Mentir ou Omitir?
Estreitou os olhos analisando a antiga colega de escola a sua frente.
— Como sabe no que eu trabalho?
— S-sua mãe comentou em uma entrevista, mas isso não é importante agora...!
Johnny jurou vê-la se envergonhar ali, mesmo que por mínimos instantes.
— Antes de tudo, quero saber o que exatamente você quis dizer em: "fazer tudo o que eu pedir".
— Encurtando, você vai ser meu motorista, mordomo, personal trainer, etc, etc, etc... — gesticulou com um sorriso.
— Vou ser teu escravo é? — uma careta.
— Não posso contratar serviços de fora por causa da empresa, eles acreditam que vão espalhar rumores ou roubar minhas coisas... — revirou os olhos — Minha manager é um pouco exagerada.
— Sei não, pelo que andei lendo por aí, se forem seus fãs disfarçados, vão fazer isso mesmo... Não, tá espera, espera, calma aí — uma careta tentando se focar no que realmente era importante naquele instante —, e por que está me ameaçando? Não vejo sentido ainda.
— Primeiramente facilitaria muito a minha vida e você também não poderia falar nada ou fazer algo preocupante senão a imagem da sua família despencaria. Além de que com o hiato eu também vou ficar entediada... E obviamente, você merece ser punido pelo que me fez passar.
— O que foi que eu fiz agora?
Após tanto os amigos apontarem suas artimanhas, Johnny de ora em diante preferia perguntar antes de se defender. Contudo, pela resposta dele, Yuri o lançou uma face indignada ficando vermelha de raiva.
— E nem se lembra! — mordeu o lábio tentando controlar o tom de voz — Seu sem coração...!
— Não sério, segura aí. — levou as mãos a cintura tentando pensar ou lembrar de alguma coisa — Nada... Não me vem nada a cabeça. Acho que está equivocada, melhor se acalmar pra não tomar decisões ruins — ergueu as sobrancelhas fechando os olhos brevemente enquanto a cabeça sinalizava positivamente.
— Esquece... Com o tempo, você vai se lembrar. — ainda o encarava incomodada.
— Afe... ㅡ a mediu dos pés à cabeça ㅡ Mas tá, tá legal, você vai me obrigar a fazer tudo aquilo recebendo seu silêncio e só?
ㅡ Foi o que eu disse, não...? — ela realmente parou para ter certeza com um olhar um tanto perdido.
ㅡ Tenho uma criança pra alimentar agora, seja mais empática. — estava desacreditado — Vai fazer isso como uma criança Rebecca? Ai que horror. — negava com a cabeça em forma de drama.
— Tudo bem, vou pagar seus serviços como personal trainer. Que tal?
— Estou desempregado, vai me fazer de escravo e ainda me pagar a preço de bala? — revoltado, abriu bem os olhos estando boquiaberto — Eu vou ter um chilique, não dá... Se é assim, melhor expor o segredo que pelo menos procuro um emprego e a criança não passa necessidade... — murmurou seu blefe analisando despercebidamente a reação da garota.
— Não, espera! — segurou o braço dele por impulso rapidamente o soltando embaraçada — Eu vou te pagar pelas horas que trabalhar, okay?
Por algum motivo, que Johnny não sabia qual, Yuri não aparentava verdadeiramente querer o ameaçar com más intenções; pelo menos não tão sérias. Quem sabe ela não queria apenas chamar sua atenção? Entretanto o que seria então essa história de vingança? Com um risinho de lado, o mais alto rapidamente alcançou a destra dela gentilmente em um aperto de mãos.
— Você que falou, não tem mais volta. Minha mãe colocou olhos por toda a casa, você foi pega em câmera agora vai ter que cumprir, já era. — uma mentira apenas para provocar a garota.
ㅡ Mas quem faz isso?! —preocupada, Yuri encarou os cantos em busca dos aparelhos um tanto encolhida.
Johnny, por sua vez, riu com aquilo; a pequena cabeça de vento do primeiro ano ainda estava ali, intacta. Por alguma razão ele não conseguiu ficar irritado com a situação em que ela havia o colocado, muito menos pressionado. Provavelmente de início ele tenha se sentido ameaçado, porém fora só até conseguir controlar a conversa a seu favor. Rebecca ainda era ingênua. Johnny estava quase sem dinheiro e pedir emprestado a mãe lhe custaria o apartamento, talvez aquilo fosse exatamente o que precisava enquanto aguardava mais notícias do pai de Jaehyun sobre a oferta no resort. O único problema, e para dificultar, era a cantora ter descoberto o segredo de sua família. Ela não aparentava saber de tudo, o que tornava a situação menos grave; ao menos um ponto positivo para o lado dos Seo.
— Mas você tem que me prometer, prometer mesmo, que não vai contar a ninguém sobre o nosso acordo e o segredo. Ninguém, compreende?
Enfatizou suas palavras com um olhar sério e penetrante que fez a garota se perder nos lumes negros e brilhantes e estremecer com o pouco que retribuiu àquela troca de olhares.
— Não quero magoar ninguém, essa não é a minha intenção... — fora interrompida.
— Posso não me lembrar do que fiz pra você, mas, pouco me importa o que acontece comigo, então se quiser que eu pague tudo bem. Só que isso não é somente sobre mim e minha família, é sobre ele também. — apontou brevemente a Jinwoo animado no sofá — E eu juro que se magoarem ele, eu mato todo mundo.
Mesmo que um meio sorriso estivesse bem evidente nos lábios de Johnny, era perceptível em seu tom de voz que estava falando extremamente sério.
— Eu prometo...
Por um minuto Yuri se arrependeu de ter começado tudo aquilo, entretanto agora não teria volta e mesmo que tivesse não poderia perder tal oportunidade que lhe aparecera assim de mão beijada. Destino? Ela adoraria que fosse, e somente para fazer Johnny sentir na pele o que ele uma vez a causou. Se teria sucesso nesta missão já seria outra história. E ao ver como o antigo colega se mostrou protetor com o irmão mais novo, Yuri, ao mesmo tempo que se sentiu mal, ficara impressionada e de coração aquecido.
— Tudo bem, então... Começamos amanhã? Porque eu ainda tenho que fazer o jantar do meu irmão e pôr ele na cama antes das nove. Ou seja, estou atrasado. — batucou os dedos na bancada de silestone de sua cozinha.
— Certo... — estendeu a mão — Me passa seu número, vou te enviar os horários dos nossos encontros mais tarde e também vou poder te chamar mais rápido assim quando precisar de alguma coisa.
Fitou brevemente a mão da cantora não parecendo muito confortável com a ideia de deixar seu celular nas mãos de quem acabara de o ameaçar e o prendeu em um trato como empregado particular.
— Ah é, o celular de uma celebridade é intocável, né? — riu entregando o seu celular já desbloqueado, contudo se manteve atento para que ela não visse nada mais que sua página de contatos.
— Pronto... Aqui. — devolveu o aparelho — Me manda uma mensagem.
Em pouco os dois já haviam trocados números e combinado valores, assim como horários que não atrapalhassem a ida e volta de Jinwoo para a escola. Johnny até cogitou em convidar a cantora para jantarem juntos, entretanto ela fora abordada com uma ligação de sua manager. Precisava voltar, a mulher estava para visitá-la e descobrir que Yuri se encontrava na casa de um vizinho daria uma parada cardíaca na mais velha. Se despediram como deu, de forma um tanto desajeitada, porém sem ressentimento por parte de Johnny e seguiram o final o dia como bem entenderam.
Jinwoo se via mais à vontade com o irmão. Nesses poucos dias juntos antes de Yuri, o menor reclamou algumas vezes por saudades da mãe e de casa; e mesmo que os comentários não fossem mais tão frequentes, ainda incomodavam o coração mole de Johnny que agora também havia de se preocupar com as vontades de Rebecca. Se perguntou como seu pequeno segredo se tornou aquela bola de neve em meros quatro dias. Talvez a mãe estivesse certa, ele não estava preparado para isso. Todas essas frustrações pairavam na mente do atlético jovem adulto enquanto ele retornava após deixar Jinwoo na escola. Porém, para seu alívio, Yuta não se encontrava lá cedo pelas manhãs, trabalhava apenas meio período por ter decidido completar seu curso de engenharia para ajudar a família a expandir os negócios; sua relação com o pai ainda era estranha, contudo, tentavam como podiam.
Antes mesmo de poder estacionar o carro direito na garagem, Johnny recebeu um toque de Yuri. Sim, seu primeiro dia no emprego novo havia começado.
— Oi, precisa de alguma coisa?
— Você já chegou?
— Estou na garagem, por quê?
— Não saia do carro, estou indo.
— Espera, mas por quê? — ela desligou antes de responder — Jang Yuri, o que você está aprontando agora...?
Em cinco minutos, possivelmente mais, a cantora mostrou-se já de frente a Range Rover de Johnny logo entrando no carro calmamente com seu agasalho esportivo de marca. O rabo de cavalo cintilava com as luzes loiras nas pontas dos belos fios negros.
— Claro, entre no meu carro e fique à vontade. — fora irônico enquanto a canhota repousava no volante.
— Estou com fome, vamos tomar café da manhã.
— Não era mais fácil você me pedir pra trazer pra você? Assim só relembrando, você é uma celebridade... Está sem seguranças... Sou grande, mas não sou dois... — afinou um pouco a voz para manter o sarcasmo vivo.
— Quero ver um pouco de cor, pelo amor... Posso ficar no carro que não vai ter problema. Vamos, vamos.
— Ai senhor, no que eu fui me meter...? — deu partida e o carro já estava se locomovendo novamente — O que quer comer?
— Quero um flat white e um sanduíche de bagel com salmão. — prendeu a atenção em seu celular.
— Isso vai sair do seu bolso né? Porque eu tô liso.
— Estou com o meu cartão de crédito. Você pode comprar alguma coisa pra você também...
— Vai confiar seu cartão na mão de um estranho?
— Você não é um estranho, é o Johnny...
Estava bastante desfocada respondendo quase que em modo automático enquanto teclava em seu iphone. Tomando a oportunidade, ele começou:
— Ah, então posso comprar o que eu quiser...?
— Sim, claro...
Ainda não percebera o que o outro estava fazendo. Já rindo, ele prosseguiu:
— Você viu como o apartamento do Johnny é bonito?
Não lançava um olhar sequer a cantora para não estragar a brincadeira.
— Sim, sim, ele é incrível...
— Ele também é bonitão, né? Um homem desses é pra casar...
— Sim, com certeza... — após responder, Rebecca rapidamente levantou a cabeça e o encarou confusa — Não, espera...!
— Aaaaah, então você me acha bonitão, é?! — ficou boquiaberto por alguns segundos logo não conseguindo conter o riso — Ah, que bom saber que me acha um bom partido também!
Yuri estava uma mistura de vergonha com timidez e nervosismo. Suas mãos se balançavam dentro do carro tento chamar atenção para si e se explicar, transformando tudo aquilo em uma gritaria entre os dois.
— Não, eu estava distraída! Você manipulou minhas respostas!
— Eu não, perguntei de boa você que respondeu. — ainda ria divertido já estacionando o carro — É isso que ganha por ficar desatenta. Foi seu cérebro que respondeu, o cérebro não mente.
A padaria que Johnny costumava frequentar era próxima ao edifício em que moravam, o que facilitava muito. Soltando o cinto, ele agora fitava Yuri ainda com um sorriso.
— É só aquilo que vai querer?
Ao vê-la concordar, ele continuou:
— Preciso da senha do seu cartão.
Com um olhar curioso contornando os cantos do carro, Yuri se aproximou de Johnny o chamando misteriosamente com a mão.
— O que, o que foi?
Se aproximou para então ouvi-la cochichar a senha.
— Ai meu Deus... Você acreditou mesmo na história das câmeras me monitorando? — começou a rir e por impulso repousou sua destra na cabeça da cantora em forma de carinho — Ai, ai, pequena Jang, você é fofa mesmo. — abriu a porta e saiu do carro.
Rebecca por outro lado, se encolheu após o toque de Johnny e o observou caminhar até a padaria enquanto o coração quase pulava pela boca. Apertou os dedos contra a barra de seu agasalho azul marinho e tentou se acalmar.
— Não, não... Você decidiu se vingar, pare com isso...! — falava consigo mesma.
Deixando Rebecca com os próprios pensamentos, Johnny adentrou o estabelecimento e se direcionou primeiramente aos sanduíches. Mesmo que já tivesse feito a primeira refeição do dia com o irmão, não faria mal mais um copo de café. Estava quase terminando sua primeira tarefa como empregado pessoal aguardando seu pedido na fila quando um toque pesado, porém familiar, caiu sobre seu ombro.
— Ei, se não é o Johnny Boy! — alargou o sorriso.
— Ten...? — sorriu um pouco nervoso — O que está fazendo aqui?
— A mesma coisa que você, obviamente. — uma careta seguida por um riso — Tomar um copo de café antes do trabalho é essencial na minha vida.
— Então arranjou um emprego fixo?
— Sim, cansei dos bicos... — sentiu um arrepio ficando enojado.
Johnny mordeu o lábio.
— É... Ninguém merece ir trabalhar e encontrar uma tia pelada do nada, né? — e os risos se soltaram.
— Não acredito! Foi o Jaehyun que te contou, não foi?! Fofoqueiro de uma figa!
— Claro que ele me contou, você estragou minha chance de trabalhar também.
— Ah, mas foi um desrespeito, melhor pra você nem ter ido. Que isso, fui lá pra trabalhar, que tipo de fantasia sexual aquela mulher tem? Sexo com o massagista mais novo? Por favor, né?
— Parece sinopse de filme pornô... — entre o murmúrio, Johnny estava tendo uma crise de risos.
— Cala a boca, estamos num lugar público... — uma careta maliciosa entre risinhos debochados — Só me senti ameaçado porque foi do nada.
O pedido de Johnny fora entregue em uma sacola de papel e um suporte descartável de papelão com os copos de café presos a ele. Passou o cartão de Yuri calmamente e agradeceu o atendente com um sorriso logo voltando-se a Chittaphon.
— E então você saiu correndo?
Se colocaram a caminhar para a saída despreocupadamente.
— Claro, e se ela me atacasse? Fugi mesmo, não quero ser estuprado. — levou o canudo de seu macchiato ao lábios.
— Mas o quê...?! Escute o que está dizendo rapaz, te oriente.
— É sério! — Ten empurrou a porta de vidro do local dando passagem ao mais alto.
— Meu Deus... — desceu os degraus passando na frente do mais baixo.
— Ei, Johnny?
De repente sua voz ficara séria enquanto uma careta confusa era expressada na face do massagista.
— O quê? — virou a cabeça para fitar o amigo.
— Por que tem uma celebridade dentro do seu carro?
Realmente, Johnny não estava preparado para lidar com todos aqueles segredos.
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