12 | Baile
CAPÍTULO DOZE
"Descobrimos que somos bons demais provocando um ao outro"
— Você não deveria estar aqui.
— Eu não deveria estar aqui? — devolvo a pergunta, apontando pro meu próprio peito. — O cara quer o seu sangue, você não deveria estar aqui. E eu sei lutar melhor do que você.
— Desde quando? — Bels desacredita e eu reviro os olhos. — Você nunca fez uma aula de luta, Lil.
— Sim... — encarei suas sobrancelhas arqueadas. — Não importa. Eu sou.
É a vez de Bels revirar os olhos. Olho para a fachada do lugar. Eu ainda não sei dizer se foi uma boa ideia vir escondida pra cá, onde o sádico de James estava com a nossa mãe.
Mas levamos bem a sério a ameaça dele e aqui estamos nós duas, dançando com a sorte.
— Deveríamos entrar?
— Provavelmente não.
Vejo minha irmã engolindo em seco. Ela não deveria estar participando desse mundo, mas já que está... escorrego minha mão direita para a sua esquerda. Bella observa o gesto e aceita minha mão, entrelaçando-as.
Ela sorri para mim e eu tento fazer o mesmo, mas não sai muito bom.
— Espera — apertei a sua mão quando ela deu um passo à frente. Bels se virou para mim. — Me prometa que pegará Renée e correrá para o mais longe possível.
Bels estreita seus olhos para mim e seu aperto em minha mão ganha mais intensidade.
— Nós correremos — ela corrige, a voz firme como nunca vi antes. — Não vou sair sem você.
Aceno em confirmação, querendo confiar muito em sua esperança externa. Sem delongas, adentramos o estúdio de balé que há muito tempo não visitamos.
Eu nunca curti muito a ideia. Não pela dança em si, eu acho lindo quem realmente consegue, mas eu não tenho o dom pra isso. Lembro que uma vez, fui tentar ficar na ponta dos pés sem me segurar na barra e torci meu tornozelo.
Foi quando Renée percebeu que se me deixasse mais um pouco nessas aulas, provavelmente sairia sem pescoço. Bella aproveitou a deixa para parar de fazer também.
— Bella? Billie? Onde vocês estão? — a voz desesperada de mamãe chega aos nossos ouvidos.
Não pensamos muito antes de avançar para onde a voz estava saindo; de dentro de um armário. Ela poderia estar presa, provavelmente ouviu quando a porta da entrada foi fechada.
Meu Deus, como vamos explicar isso pra el...-
— Todo mundo zoa comigo — Bella abre o armário, revelando uma gravação antiga.
Meu coração descompassa e viramos ao mesmo tempo para a figura de James que refletia nos espelhos. Ainda segurando a mão de Bels, eu a aperto e a puxo para mais próximo de mim.
James ri, começando a circular a gente. Seus olhos brilham de excitação ao encarar nós duas.
— Você era uma menina teimosa, não? — ele indica minha irmã e dá um passo à frente.
Instintivamente, puxo Bella para trás de mim e coloco-me em sua frente, estufando o peito com uma coragem fingida.
— Você deve ser a outra que estava lá. Desculpe pelo pouco interesse, mas acho que você deveria culpar o seu companheiro por isso — James aponta o dedo indicador em minha direção, diminuindo a distância a cada passada. — Billie, não é? É uma pena, seu sangue não mexe com a minha cede.
Empurro Bella para longe quando James avança com a sua velocidade sobrenatural e me prensa na parede, sua mão enorme me segurando pelo pescoço.
— Então... acho que devo matá-la para aproveitar o tempo a sós com sua irmã — aperta um pouquinho o meu pescoço e me ergue alguns centímetros do chão.
Ridiculamente, eu seguro o seu braço que está me prendendo e debato meus pés no ar.
— Não! — Bella grita, partindo pra cima, tentando o afastar de mim, mas ele nem recua quando usa sua outra mão para segurar o cabelo de minha irmã. — Por favor!
— Por que não tornamos as coisas um pouco mais divertidas? — ele sugere, soltando minha irmã e deixando que meus pés toquem o chão. Ele segura uma câmera. — Vou fazer um filme do nossos momentos juntos. Peguei isto emprestado na casa de vocês. Espero que não se importe.
Bella me encara de rabo de olhos. Não estou tão ofegante quanto eu imaginava, tendo em vista que James não havia apertado o meu pescoço para que eu perdesse o ar, apenas uma posse de poder.
Renée não está aqui e me sinto uma idiota burra por não ter pensado que pudesse ser uma armadilha. Encaro jeitos de sair enquanto ele mira a merda daquela câmera na minha irmã e fala algumas merdas sobre Edward.
James era mais rápido e mais resistente. A única coisa que poderíamos fazer com ele era retirar a sua cabeça. Mas, sem o tamanho de sua força, como eu vou fazer isso?
Enquanto eu estava pensando em forma de matá-lo, Bella pensava sobre uma distração para correr. Sei disso porque ela simplesmente espirra o spray de pimenta nos olhos de James e me puxa para correr com ela.
Eu poderia sorrir pela ousadia dela, se não tivesse sido em vão. Com raiva e um pulo, James está em nossa frente e joga minha irmã para uma das pilastras dali, onde ela bate a cabeça e geme de dor.
Ele me encara dos pés a cabeça, sua câmera apontada para o chão e faz um muxoxo de desprezo, desviando-se de mim e indo para Bella.
— Lindo. Muito dinâmico visualmente. Escolhi muito bem meu palco.
Meu peito pesa quando me sinto impotente; inútil. Uma coisa era saber lutar, desviar de ataques ágeis de humanos que realmente se machucam e sentem dor se você quebra seu nariz.
Outra, bem diferente, é lutar contra um vampiro frio que não sangra, tem sua pele empedrada e sua velocidade ampliada. Uma parte minha culpa Kurt por isso. Se ele tivesse me deixado ampliar minhas experiências com verdadeiros seres sobrenaturais, eu teria algo além de minha estupidez humana para usar.
Bella grita quando seu tornozelo é quebrado e eu aperto meus olhos com pesar.
Eu não podia defendê-la. Kurt tinha razão.
Mas, se eu não podia defender Bels, daria-lhe tempo para se salvar. Sei que é impossível que ela fuja antes que ele me mate, mas provavelmente os outros já sentiram a nossa falta. É questão de tempo até eles estarem aqui.
Bella, com a atenção de James em mim, tinha tempo. Mas nós duas não.
Respiro fundo, criando coragem e visualizo os olhos de Jasper uma última vez em minha mente. Espero que ele fique bem, é a última coisa que eu penso antes de me jogar nas costas de James.
Por ele estar abaixado para Bella, consigo tempo o suficiente de sua inicial surpresa para passar meu braço pelo seu pescoço e jogá-lo para trás. Ouço um trinco e sei que vou precisar de muita mais força para cortar aquela cabeça.
Mas James simplesmente deixa a câmera cair quando se levanta em um vulto e segura meu braço em volta de seu pescoço, me jogando de costas no chão com tanta força que eu sinto a tábua quebrando.
Ofego por ar, sentindo minhas costas rangerem pelo impacto. James rosna por cima de mim.
— Você é muito irritante!
— É um dom — respondo-o com dificuldade, o canto de meus lábios se erguendo em um sorriso irônico.
Ele puxa meu braço em sua direção, sentindo exatamente o que eu queria que ele sentisse por mim; raiva.
Quando percebo que ele iria me retirar da jogada chupando todo o meu sangue, busco encarar Bella uma ultima vez. Essa que estava tentando chegar até a gente, rastejando pelo chão, deixando vestígios de seu sangue por ele para chamar a atenção de James.
Ela para tudo isso quando encontra o meu olhar vidrado nela com um sorriso que tento parecer calmo. As lágrimas que caem pelo seu rosto acompanha as minhas.
Entreabro os lábios para dizer-lhe adeus, mas James já estava prensando suas garras em minha pele. Solto um grito pela dor que invade meu corpo e me preparo para ter o sangue sugado. Mas antes mesmo que ele pudesse prova-lo, ele se afasta.
Seus olhos sobem para o meu, mas o seu corpo é jogado para o outro lado do salão. Edward está aqui.
Preciso de um tempo para descobrir que ainda estou viva e que apesar de minha pele doer — pois o idiota me mordeu! —, não sinto nada comparado a Bels que está gritando de dor pelo tornozelo quebrado.
Deixo os vampiros brigando um com o outro e corro ate Bella que se contorce pela dor. Meus olhos rastejam por todo o seu corpo, desespero corroendo minhas veias.
Edward se aproxima da gente e enquanto pega Bella no colo, me encara meio perdido do que fazer.
Giro meus olhos.
— Corre, idiota!
Ele pula para o segundo andar enquanto eu me espremo na pilastra. James agarra o pé dele e enquanto Edward voa longe, Bella é jogada por cima dos vidros quebrados.
James se aproxima dela, puxa o braço dela do mesmo jeito que puxou o meu.
Inalada pela adrenalina, me levanto para correr até ele, mas não sou rápida o bastante. James a morde do mesmo jeito que fez comigo e, diferente de mim, Bella grita como se estivesse passando por um inferno.
Continuo a ir em sua direção enquanto Edward cuida de James. Mas meu corpo é interceptado e eu grito, mas algo me acalma; alguém.
— Estou aqui, meu amor, eu tô aqui — sussurra Jasper com desespero enquanto protege meu rosto com o seu peito.
— J-Jasper, Bella...-
Me afasto de seu abraço apenas para me aliviar quando vejo Carlisle ao seu lado e os outros cuidando de James.
Mas Bella não para de gritar. Seus gritos invadem o meu ouvido e todo o meu interior se contorce.
— O que ela tem? Por que ela está assim? — viro para ter respostas com Jasper. — Foi por causa da mordida? Ele me mordeu tamb...-
— James te mordeu? — Jasper me interrompe de olhos arregalados, postura meio assassina e os olhos percorrendo todo o meu corpo antes de parar no meu antebraço, onde meu braço sangrava pela mordida. — Carlisle!
Jasper recolhe meu antebraço e observa o machucado com tanto, mas tanto horror que seus sentimentos me invadem e eu me arrepio de medo. Seus olhos encaram-me enquanto ele continua gritando por Carlisle que está cuidando de minha irmã que já tinha parado de gritar.
— Bella foi levada pro hospital, filho. O que...- — Carlisle para de andar e falar quando Jasper praticamente coloca meu braço mordido na frente do rosto do médico.
— Ela foi mordida!
Micah voa para o meu lado quando ouve e depois os outros, tirando Esme e Alice, que devem ter levado minha irmã para o hospital.
Continuo na mesma posição por muito tempo, tentando decifrar o motivo da surpresa dos outros quando eles encaram o meu braço e depois o meu rosto e então, meu braço de novo.
— Billie... — Jasper se afasta um pouquinho quando Carlisle se aproxima. — Me diga o que está sentindo.
— Dor — dou de ombros, de forma óbvia. — O desgraçado me mordeu!
— Billie... sabe o que acontece quando um vampiro morde você? — começo a ficar nervosa quando me sinto encurralada. — O veneno entra em seu corpo. A dor é horrível e ela só para quando você está transformado.
— Transformado...?
— Em um de nós.
Procuro pelo olhar de Jasper, que ainda estão arregalados e amedrontados.
— Talvez os dentes dele não se encaixaram de um jeito certo?!
Emmett ri junto a Micah e até tentam disfarçar após serem repreendidos por Jasper, mas fica claro que eu falei uma besteira.
— Você foi mordida, lírio — a voz de Jasper treme. — E não está sendo transformada.
— Então o que está havendo com ela? — Rosalie questiona, tão confusa quanto qualquer um de nós.
Ninguém tem a resposta.
Meus olhos perdidos focam na fogueira atrás da gente, onde o corpo de James foi queimado. A adrenalina escorre do meu corpo e minha pressão abaixa, junto da minha dor nas costas.
Braços firmes me pegam antes que eu vá ao chão, mas ainda consigo ouvir Carlisle dizer antes que eu perca a consciência:
— Jasper... sinto muito.
(...) Forks Community Hospital
Aperto meus olhos quando sinto uma pontada em minha cabeça e resmungo de dor quando tento me mexer e minhas costas me enterram em um poço de dor.
Sei que não fraturei elas, provavelmente estaria muito mais equipada nesse momento, mas acho que dei um belo jeito.
— Filha? — ouço a voz suave de mamãe e abro os olhos, as cores sendo distinguidas uma das outras, minha cabeça latejando de dor. — Ah, que bom que acordou.
— Mamãe? — murmuro, confusa, meus olhos passando pelo quarto de hospital. — Onde estamos? O que houve? Bella...-
Renée me impede de se mexer muito e ela se inclina mais para mim, um sorriso aliviado no rosto.
— Sua irmã está bem.
Então, ela explica algo sobre Bella ter caído da escada e ter atravessado uma vidraça. Me sinto confusa, especialmente por não lembrar disso, mas então percebo que deve ter sido a mentira inventada.
Para mim, a desculpa foi que eu tentei segurar Bella e sai derrapando com as costas na escada.
Ela também me explica que estou dormindo por dois dias e que fui transferida para o hospital de Forks, junto da minha irmã que estava com a perna quebrada. Conversamos um pouco também sobre a decisão de minha irmã de ficar em Forks e sobre o que eu achava.
Sem muita opção, concordo com a ideia de Bella, apesar de garantir pra Renée que eu vou querer visitá-la qualquer hora.
— Falou que estamos em Forks? — ela assente enquanto alisa meus cabelos com seus dedos. — Viu Jasper por aí? Um garoto loiro, alto, olhos amarelos...
Sua expressão se contorce em compreensão e ela sorri maliciosa para mim.
— Deve estar falando do garoto que ficou dormindo aqui. Ele é... sabe, seu namorado?
Esbugalho os olhos e a repreendo baixinho, me arrumando para sentar-me na cama direito.
— Jasper é apenas um amigo. E como assim "dormiu aqui"?
— É, ele só saiu desse quarto quando eu ou seu pai queria ficar um tempo com você — Renée tenta esconder a animação. — Ele parece se preocupar demais contigo, querida.
Torço os lábios para não sorrir satisfeita. Faço uma careta quando mais uma pontada na cabeça me atinge e Renée me pede um momento para que ela pudesse chamar Carlisle.
A porta se fecha e estou sozinha. Jogo minhas pernas para o lado de fora da cama e me coloco de pé com um pouco de dificuldade, segurando minhas costas. Me aproximo do espelho e separo um pouco o vestido hospitalar para ver o estrago.
Encima do meu quadril, um hematoma gigante meio esverdeado/roxeado manchava a minha pele.
Abaixo o vestido com tudo ao ouvir umas batidas na porta. Meu coração falha ao pensar que poderia ser Jasper e evito olhar minha aparência desgastada no espelho e me sento na cama na mesma hora em que a porta abre.
Não é Jasper; nem Carlisle.
— Olá? — tombo a cabeça para baixo, me ajeitando na cama para vê-lo melhor. — Desculpe, eu te conheço?
Sinto algo do meu interior se revirar com os seus olhos fixos em mim, sua mão apertando a maçaneta, um pé para dentro do quarto, outro para fora.
Gemo de dor, de repente, minha cabeça latejando. Isso parece acorda-lo e ele praticamente invade o quarto, parando no último momento. Agora, que seu rosto está iluminado pela lâmpada, reconheço-o imediatamente.
Era o garoto da dancinha em La Push e o qual eu encontrei bêbado na floresta. Quase não o reconheci com uma camisa cobrindo seu peitoral.
— Você está bem? — sua voz dançou pelo ar, batendo nas paredes e voltando para os meus ouvidos.
— Estou bem, apenas uma dor de cabeça.
Me inclino na cama para me servir com um corpo de água, faço uma careta pelas costas ruins. O garoto, percebendo e decidindo ser produtivo, se mexe para pegar a jarra e servindo o corpo.
Agradeço com um sorriso fechado e refresco minha garganta com a água.
Depois, encaro ele confusa. O que ele estava fazendo aqui? Mas ele não parecia disposto a saciar minha dúvida e isso só piorou quando alguém invadiu o quarto, chamando por ele.
É um dos homens lobos.
— Precisamos ir.
O tal de Paul reluta, tentando se aproximar de mim. Mas ele para seus passos de repente, sua face se endurecendo com fúria e dando as costas para mim e para o cara que veio o chamar. Ele segue o amigo e me deixa sem entender nada.
Ainda estou com isso na mente quando outra pessoa invade o quarto e corre para pegar-me em seus braços.
É a segunda vez que Jasper me abraça — a primeira vez que eu coloco meus braços ao redor de sua cintura e aperto seu corpo ao meu.
Meu coração acelerado é o único som entre nós por muito tempo.
(...) Forks
— Vocês demoraram! — Alice é a primeira a nos interceptar quando chegamos ao local do baile.
Jasper e eu trocamos olhares, ele sorriu malandro para mim e eu abaixei minha cabeça, envergonhada ao ter que lembrar o motivo do nosso atraso.
Bella foi liberada do hospital com uma bota preta há cinco dias atrás, eu fui liberada antes, receitada apenas com uma pomada para passar nas minhas costas.
Os primeiros dias foram os mais difíceis e papai teve que me ajudar, já que Renée capou o gato depois que viu suas filhas bem.
Agora, sete dias depois, Bella foi meio que empurrada para vir pro baile com Edward, que queria retirar as últimas lembranças péssimas de sua memória. O respeitei um pouquinho mais por isso.
Alice quem entregou nossos vestidos, visualizando a gente vestida neles e dizendo que iríamos ficar lindas. E, sem querer ser tudo isso, mas já sendo, ficamos.
Bels optou pelo vestido azul, com algumas camadas onduladas e que chegavam até o seu tornozelo. Ele era lindo e o azul vazia jus a pele e aparência de minha irmã. Se viessem me perguntar sobre o look dela, apenas mudaria aquela calça legging por baixo. Mas ok...
Já eu, fiquei com o vermelho. Ele era o mais leve dos dois, revestido em seda e com mangas caídas fixas abaixo do ombro. Ele se alongava até os meus joelhos e uma fenda se abria na perna esquerda, deixando a metade da minha coxa a mercê da nudez.
A pior parte para vestir foi o corset vinho, da mesma cor do vestido, que fazia parte da peça para torná-lo mais justo ao corpo. Minhas costas reclamaram, mas muito menos do que estavam reclamando há cinco dias atrás.
Jasper bateu em minha janela quando eu tinha acabado de sair do banho com um pijama leve, meus cabelos molhados pingavam pelo meu ombro e pelo chão quando eu me inclinei para abrir a janela e deixá-lo entrar.
Agora, imagem a cena de uma garota molhada, de pijama de florzinha, na frente de um homem de terno preto e uma gravata vinho, para combinar com o meu vestido.
Jasper era o meu par; sorri ao me lembrar disso e ele se juntou a mim, só que zombando da minha aparência.
— Eu ainda não estou pronta.
— Edward acabou de sair de casa e está vindo buscar sua irmã — Jasper informa enquanto eu vou até a minha cômoda para pegar a pomada. — Aqui, deixe-me ajudá-la com isso.
Se colocando atrás de mim, que estava em frente ao espelho, Jasper recolhe o potinho com a substância e usa a mesma mão que segura o pote para levantar um pouco a minha blusa, seus dedos melados de remédio passando pelo meu machucado, recebendo uma arfada de mim.
Me convenço que é pela dor enquanto foco apenas em seus dedos gélidos massageando a minha lombar.
Quando ele acaba, fecha o pote e abaixa a minha blusa, quero gritar para que ele continue. Mas me controlo.
— Quer ajuda com o vestido? — pergunta com escárnio e eu reviro os olhos para ele, pegando o cabide com o tecido e indo para o banheiro.
Tive dificuldade, mas só voltei para aquele quarto quando já estava vestida.
Jasper estava lá, parado com as mãos no bolso da frente, encarando além da minha janela. Sei que seus olhos se lançaram para o meu corpo, mas finjo que não quando me inclino demais de propósito para recolher os saltos no chão.
Ignoro o som que ressurgiu no final da sua garganta, entrando em sua brincadeira.
Uma brincadeira que se tornou frequente entre a gente. Descobrimos que somos bons demais provocando um ao outro. Um pequeno spoiler? Jasper sempre acaba sofrendo, pelo seu dom de sentir tudo ao dobro.
Calço meus saltos com seus olhos ardentes e por todo esse tempo, tento não focar na marca em meu pulso. Uma conversa que ficou para o depois desde que saí do hospital.
Sempre que eu mencionava, Jasper se adequava a aquela postura firme, seus olhos transbordavam frieza. Eu não gostava de quando ele ficava assim, então descobri que precisávamos de um tempo para discutir sobre.
— Vou esperar Edward chegar no carro — ele avisa quando me coloco de pé, pronta. Seus olhos descem lentamente pelo meu corpo e eu prendo o ar no peito. — Você... está irredutível.
Então, foi isso. Agora estamos aqui, recém chegados ao baile, sendo atacados por Alice e Micah.
Naquela noite, em que Alice fez questão de conferir meu vestido de trinta em trinta minutos e Micah ficou me puxando para a pista de dança sempre que me via parada em algum lugar, percebi que eles foram feitos um para o outro.
Observei de longe Bels entrar com Edward no salão e sorri pra eles, guardando em minha mente o quanto eu acho eles fofos.
— Senhorita — levanto meus olhos e torço um sorriso, vendo Jasper estender uma de suas mãos, enquanto a outra continua atrás de suas costas. — Me concede esta dança?
Meus pés rangem pelo pensamentos de se levantar, mas eu não estaria tão maluca de recusar esse pedido desse jeito. Conecto nossas mãos, sentindo meu corpo reagir ao seu pequeno toque. Dou um passo para a pista de dança, mas Jasper me impede de seguir.
Encaro-o confusa.
— Não — ele nega. — Aqui não.
Ele sorri para mim, eu sorrio para ele e sou puxada para fora daquele salão. Somos interceptados por Micah, mas Alice nos ajuda com isso rapidinho, chamando o namorado para dançar.
Quando estamos no estacionamento, Jasper me arrasta até a floresta e quando tem certeza que ninguém está vendo, me pega no colo estilo noiva de surpresa, arrancando um gritinho de mim.
— Está pronta?
Estreito meus olhos para ele e ele corre.
As árvores passam pela gente, galhos repicando nossa pele, meu rosto está grudado no peitoral de Jasper e seus braços estão firmes em minha costas e atrás do meu joelho.
Quando ele finalmente para, preciso de um momento para entender essa mudança de velocidade. Mas quando ajeito-me, Jasper me desce dos seus braços com cuidado.
Olho ao redor e meus olhos se focam na placa de "bem-vindos à Forks" muito mais confusa do que antes. Estávamos em uma rua deserta, no limite da cidade.
Viro-me para ele com um sorriso meio hesitante no rosto.
— Ainda quer aquela dança?
Aceito a sua mão depois de um pequeno riso nasalado. Ele me puxa para o seu peito com força, zombando do meu susto. Eu bato em seu peito, ele toca em minha cintura.
Nossos corpos se remexe sincronizados, minha mão ainda no meio de seu peito, sendo a única coisa que separa os nossos corpos.
Mesmo sem música, no escuro e em uma rua deserta, tudo se torna perfeito quando encaro seus olhos.
Me pergunto desde quando a presença de Jasper se tornou especial o suficiente para que mudasse completamente o meu humor.
Desde quando seus olhos transbordavam os meus, borbulhando algo no fundo do meu estômago. Desde quando seu toque revirava a minha pele, me deixando faminta por mais.
Nunca senti isso e não estou com medo agora. Jasper não me deixa com medo, apesar dos apesares ao nosso redor. Com um simples olhar, Jasper me passa confiança e eu sei que não tem nada haver com o seu dom.
Jasper Hale transmite calma para mim apenas pelo seu toque, seu olhar. Eu posso não saber o que é tudo isso ainda, mas sei que é bom demais e que eu quero viver. Pelo tempo que eu puder viver.
Nossas testas se colam no momento após minha mão deslizar para o seu ombro e nossos peitorais se colarem, o meu sendo o único a subir e descer. Eu deixo um suspiro pesado sair, Jasper me admira de perto e simplesmente cansa de todo aquele movimento.
Paramos quando ele coloca uma de suas mãos na minha bochecha direita e sussurra:
— Você me deixa louco — as borboletas em meu estômago ficam malucas e eu sorrio sem graça, desejando ter auto controle o suficiente para terminar de ouvi-lo. — Estou viciado em você, Billie. Em cada olhar, sorriso e toque. Não consegue ver? — seu sotaque sulista se abrange quando sua voz não passa de um sussurro. — Não paro de pensar em você.
— Jasper — ofego sôfrega quando sua outra mão desliza das minhas costas para o lado do meu quadril, baixo demais para eu sentir seu toque gélido na perna com a fenda.
— Não paro de imaginar como deve ser toca-lá — ele continua, alheio ao meu extremo prazer. — Como deve ser senti-la sobre os meus dedos, os meus lábios. Tudo dentro de mim deseja cada pedacinho seu.
Quando ele para de falar, nada alem da minha respiração ofegante e meu coração batendo forte dentro da caixa torácica preenche o silêncio.
Seus dedos em minha coxa se tornam mais ariscos e sua mão grande e firme se fecha ao lado da minha coxa, apertando a carne com pudor o suficiente para me fazer segurar em seus ombros para não cair.
— Diga-me... — ele pede, seus olhos fechados quando nossos narizes se tocam e seu hálito bate contra o meu rosto. — Diga-me que você também me quer, que quer parar com as provocações.
Não sei mais como explicar que estou respirando sôfrega em seus braços, conseguindo apenas continuar em pé pelos braços firmes. Não sei mais quantas vezes eu suspirei seu nome.
— Diga-me que eu posso te beijar.
Nossas testas se descolam e seus olhos se prendem ao meu, depois nos meus lábios entreabertos.
As primeiras gotas da chuva caem sobre a gente. Ele não parece notar de princípio, mas quando começamos a ficar molhados, ele parece se preparar para me pegar nos braços e sair comigo dali.
Prendo minhas mãos no seu blazer com firmeza, impedindo-o de se mexer. Ele me olha confuso, a chuva deixando seus cachos grudados em sua pele.
Ele nunca esteve tão lindo.
— Você pode me beijar, Jasper.
Jasper paralisa por um tempo, na verdade, por tanto tempo que eu estou começando a teorizar que ele não disse nada, que foi tudo um delírio da minha cabeça.
Mas então, ele sorri, com todos os dentes e não tenho tempo de arfar pela visão antes que ele avance até mim.
Seus lábios sobre os meus são firmes, começa com apenas um selar, uma testagem, mas que é o suficiente para me arrepiar dos pés a cabeça. Parados na chuva, Jasper pede espaço para adentrar os meus lábios com a sua língua.
Nossos sabores se explodem quando tocamos língua com língua e lábios com lábios. Se torna algo confuso e gostoso demais. Algo calmo, no começo, eu admito, mas que com o passar do tempo, quando minhas mãos deslizam de seus ombros para os seus fios, se torna algo desesperado, tocante, excitante demais.
As mãos de Jasper descem para a minha cintura, então para o lado do meu quadril, ele brinca com a pele exposta e ainda me beija. Estou na ponta dos pés, uma mão enrolada em seus cachos, a outra deslizando para os músculos das costas e nossos peitos colados, minha pele arrepiada, nossos lábios juntos.
Nos dois molhados. Praticamente consigo sentir seus músculos por baixo do blazer que desapareceu e da camisa de botão que ficou transparente.
Agora que estou vivendo, admito que pensei muitas vezes nesse momento, se poderia acontecer, mas nada do que eu sequer pensei, poderia fazer jus ao que realmente é.
Jasper é habilidoso na arte de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Sei disso a partir do momento em que ele me leva ao delírio com o seu beijo e queima a minha pele com seus dedos.
Nunca mais quero soltá-lo, mas preciso, pois sou humana e preciso de ar.
Nossos lábios se separam com dificuldade, meu peito subindo e descendo, a mão de Jasper ainda fazendo um carinho em minha cintura com o seu aperto firme, a chuva virando parte desse momento.
Ergo os olhos para olhá-lo e ele já estava lá, como sempre. Ele sorri. Eu sorrio. Nós dois rimos.
E nos beijamos de novo.
Crepúsculo acabou, estamos partindo para Lua Nova, ou seja... aproveitem muito esse e o próximo capítulo, pois depois é só pra trás.
Só tenho a dizer que o tempo de Billie e Jasper serem fofos e apaixonados se foi.
Pronta para escrever a linha tênue entre o amor e o ódio!
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