ela encarou Jason e eu um tanto ressentida — Resolvemos isso mais tarde.

Annabeth deu meia-volta e caminhou até a carruagem.

Piper balançou a cabeça.

— Qual é o problema dela? O que está acontecendo?

— Sinceramente... — concordou Leo.

Revirei os olhos.

— Quem se importa? Vamos só dar o fora.

— Precisamos tirar vocês daqui — disse Butch — Explico tudo no caminho.

— Não vou a lugar nenhum com ela — disse Jason, apontando para a loura. — Parece decidida a me matar.

Butch hesitou e eu me controlei para não bater no meu melhor amigo.

— Annabeth está bem. Dê a ela um desconto. Ela teve uma visão de que deveria vir aqui, encontrar um cara de um sapato só. E isso seria a resposta para seu problema.

— Que problema? — perguntou Piper.

— Ela está procurando um de nossos campistas, desaparecido há três dias — disse Butch — Está louca de preocupação, e esperava encontrá-lo aqui.

Olhei para a garota, que já estava na carruagem e ainda parecia abalada.

— Quem? — perguntou Jason.

— O namorado dela. Um cara chamado Percy Jackson.

O nome me atravessou como um raio, como se eu devesse saber algo sobre aquilo, como se significasse alguma coisa importante, minha cabeça doeu.

Notei um garoto no final da passarela, ele brilhava numa luz fraca como se fosse algum tipo de projeção, larguei o braço de Jason, dando um passo na direção do garoto, ele tinha uma expressão melancólica enquanto encarava a carruagem.

Seu rosto era familiar, como se eu soubesse e estivesse bem na pontinha da minha língua, mas simplesmente não saia.

Algo agarrou meu pulso enquanto dava outro passo, me virei, vendo olhares confusos.

— Onde você está indo? — Jason perguntou — a carruagem está na outra direção.

Pisquei, me sentindo perdida.

— O garoto do outro lado da passarela, estava indo até ele.

As expressões de confusão aumentaram ainda mais, dei uma rápida espiada para trás, o garoto ainda estava lá, dessa vez, nos olhava.

— Uhum... Trice... — Leo murmurou, preocupado — do que você está falando?

Bufei cansada.

— O garoto que está lá no final da passarela.

Butch colocou a mão pesada em meu ombro, dei um passo para o lado, me afastando do toque.

— Se eu estiver certo... Precisamos levar você para o acampamento, imediatamente.

Dei uma última olhada para trás, vendo o garoto me encarar com uma expressão triste, ele parecia um pouco mais velho, talvez dezoito ou dezenove anos.

Por que meu coração bateu tão dolorosamente?

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