Capítulo 28 - FINAL
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Welcome to the final show
I hope you're wearing your best clothes
Lestat abriu as portas da grande sala de reunião da mansão da família Lioncourt. Ele não botava os pés naquele lugar desde a morte de seu pai. Esperava nunca ter que voltar, mas fazia sentido, de um jeito poético, estar de volta. Tinha saído de lá quando o líder da família Lioncourt tinha morrido, agora voltava como o líder para matar alguns Lioncourt.
— O que é isso? — Maurice foi o primeiro a perguntar.
O loiro olhou aqueles que deveriam ser sua família, seus quatro irmãos e seus quatro cunhados. Vicente era casado com Maurice, Guillaume casado com Jon, Octavia com Valeria e Sandrine casada com Mathias, do qual Lestat sempre chamava de George, porque nunca se lembrava de seu verdadeiro nome.
Vincent, Guillaume, Octavia e Sandrine eram seus irmãos mais novos. Lestat tinha visto sua mãe grávida de todos eles, tinha a acompanhado em médicos e cuidado deles, mesmo que fosse apenas dois anos mais velha que Sandrine. Ele estava lá por lá por eles, mas os quatro ômegas sempre foram mais próximos de Armand e tinha se virado contra o alfa.
Ele os olhou por aqueles segundos, Danila, Tiziano, Heidi, Angelo, Jordan e Oscar estavam com ele. Gabrielle tinha levado Louis, Matteo, Victor, Jake e Donna para o apartamento do lúpus. Sua mãe não falou, mas Lestat viu a dor em seus olhos, ela sabia o que Lestat faria e não julgava o pediu que ele não fizesse, apenas se sentia triste por seus filhos mais novos terem feito algo tão terrível contra o irmão mais velho.
— Oscar, por que está com ele? — Sandrine perguntou.
— Vocês se acertaram? — Octavia, a mais nova, perguntou.
— Espero que não — Vincent respondeu, olhando feio para Oscar.
Lestat andou até os irmãos e cunhados, ele tinha a expressão fria, mas todos podiam sentir o ódio que emanava. As oito pessoas estavam em volta de uma mesa, alguns sentados e outros de pé. Subitamente, agarrou Maurice pelo pescoço e bateu sua cabeça contra a mesa, o socando repetidas vezes, até ossos estarem partidos.
— Não! — Vincent gritou, tentando soltar o marido, mas Angelo o interceptou, segurando o ômega. — Pare! Sua aberração! Solte meu marido!
— Soltar? — Lestat ria. Ele prendia a cabeça de Maurice contra a mesa e socava seu crânio. — Não se preocupa irmãozinho, sua vez está chegando.
— O que está acontecendo? Solte-o — Mathias tentou puxar Lestat, mas Jordan o segurou.
— O que está fazendo? — Sandrine gritou. — Oscar, faça alguma coisa.
— Já fiz o que precisava ser feito — o irmão respondeu.
— Lestat, pare, por favor — Octavia implorou com lágrimas nos olhos, sua esposa a abraçava.
— Não posso parar, mal comecei — Lestat soltou o corpo de Maurice, que caiu no chão.
— Não! — Vincent correu até o marido, chorando muito e tentando chamá-lo. — Alguém chame a emergência, por favor! Rápido!
Guillaume tirou seu celular do bolso, mas Heidi o arrancou da mão do ômega e o jogou contra a parede, o quebrando em pedaços.
— Maurice ainda está vivo? — Lestat perguntou — Não se preocupem, eu resolvo isso.
Ele pisoteou a cabeça do alfa até ter certeza de que esse estava morto. Angelo arrastou Vincent para trás, o ômega gritava e se debatia, mas não conseguia se soltar. Finalmente, Lestat recuou um passo, a cabeça do alfa estava destruída a ponto de o tecido cerebral estar espalhado pelo chão.
— Sorte que ainda não comi — Tiziano comentou. — Ei, onde acha que vai?
— Me solta — Mathias gritou se debatendo, tentando se livrar do italiano.
— Seu monstro! Aberração! Papai estava certo sobre você! Eu odeio você! Odeio! — Vincent gritava. — Tenho nojo de você, seu demônio estúpido e grotesco!
— Elogios não vão me fazer parar — Lestat sorriu frio.
— Vamos embora — Sandrine falou alto. — Você responderá por essa barbárie no Conselho!
— Heidi — o loiro falou, indicando a irmã. Imediatamente Heidi socou a outra ômega a derrubando e sangue escorrendo de sua boca.
— Por que está fazendo isso? — Guillaume perguntou chorando, seu marido se mantendo a sua frente, tentando protegê-lo.
— Por quê? Vocês ainda têm a ousadia de me perguntar "por que"? — Lestat riu sem humor.
Danila segurava um grosso pano enrolado, quando o colocou sobre a mesa e o desenrolou, foi que perceberam que ali continha várias facas, pequenas machadinhas e outros instrumentos próprios para tortura. Todos os Lioncourt, exceto Lestat, arregalaram os olhos.
— Ele está louco, vamos! — Mathias, que ainda era segurado por Tiziano, gritou.
— Ninguém vai a lugar nenhum até eu dizer que podem — Lestat respondeu calmamente. — Quem será o primeiro?
— Acho que esse aqui — Angelo indicou Vincent que começou a negar com a cabeça.
— Não! Por favor, não!
— Por favor? Que bonitinho, ele sabe ser educado — Tiziano zombou.
— Eu sou ômega! — Vincent berrava enquanto Angelo o arrastava de volta à mesa. — Não pode fazer nada comigo! Não pode me tocar!
— Tem razão, não posso. Quem quer resolver com ele? — Lestat perguntou.
— Quer Angelo? Quero pegar essa, tenho contas a acertar com ela — Heidi indicou Sandrine, que arregalou os olhos.
— Tudo bem, só preciso de uma ajudinha — o italiano respondeu.
Heidi segurou Vincent contra a mesa, com a mãe estendida. Angelo pegou a pequena machadinha e foram necessários apenas três golpes para que a mão de Vincent fosse separada do corpo, rolasse pela mesa e caísse perto do corpo sem vida de seu marido.
— Dê se por feliz que é só isso, mas me irrite mais um pouco para ver se não corto mais membros — Angelo disse segurando o rosto de Vincent com uma mão, apertando até que suas unhas entrassem na pele do ômega que chorava e gritava de dor.
Octavia vomitou de com a cena, sua esposa passando a mão pelas suas costas, mas seus olhos mostravam o medo. Tentaram discutir, Guillaume socorreu o irmão como pode, já que ele sangrava muito.
— Calem a boca! — Lestat falou alto e toda atenção voltou para ele. — Vocês mandaram que matassem meu soulmate e não pensaram que isso voltaria contra vocês? Sabendo quem eu sou, não achavam que eu os perseguiria?
— Lestat...
— Mandei calar a boca! Seus idiotas, atentaram contra o MEU soulmate e agora acham que tem direito de pedir por misericórdia? Quero que vocês queimem até os ossos e, por fim, não sobre nada.
— Isso podemos resolver — Danila sugeriu.
— Não fizemos nada! — Sandrine gritou desesperada e Heidi bateu nela de novo.
— Por que ainda insistem nisso? Não podem mentir para mim e, de qualquer jeito, já sei de tudo.
— Como... Você! — a ômega se virou para Oscar. — Seu bastardo filho da puta! Você nos traiu! — ela tentou avançar sobre ele, mas Heidi a empurrou e volta. — Seu burro! Sabe o que esse demônio vai fazer com você? Ele vai te usar e descartar como faz com todos! Nosso pai deveria te ter mandado embora, bastardo.
— Obrigado por me confirmar que fiz a escolha certa — Oscar suspirou.
— Você nunca será um Lioncourt, você sempre será o filho bastardo e nunca terá a lealdade dele!
— Lealdade? E o que vocês entendem de lealdade? — Oscar gritou de volta. — Sempre me fizerem de servo de vocês, assim como nosso pai. Eu só servia para me usarem contra Lestat. Eu perdi a chance de ter um irmão de verdade por causa de vocês e me arrependo muito disso. Lestat nunca foi próximo, mas sempre foi sincero comigo, para o bem ou mal. Isso é muito mais do que tive de vocês.
— Lindo discurso, até estou emocionado — Lestat sorriu frio —, mas qual será o próximo que matarei?
— Você não...
— Posso fazer o que quiser — o lúpus vociferou, lançando uma das cadeiras contra a parede. Mesmo sendo um objeto de madeira nobre, se quebrou em milhares de pedaços. — Vocês tentaram matar meu soulmate! Tentaram tirar de mim alguém que amo mais do que a minha vida e acham que eu não posso me vingar?
— Por favor... — Guillhaume chorou.
— Eu nunca quis ser o líder dessa merda de família, sempre falei que passaria tudo para Oscar se pudesse, mas o desgraçado do nosso pai fez de tudo para me prender. Vocês são tão malditos quanto ele, se aproveitaram de todo dinheiro que conseguiam, sem nunca se importar que eu tinha perdido a porra da minha liberdade para isso — Lestat falava irritado, encarando os irmãos. — Quando eu finalmente encontro alguém me ama, vocês colocam sua cabeça a prêmio só para não perder um pouco dinheiro?
Lestat pegou um dos maiores pedaços de madeira caído no chão. Seus olhos estavam tão claros que pareciam quase transparentes. Seus irmãos estavam encolhidos, nunca o tinham visto tão irado.
— Por favor, Lestat, sei que podemos conversar — Jon, marido de Guillaume, tentou conversar. — Não sei o que eles fizeram, mas...
— Não sabe? — o loiro riu fraco. — Então você não sabe que meus irmãos entraram em contato com os primos de meu pai e prometeram uma pequena fortuna caso meu soulmate fosse morto.
— O que... — pelo olhar espantado do alfa, o lúpus percebeu que ele realmente não sabia. Foi divertido para o alfa ver como Jon olhou para o marido com nojo. — Você fez parte disso?
— Não, amor, eu posso explicar — Guillaume correu para o marido, esquecendo de ajudar o irmão ferido.
— Explicar? Eu te disse para ficar de fora disso! Eu avisei! — Jon gritou de volta.
— Não sabia que iam fazer isso, achei que só iam tentar separar Lestat do ômega dele. Armar algo, qualquer coisa menos assassinato.
— "Armar algo"? Você ouve o que está dizendo? — o alfa se afastou do ômega, que chorava e tentou segurar seu braço, mas Jon desviou. — Fique longe de mim.
— Isso foi inesperado, mas divertido — Tiziano riu.
— Lestat — Valeria, esposa de Octavia o chamou, a ômega ainda parecia mal — sei o que parece, mas Octavia e eu nunca soubemos de nada disso. Não fizemos parte de nada.
— Eles falaram uma vez que tinham que acabar com esse relacionamento — Octavia comentou hesitante. — Mas eu disse que era loucura mexer com você, eles falaram que era só uma piada e nunca mais perguntei, eu juro.
— O nome delas nunca foi citado — garantiu Oscar.
— Que seja, mas andavam com eles. A partir de agora todos que sobreviveram perdem quase tudo que tinham. As casas, carros, jóias e qualquer coisa que pertença a família Lioncourt está sendo confiscado e tudo passa para meu ômega. Irônico não? — Lestat zombou. — Oscar aceitará vocês na Austrália e, para quem sobreviver, sugiro que aceitem e sigam suas regras. Vocês estão exilados, se voltarem para cá, estarão mortos, entenderam?
— Sim — Octavia disse limpando as lágrimas do seu rosto.
— Vai punir todos nós por um ômega que conheço há meses? — Sandrine perguntou.
— Minha cara, eu os puniria por causa de um cão sarnento, vocês terem ameaçado meu soulmate só me motiva a matá-los.
— Isso te faz tão melhor que nós? — ela perguntou com ódio.
Ele sorriu frio, então puxou o marido de Sandrine, que ainda era segurado por Tiziano. Ainda sorrindo, Lestat escolheu, calmamente, uma faca bem afiada. Tanto o cunhado, quanto a irmã, se revoltaram e se debateram. Mas Heidi segurava Sandrine e Lestat segurava Mathias.
— Assista — Heidi disse segurando o rosto da outra ômega, a fazendo encarar o irmão mais velho e seu marido.
— Acho que me confundiu, irmãzinha. Não sou como os heróis dos contos de fadas, perfeitos, bondosos e misericordiosos. Eu sou o vilão — Lestat cortou a garganta de Mathias de um lado a outro. Tão fundo que quase o decapitou, então soltou o corpo no chão, para que ele tivesse os últimos segundos de vida caído no próprio sangue. — Mas a diferença é que eu sempre ganho.
O jatinho dos Lioncourt pousou no aeroporto de Reims e os carros já os esperavam para os levar direto para a propriedade de Gabrielle Lioncourt, onde vários Ferro e os afilhados de Lestat os esperavam.
O alfa ajudou seu ômega a descer as escadas, mesmo que não precisasse. Se ele já era muito protetor, depois de tudo que tinha acontecido, estava ainda pior e duvidava que fosse passar. Nunca mais iria querer perder seu ômega de vista.
— Meu! Ele é só meu — Heidi brincava com Magnus, que estava no colo de Jake e ria com a mãe. O bebê tinha se encantado pelo alfa e vivia grudado nele, por isso todos brincavam que Magnus estava roubando Jake de Heidi.
— Não sou não, não é companheiro? — o alfa perguntou para o bebê, que esfregou seu nariz no mais velho e abraçou seu pescoço, tirando a mão de sua mãe do ombro do alfa.
— Que família linda — Matteo sorriu. — Isso me dá vontade que Louis tenha filhos logo para eu mimar e devolver quando chorarem.
— Não vão ter os seus? — o ômega perguntou.
— Não mesmo — Matteo e Jordan responderam juntos. — Viu, é por isso que amo essa alfa!
— Andiamo! — Tiziano gritou, ele e Danila estavam encostados nos carros que levariam o grupo.
— Temos um cane pazzo para casar!
— O que está fazendo aqui? — Lestat perguntou.
— Viemos buscar os noivos — Danila sorriu, do lado do amigo.
— Nunca vou me livrar de vocês, não é? —
— Está tudo bem mesmo? — Lestat perguntou para Louis, que sorriu.
— Parfait!
No fim, o casamento aconteceria mesmo no verão. Com as ameaças neutralizadas e o recado direto que Lestat tinha dado para toda família, as coisas tinham se acalmado. Mas também podia ser porque o alfa estava super vigilante com seu ômega.
Louis, Jake, Matteo e Donna terminaram o semestre. Depois do ataque que foi considerado uma "tentativa de assalto", não tiveram aulas por algumas semanas, só voltaram para as provas finais e últimas apresentações de trabalho. Garrett foi considerado uma "vítima" do assalto, mas Lestat fez questão que todos soubessem que o professor Heard estava envolvido.
O lúpus tinha medo de como aquela experiência iria afetar seu ômega, por isso o levou para casa e fez de tudo para que ele estivesse o mais confortável possível. Então puxou o assunto sobre o que tinha acontecido e, principalmente, sobre o que Louis teve que fazer para sobreviver.
— Fiquei muito chateado — ele disse suspirando.
— Entendo Ma Lune, foi um momento difícil, é normal se sentir assim. Mas estarei com você em todo momento.
— Merci, vou ficar bem, só é mais difícil do que parece.
— Ma Lune, leve o tempo que precisar, apenas me diga o que precisa e farei — falou fazendo carinho no rosto de seu ômega.
— Pode me ensinar a fazer? — pediu.
— Ensinar o que? A lidar com a situação? — o alfa perguntou confuso.
— Non, estou bem com o que aconteceu. Quer dizer, foi assustador, mas já passou — ele deu de ombros, para espanto do loiro. — A outra parte.
— Que parte?
— A arrancar a mão de alguém com apenas uma mordida — o ômega respondeu tranquilamente. — Mon Loup, te vi fazendo e parece tão fácil, mas non é. Fiquei mastigando e mastigando até soltar, deve ter um jeito mais fácil.
— De tudo que aconteceu, ver aquele alfa assediador desgraçado morrer na sua frente, ser perseguido, ameaçado, ter uma arma apontada para você, me ver matando pessoas e você mesmo ter que matar, de tudo isso, sua única preocupação é não ter conseguido arrancar a mão do seu professor com uma mordida só?
— Oui.
— E você quer que eu te ensine?
— Oui — respondeu sorrindo, animado com isso.
— Antes que eu te deite nessa cama, te beije e te foda até você gritar, foi só isso mesmo? Não teve medo ou qualquer coisa parecida?
— Non — respondeu mordendo o lábio. — Na hora sim, tive muito medo e, quando você levou o tiro doeu muito. Foi o pior momento, mas fiz o que você, deixei que meu lobo tomasse conta, então tudo ficou bem. Quando me tornei meu lobo, não tive medo, era como se ele soubesse o que fazer e eu deixei que fizesse.
— Menos arrancar a mão com uma mordida só? — Lestat perguntou sorrindo.
— Oui — Louis bufou frustrado.
— Ma Lune, você e seu lobo entraram em sintonia, essa a principal coisa que um lúpus precisa aprender. O resto podemos praticar e treinar, mas saiba que estou muito orgulhoso de você.
— Merci — o ômega respondeu com olhos brilhando. — Agora podemos foder?
— Sim, podemos — Lestat respondeu rindo, beijando seu ômega.
A música tocava e Lestat respirou fundo. Harry estava atrás do púlpito e usava as vestes vermelhas com detalhes dourados, as roupas tradicionais da família Styles. Ao lado estava Tiziano, com seu terno marsala, mas era um diferente de seu casamento. Do outro lado estavam Danila e Zayn, suas testemunhas.
Lestat também estava com o terno tradicional, afinal, era seu casamento. As vestes eram pretas com vários desenhos em roxo, por baixo usava o colete roxo com detalhes em prata. E, claro, a coroa de lírios brancos que Louis fazia questão de usar.
Assim que comentaram que queria usar no casamento e o ômega explicou como estava encantado por elas, Juliana o abraçou chorando. Sergio perguntou se Lestat tinha certeza e, quando o alfa confirmou, o mais velho sorriu orgulhoso, batendo no ombro do loiro, sem conseguir falar nada, mas com os olhos marejados de felicidade.
A coroa de flores e as vestes tradicionais fizeram o alfa pensar que ser um Lioncourt sempre foi uma coisa que odiou. Seu sonho, aquele que nunca verbalizou, mas desejava tão intensamente toda noite antes de dormir, quando ainda era um filhote, era ser um Ferro. Percebeu que poderia ser os dois.
Ser um Lioncourt tinha sido um fardo, mas agora estava começando uma família, agora faria tudo diferente e traria um novo significado. Gostava de ser temido, isso não mudaria, era divertido o fato que ninguém nunca sabia qual seria seu próximo movimento. Mas, a partir daquele momento, qualquer pessoa que carregasse o sobrenome Lioncourt seria amada, respeitada e protegida.
Muito bem protegida.
— Ele está vindo — Harry sussurrou, mas não precisava avisar, o lobo no peito do lúpus já tinha avisado.
Louis estava de braços com seu irmão, mas olhava apenas para seu alfa. O ômega usava um terno bem clarinho com várias flores roxas desenhadas. Seus cabelos estavam soltos e sua coroa descansava em sua cabeça.
Lestat já tinha falado milhões de vezes, mas nunca se cansava de repetir que Louis Lioncourt era o ômega mais lindo que tinha andado pela terra.
— Estou te entregando meu bem mais precioso — Thierry murmurou emocionado, quando chegaram até o alfa.
— Ele também é o meu — Lestat falou admirando seu ômega.
— Cuide bem dele — o alfa francês brincou.
— Ele vai — Louis respondeu sorrindo.
Thierry beijou a testa do ômega e se sentou na primeira fileira, ao lado da tia, que já estava chorando desde antes de começar.
Lestat segurou a mão de Louis e os dois se olharam, para quem acreditou não tinha soulmate, ele estava se casando com o melhor de todos
— Lestat de Lioncourt e Louis Du Lac — Harry falou alto, qualquer conversa ou sussurro se cerrou imediatamente. —, estão diante de todos que amam para fazer um juramento eterno de amor. Depois disso, não há nenhuma forma de desistirem, mas, depois de tudo o que já aconteceu, seria burrice presumir que um dia, um desistiria do outro. Um dia, há muito tempo, um certo lúpus me disse que nossos soulmates nunca são o que queremos, mas que o que precisamos e devemos ser dignos deles. É muito bom que vocês dois se completam e são os mais dignos para formar essa família.
Eles sorriram para o jovem alfa, Louis apertou um pouco a mão do seu alfa, que apertou de volta.
— Agora podemos passar para essas perguntas óbvias que Lestat acha perda de tempo porque todos sabemos as respostas e vai responder de mau humor? — Harry perguntou, fazendo todos rirem.
— Então, já decidiu o que fazer? — Matteo perguntou enquanto jantavam na área externa da casa.
O casamento tinha acontecido na noite anterior, a festa durou muito tempo e Louis suspeitava que nem tinha acabado. Gabrielle tinha fechado um hotel para todos os Ferro e outros convidados ficarem, então eles ainda estavam comemorando. Mas Louis e Lestat decidiram jantar com seus amigos sós, no dia seguinte embarcariam para a lua de mel.
— Oui — Louis sorriu feliz consigo, Lestat fazia carinho na mão do marido. — Segui o conselho de Heidi, Danila fez o inventário de tudo e separei a as ações das empresas e os bens... como é mesmo o nome?
Agora que era oficialmente um Lioncourt, Louis tinha muito mais dinheiro do que sonhou em sua vida inteira e tinha tido dores de cabeça pensando no que fazer. Mas, finalmente, tinha chegado em uma decisão.
— Bens tangíveis — Lestat o ajudou.
— C'est exact, bens tangíveis, merci — beijou rapidamente seu alfa. — Separei os dois e eles terão destinos diferentes.
— O que são bens tangíveis? — Matte sussurrou a pergunta para o namorado.
— Tudo que pode ser tocado, como casas, terrenos, carros, dinheiro, joias e por aí vai — Jordan sussurrou de volta.
— E o que vai fazer com eles? — Jake perguntou, ele estava ajudando Heidi a alimentar Magnus.
— Non quero ser dono das empresas, é muita coisa.
— Vai fazer a procuração para que Lestat possa resolver tudo no seu nome? — Heidi perguntou limpando a boca do filho com um guardanapo.
— Non, vou passar tudo para o seu nome — Louis disse feliz. Heidi paralisou o que estava fazendo e se virou para o ômega.
— Você o que?
— Non tem por que eu ser dono de parte de um grupo financeiro, non tem nada a ver comigo. Mon loup já é o principal sócio, por isso tenho mais dinheiro do que preciso. Você trabalha lá há muito tempo, conhece tudo, acaba tendo que assumir o lugar de mon loup muitas vezes. Acho justo ser sua empresa também.
— Louis, você está falando sério? — Heidi estava tão chocada, que sua voz saía baixa.
— Oui, mas pensei em te passar 14%, 1% queria passar para Jordan. Não quero que fique chateado por vocês terem participação na empresa e ele não. Sei que 1% é pouco, mas Heidi trabalha lá há muito tempo — falou preocupado que o amigo ficasse chateado.
— Louis, 1% do Lioncourt Group é muito mais do que eu conseguiria trabalhando minha vida inteira — Jordan sorriu para o ômega. — Muito obrigado.
— Meu plano A e B dando certo mais rápido do que eu pensei — Matteo sorriu, comemorando. — Agora posso viver a vida fútil, alienada e sem preocupações a que estou destinado.
— Non, ainda vamos montar nosso restaurante. Você vai trabalhar muito!
— Louis! — Matteo exclamou revoltado.
— Amor, você está bem? — Jake perguntou para Heidi que ainda estava paralisada.
A ômega ainda estava assimilando as notícias, perdida em pensamentos, até que se virou para Lestat e cerrou os olhos. O alfa já sabia o que era, por isso sorriu maldoso.
— Entendeu, não é?
— Você fez isso? Convenceu Louis a me dar a parte dele na empresa? — a ômega o acusou.
— Não, a ideia foi toda ele e não deveria ser ingrata, ele está pensando no melhor para você — Lestat respondeu debochado.
— O que foi? Eu te ofendi — Louis perguntou preocupado. — Não foi essa a intenção.
— Louis, meu amor, ninguém tinha me dado um presente desses e só de você pensar em mim, reconhecer meu esforço e ser preocupado comigo, me deixa muito feliz. Sou tão agradecida por isso, que nem tenho como pôr em palavras, dediquei minha carreira quase que inteiramente a Lioncourt Group, ser uma das sócias é muito mais do pensei conseguir alcançar — Heidi falava agradecida, segurando as mãos do ômega. — Mas isso quer dizer que estou presa a aquele demônio para o resto da minha vida, meu plano de aposentadoria já era.
— Que plano de aposentadoria? — Lestat perguntou cínico.
— Zeus, nunca vou me livrar de você — a ômega passou uma das mãos pelo rosto. — Nunca vou me aposentar.
— Pense pelo lado — o loiro tinha um falso tom de conforto e a ômega o olhou irritada.
— Que lado bom? Sei que vou ter muito dinheiro e te agradeço por isso Louis, não estou sendo ingrata. Só estou assimilando que minha alma foi entregue ao rei do submundo.
— Pare de drama — Lestat negou. — Sim, vai ter muito mais dinheiro, mas não é como se você fosse passar algum tipo de necessidade. Nunca deixaria faltar para você e seu filhote. O lado bom é outro, agora você é mais poderosa dentro da Lioncourt Group do que os próprios Lioncourt.
— Com assim? — perguntou interessada.
— Tirando Oscar e eu, você é a pessoa mais poderosa daquela empresa inteira. Vai poder mandar em qualquer acionista, inclusive os mandar calar a boca.
— Essa será a melhor vantagem — Heidi disse sorrindo maldosa.
— Acho que a próxima reunião será muito divertida — Jordan riu.
— Louis, e o que vai fazer com o resto dos bens? — Jake perguntou. Magnus estava quase dormindo, por isso o alfa estava ninando.
— Dividi tudo em quatro partes — Louis contava seus planos orgulhoso, Lestat estava feliz com a alegria de seu marido. — Uma parte será para investimentos, quero investir na vinícola do meu irmão e no nosso restaurante.
— Nosso restaurante? — Jake perguntou sorrindo.
— Oui, nosso sonho era abrir um restaurante, agora podemos fazer isso — o ômega exclamou animado.
— E as outras três partes? — dessa vez foi Jordan.
— Uma é minha, as outras são para Jake e Matteo — Louis concluiu sorrindo.
— Como? — Matteo perguntou aturdido, a colher com a sobremesa no meio do caminho até sua boca.
— Vou dividir o dinheiro com vocês dois — o ômega riu da expressão do amigo.
— Por quê? — Matteo insistiu chocado.
— Amor, você está recusando? — Jordan riu.
— O quê? Não! Só quero entender — o italiano respondeu. — Quanto de dinheiro deve ser isso?
— Cerca de três dígitos — Lestat comentou.
— Mais de cem mil dólares? — perguntou abismado com o valor.
— Tente milhões — o alfa lúpus sorriu de canto e o beta arregalou os olhos. — E é bem mais do que cem, pelo menos umas seis vezes mais.
— Porra!
— Você tem mais dinheiro que eu agora — Jordan riu. — Eu que vou ser o namorado troféu que fica em casa sem fazer nada. Ainda mais agora que vão abrir um restaurante.
— Não mesmo, você não vai viver meu sonho — Matteo resmungou.
— Agora sou eu que vou pôr o plano C em prática — o alfa moreno riu e beijou o namorado.
— Louis, não estou recusando e poder sair da posição humilhante de contar moedas para comprar o almoço, é realmente incrível. Mas tem certeza? — Jake perguntou.
— Oui, vocês são meus melhores amigos e só consegui chegar até aqui porque me apoiaram. Matteo que me convenceu a tentar uma vaga, porque eu tinha o sonho, mas não acreditava em mim. Jake me adotou como petit frère desde o primeiro dia e me protegeu. Quando vim para cá estava com muito medo, mas me deixaram confortável e me impediram de desistir. Eu continuei, conheci mon loup e minha vida mudou. Dividir tudo isso com vocês é o mínimo.
— Ele diz como se dividir milhões de dólares fosse algo comum, um troquinho — Matteo riu, abraçando o amigo.
— Bem, considerando com quem ele se casou — Jake brincou.
— Então é isso, meio que todo mundo aqui virou milionário? — Matteo perguntou.
— Eu sempre fui — Lestat deu de ombros.
— E pensar que tudo começou porque anos atrás entrei em um fórum europeu para futuros estudantes de gastronomia, me dei bem com um ômega francês que não falava italiano, eu não falava francês e nós dois éramos horríveis com inglês. Mesmo assim nos tornamos amigos e olha tudo que aconteceu — Matteo disse dramaticamente com a mão no peito. — O que fazemos agora? Conquistamos o mundo?
— Ou destruímos ele — Lestat sugeriu.
Louis riu e beijou se alfa, mas todos sabiam que se Louis quisesse, ele queimaria o mundo inteiro até sobrar apenas os dois.
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