Valeu a Pena
Yuri não estava contando, ao contrário, pouco a importava quantos minutos haviam passado enquanto ela estava ali encostada na porta do apartamento de Johnny com a testa apoiada em seus joelhos. As lágrimas já não escorriam mais, contudo a tristeza permaneceu em conjunto do sentimento de culpa. Ela se torturava imaginando o quão infantil deve ter agido para o evitar quando na verdade deveria tê-lo escutado, queria ter o escutado, ter dito a ele o que sentia de verdade. Estava cansada, porém não queria voltar, estar ali a fazia sentir a presença de Johnny e isso de certa forma confortava seu coração.
Estava tão absorta em seu próprio mundo que mal pôde ouvir passos se aproximando pelo corredor. Uma sombra se fez sobre a cantora assim que uma silhueta cobriu a luz vinda do teto.
— Ahn... — comentou com tom baixo — Desculpe, mas, aconteceu alguma coisa? Ficou trancada do lado de fora? Acho que confundiu os apartamentos...
Ela ergueu sua cabeça rapidamente pouco se importando em como provavelmente se assemelhava a uma uva passa agora. Seus olhos arregalaram assim que se conectaram com os dele.
— Oh, Yuri... — analisou sua face — Ei, o que aconteceu, por que está chorando...?! — Johnny se agachou ao lado dela e preocupado tocou suas bochechas com os polegares.
Tão logo as lágrimas voltaram a cair. Yuri então esticou seus braços e envolveu os ombros de Johnny num repentino abraço apertado. Não houve tempo para que ele pudesse reagir, ela colou seus lábios nos dele e não foram necessárias palavras para que os sentimentos fossem transmitidos claramente. Surpreso pelo ato imprevisível da cantora, Johnny a segurou pela cintura e assim que seus olhos voltaram a se encontrar com os dela, ele riu embaraçado.
— O que foi isso? — ele não conseguia evitar de sorrir.
— Johnny seu idiota, nunca mais me peça para procurar outra pessoa...! — devido ao choro, o nariz e as bochechas de Yuri se encontravam avermelhadas — Você disse que me ama, então não dê o seu lugar no meu coração para outro...! — apertou-lhe os ombros.
— Yuri, eu pensei que me odiasse agora...
Ela não conseguiu responder imediatamente, os soluços estavam a atrapalhando e para isso ela negou com a cabeça velozmente.
— Vamos, vamos, não chore... — seu sorriso era extremamente contagiante.
— Eu pensei que tinha te perdido outra vez... — escondeu sua face no ombro dele — Estou assustada assim porque te amar é difícil, eu nunca sei o que você está pensando...!
— Espera, o que você disse? — a segurou pelos ombros para afastá-la brevemente — Você... Diga outra vez.
O sorriso dele havia se dissipado para expressar sua surpresa com aquelas palavras. Yuri por sua vez, estava envergonhada, no entanto nunca se sentiu mais corajosa como agora.
— Eu amo você...
Com sua destra, Johnny levou uma mecha dos cabelos de Yuri para detrás de suas orelhas e com calma ele se inclinou. Não precisou de permissão, ele apenas a beijou outra vez, agora com ternura e calma desfrutando cada segundo que durou. Havia ali um sentimento que há muito tempo nenhum dos dois havia sentido. Mas era diferente, mais forte e aconchegante. O medo desapareceu e as preocupações não os perturbavam como minutos atrás. Pressionavam seus lábios um no outro em uma valsa calorosa e aconchegante até o mais alto os separar para observar a face da cantora.
— O que foi?
Desajeitadamente ela sorriu embaraçada pela intensidade no olhar dele.
— Você é tão linda. — o selar agora fora direcionado na testa da garota — Se eu soubesse que seria assim, tinha feito isso antes. — sorriu largamente — E sóbrio... — murmurou em conjunto de um riso baixo.
Aquilo fora o necessário para Yuri se esconder novamente no ombro de Johnny ao abraçá-lo, era vergonhoso demais fita-lo agora.
— Ei, quero ver seu rosto... Está com vergonha de quê?
— É diferente encarar a pessoa que realmente gostamos depois de um beijo. Ah, não me obrigue a falar essas coisas vergonhosas...!
— Eu? Foi você que veio na minha porta de madrugada pra dizer essas coisas melosas... — soprou um riso — Queria me seduzir, né? Eh... No que estava pensando sua safadinha?
Ela se levantou com as bochechas ruborizadas querendo retrucar, contudo não havia pensando nisso antes e apenas conseguiu gaguejar e cobrir o rosto com suas mãos.
— Calma estou brincando... — ele também se levantou — Mas se você quiser, eu quero.
— Pare de pensar nessas besteiras...! — ela apertou com força a bochecha de Johnny — Eu pensei que você tinha ido embora e eu cheguei tarde em casa pra vir antes, foi só isso!
— Ah...! — uma careta de dor — Okay, okay, acredito em você, mas shhh...! Vai acordar os vizinhos...! — levou o indicador aos lábios.
— Oh! Espera... Por que você está voltando pro seu apartamento a essa hora? — libertou a bochecha dele.
— Esqueci de pegar as roupas que estavam na secadora e os brinquedos do Jinwoo no baú.
— O quê? Mas você... — se preocupou — Johnny, você realmente ia embora...?
Ele liberou um riso nervoso e apertou a nuca com sua canhota.
— Sim e não...? — fez um bico brevemente — O apartamento ainda é meu, mas ficarei fora por alguns dias.
— Pra onde vai?
— Jinwoo ainda é muito jovem, já não tem a influência do pai na vida dele não acha que é errado afastá-lo da mãe também? Ainda me preocupo com o que poderão falar se a mídia descobrir tudo sobre a minha família, mas ele é só um menino. Por isso decidi passar alguns dias na casa da minha mãe e ficarmos todos juntos, tentarmos ser uma família outra vez. Mas no final do mês eu... — sorriu levemente — Eu estarei indo para a Austrália.
— Onde...? — ela acabou prendendo o ar na luta para não demonstrar seus sentimentos.
— Minha mãe deu a ideia. Não foi boa no início dado a forma em como ela me deu as passagens... — suspirou — Mas deixando isso de lado, meu pai está lá. Resolveu ficar na casa de férias da família por alguns meses e me ligou durante o jantar pedindo para que eu fosse visitá-lo. Faz muito tempo que eu não o vejo e da última vez não nos despedidos em bons termos... Você deve estar imaginado como minha família é complicada, não é? — riu baixo.
— Não, quer dizer, um pouco, sim... — forçou um semblante animado — Mas vai poder se resolver com seu pai. Isso é bom, certo?
— Sim... — arqueou a sobrancelha fitando a cantora.
Yuri sorriu, porém por detrás daquele sorriso escondia a enorme vontade de implorar para que ele ficasse ao seu lado e não partisse. Ela frisou os lábios tentando ao máximo não demonstrar seus verdadeiros sentimentos. Havia se declarado e ele a correspondeu, então por que iria abandona-la outra vez?
— Hey, hey... — tocou os ombros dela — Eu não vou embora, serão apenas alguns dias. — sorriu — Eu prometi ao Jinwoo que não o deixaria sozinho de novo. Eu nunca quebraria a minha promessa, por isso ficaremos na casa da minha mãe até o final do mês e voltarei pra cá quando eu estiver de volta na Coréia. — acariciou os cabelos dela — Eu não vou te deixar, acabei de confirmar que te amo, por que eu faria isso?
Ela mordeu o lábio ao ouvir as palavras dele.
— Vou sentir a sua falta... — abaixou a cabeça envergonhada.
Johnny pôde jurar que seu coração iria pular pela boca aquele instante. Logo ele se aproximou e selou a bochecha da cantora levemente. Assim que teve a atenção dela novamente, com carinho distribuiu pequenos beijos por todo o seu rosto.
— Minha Yuri é tão fofa. — alargou um sorriso — Também vou sentir sua falta. — ergueu dois dedos — Ainda temos duas semanas, vai ficar tudo bem, então vamos aproveitar nosso tempo juntos enquanto podemos, ok?
Ela concordou.
— Mas temos que ser cautelosos... — murmurou ainda corada pelas palavras dele — Minha manager vai nos matar caso descubra que estamos na... Ah...! — se impediu de finalizar.
— Quê?
A face dela era uma mistura de vergonha com confusão.
— Que estamos o quê, namorando? — Johnny riu — Era isso que ia dizer?
Provocar Yuri era tão divertido que o jovem personal trainer se pegou ponderando que este provavelmente viraria seu novo hobby.
— Então estamos namorando agora? — ele prosseguiu — Vamos Yuri, se você não me disser o que quer não vai ter como eu saber. — cruzou os braços.
— Você está adorando brincar com isso, não é? — cutucou com força as costelas dele.
— Ah! — ele riu cobrindo seu abdômen com as mãos — Era brincadeira, não precisa ficar tão brava. — mostrou a língua.
— Hunf...
— Então... Você quer namorar comigo? — simplesmente questionou.
Ela o mediu em busca da certeza de que agora falava sério.
— Pare de brincadeiras. — se emburrou.
Com um sorriso malicioso, Johnny a prendeu contra a parede entre seus braços. A falta de distância a deixava embaraçada, entretanto a expressão sedutora dele a mantinha presa naquele olhar secretamente desejando que ele continuasse o que quer que ele estivesse planejando fazer.
— Eu perguntei se quer namorar comigo. — tocou o queixo dela — Vamos, sim ou não?
Sua mente a pedia para fugir enquanto seu coração só queria que ela o beijasse agora. Com certa, porém não demasiada lentidão, Yuri inclinou sua cabeça e o presenteou com um selinho longo.
— Sim... Eu quero. — corou levemente.
Johnny não estaria mais feliz como agora e se pudesse a levaria para conversarem melhor dentro de seu apartamento, no entanto estava tarde, ela se via cansada e ele ainda precisava voltar para a casa de sua mãe.
Yuri o ajudou por escolha própria a organizar a mala das roupas que faltavam e o acompanhou até o elevador. Ela nunca pensou que detestaria se despedir mesmo que fosse só para que pudessem ir dormir. Queria passar mais tempo com ele, compensar as horas em que o evitou e os anos em que permaneceu cultivando seu amor acreditando ser ódio.
— Vou te ligar mais tarde, é melhor me atender dessa vez. — fez uma careta — Me magoou ser ignorado daquele jeito, sabia?
— Me desculpe... — ela sorriu — Prometo atender e responder todas as mensagens a partir de agora.
— Hm... — ele fez um biquinho.
— O que foi?
— Beijo de despedida. — permaneceu com o bico — Eu quero um.
Ela riu ao aproximar sua face da dele e o conceder um selinho.
— Só isso? — se entristeceu.
— Se quiser mais trate de vir buscar amanhã. — ela riu — Estarei te esperando.
— Ah, acho que me apaixonei tudo de novo agora.
— Pare com isso e vai logo está tarde...!
Se despediram entre risos e de corações aquecidos. Por muito tempo ambos viveram presos a arrependimentos do passado e rejeições da vida. Se sentiram excluídos e abandonados durante um longo período. Contudo, se os perguntassem agora, definitivamente diriam que não mudariam nada do que lhes aconteceu.
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