6 | Não-encontro
CAPÍTULO SEIS
"Rosalie Hale era um anjo com farpas."
Descartes é o dono da famosa frase: "Penso, logo existo." Sei que já comentei sobre não gostar de falar sobre esses filósofos, mas os cara fumam tanta droga que as coisas até acabam fazendo sentido.
Mas nunca para mim.
Quero dizer, não estou aqui para contrabater nenhum professor de filosofia ou citações transcritas há sei lá quantos milênios atrás e até concordo sobre o sentido literal da frase, pois, se você pensa, como poderia não existir?! Não estou aqui para ser uma em um milhão e nem para comentar sobre o sentido literal disso.
Mas sim sobre a importância que os filósofos tendem a dar pra certos assuntos e a sociedade apenas acata. Sócrates, por exemplo, tem aquela ideia de parar de ser ignorante e admitir logo que você é um burro e que sempre precisará aprender algo novo.
Platão vem com aquela ideia de dois mundos; o sensível e o inteligível, e assim por diante.
Mas eles realmente deveriam rever seus passatempos, porque eu tenho certeza que esses caras pensaram demais até chegar em alguma conclusão.
Tá, chega de enrolação, o negócio é: que droga de livros é esse aqui? Sei que parece que eu comecei falando da cebola apenas para depois falar de um cachorro, mas estou pensando nisso desde que entrei em meu quarto e me deparei com este livro pesado relaxando na minha cama.
Eu imaginei que ele não seria fácil de abrir, mas esse aqui simplesmente não abre! Eu ganhei um livro que não posso ler e o pior disso? É a minha ignorância proclamada por Sócrates, em pensar o quão curiosa estou e o que isto tem a ver comigo?
Aquele cara reagiu como se me conhecesse e sem contar daquele nome que ele ficou me chamando; Destiny?
O livro não tinha um título — não um que estivesse ao alcance dos meus olhos —, então não dava para eu pesquisar. Mas tinha esse símbolo na capa que me lembrava muito algo.
Como se eu já tivesse visto aquilo. Mas onde?
— Você tem um encontro com Jasper Hale e não me contou? — Bels invadiu o meu quarto e eu a encarei assustada, ainda buscando encaixar a última mudança de pensamentos na minha mente.
— Não é um encontro — me levantei da cadeira rolante para cruzar os braços em frente ao corpo. — Ele só precisa me explicar algumas coisas.
— Enquanto jantam? — Bels pautou com um sorriso orgulhoso que ela pegou de mim crescendo nos lábios. — Parece um encontro para mim.
— Quem te contou?
— Edward — deu de ombros e eu revirei meus olhos, indo até o meu guarda-roupa. — Ele acabou de me ligar porque Jasper quer saber se você prefere flores ou chocolate.
Arregalei os olhos e encarei Bella, ainda segurando a porta do armário.
— Sério?
— Lil... — negou com a cabeça — é claro que não! Edward me ligou para me perguntar se eu tinha te falado as coisas que descobri sobre eles.
Guardei a vontade que eu tive de enviar um dedo do meio para a minha irmã e peguei uma calça jeans simples, que eu vestiria junto à uma blusa de manga cumprida verde musgo que iria ser coberta por uma jaqueta.
— Por que ele perguntaria isso pra você?
— Bem... vocês estão indo há um restaurante — arqueei minhas sobrancelhas, deixando claro que ainda não havia entendido. — Lil, eles não comem.
Minha expressão cai junto as peças de roupa nas minhas mãos. Bels sai rindo da minha desgraça, dizendo que iria me deixar aprontar.
Eu ainda estava meio surpresa quando recolhi as roupas que deixei cair.
Quando comentei que tinha zero experiências com vampiros frios era real. Não sei dizer se é porque Kurt não sabia muito deles e como eu, estava só familiarizado com os vampiros quentes, que comem e dormem quando querem.
Merda... se Jasper não come, porque ele aceitou ir? Porque não simplesmente abriu o jogo e pediu para irmos para outro lugar?
A lembrança de eu simplesmente ter jogado o lugar pra irmos veio a minha mente e eu quase me encolhi. Que merda, Billie. E se eu cancelar?
— O que o filho adotivo do Dr. Cullen está fazendo aqui? — uma hora depois, papai me perguntou enquanto eu terminava de ajeitar meu cabelo.
Passei direto por ele e desci as escadas.
Eu pensei em ligar pra Jasper para cancelar o não-encontro, mas aí eu me lembrei que não tinha o número do vampiro e seria meio baixo da minha parte pedir pra Edward cancelar por mim.
— Billie?
— Ela tem um encontro com Jasper — Bels me dedurou, chegando do nada, com seus braços cruzados e um sorriso contido.
— Um... — Charlie engole em seco quando eu paro em sua frente. — Encontro?
— Não é um encontro — neguei imediatamente, mas meu pai pareceu esperar um rótulo para isso e eu simplesmente não sabia como traduzir que iríamos para um restaurante, ele não iria comer, mas iria me explicar sobre a sua família vampira. — Somos colegas. Diferente da Bella e Edward.
— O quê? — surpreendeu-se, abrindo os braços e encarando minha irmã que me olhou com as bochechas queimando.
Sorri, sentindo o gostinho da vitória.
Parti para fora para interceptar Jasper antes que ele saísse do carro, mas quando abri a porta, ele já estava lá, me esperando.
Jasper usava uma camisa social com todos os botões fechados, seus cabelos haviam sido molhados, mas os fios que já estavam secos já começam a se rebelar.
Sua pele pálida e sem nenhuma espinha deu um contraste para o céu cinza ao nosso redor e ainda tinha seus olhos âmbares, que já estavam mais escuros que antes.
Ele estava lindo, suspirei ao admitir à mim mesma. Chega a ser uma profanação o quão bonito ele conseguia ser e isso não facilitava as coisas para mim.
— Chefe Swan — cumprimentou Jasper com um aceno de cabeça, me retirando do meu transe e me fazendo perceber Charlie ao meu lado. — Sou Jasper Hale, senhor.
Os dois trocaram um rápido aperto de mão e Jasper logo devolveu suas mãos para ficarem juntas atrás das costas.
— Vai devolver minha filha em segurança, Jasper Hale? — torci meus lábios com vergonha e levei meus olhos pra Jasper que já me encarava.
— Sempre, Sr. Swan — respondeu, seus olhos nos meus me trazendo certo conforto.
Charlie estreitou seus olhos para o jovem — quantos anos ele tinha? — e depois para mim. Chegou perto para beijar o topo da minha cabeça e sussurrar no meu ouvido, lembrando-me sobre o spray que estava na minha bolsa.
Eu ri trocando um olhar divertido quando Jasper me conduziu até o seu Jeep.
Depois de abrir a porta para mim, ele deu o arrodeio no carro e se sentou no banco do motorista, colocando o cinto, pois Charlie ainda nos encarava pela porta.
Quando terminou os preparativos para começar a dirigir, seus olhos vieram para os meus e ele sorriu tão levemente que nem as covinhas apareceu.
— Oi — Jasper me disse.
— Olá — mordisco meu lábio inferior para não sorrir como uma abestalhada.
Logo Jasper está dando a partida no carro e espero impacientemente — batucando meus dedos em minha coxa — a hora em que ele virará para mim e falará: "Ei, eu não como, podemos ir pra outro lugar?"
Espero mesmo que ele vai falar, tanto é que estou estudando mentalmente qual é a melhor resposta. Estou entre um "beleza" com um dar de ombros,
mas parece que eu estou pouco me importando e também tem o "uau, você não come?" mas parece vago e... indelicado?
Solto um suspiro no banco após perceber com o que estou me preocupando. Não tem o porquê de se preocupar com isso, principalmente porque Jasper Hale acaba de parar no restaurante escolhido por mim.
Era isso? Ele simplesmente não me diria que não come? Por quê? Eu levaria super na boa, não é como se eu fosse sair gritando.
— Senhorita — abriu a porta do passageiro para mim mais uma vez.
Uma vez dentro, o ar era completamente confortável. Tinham poucos restaurantes em Forks, esse era usado quando queríamos sair com os amigos ou, como podemos ver em algumas mesas, ter um encontro.
Fomos atendidos logo na porta e Jasper começou a resmungar sobre ter ligado mais cedo para fazer a reserva, a moça que nos atendia e eu arqueamos as sobrancelhas em surpresa.
A moça não disse nada, apenas as boas-vindas obrigatória e nos deixando livres para escolher a mesa.
Consegui segurar a risada até sentarmos na mesa mais afastada do estabelecimento. Jasper, que havia acabado de puxar a cadeira para me sentar e estava indo sentar em minha frente, me olhou divertido.
— Não é um restaurante de reservas, não é? — ele deduziu, ainda com um sorriso divertido enquanto eu tentava acalmar a minha risada.
Como era que ele não sorria com os dentes ou ria? Eu ria até do vento que se passava, mas com moderação.
Parei de rir quando pensei nisso e cocei a garganta, vendo-me em uma situação bem estranha onde Jasper está sentado com a postura perfeita em minha frente em um restaurante. Observações importantes: Ele não come!
Mas esse pequeno detalhe não parece afetá-lo tanto quanto eu imaginaria que pudesse afetar. Jasper mal desviou seus olhos para o lado, ainda está me olhando e quando devolvo-lhe o olhar, uma onda de choque ultrapassa o meu corpo.
Jasper me olha como se quisesse tudo de mim, dos pés até o último fio de cabelo, como se pudesse me ler como um livro, mas eu espero que seja o tipo de livro que foi me entregado em Port Angeles, seria meio decepcionante ser um livro aberto.
Mas, de alguma forma, seu olhar não me fazia se sentir exposta, era como se eu estivesse deitada em uma rede na beira da praia, com a brisa brincando com a minha pele, com a minha alma.
Ele me olha como se cada mísero detalhe do meu rosto fizesse sentido cientificamente para as suas células, como se cada pintinha, cada mancha de pele e olheiras, fosse a maior das histórias.
Jasper me olha com intensidade. Aquela mesma que eu comentei da primeira vez, lembram? Acho que eu estava errada em falar que algumas pessoas não sabem lidar com outras intensas por não ser intensos também.
Olhando para a sua intensidade e comparando-a com a minha, percebo que é uma variedade. Gosto de falar, gosto de me expressar com cada palavra que eu conseguir e adoro quando o receptor está devidamente interessado em minha fala; essa é a minha intensidade.
Jasper gosta de estar quieto, de observar em silêncio, de pegar cada detalhe em você e transformar em uma constelação de perfeição aos seus olhos. Ele te olha e é quase como se estivesse nas nuvens.
Tendo ele olhando para mim e eu para ele, só consigo pensar que todo mundo deveria receber esse tipo de olhar em alguma época da vida; te faz se sentir... algo a mais.
Uma garganta é coçada ao nosso lado e viro-me com um sorriso envergonhado para dar atenção ao garçom que parecia estar tempo o suficiente ali para saber o momento de atrapalhar.
— O que vocês vão querer? — o garçom pergunta, indicando o cardápio esquecido em nossas frentes.
— Hã... Uma porção de fritas seria bom— entrego o cardápio para ele e depois volto-me para Jasper. Algo embrulha o meu estômago quando percebo que ele ainda me estudava. — Sr. Hale?
Esse era o momento em que ele piscava, olhava de relance para o garçom e inventada uma desculpa que já tinha comido em casa, apenas para confirmarmos que a porção de batatas seria o único pedido e ele me falaria logo depois que não comia.
Era o certo, afinal, é a verdade.
Mas Jasper nem pisca quando intensifica mais seu olhar em mim e murmura que vai querer o mesmo. Tenho teorias de que ele ao menos ouviu o que eu pedi.
Mas ok, vamos ver até ele aguenta com a farsa.
— Então — sua voz soa como uma melodia travada —, quais são as suas perguntas?
— Sobre os poderes — conserto-me no acento, me colocando mais na ponta, para que os dois pudessem falar baixo e eu ouvir. — Edward lê mentes. Tem mais alguém como ele?
— Não. Edward é o único que lê mentes na família. Bom — seu olhar divagou e sua cabeça foi manejada —, mais ou menos?
— Como assim?
— Micah Hale, lembra dele? — acenei em concordância, a risada do garoto ressonando nos meus ouvidos. — Seu poder é absorção. Praticamente, ele pode absorver qualquer coisa, mas principalmente outros poderes — surpreendo-me. — Ele não fica por um grande período de tempo com eles, é como se... pegasse emprestado.
— E como funciona? É algum ritual ou...
Jasper me interrompe soprando um riso e colocando uma mecha que caiu no seu olho para trás.
— Ele precisa tocar na pessoa apenas uma vez e terá seus poderes por um tempo limitado — explicou com paciência. — Alice vê o futuro.
— Espera, sério? — não sei se ficava animada ou assustada.
— Resquícios de uns possíveis futuros. Nem sempre é certo, depende das escolhas ao decorrer da história.
— E... ela me viu chegando? — quis saber, lembrando-me daquele seu olhar no refeitório.
— Algo assim.
Ele foi vago e isso aumentou a chama de curiosidade que eu nunca pude apagar, pois logo duas porções de fritas estavam sendo colocadas em nossa frente. Eu agradeci e peguei Jasper tentando esconder a careta com a comida.
Saboreei as batatas fritas por um momento e comecei a ficar meio ansiosa quando percebi que Jasper só me olhava. Eu odeio me sentir observada quando estou comendo.
— Você não quer? — indiquei sua porção, escondendo um sorriso sacana no rosto.
Sim, talvez eu esteja testando seus dons mentirosos.
Jasper fez novamente aquela cara de dor que todos da escola dizem que ele tem e pensei que finalmente chegaria a hora dele me dar a real, mas em vez disso, ele simplesmente pegou uma batata frita e a encarou, parecendo criar coragem para comê-la.
O auge foi quando ele estava a levando para boca com um pequeno muxoxo.
— Não, espera — me inclinei na mesa para segurar o seu pulso que estava erguido.
Seus olhos se ergueram para os meus e ele pareceu esquecer completamente da comida em sua mão. Seu braço teve um leve espasmo com o meu toque quente em sua pele fria, sei disso porque quando percebi que lhe tocava, todo o meu corpo reagiu da mesma forma.
Jasper abaixou o pulso para jogar a frita no prato e limpou os dedos antes de ergue-lós para recolher uma mecha rebelde do meu cabelo e colocá-lo atrás de minha orelha.
Sentindo-me estranha com o sentimento que me invadiu, voltei ao meu assento e cocei a garganta, recolhendo a mesma pose de antes.
— Quando iria me falar que você não come? — sua expressão ameaçou cair, mas ele pareceu segurar com bastante afinco sua posição. — Se era porque eu decidi sobre este restaurante, Jasper, eu...
— Não é nada disso, senhorita — negou, respirando fundo. — Eu só queria que você vivesse momentos reais e não parece muito real sair com um cara que não come.
Sair. Ele usou essa palavra como se fosse um encontro. Puxo o ar com pressão pro meu peito.
— Não são lugares que fazem os momentos serem reais, Sr. Hale — digo a ele, abrindo um sorriso que parece seu paralisador pessoal. — São as pessoas.
Naquele momento, ele me olhou de mais de uma forma. E foi como se nossas intensidades se completassem, foi bom.
O resto da noite foi tranquilo, Jasper me explicou sobre como achou a família Cullen. Como Alice o encontrou perdido logo depois de Micah a achar. Vi amor em seus gestos.
Senti o amor em seus gestos. Era lindo vê-lo falando, se expressando tão bem quanto a maioria. Jasper Hale era lindo com aquele seu olhar intenso.
Mas ele era radiante quando falava.
Depois de uma ligação de Bels, me perguntando onde estou, achamos que seria melhor irmos embora — considerando que perdemos a noção de qualquer horário.
Jasper foi tão cavaleiro quanto antes, abrindo e fechando a porta. Mas quando chegamos em casa, teve uma complicação quando eu fui descer daquele Jeep alto, mas ele estava lá.
Não querendo fazer com que parecesse que eu estava esperando seu cavalheirismo, abri a porta e fui tentar descer sozinha, o problema é que eu não medi a distância do carro até o chão e acabei tropeçando.
Em uma batida do meu coração, Jasper estava lá, um de seus bravos arrodeando toda a minha cintura, nossos peitos colados, meu cabelo jogado em frente ao meu rosto e meio peito desenfreado aqui.
Ri com desespero e fui olhá-lo, mas as mechas do meu cabelo ainda estava atrapalhando a minha face. Antes que eu fizesse, Jasper já estava afastando esses fios e conectando nossas íris.
Era quase como uma magnitude; uma necessidade.
Eu ainda sorria desesperada quando seu olhar se prendeu no meu pela milésima vez naquela noite; mas teve uma diferença, ele desviou.
Seus olhos caíram para o meu sorriso que foi sendo fechado aos poucos. Seu dedo, ainda em minha bochecha, fez um leve roçar no meu queixo e ele tombou a cabeça, parecendo pensar muito com as sobrancelhas juntas.
Fiquei nervosa imediatamente e, bem, lembram de que eu disse que faço quando fico nervosa?
— V-Você ainda não me disse qual é o seu poder — comentei, ofegante por algum motivo.
Só queria ser como ele nesse quesito, porque estar dolorosamente ofegante enquanto ele está tranquilo, inspirando o ar perto de mim, parecia tortura.
O canto de seus lábios se ergueram e olhar aquele seu sorriso de perto era muito diferente. Meu olhar recaiu ali também.
— Eu sinto coisas — ele sussurrou, bem perto do meu rosto, como se confidenciasse isso só pra mim. — Sentimentos.
— Sente?
— Uhum — concordou de leve e senti uma onda de excitação passar pelo meu corpo, fazendo-me arrepiar e arquear no mesmo segundo, meus lábios entreabertos. — Eu os controlo também.
— Para o bem?
— O que sente é bom? — devolveu imediatamente, aquela sensação ainda invadindo o meu peito, fazendo me torcer os dedos que eu só percebi agora estarem apertando seus braços.
— Jasper... — suspirei, fraca.
Ele sorriu, pude ver seus dentes pela primeira vez e não sei se isso me ajudou muito. Ele se inclinou mais e eu fechei meus olhos, mas seus lábios deixaram um selar na minha bochecha.
— Boa noite, querida.
Fiquei extasiada pela emoção por tempo o suficiente para apenas conseguir abrir os olhos quando ele já não estava nos meus braços e sim dentro do carro, enviando um sorriso malicioso para mim.
— Jasper!
E sua risada... eu quis guarda-lá para ouvir mais vezes.
(...) Mansão dos Cullen
Descobri que Bels também é bem intensa. Acabou de se assumir com Edward para a escola inteira e já quer conhecer os pais.
Era um peso enorme e era bom saber que Edward pensava nesse tipo de coisa, mas tipo, conhecer a família? Já? Era um ato muito precipitado, principalmente se eles nem se beijaram ainda.
Isso mesmo, minha irmãzinha querida aceitou namorar com um vampiro sem nem saber se ele tem lábia ou nesse caso, lábios bons. Esse beijo inexistente seria o que me faria tentar consolidar o momento para Charlie, mas ele é inexistente.
Esperando que eu fosse a primeira a admitir algo com algum Cullen, papai fica extremamente surpreso quando Bels chega pra ele e comenta que iria conhecer a família do namorado.
Ainda é estranho pensar que Bels namora, mas tá bom.
Tava ótimo até ela invadir meu quarto para me explicar como foi a conversa com Charlie e adivinha? Ela simplesmente me colocou nesse meio para que Charlie deixasse mais facilmente.
— Bel, eu não vou!
— Lil! — se espremeu, pois essa discussão já estava acontecendo por longos minutos. Ela insistindo e eu dizendo não. — Papai só concordou porque estaríamos juntas.
— Sabe o que eu penso sobre essa visita. É muito cedo. Acabou de descobrir o que eles são e nem
beijou seu namorado!
— É importante para Edward — Bel continuou insistindo.
— Sim, porque ele é um velho! — retruquei com sarcasmo e ela bufou. — Olha, Bels... Sinto muito, mas que tal ir com calma? Calma é bom. É seguro.
— Eles não vão me fazer mal, Billie! — afirmou como se fosse uma ofensa diretamente pra ela.
— Não é com os Cullen que estou preocupada — admiti, virando minha cadeira para encara-lá em pé do lado da cômoda. — Ataques de animais está acontecendo. O amigo de Charlie acabou de ser morto. Não quero você perto disso.
— Pode ser mesmo algum animal.
— Você não é idiota, Bels — indiquei com o meu dedo, e fiz menção em voltar pros meus estudos, mas ela avançou.
— É a primeira vez que eu me sinto assim, Lil — confessa, se abaixando em minha frente para pegar as minhas mãos. — Acho que estou... me apaixonando por Edward. Ele é importante para mim.
— A sua segurança é importante para mim — dei ênfase.
— Por favor, Lil. Eu prometo que será rápido. Se não gostar, voltamos. Por favor — selei os olhos em combustão e soltei um muxoxo inaudível. — Além do mais, Jasper também estará lá.
E foi assim que estou aqui agora, admirada com o tamanho da casa desses vampiros e a riqueza que exalam.
Quero dizer, não vim por causa de Jasper, apesar de realmente querer mandar a real para aquele vampirinho. Ele não pode ficar mexendo com as emoções dos outros igual fez noite passada. É antiético!
Depois que chegamos e Edward — que foi nos buscar— nos acompanha pela casa, Bels e eu trocamos olhares significativos.
Que casarão é aquele? Afastado de toda Forks, a mansão dos Cullen parecia ter sido projetada especialmente para eles. Começamos a subir as escadas.
Edward, antes mesmo de pararmos na onde parecia ser a sala que interligava-se através de uma outra passagem, para a cozinha, me pediu para ir chamar seu irmão. Ele me explicou a forma mais fácil que eu iria encontrar o quarto de Jasper e realmente não tive problema algum.
Fiquei mais aliviada quando percebi que a porta estava aberta; o quarto estava vazio.
O quarto dele tinha uma leveza sobrenatural. Em uma das paredes, residia uma prateleira cheia de livros e discos que continham alguma música. Do lado dessa prateleira, tinha a porta que dava para o banheiro.
Tinha uma cama bem grande que ocupava o meio do quarto, bem do lado da parede de vidro, que estava sujeita a ser aberta apenas por apertar um botão remoto; era incrível.
— Esse espaço te agradou, senhorita?
— Ah, meu Deus, Hale! — assustei-me, dando um pulo para trás ao vê-lo na porta de seu quarto, os braços cruzados e um sorriso divertido. — Não chegue assim, vai acabar me matando.
Ele me encarou zombeteiro e adentrou o quarto, desviando-se da cama pra parar ao meu lado para refletir sobre aquela vista privilegiada.
— Você tem uma cama.
— Você parece surpresa — indicou, seus braços atrás das costas, sua cabeça virada para mim. — Mas sim, eu realmente não durmo. Uso-a para ficar deitado lendo.
— Acho que eu enlouqueceria se não pudesse mais dormir — admito aos sussurros e depois largo do assunto. — Edward está te chamando para conhecer a sua cunhada.
Jasper sopra uma risada com o jeito que eu falo e estende a mão para a porta.
— Depois de você, senhorita.
— Sim, huh — dei três passos até estar em sua frente, meu ombro a centímetros do seu peito. Virei minha cabeça para encara-lo. — Antes que eu esqueça, é muito feio controlar os sentimentos dos outros, Sr. Hale. Não faça mais aquilo.
— Mas, querida... — começou, eu quase podia ver sua guerra travada para não rir convencido —, eu não criei seus sentimentos. Eu apenas ampliei o que já estava sentindo — uma raiva nova enche meu peito e eu tento o acertar com um murro no seu peitoral, mas ele agarra meus pulsos e me puxa pra ele. Sussurra: — Como agora.
Jasper para de ampliar meus sentimentos e minha raiva volta a ser aquela coisa camuflada no meu peito, mas em compensação, estamos próximos demais.
Puxo o ar com força e encontro a primeira coisa que odeio em Jasper Hale: o jeito como ele parece estar calmo enquanto eu estou destruída.
— Deveríamos ir.
— Sim — ele sorriu, concordando. Abaixou um pouco o queixo e levantou minha mão, deixando um selar leve entre meus dedos apertados um no outro. Seus lábios gelados fizeram casquinha em minha pele. — Depois de você, senhorita.
Quando sou conduzida para a cozinha, o clima parece meio tenso. Principalmente pela loira que está ao lado do homem-armário, olhando para a minha irmã como se pudesse fazer um buraco em sua testa.
— Ah, pronto! — Rosalie vociferou quando eu entrei ao lado de Jasper. — Outra humana.
Sua face ainda era delicada, mas ao mesmo tempo pesada. Rosalie foi feita para a grandeza, para ter seus detalhes ampliados e sua personalidade apenas os destacavam para mim.
Não tinha medo dela. Bom, eu tinha medo no sentido que eu deveria ter, pois ela é uma vampira. Mas a sua personalidade em que se consiste em não confiar em mim e nem em Bels, não me amedronta, apenas fortifica o meu ponto que ela se preocupa.
Talvez não com a gente, mas ela se preocupava e dar-lhe aquela áurea de que faria tudo por quem ama, só a deixava mais interessante. Rosalie Hale era um anjo com farpas.
Seus olhos recaírem em mim e ela não recuou, ao contrário de mim depois de um tempo, que realmente me senti intimidada.
Desviei meus olhos para o vidro cortado assim que duas figuras se aproximaram. Alice e Micah. Os dois abraçaram delicadamente minha irmã e depois vieram para mim.
Jasper, que eu não havia notado até agora, estava um pouco tenso e consideravelmente próximo à mim. Não foi só eu que percebi.
— Desculpe — pediu Carlisle, abraçado com uma mulher de aparência gentil. — Jasper é nosso mais novo vegetariano. É um pouco difícil para ele.
Seu olhar recaiu ao meu quando percebeu que eu o encarava e eu permiti-me sorrir. Seus olhos estavam escuros e analisei-os com devoção. Seu braço tocou no meu nem levemente e ele ficou muito mais relaxado quando virou-se para Bels e disse:
— É um prazer conhecer você — tombou um pouco sua cabeça para a sua esquerda. Seus lábios recaíram para a minha atenção.
Mesmo após a suavez que ele transpareceu, sua postura nem ameaçou se desbruçar. Olhando um pouco agora, me lembra a postura daqueles caras que são militares ou agentes, que são extremamente rígidos.
Eu tinha uma tara com isso no começo da minha adolescência, na verdade. Achava bem sexy, mas acabei desistindo quando percebi que só ia encontrar garotos com posturas que da vontade de contratar um médico. Mas ali tá Jasper e aqui estou eu, revivendo a minha tara da adolescência.
— Eu sou Billie — decido me refrescar com outros pensamentos e viro para ser educada após a saída da minha irmã.
— Billie, nos conhecemos no hospital — afirmou Carlisle, enquanto me dava um aperto de mão. — Essa é minha esposa, Esme. Meus filhos, suponho que já conheçam.
— Levemente — respondi, um sorriso tenso nos lábios enquanto meus olhos tremiam para Rosalie.
— É um prazer querida — Esme sorriu para mim, de uma forma que aqueceu meu coração. Depois ela se virou para Rosalie e apontou para os cacos de vidro. — Limpe isto. Agora.
Entreabro meus lábios, mas não deixo nenhum som sair. Me afasto de Jasper enquanto me aproximo para ajudar a loira que está ajoelhada no chão, pegando os vidros e toda a sujeira com a salada.
— Não preciso da sua ajuda, humana — cuspiu, seus olhos fuzilando os meus.
— Rose... — chamou Jasper, atrás de mim.
Fingi que não tinha ouvido até acabar com o que eu me disponibilizei pra fazer, sangrar em uma casa cheia de vampiros não estava em meus planos. Quando terminei, Micah pegou a sujeira da minha mão para colocar no lixo e Jasper já estava me esperando com sabão e água para eu limpar as mãos.
Quando volto-me para frente, Rosalie estava lá, transparecendo o seu ódio de Bels para mim.
— Não fiz nada para você — observei atentamente. — Pode me explicar o motivo do seu ódio até então gratuito?
— Você e sua irmã irão estragar as coisas, é isso que vai acontecer — ela me respondeu, ignorando a repreensão de Esme. Jasper deu um passo à minha frente, colocando-se indiretamente entre sua irmã e eu. — Uma humana é ruim, duas são piores — falou para Jasper agora.
— Já discutimos sobre isso — ele rebateu entre dentes, quase como se não quisesse que eu ouvisse.
— Ajuda se eu disser que eu já sabia sobre vocês? — tentei ajudar a aliviar o clima. Emmett abafou o riso enquanto Micah retribuía beijinhos pelo rosto de Alice. — Não quero fazer mal à nenhum de vocês. Eu garanto — conectei minhas íris com as de Rosalie que se manteve calada.
— Ela sabe — Jasper me disse e eu sorri levemente, sem os dentes.
— Tudo bem — dei de ombros. — Vou chamar Bels agora, acho que está na hora.
— Billie... — Jasper sussurrou, pegando minha mão levemente.
Tentei esconder a satisfação de ouvir meu nome pela primeira vez sem nenhuma confusão acontecendo ao meu redor. Acho que agora sei porque ele quer que eu lhe chame de Jasper.
— Está no meu horário mesmo. Dr. Cullen, Sra. Cullen, obrigada por nos receberem.
— Foi um prazer, Billie — respondeu Carlisle, seu sorriso combinando com o de sua esposa. — Prometa que vira mais vezes.
Sorri, sem conseguir prometer isso. Depois meu corpo foi brutalmente envolvidos por braços delicados e gelados. Era Alice, me lembrando de que teríamos que sair qualquer dia.
— Vem, vou te levar — indicou Jasper, com a mão próxima do meu braço.
Me virei para a última pessoa que queria ali e ela pareceu surpresa quando eu sorri para ela.
— Foi um prazer te conhecer também, Rosalie — ela revirou os olhos quando Emmett não conseguiu segurar a risada. — Você ainda vai gostar de mim, loirinha.
— Nos seus sonhos.
Eu pisquei para Emmett que devolveu, como se fôssemos compartilhar uma missão.
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