1.
Nova York – Aeroporto Internacional JFK – 10:30 AM
A gritaria do lado de fora era algo que aos poucos já me acostumava, mas o fato de ficar trancado nessa salinha era algo que realmente me incomodava por mais que dissessem ser necessário, eu odiava ter de esperar olhando para as paredes, sem praticamente ninguém ao meu redor.
Erick, meu agente, já estava atrasado em quase uma hora mas não era isso que estava me incomodando. Era o fato de não saber o que o destino e Natalie decidiriam para mim. Aquele podia ser o começo ou fim da minha história "amorosa" em Nova York, mas o mais incrível é que quem decidiria isso era a garota mais brava e imprevisível que já conheci, e eu que nunca acreditei em destino estava aqui, praticamente de quatro esperando que ele me ajudasse de alguma forma. Que ele quisesse o mesmo que eu, só desta vez.
FLASHBACK ON
A noite não prometia ser muito proveitosa, afinal terça-feira a noite em um bar qualquer de Nova York, só tem gente chegando estressado do trabalho e ninguém quer se divertir de verdade mas até isso é melhor do que um quarto de hotel vazio.
– Me vê um whisky – Pedi ao barman e uma garota que estava do outro lado do balcão, seguia o barman com o olhar, observando cada passo dado até que ele me entregasse minha dose. Só então seus lindos olhos verdes pararam sobre mim, ergui meu copo para ela que sorriu e se aproximou, um pouco cambaleante e sorridente demais para o horário.
– Isso é forte? – Ela apontou para meu copo com a cabeça e eu olhei para o copo vazio em sua mão.
– Depende. Qual é o seu objetivo na noite? – Bati na banqueta ao meu lado, ela sorriu torto e se sentou me olhando profundamente. A linda jovem a minha frente se aproximou da minha orelha e sussurrou:
– Eu quero esquecer a TUDO e a TODOS!
Como imaginei, ela estava a fim de aprontar e eu a ajudaria, se ela quisesse, obviamente.
– Então você quer um duplo! – Pisquei para ela e chamei o barman, pedindo uma dose dupla, só que quando ele a entregou a mim, eu troquei nossos copos, dando a dose mais leve a ela que me olhou brava, tentando trocar as bebidas mas eu não deixei.
– Nós trocamos só quando você me disser seu nome, só então eu penso no seu caso! – Virei totalmente meu corpo para ela que rolou os olhos, tomando um gole do meu whisky e fazendo uma careta em seguida.
– Isso é horrível! – Eu ri e ela me encarou um pouco mais séria. Resolvi tomar a iniciativa.
– Me chamo David e você é?! – Estendi minha mão a ela que ficou a encarando por um tempo até dar de ombros e apertá-la.
– Sou Natalie e não vou ficar com você – Eu comecei a rir pela sua sinceridade e ela tentou novamente pegar a minha dose dupla mas eu peguei o copo antes dela o alcançar.
– Acho que isso não vai te fazer bem "Natalie, que não vai ficar comigo" – Comecei a tomar minha bebida enquanto ela me observava.
– Argh! Vocês não vão se meter na minha vida! – Ela lançou um olhar zangado para o barman que só agora reparei estava muito próximo a nós. Pelo olhar cauteloso dele, ela já tinha passado um pouco do limite e ele estava cuidando da quantidade de bebidas que ela estava ingerindo.
– Eu vou embora! – Ela tentou levantar mas quase caiu ao fazer isso. Segurei em sua cintura e a coloquei de novo no banco. Fiquei em pé na sua frente até que ela estivesse totalmente equilibrada de novo. Natalie fechou os olhos com força e suspirou.
– Fica aqui comigo, se quiser conversar, prometo não me meter em sua vida! O que acha?! – Ainda estava muito próximo de seu rosto, e vê-la assim de perto era quase perigoso. Ela tinha um rosto naturalmente lindo, cheio de sardas e com uma covinha na bochecha esquerda que surgiu porque ela me empurrava enquanto sorria ainda com os olhos fechados.
– Eu já disse que não vou ficar com você! – Natalie riu quando fingi estar ofendido pela sua recusa.
– Eu sei, mas isso não te impede de me fazer companhia não é mesmo?! – Pisquei para ela que se deu por vencida e ficou sentada ao meu lado.
Na realidade eu sabia que ela não deveria sair daquele jeito mas eu havia acabado de chegar e tinha simpatizado com ela, então unimos o útil ao agradável. Como quem não quer nada o barman só dava bebidinhas fracas para Natalie, ela me contava o que seu agora ex-namorado havia lhe feito.
– Ele é um grosso, imbecil, me traiu com a mais cretina e eu sou obrigada a olhar pra cara dele todo santo dia! Eu não aguento mais! – Terminei meu whisky enquanto ela terminava sua história, seu celular tocou e ela atendeu com a voz mole e risonha.
– Oi Amy! Não era amanhã sua festa?! Eu esqueci totalmente disso, onde é?! Posso levar alguém comigo? Não, não é aquele FDP! Te amo sua biscate, até daqui a pouco!
E de repente de um estado totalmente fossa, quase chorando no balcão, Natalie ficou absurdamente animada e se levantou como se não tivesse bebido uma única gota de álcool, me olhando.
– Quer ir pra uma festa comigo? Eu preciso me divertir e você também! – Eu ri de sua repentina mudança mas nem tive tempo de responder, quando vi Natalie já estava me puxando, antes de sair deixei o dinheiro no balcão e saí com aquela desconhecida rumo a alguma festa.
XXX
– NATY, SUA BISCATE! – Uma garota de vestido curto surgiu atrás de nós poucos minutos depois que chegamos a tal balada.
– AMY SUA VACA, quase perdi isso! – Natalie a abraçou forte chamando a atenção das pessoas ao nosso redor. A amiga dela saiu do abraço e olhou para mim, seus olhos se arregalaram mas eu pedi silêncio, colocando meu dedo sobre os lábios, estava adorando o fato de ninguém ter me reconhecido até agora e graças a Deus ela entendeu e assentiu. Nos levando para o centro da pista de dança onde eu finalmente pude conhecer Natalie. Pelo menos uma nova versão dela.
A mesma garota que eu conheci no bar, praticamente chorando por um babaca agora me puxava pela mão para mais uma dança, por mais que suas roupas não ajudassem muito, já que ela vestia aquelas saias executivas com uma blusa de botão, Naty sabia ser sexy e a cada movimento dela acompanhando a batida da música eu ficava mais vidrado.
Seu cabelo agora solto balançava junto com seu quadril, era inevitável não desejá-la, estava impossível me manter longe dela, manter minhas mãos longe de seu corpo.
Undisclosed Desire do Muse tocava e eu perdia a cabeça, a cada segundo Naty era tudo que eu via, trouxe-a para mim e com um sorriso no rosto ela disse:
– Eu não vou ficar com você David! – Minhas mãos passeavam por sua cintura enquanto ela passava a mão por meu pescoço, me puxando para ela também.
– Eu não disse nada! – Sorri com a minha boca já encostando na dela, ela puxava os cabelos da minha nuca enquanto eu colava nossas bocas, em um beijo intenso e cheio desejo. Aquela garota me enlouquecia apenas ao sentir seu toque, ela me provocava com seus movimentos e com sua boca. A música parecia estar mais alta, mas nada seria mais alto do que o que pulsava em mim para ter Natalie por completo, sua boca colada em meu ouvido me torturando com cada palavra que ela cantava para mim.
E eu a prensei contra alguma parede daquele lugar, não ouvi a música terminando, só ouvia seus suspiros e gemidos em meu ouvido. Só sentia ela. E seus beijos, suas mordidas, suas mãos. Estava perdendo a cabeça por estar onde estava com ela, no maior dos amassos na parede daquela boate, mas era inevitável. Ela era irresistível.
– Minha casa, AGORA! – Depois de um tempo, onde eu realmente havia me esquecido de onde estávamos e o que estávamos quase fazendo.
Natalie sorriu e me puxou pela mão.
E aquela noite que tinha tudo pra ser uma das mais comuns para alguém como eu, acabou sendo uma das mais maravilhosas, Naty era surpreendente em tudo e ela realmente não me conhecia.
"Bom Dia David!
Desculpe te deixar assim, mas eu precisava ir trabalhar, ainda é quarta feira ;)
Adorei a noite! Mas creio que não irei te ver de novo, certo?!
Entregue a chave ao porteiro quando sair!
Bjos Natalie."
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