3.
– Para onde nós vamos agora? – Naty me olhou sorrindo de lado enquanto eu apenas dava de ombros.
– Eu sou péssimo com lugares em NY, só conheço pontos turísticos e que devem estar fechados agora.... Então para onde quer ir agora?! – Devolvi a pergunta vendo Naty rolar os olhos.
– Então fecha os olhos, você não pode ver onde eu vou te levar! – Naty riu, pegando minha gravata e a colocando sobre os meus olhos. Claro que eu imaginei besteira, senti Naty sorrindo perto do meu ouvido.
– Não estou te levando pra um motel então pode tirar esse sorrisinho do rosto!
Gargalhei enquanto ela dava partida no carro, depois de algum tempo ela ligou o rádio e I Still Haven't Found What I'm Looking For do U2 começava a tocar e surpreendentemente o carro que antes estava quase que em completo silêncio começou a ser preenchido pela voz de Natalie cantarolando a música.
Ela batucou no volante enquanto eu estava concentrado no som de sua voz, acho que eu poderia apostar que ela estava sorrindo enquanto cantava e eu queria muito ver isso.
– Por que está rindo? Deve estar horrível né?!
– NÃO – Eu acabei rindo ainda mais virando meu corpo na direção de Naty – Eu queria te ver mas imaginar também é bom!
– Por favor não estou sem blusa nem nada, só estou cantando – Naty gargalhou quando coloquei a mão na boca fingindo estar horrorizado.
– Ah não, você acaba de destruir minha imaginação, estava tão sexy – Natalie deu um tapa em minha perna enquanto eu gargalhava – Posso tocar pra tirar a prova? Você pode estar mentindo pra mim – Estiquei minhas mãos em direção aos seios dela que riu batendo na minha mão, ameacei fazer de novo e ela me repreendeu.
– Você tem medo mas não tem vergonha né, posso te deixar aqui, no meio do nada e fugir com o seu carro, o que acha?! – Do jeito mais sexy possível Naty se aproximou mais uma vez e sussurrou ao meu ouvido.
– Eu acho que é você quem não tem medo do perigo né garota!
Natalie apenas riu e aumentou o volume do rádio, desta vez eu a acompanhei, dedicando especialmente aquela parte a ela.
I have kissed honey lips (Eu beijei lábios de mel)
Felt the healing in her fingertips (Senti a cura na ponta dos dedos dela)
Apontei para ela quase berrando a música, Natalie gargalhou ainda mais me acompanhando na desafinação.
It burned like fire (Queimou como fogo)
This burning desire (Esse desejo ardente)
Depois de mais algumas músicas Naty parou o carro e me ajudou, foi me guiando enquanto eu não fazia a mínima ideia de onde estava e sabia que se meu agente soubesse disso iria me matar, mas eu realmente não estava me importando. Não naquela noite.
– Chegamos! – Ela tirou minha 'venda' quando chegamos em frente a um lago, rodeado de árvores e bem iluminado, tudo parecia ter paz naquele lugar – Vem cá! – Naty bateu no banco de madeira onde ela havia acabado de se sentar.
– Sou péssima de improviso, esse foi o único lugar que lembrei que não era ponto turístico e não teria muita gente – Naty sorriu tímida enquanto eu admirava tudo ao nosso redor.
– Tem certeza que ainda estamos em Nova York?! – Recoloquei de qualquer jeito minha gravata enquanto ouvia Naty rir e tirar os sapatos, colocando as pernas sobre o banco de madeira.
– Tenho sim, tá vendo aquele prediozinho atrás daquela casa?! – Ela apontou para um prédio que só aparecia uma pontinha atrás da casa do outro lado da rua – Eu morava ali e aqui, sempre foi o melhor lugar de Nova York pra mim. Melhor que Central Park – Ela deu uma piscadinha para mim.
– Hmmm gostei disso.... Já está me contando seus segredos, que delícia! – Ela me empurrou de leve rolando os olhos.
– Aqui é mais fácil se eu estiver a fim de te afogar sem testemunhas! – Ela riu debochada mas parou assim que passei minhas mãos por sua cintura – Eu acho que nunca vou compreender o que você quer comigo.... Acho que você sabe que isso não faz o menor sentido certo?! – Ela apontou para nós, enquanto eu a colocava sobre meu colo, ela apenas chacoalhava a cabeça ainda em negação.
– Não precisa fazer sentido Naty, você só tem que deixar acontecer, não precisa pensar em nada – Sorri para ela antes de puxá-la para mais um beijo. A cada beijo ficava melhor, como se ela se soltasse mais e eu descobrisse os novos jeitos dela, Naty se divertia me provocando arrepios enquanto brincava com suas unhas em minha nuca. Passeava com minhas mãos por dentro de sua blusa, fazendo ela rir quando encostei em sua barriga. Ela estava gargalhando quando um cara que até então eu não tinha visto, que parecia ter saído de trás de alguma daquelas árvores apareceu atrás do nosso banco e ela de repente ficou pálida.
– Naty? Natalie é você?! – E Naty levantou rapidamente do meu colo, passando de pálida para vermelha como um tomate em segundos, me levantei também sem entender nada e olhei para o tal sujeito. Um cara que aparentava ser uns 10 anos mais velhos do que eu olhava um tanto quanto atordoado para nós,
– Oi Jeff – Naty envergonhada, tentou desamassar a blusa que vestia mas foi em vão – Tudo bem?! – Ela sorriu amarelo enquanto ele não tirava os olhos de mim. O encarei do jeito mais intimidador que consegui, apenas de sentir o olhar assassino dele sobre mim eu sabia que ele deveria ser algum ex dela.
– Não tá nada bem Natalie! – Eu já odiava esse cara apenas pela maneira como ele falava o nome dela. E como olhava para ela também – Quem é esse idiota?! – Dei um passo a frente, pronto para mostrar ao imbecil a minha frente quem eu era, mas Naty segurou minhas mãos, olhei para ela que chacoalhou a cabeça.
– Vai embora Jeff, ninguém quer confusão aqui – Ela pediu quando viu o babaca estalando o pescoço, eu gostaria muito de socar a cara dele mas Naty entrelaçou sua mão a minha, a apertou com força e me puxou para trás. O olhar dela era de medo e eu realmente gostaria de saber o que aquele babaca a minha frente já havia feito para ela ficar desse jeito.
Jeff cravou seu olhar em nossas mãos unidas, em seguida olhou de novo para nós e eu não resisti em dar meu sorriso mais sacana, sem dizer uma única palavra eu consegui fazer ele ficar vermelho de raiva e enquanto ele se afastava ainda olhando para nós, beijei as mãos dela.
– Quem é ele Naty?! – Perguntei quando nos sentamos de novo no banco e Naty segurou a cabeça com as mãos, visivelmente nervosa.
– Ele era meu namorado, lembra do FDP da boate, que eu disse que me traiu e blá blá blá, é esse idiota! Sabia que ele estaria no Plaza hoje, por isso pedi para trocarmos de restaurante mas não adiantou nada, ele é uma praga na minha vida! – Naty parecia exausta, só em pensar no assunto.
– Hmm e porque ele ficou tão nervosinho em te ver aqui? Aqui era tipo um lugar de vocês ou algo assim?! – Perguntei depois de um tempinho, quando Naty já estava sentada ereta de novo, com o olhar perdido no lago a nossa frente, pensativa demais mas assim que fiz a pergunta ela me olhou surpresa.
– Não, nós conhecemos pessoas que moram por aqui, mas acho que ele me ouviu rindo, sei lá mas aqui.... – Seu olhar passou por toda aquela região, onde só nós dois estávamos – Eu nunca trouxe ninguém pra cá, de verdade – Sua voz saiu mais baixa e eu me perdi na intensidade do olhar dela.
Nenhum de nós sabia o que estava fazendo direito, e talvez nos ferrássemos por isso, mas aquilo significava alguma coisa. Pelo menos pra mim significava muito.
Depois de alguns minutos Naty pediu para voltarmos e eu a levei para o meu hotel.
Por mais incrível que pareça passamos a noite toda jogando videogame, com direito a aposta e tudo. Descobri seu vício por chocolate e sua aversão a coca-cola. Obriguei ela a assistir pelo menos dois episódios do meu seriado e ela sempre debochava das minhas cenas sem camisa dizendo que "Nem é tudo isso, é efeito na câmera". Depois do meu belo ataque de cócegas, fiz ela passar a mão na minha barriga e a vi enrubescer quando a obriguei a admitir que eu era gostoso.
Nunca ri tanto em uma noite, e acho que nunca fiz alguém rir tanto em toda minha vida.
Dormimos juntos mais uma vez, ela era irresistível. Mas depois deste dia, sabia que Naty era muito mais do que só uma aventura.
FLASHBACK OFF
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