Você não está Bem
Com pressa, Johnny correu pelo hall daquele hospital e se apertou no elevador seguindo para a ala pediátrica. Desviou de quem viesse a atrapalhar seu caminho com habilidade e quase se debruçou no balcão da recepção. Estava ofegante, no entanto manteve sua compostura tentando não demonstrar seu nervosismo e o desespero.
ㅡ Jinwoo, Seo Jinwoo, um garotinho de sete anos...?!
A enfermeira fitou a tela do computador brevemente e logo apontou a direção exata. Voltando a correr, Johnny finalmente se deparou com o irmão. Estava sentado choramingando com suas bochechas úmidas pelas lágrimas enquanto o médico cuidadosamente ajeitava o soro que percorria todo o caminho para a agulha presa a sua pequenina mão.
ㅡ Jinwoo...
Johnny suspirou aflito, porém um tanto aliviado ao ver o irmão aparentar estar bem.
ㅡ Oh, olá, você é o responsável...? ㅡ o médico se endireitou e sorriu para o mais alto.
ㅡ Sim, sou o irmão mais velho dele. ㅡ sua preocupação via-se explicita em seu semblante ㅡ O que aconteceu, ele está bem? Me disseram que ele estava reclamando de dor e vomitando.
ㅡ É enterite, mas não se preocupe, não é grave. ㅡ o doutor empenhou-se em manter o sorriso calmo ㅡ Ele vai estar completamente curado em poucos dias. Dei uma injeção com antibióticos para eliminar a infecção e depois que o soro terminar ele já pode ir pra casa. Devido aos vômitos tivemos que fazer a reidratação venosa, mas ele foi um menino corajoso e não nos deu trabalho, não é Jinwoo? ㅡ sorriu para o garotinho.
ㅡ É porque vou ser adulto grande igual meu irmão... ㅡ ainda soluçava enquanto as mãozinhas coçavam os olhos eliminando as lágrimas.
ㅡ Isso mesmo... ㅡ o homem riu ㅡ Esse é o medicamento que ele deve tomar ㅡ entregou a prescrição médica para Johnny —, dois por dia, um antes do almoço e outro antes do jantar durante sete dias. Se os sintomas permanecerem, volte para fazermos mais exames.
ㅡ Ok, certo...
ㅡ Ele também precisa seguir uma dieta leve livre de alimentos gordurosos, muito temperados, leite e seus derivados. Dê prioridade aos alimentos cozidos, ajudam na digestão, e com poucas fibras.
O irmão mais velho concordou após rapidamente correr seus olhos por aquele papel que lhe fora entregue. Em uma reverência breve, porém respeitosa e formal, Johnny agradeceu o médico.
ㅡ Daqui alguns minutos uma enfermeira irá retirar o soro, então poderão ir pra casa.
ㅡ Obrigado. ㅡ mais uma vez ele se curvou.
Assim que o homem se afastou, Johnny se sentou de frente para o irmão na pequena cadeira ao lado da cama. Ele sorriu levemente secando o rostinho do garotinho com as mãos cuidadosamente. O menino ficava ainda mais fofo com aquela carinha de manha.
ㅡ Meu Jinwoo estava com medo?
ㅡ Não... O médico não te disse que sou corajoso? ㅡ queria muito voltar a chorar, mas segurava as lágrimas com um bico.
ㅡ Doeu muito? ㅡ o sorriso melancólico de Johnny expressava seu carinho pelo menor.
ㅡ Sim... ㅡ algumas lágrimas escaparam de novo ㅡ Desculpa não ser forte como você...
ㅡ Não, não, não... ㅡ Johnny se esticou e abraçou Jinwoo acariciando seus cabelos com afeto ㅡ Não foi culpa sua, você é um bom menino. Está tudo bem, estou aqui com você agora... O hyung vai te proteger da dor malvada.
ㅡ Promete?
ㅡ Claro.
ㅡ Promete que não vai ficar longe de novo?
E com um aperto no coração, Johnny quis chorar. Não era justo uma criança passar por tudo aquilo. Ele estava magoado. Enchendo o irmão de beijinhos, o mais velho sorriu fixando seus lumes nos do menor.
ㅡ Prometo.
Em pouco, uma enfermeira se pronunciou para checar o soro e retirou a agulha intravenosa da mão de Jinwoo. Os irmãos Seo então se dirigiram para casa no carro de Johnny após este comprar o remédio prescrito na farmácia no segundo andar do hospital.
ㅡ Que tal ficar em casa amanhã?
Johnny temia o sentimento que teve ao receber àquela ligação da professora de Jinwoo. Preferiria ter certeza de que o garoto estava bem e saudável para se sentir tranquilo em deixá-lo afastado de si.
ㅡ Mas a ma...
Jinwoo quis terminar sua frase, no entanto recuou ao ver a expressão de Johnny.
ㅡ Eu *pode?
*posso
ㅡ Vou ligar pra escola amanhã. ㅡ ajeitou a franja do irmão ㅡ Olha como meu Jinwoo fica muito mais bonito com o cabelo assim. Devemos jogar fora todos os potes de gel escondido da mamãe...?
O pequenino riu enquanto que apoiado nos ombros do irmão. Com Jinwoo no colo e ambos já dentro do elevador, o celular do mais velho começou a tocar.
ㅡ Alô, Yuri?
ㅡ Johnny, acabei de chegar, vamos pedir jjajangmyeon para o jantar.
ㅡ Então, sobre isso... Sei que temos um contrato e que eu deviria estar fazendo tudo o que você quisesse agora, mas posso te pedir um favor?
ㅡ Hm... Que tipo de favor?
ㅡ Meu irmão não está se sentindo bem, acabamos de chegar do hospital.
ㅡ Meu Deus, ele está bem?! O que aconteceu...?!
ㅡ Está tudo bem agora. O negócio é que preciso da sua ajuda com o jantar...
ㅡ Por quê? Quer que eu cozinhe?
ㅡ É que... O médico indicou uma dieta... Eu até sei cozinhar, não tão bem, mas enfim, eu não sou bom com temperos... Não quero que o Jinwoo sofra por minha culpa.
ㅡ Entendi... Tudo bem, eu faço o jantar.
ㅡ Nossa, mesmo? ㅡ sorriu involuntariamente.
ㅡ Sim, não tenho muito aqui em casa, mas posso me virar.
ㅡ Estamos subindo então.
ㅡ Sim, sim, deixarei a porta destrancada, venham logo.
Não fora tão complicado ou constrangedor passar aquele breve tempo com a cantora como Johnny imaginou que seria. Pelo contrário, ao ajudá-la na cozinha e notar o como ela era gentil com seu irmão o deixou plácido, até se pegou encarando a menina agora com doçura. Buscou os ingredientes que lhes faltaram na geladeira e armários de Rebecca em seu apartamento e o jantar estava feito.
Jinwoo mesmo afiado com seus comentários se alimentou silencioso, contudo, em abundância.
ㅡ Estava gostoso? ㅡ Johnny encarava o menino sem desgrudar seu sorriso dos lábios.
ㅡ Podemos comer aqui todo dia? ㅡ Jinwoo terminou sua sopa e abriu um sorriso infantil.
ㅡ Olha, por mim é trato feito... Devemos vir aqui todas as noites? ㅡ Johnny cochichou para o irmão.
Os dois meninos riram juntos.
ㅡ Ei...! ㅡ Yuri riu, contudo embaraçada.
ㅡ Tudo bem, tudo bem. Jinwoo, temos que pedir permissão primeiro, como que se diz?
ㅡ Noona, podemos comer sua comida de noite na sua casa que é aqui por favor?
ㅡ Isso é golpe baixo...
Yuri estava a ponto agarrar a criança e mimá-lo por ser tão fofo, entretanto percebeu que ela não era a única tendo Johnny todo derretido pelas expressões do garoto. Com uma breve jogada de olhar à cantora, o filho mais velho dos Seo se levantou.
ㅡ O banheiro?
ㅡ Ao final do corredor ao lado do meu quarto.
ㅡ Volto já. ㅡ e se ausentou.
Yuri agora encarava o pequeno Jinwoo. Ele se parecia com Johnny, no entanto algo se encontrava diferente.
ㅡ Qual o problema, Jinwoo? Está sentindo alguma dor?
O menor negou com a cabeça brincando com as gotículas de água que escorriam em suor do copo de chá gelado de Johnny.
ㅡ Então o que aconteceu? Você pode contar pra mim.
ㅡ Se o hyung fica triste, eu fico triste. ㅡ ele agora alcançou seu copo de água e tomou um gole.
ㅡ Ele ficou preocupado com você porque te ama muito Jinwoo... Você não o deixou triste.
ㅡ Hm... ㅡ negou outra vez ㅡ Ele *é triste.
*está
ㅡ Seu irmão te disse isso? ㅡ ela debruçou os braços sobre a mesa.
ㅡ Não.
ㅡ Então por que acredita que ele está triste?
ㅡ Mamãe deixou ele triste. ㅡ Jinwoo concordou com a cabeça ㅡ Ela faz o hyung chorar quando ele dorme.
A surpresa fora tamanha para Yuri que ela não conseguiu esconder seu nervosismo com tal situação.
ㅡ Ele chora dormindo?
ㅡ Não quero ir embora longe dele, ele vai chorar sozinho assim.
Yuri mal pôde comentar algo mais, visto que a silhueta de Johnny fora vista novamente assim que ele retornou do banheiro.
ㅡ Então Jinwoo, já está tarde e incomodamos bastante a noona, não é?
ㅡ Espera, Johnny eu queria... ㅡ fora interrompida.
ㅡ Não se preocupe vou te ajudar a limpar tudo... Só vou abusar um pouco mais da sua boa vontade e deixá-lo assistindo televisão enquanto isso, tudo bem?
Com a permissão da antiga amiga de colégio, Johnny deixou Jinwoo na sala acomodado no confortável sofá da cantora assistindo desenhos animados. Em pouco era possível apenas ouvir as vozes dos personagens na televisão com o silêncio que se estendeu entre os dois adultos, até Yuri se pronunciar primeiro.
ㅡ Johnny, você está bem? ㅡ fora direta.
Um pouco impressionado pela pergunta repentina, Johnny sorriu de lado.
ㅡ Oh, ok... Sim, estou um pouco cansado, mas estou bem.
Logo a cantora passou a encará-lo intensamente como se estivesse querendo perguntar alguma coisa.
ㅡ O que foi? ㅡ ele riu constrangido terminando de secar a louça.
ㅡ Eu perguntei se está bem.
Agora confuso, ele a fitou repousando o pano de louças sobre a pia.
ㅡ E eu acho que já te respondi.
ㅡ Por que não me diz a verdade?
ㅡ O quê? ㅡ ele soprou um riso.
ㅡ Está mentindo pra mim, ou pra si mesmo?
Com a forma como ela o observava, Johnny passou a desfazer aquele sorriso lentamente.
ㅡ Johnny... ㅡ com cuidado ela repousou sua mão na dele ㅡ Você está bem?
Abaixando a cabeça, ele desviou o olhar frisando os lábios.
ㅡ Você não está bem? ㅡ ela apertou sua mão com carinho.
Johnny não sabia o motivo para estar com medo aquele momento. Ergueu novamente sua cabeça para fitar a garota e ao encontrar aquele sorriso na face dela, ele sentiu que poderia desativar todas as suas defesas ali e agora. Seu corpo antes tenso relaxou, e as palavras, fracas e em baixo tom, lhe escaparam.
ㅡ Eu não estou bem...
Não soube porquê, nem como teve forças para tal, no entanto ele sorriu retribuindo a forma como Yuri o encarava. Concordando com a cabeça, a cantora se aproximou e o abraçou com calma. Johnny não entendia o motivo para o qual ele se sentia tão protegido e em paz àquele instante, porém não se preocupou com isso e apenas envolveu a silhueta a sua frente com seus compridos braços se deixando ser confortado pelos leves tapinhas que ela depositava em suas costas carinhosamente.
ㅡ Está tudo bem não se sentir bem todos os dias... ㅡ ela comentou ㅡ Às vezes precisamos pular de certa altura. Uma mão ajuda a criarmos coragem. Então pegue a minha.
Era agradável, e Johnny não gostaria de destruir aquele momento, todavia a oferta da garota o fez se lembrar de muitas coisas, tanto que a pergunta simplesmente fugiu de seus lábios sem mais nem menos.
ㅡ Yuri, por que fez aquilo?
ㅡ O quê?
ㅡ Você me beijou.
Levemente a cantora libertou Johnny de seu abraço e os dois passaram a se encarar. As orelhas dela rapidamente mudaram para um tom avermelhado.
ㅡ N-não, eu não te beijei! Você devia estar sonhando!
ㅡ Eu não lembro de ter dito que estava dormindo quando você me beijou... E a propósito, eu estava acordado.
Yuri rapidamente escondeu sua face com as mãos e acabou rindo de nervoso até sentir as mãos de Johnny tocarem as suas na tentativa de expor seu rosto novamente.
ㅡ Você por acaso gosta de mim, Yuri?
ㅡ Não, não é isso que está pensando!
ㅡ Então me beijou por quê? Ficou encantada por eu ser lindo demais? Isso não vai colar.
ㅡ Eu só queria pegar de volta o que você me tirou! ㅡ a careta envergonhada ainda se expressava na face dela.
ㅡ A vingança outra vez... ㅡ Johnny ainda segurava firmemente as mãos dela a impedindo que fugisse ㅡ Por favor me ilumine e refresque minha memória. O que exatamente foi que eu te fiz?
ㅡ Você mentiu pra mim! ㅡ ela tentou fugir, porém falhou ㅡ Me enganou por eu ser ingênua o suficiente em acreditar em cada uma daquelas suas palavras.
ㅡ Ei, ei, ei... ㅡ Johnny franziu o cenho ㅡ Eu nunca fiz isso com você Yuri, do que está falando?
ㅡ Eu te dei meu primeiro beijo e você me tratou daquela forma! Como tem coragem de ainda me dizer que não se lembra?
ㅡ O quê? ㅡ soltou as mãos da garota ㅡ Yuri, nós nunca... Nós nunca nos beijamos no colégio. Eu simplesmente não podia...
ㅡ Wow, vai continuar com isso? Você é um cafajeste mesmo!
Ela se virou rapidamente, porém fora impedida quando Johnny segurou seu braço sem muita força.
ㅡ Yuri, eu te digo aqui e agora, eu realmente não podia ter feito isso, tem certeza?
ㅡ É sério que está me perguntando isso?! Você fez, por que se nega tanto a acreditar?!
ㅡ Porque eu estava namorando naquela época!
Yuri então o fitou.
ㅡ O quê?
ㅡ Ninguém podia saber, meus pais nos separariam! Nunca contamos à ninguém. Eu estava com a Sea todo aquele tempo, por isso eu nunca... Yuri eu nunca brincaria com os seus sentimentos ou com os dela, nem com os de nenhuma outra garota! É impossível que eu tenha feito isso!
Tais palavras pareceram atingir em cheio a cantora, visto que seus olhos marejaram rapidamente e ela puxou seu braço mordendo o lábio.
ㅡ Mas foi o que você fez!
ㅡ Por favor, me diga exatamente o que aconteceu! Tenho certeza de que isso é um mal-entendido!
Naquele mesmo instante, Johnny recebeu uma notificação de mensagem. O toque do celular os assustou pela tensão no clima que os envolvia.
ㅡ Você devia responder, pode ser a sua mãe.
Yuri, não querendo chorar na frente dele, caminhou em passos rápidos ao corredor dirigindo-se ao banheiro nem ao menos o dando uma chance de retrucar qualquer coisa.
ㅡ Bosta... ㅡ ele suspirou logo desbloqueando a tela de seu celular.
Número Desconhecido - Bloquear?
Sinto muito se isso for um engano, mas não pense que é trote (21:42) >
Espero que seja você dessa vez... (21:42) >
Esse é o número do Johnny Seo? (21:42) >
Johnny
< (21:43) Sim, mas quem é?
Número desconhecido - Bloquear?
Não acredito, finalmente! (21:43) >
Sou eu, Sea Collins! (21:43) >
Você ainda se lembra de mim? (21:44) >
O primeiro amor nunca se esquece, é o que dizem. Podem restar emoções, amor, ódio, saudade, desejo ou repulsa. Para Johnny fora uma extrema confusão de sentimentos.
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