Existem certas situações que provam quem realmente está no nosso lado, e quem são os nossos verdadeiros amigos. Posso dizer que isso aconteceu comigo no aniversário de alguém que dizia ser minha melhor amiga, porém a realidade é difícil de encarar, e provou ser ao contrário de tudo o que eu pensava e lutava. Uma parte de mim agradece enquanto a outra odeia relembrar daquela noite.

Minha suposta melhor amiga resolveu fazer uma festa de aniversário e convidar todo mundo que conhecia, ou que pelo menos que ela acreditava que poderiam dar uma levantada na sua popularidade. Resumidamente, um monte de adolescentes cheios de testosterona em uma casa com piscina, álcool e qualquer coisa que os seus pais te proibissem. Uma soma, a qual se calculada leva a uma noite particularmente inesquecível, nos mais diversos sentidos.

Naquela época eu tinha um namorado chamado Steven. Maldido Stevan. Ele me traiu com a minha ex-melhor amiga, conhecida também como Ster. Os encontrei no quarto de Ster completamente nus e ela não falou nada além de revirar os olhos e continuar a beija-lo. Meus olhos se encheram de lágrimas mas eu segurei para não derrama-las, não sabia se sentia raiva ou tristeza, mas meu emocional estava completamente abalado, junto com toda a confiança que pudesse ter a partir daquele momento. Fui com passos firmes até os dois, os separando com uma força que nem eu sabia que tinha.

— Que merda que vocês pensam que estão fazendo? — Minha palavras saíram com amargura em uma voz rouca.

— Ah, Ravena! Você realmente achou que nossa amizade ou o seu namoro eram verdadeiros? — Ster deu um sorrisinho para o alto completamente embriagada — Estávamos com você por causa do seu dinheiro, e agora que seu pai deixou você e sua família pois a vadia da sua mãe estava trepando com o vizinho, não temos mais porque ficarmos com você e continuar toda essa farsa, por isso se puder fazer o favor e sumir da minha frente eu agradeceria!

Apertei o punho com força.

— Vão se ferrar !! — Gritei antes de despejar um soco na parede.

Talvez aquela não foi a melhor ação a se fazer pois fiquei com a minha mão doendo por uma semana completamente inchada, mas minha cabeça naquele momento queria fazer bem mais. Sai do quarto batendo à porta atrás de mim enquanto pronunciava qualquer palavrão que vinha em minha cabeça, e tive que parar por alguns segundos e me encostar em alguma parede antes que passasse mal. Achei que pudesse vomitar por todo o estresse e emoções que estava sentindo, estava tonta demais e tentei acalmar minha respiração.

— Precisava contar tudo para ela de uma vez só? — Consegui ouvir a voz de Steven do outro lado da porta, e a minha tentativa de me acalmar não estava mais funcionando, tudo que vinha na cabeça era quebrar todo aquele lugar e gritar para liberar toda a energia ruim que percorria meu corpo

— Você sabe que não é tudo!

Eu precisava sair dali antes que explodisse, então foi isso que fiz. Desci as escadas derrubando tudo o que via pela frente, desde porta retratos a vasos de decoração caríssimos. Peguei uma garrafa de vodka e a coloquei debaixo do braço enquanto acendia um cigarro, e antes de sair pela porta com o meu braço vago peguei alguns presentes que deveriam ser destinados a Ster, incluindo o presente que eu havia comprado.

Andei até o final da quadra me sentado no gramado com a garrafa ao meu lado e os presentes no outro. Soprei a fumaça e comecei a abrir os presentes.

— Aí que lindo, Ster! Mas sinceramente acho que fica melhor em mim! — Falei sozinha observando um colar com um pingente de coração.

— Concordo plenamente! — disse uma voz ao meu lado que me fez pular de susto.

— Meu deus, menina, tá pior que fantasma! — Coloquei a mão no meu coração observando uma garota de cabelos escuros e olhos castanhos — Eu te conheço de algum lugar..

— Da escola.. Sou aluna nova — Ela deu um sorrisinho segurando as mãos atrás das costas de um jeito inocente, qual era a probalidade de isso acontecer? — Posso sentar com você? Parece que você precisa de alguém para conversar e dividir a bebida!

Concordei com a cabeça enquanto ela se sentava ao meu lado pegando a vodka na mão. A observei por alguns segundos, não sabia mais em quem deveria confiar, estava com tanto medo mas continuava fingindo que não estava, que era forte o suficiente para o que der e vier, mas estava vulnerável naquele momento, e aqueles pensamentos que iam e viam poderiam me matar.

A novata está sóbria, era fácil de perceber, e quando deu o primeiro gole desceu sua garganta uma careta terrível apareceu em seu rosto o que me fez soltar um pequeno sorrisinho.

— Você não tem muita cara de quem bebe!

— Para tudo tem a sua primeira vez, não !?

E aquela ao meu lado, naquela noite fria era Sophie, uma das melhores, se não for a melhor pessoa que eu já conheci. Naquela noite foi questão de minutos para eu começar a despejar tudo o que havia acontecido. Sabia que tínhamos uma conexão, como sabia que aquilo não era uma amizade de uma noite, e mesmo se não fosse eu precisa muito de alguém para conversar.