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❦Chapter XIX - The Revenge of Souls




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Capítulo Dezenove: A VINGANÇA DAS ALMAS

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Beatrice

Atualmente


MIDAS SORRIU CRUELMENTE na nossa direção, Jason arregalou os olhos em horror e me agarrou, me puxando para trás de si.

— Acho que o ouro ganha do fogo... — Ele gesticulou para as cortinas e os móveis de ouro — Nesta sala, o meu poder anula qualquer outro. Fogo... Charme... E isso só me deixa com mais chances de colecionar novos troféus.

— Hedge! — gritou Jason. — Preciso de ajuda aqui!

Mas o sátiro não respondeu e Midas apenas sorriu mais uma vez.

— Nenhum bode pronto para ajudar? Que chato! Mas não se preocupe, meu rapaz. Isso não é nada doloroso. Pergunte a Lit.

Mas Jason me encarou e com o fato de que nos conhecemos há anos, eu entendi.

— Escolhemos lutar. Você disse que nós poderíamos escolher entre ser transformado em estátua de ouro e lutar com Lit.

Midas parecia um pouco desapontado, mas deu de ombros.

— Eu disse que poderiam escolher morrer lutando com Lit. Mas, claro, se é o que querem.

O rei deu um passo atrás e Lit ergueu a espada.

— Isso vai ser divertido — disse Lit — Eu sou o Ceifeiro de Homens.

— Venha, Debulhador de Milho — disse Jason, evocando sua arma.

Dessa vez, era uma lança que surgiu na mão dele. Girei meu chicote e ele se transformou no cetro e eu sorri.

— Você disse que essa sala anula os poderes, não é?

Midas assentiu.

— Sim.

— Interessante.

Lit atacou.

O cara era ágil. Atacava uma e outra vez, e Jason mal podia se defender. Porém, minha mente analisava os tipos de ataque, notando qual era o estilo de Lit, totalmente ofensivo, sem lugar para defesa.

Observei a luta de ambos por alguns segundos, pensando.

Jason contou os passos, desviou dos ataques e bloqueou Lit, que parecia surpreso ao notar que ele permanecia vivo.

— Que estilo é esse? — perguntou Lit. — Você não luta como um grego?

— Treinamentos na Legião — disse Jason — É estilo romano.

— Romano? — perguntou Lit, atacando mais uma vez, mas Jason conseguiu bloqueá-lo — O que é romano?

Olhei para Midas, que parecia interessado na luta.

— Atenção para as notícias... — disse Jason. — Enquanto você estava morto, Roma derrubou a Grécia, criando o império mais vasto de todos os tempos.

Fiquei orgulhosa com o sarcasmo do loiro, ele enfim estava aprendendo.

Acenei discretamente para Jason que piscou, entendendo o que eu queria dizer, ele sorriu.

— Impossível — disse Lit. — Eu nunca ouvi falar deles.

Jason girou, atingiu Lit no peito com a base de sua lança e o enviou, tropeçando, diretamente para o trono do rei Midas.

— Oh, Lit! — disse o rei. — Lit?

— Estou bem — ele murmurou.

— Melhor ajudá-lo a se levantar — sugeriu Jason.

Sorri, inocentemente.

— Concordo, não queremos que ele perca a luta por estar sentado, não é?

— Pai, não! — gritou Lit.

Tarde demais. Midas colocou a mão no ombro do filho, e de repente uma estátua de ouro bem zangada estava sentada no trono de Midas.

— Droga! — gritou o rei. — Que truque mais maldoso, semideus. Vou pegá-lo por isso — disse, acariciando o ombro de ouro do filho. — Não se preocupe, filho. Vamos ao rio assim que conseguir esse novo troféu.

Jason parou ao meu lado, aproveitando o momento para recuperar o fôlego.

— Espero que você tenha um plano.

Sorri para ele.

— Eu sempre tenho um.

Midas avançou na nossa direção e eu atirei o cetro em sua direção, o derrubando no chão enquanto Jason aproveitava e jogava a mesinha de centro nele.

— E agora?

— Hora do show, menino relâmpago.

Jason entendeu e se concentrou, usei uma fina camada de sombras para me proteger do que iria acontecer a seguir.

— Ai! O que você está fazendo? — perguntou. — Meu poder é supremo aqui!

Ouviu-se um trovão. Do lado de fora, o céu ficou escuro.

— Você conhece outra boa utilidade para o ouro? — perguntou Jason.

— Qual? — perguntou Midas, animado, erguendo as sobrancelhas.

Soltei uma risadinha.

— É um ótimo condutor de eletricidade.

— E por acaso, temos um filho de Zeus aqui... — murmurei, maliciosamente.

Jason ergueu a lança e o teto da casa explodiu. Um raio rompeu o telhado como se fosse uma casca de ovo, partindo da ponta da arma de Jason e descarregando arcos de energia que queimaram os sofás. Pedaços do teto caíram. O lustre soltou-se da corrente, e Midas gritou no momento em que aquilo caiu em cima dele, esmagando-o contra o chão. O vidro transformou-se imediatamente em ouro.

Agarrei o loiro, o envolvendo com as sombras também.

Quando os raios cessaram, uma chuva fria começou a cair na casa. Midas praguejava em grego antigo, mesmo esmagado pelo lustre. A chuva ensopava tudo, fazendo o lustre de ouro voltar a ser vidro. Piper e Leo, lentamente, também perdiam o revestimento dourado, assim como as outras estátuas daquela sala.

A porta da frente se abriu num estrondo. Era o treinador Hedge, com o bastão erguido. Sua boca estava coberta de sujeira, neve e grama.

— Perdi alguma coisa? — ele perguntou.

— Onde você estava? — retrucou Jason. Sua cabeça girava após todo o esforço, mas fora a única solução para evitar a morte. — Eu gritei pedindo ajuda.

Revirei os olhos.

— Atrasado de novo, treinador.

Hedge soltou um arroto.

— Fazendo um lanchinho. Sinto muito. Quem deve ser morto?

— Ninguém! Agora, ninguém — disse Jason. — Mas vá pegar Leo, eu fico com Piper.

— Não me deixe aqui assim — gritou Midas.

Ao redor, as estátuas de suas vítimas voltavam à vida... sua filha, seu barbeiro e várias outras com expressões raivosas e espadas em riste.

Jason agarrou a mochila de ouro de Piper e as coisas dele. Depois jogou um tapete sobre a estátua de Lit, sentada no trono. Isso, com sorte, faria a transformação do Ceifeiro de Homens demorar um pouco mais para acontecer... pelo menos um pouco mais que a transformação das vítimas de Midas.

— Vamos sair daqui — disse Jason a Hedge. — Acho que esses caras vão querer passar algum tempo com Midas.

Me aproximei do rei e peguei meu cetro de volta, aproveitando o momento e apoiando minha bota sob o seu pescoço, as sombras se mexeram ao nosso redor e ele me encarou, assustado.

— Sabe algo que ninguém pode impedir?

Ele ofegou.

— Sua...

— A morte — sussurrei, fincando meu cetro ao lado da sua cabeça — Ninguém pode escapar da morte, nem mesmo você.

A sala se encheu com fantasmas antigos, todas as pessoas que tiveram sua morte por culpa do velho, retirei meu cetro, me afastando enquanto permitia que todos os espíritos se aproximassem e tivessem sua tão sonhada vingança.

O treinador arregalou os olhos.

— O que você fez, garota?

— Permiti que essas almas tivessem a vingança com que sonhavam — murmurei — agora sugiro sairmos daqui, você não vai querer ver o que acontece a partir daqui.

Jason assentiu.

— Vamos, ainda temos uma missão.

Saímos da casa, mas antes dei uma última olhada para trás, ouvindo o grito desesperado de Midas.

O que fazemos sempre volta para nós.


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