Mal-Entendido - Parte I
Uma semana e Johnny já se sentia culpado por estar trocando mensagens com sua ex-namorada após a discussão que teve com Yuri. A cantora se encontrava se afastando mais e mais e ele sabia que era devido ao mal-entendido do ensino médio, o mesmo que lhe faltava coragem de trazer à tona novamente e terminar de vez com o que sobrou de sua amizade com a garota. Johnny gostaria de ter o poder para resolver tudo com um estalar de dedos, sua relação com Rebecca, seu passado, seus pais, sua ausência na vida de Jinwoo. Havia também a problemática com Jaehyun, no entanto este último citado ainda não havia voltado da viagem de negócios com o pai.
Felizmente Jinwoo se encontrava saudável e, se prendendo a isso, Johnny decidiu seguir a alimentação que a mãe impôs; o medo de que algo viesse a acontecer novamente com o irmão ainda o amedrontava.
ㅡ Estive muito ocupado, sinto muito ter cancelado das últimas vezes e só poder almoçar com você hoje. ㅡ disse Winwin.
ㅡ Tudo bem, até que foi bom, porque mais coisas aconteceram...
Com o queixo apoiado em sua destra enquanto debruçado naquela mesa no interior da lanchonete em que estava com Winwin, Johnny aguardava seus pedidos serem entregues ao mesmo tempo em que tomou aquele período para contar a sua história para o amigo chinês, dessa vez sem omitir nem mentir sobre coisa alguma.
ㅡ Nossa, espera eu me perdi... ㅡ Sicheng se encontrava com uma careta bastante confusa ㅡ Calma aí... ㅡ coçou a testa ㅡ Meu Deus, você escondeu tudo isso por todos esses anos e ainda não morreu do coração?
ㅡ Acredite, eu também me impressiono com isso às vezes.
ㅡ O que me impressiona mais na verdade é você ter conseguido esconder isso do Ten e do Jaehyun.
ㅡ Não queria, mas levando em conta o que acabei de te contar, se minha mãe ficar sabendo do que estou fazendo aqui e agora, ela me tira de campo na hora.
ㅡ E eles ainda não conseguem ficar com a língua dentro da boca...
Logo a garçonete se aproximou e entregou dois pratos repletos de chips e molho barbecue, dois hambúrgueres gourmet de picanha e dois copos de coca-cola de 700ml.
ㅡ Obrigado.
Winwin lançou um sorriso a mulher brevemente e voltou-se ao amigo mais velho.
ㅡ Olha Johnny, eu quero ficar bravo com você, quero mesmo. Na verdade, eu até estou, mas eu não posso te julgar. ㅡ levou um chip à boca ㅡ Entendo o seu lado.
ㅡ Não tinha o que fazer, estava encurralado, aliás estou correndo um grande risco aqui, viu?
ㅡ Só que... Eu também acho que a sua mãe está escondendo alguma coisa.
ㅡ Por quê? ㅡ estava surpreso.
Os dois degustavam de seus chips com o molho hora ou outra umedecendo suas gargantas com a bebida gaseificada.
ㅡ É um pouco estranho... Não sei, a forma como ela controla a sua vida não me parece ser só por causa da imagem dela e da sua família.
ㅡ Como assim?
ㅡ Acho que ela está usando desculpas pra não te contar a verdade.
ㅡ Mas isso só me faria odiá-la mais...
Assim que comentou, rapidamente Johnny se lembrou da ligação de sua mãe durante a madrugada em que Taeyong dormiu em seu apartamento. Com a expressão perdida e um tanto atordoado e distante, Johnny congelou ao se perder em pensamentos. Logo, Sicheng, estando preocupado, tossiu brevemente.
ㅡ Mas então...
ㅡ Ahm? ㅡ Johnny ergueu seu olhar para cruza-lo com o do amigo.
ㅡ O que vai fazer a respeito da Rebecca?
ㅡ Ah... Ela ainda me liga e me chama pra ir na casa dela como de costume. Bom, é claro, ela está me pagando, então eu faço a minha parte e ela a dela. Mas mesmo assim, algo está diferente...
ㅡ Óbvio, ela disse que você a enganou. ㅡ Winwin finalmente deu atenção ao seu hambúrguer.
ㅡ Eu não fiz isso. ㅡ Johnny expressou um bico desapontado ㅡ Tenho certeza de que ela está equivocada.
ㅡ Como alguém se confundiria levando em conta o que ela te disse que aconteceu? Ela estava tão bêbada assim? ㅡ comentou assim que engoliu ㅡ Ela parece ter muita certeza de que foi você pra ser este o caso.
ㅡ Eu sei que é estranho, mas você não acha que eu também lembraria se tivesse feito algo tão baixo assim?
ㅡ É, eu não sei... Você não parece ser esse tipo de pessoa também... Mas assim Johnny, eu não te conhecia naquela época.
ㅡ Uau, muito obrigado Winwin.
ㅡ Desculpa cara, mas é que tem algo faltando nessa história. Ela contou o lado dela, mas o seu é um enorme borrão.
ㅡ O que quer dizer com isso?
ㅡ Você só diz que nunca beijou nem fez nada daquilo com ela. Então, mesmo se for um mal-entendido, alguma coisa você fez pra ela ter tanta certeza assim de que foi você.
ㅡ Eu realmente não faço ideia de como isso foi acontecer.
Os dois se silenciaram brevemente enquanto se empanturravam com aquele almoço calórico.
ㅡ Você costumava ir para festas e ficar bêbado?
ㅡ Bem, sim. Eu era um adolescente, não era muito responsável, mas nunca causei ou tive problemas com isso.
ㅡ Alguma vez se esbarrou com a Rebecca em alguma dessas festas?
ㅡ Basicamente todas depois que ela foi estudar em Chicago. Teve até uma vez ㅡ ele sorriu enquanto ria baixo ㅡ que ela estava usando o mesmo vestido que a Sea. ㅡ ele negou com a cabeça levando seus dois últimos chips aos lábios ㅡ Coincidência engraçada.
Sicheng então o encarou apertando a vista.
ㅡ O que foi?
ㅡ Pronto, aí está o seu mal-entendido.
ㅡ Não entendi. ㅡ Johnny acabou comentando de boca cheia.
ㅡ Meus parabéns, você roubou o primeiro beijo de uma menina por confundi-la com a sua, agora, ex-namorada. ㅡ suspirou indignado.
ㅡ Não, não, não, eu não fiz isso. ㅡ começou a rir ㅡ Quer dizer, sim eu beijei a Sea naquela festa e, mesmo estando um pouco alto, me lembro de ter me declarado pra ela aquele dia também, mas é impossível que eu tenha confundido. Não, isso é loucura.
ㅡ Tem certeza, Johnny?
Logo seu riso fora cessando ao notar as expressões do amigo à frente.
ㅡ Meu Deus... ㅡ levou a mão para a testa ㅡ MEU DEUS!
ㅡ É por isso que álcool me assusta... ㅡ negou com a cabeça.
ㅡ WINWIN QUE MERDA QUE EU FIZ!
ㅡ Não adianta gritar agora, a merda já tá feita faz anos.
ㅡ Eu sou a pior pessoa da face da Terra...! ㅡ cobriu o rosto apoiando seus cotovelos sobre a mesa.
ㅡ Sim, você errou rude, mas não diria que foi algo tão extraordinário assim. ㅡ levou o canudo de encontro com sua boca ㅡ Deus perdoa se você estiver arrependido.
ㅡ Ela já ficou muito brava achando que eu fiz de propósito, e quando eu disser que foi porque confundi as duas...?!
ㅡ É melhor esconder todos os objetos afiados e pontiagudos do lugar quando for fazer isso.
ㅡ Como que se pede desculpas por uma coisa dessas?! ㅡ fitou Winwin desesperado.
ㅡ Depende do que você disse nessa "declaração" que fez. ㅡ deu de ombros.
ㅡ Eu disse... Que ela era o amor da minha vida e que a amaria pra sempre...
ㅡ Cacete Johnny, por que foi falar logo isso? ㅡ Sicheng franziu o cenho perplexo.
ㅡ Céus, ela deve achar que eu sou um cafajeste mesmo!
ㅡ Ave, se apaixona uma vez e já sai fazendo juras de amor a torto e a direito pra pessoa. Depois reclama quando dá errado.
ㅡ Eu era apenas um adolescente Winwin, desculpe se eu estava apaixonado, bêbado e com os meus hormônios aflorados. ㅡ um bico emburrado.
ㅡ Não faça promessas que não tem certeza de que pode cumprir. Aish...
ㅡ O que eu faço agora?
ㅡ Você sabe que quanto mais demorar, pior vai ficar, né?
ㅡ Já piorou.
ㅡ Mas o que mais foi que você fez?!
ㅡ Eu não, foi ela dessa vez. ㅡ Johnny balançou as mãos ㅡ Eu acho que ela está gostando de mim.
ㅡ Pfff... ㅡ Sicheng não conseguiu evitar de rir ㅡ Depois de tudo isso que você fez? Ah tá bom, claro que sim, ela te ama.
ㅡ Não ri, é sério! Ela me beijou pensando que eu estava dormindo.
Winwin o fitou sem expressão e então respirou fundo pronto para terminar de comer seu hambúrguer.
ㅡ Você tá muito ferrado.
ㅡ Era pra você estar me ajudando.
ㅡ Amigo, a sua vaca já foi pro brejo. ㅡ deu uma enorme mordida ㅡ Não tem solução indolor mais não.
ㅡ Acho que pior do que isso não tem co...
Fora interrompido por um Sicheng desesperado e de boca cheia.
ㅡ Não termine essa frase! É má sorte garantida! ㅡ arregalou os olhos.
ㅡ Credo, que susto cara!
ㅡ Sua vida já tá de ponta cabeça, quer mais o quê, que ela exploda? Aish, sério... ㅡ voltou a mastigar.
ㅡ Ah... ㅡ liberou um longo suspiro ㅡ Eu devo ter matado alguém na minha vida passada, tô sentindo. Estou pagando meu pecado.
ㅡ Começou...
Se silenciaram para então terminarem de comer antes que esfriasse. Ambos pensativos enquanto pessoas entravam e saíam daquela lanchonete até que a garçonete veio para limpar a mesa e entregar a conta para Johnny. Antes de se levantarem, Winwin encarou o outro pronto para lhe dizer mais uma coisa.
ㅡ Certo, agora me responda, você gosta da Rebecca?
ㅡ Nossa, tão de repente assim?
ㅡ Sim, tão de repente assim.
ㅡ Ok... ㅡ levantou as mãos em rendição ㅡ Mas em qual sentido?
ㅡ Você a vê como uma amiga ou como mulher?
ㅡ Hm... ㅡ Johnny apertou a nuca brevemente ㅡ Eu não sei... Talvez um pouco dos dois?
ㅡ Assim não tem como eu te ajudar homem... ㅡ já estava impaciente ㅡ Saiba que te odeio por estar me obrigando a fazer isso, me ouviu?
ㅡ Te obrigando a fazer o quê? Não fiz nada.
ㅡ Minha última pergunta, você gostou quando ela te beijou?
ㅡ Quê?!
Johnny não conseguiu segurar o riso desesperado e embaraçado.
ㅡ Vai logo, sim ou não? Responde. ㅡ cruzou os braços.
Mesmo que fosse a primeira vez que Sicheng estivesse presenciando a cena de ver Johnny envergonhado, ele odiava falar sobre tais assuntos.
ㅡ Não foi ruim... É, isso, não foi ruim.
ㅡ Então você gostou?
ㅡ Acho que... Pode-se dizer que sim?
ㅡ Ótimo, pense bem a respeito dessas respostas que me deu e vai saber como se desculpar com ela. ㅡ se levantou e pegou a conta.
ㅡ Ei, ei, espera...! ㅡ segurou Sicheng pelo braço ㅡ Eu pensei que ia ficar por minha conta hoje.
ㅡ Você aguentou muita coisa sozinho, deixa eu me sentir melhor pagando sua comida pelo menos? ㅡ uma careta irritadiça ㅡ Tsc...
Realmente Johnny se sentiu mais leve por revelar a verdade para Winwin. No entanto havia algo que o garoto tinha lhe dito que nunca parou para pensar antes. Sua mãe era realmente sincera consigo? Enquanto dirigia de volta para o edifício em que morava, sua mente se via fixa no que realmente poderia estar acontecendo na vida da mulher e o que tanto ela como seu pai preferiram manter em segredo dele, se é que tinha de fato algo encoberto.
Subindo enquanto fitava os números mudarem lentamente, Johnny fora pego desprevenido quando o elevador se abriu antes de seu andar. Para sua surpresa se deparou com a mulher que encontrara dias atrás naquele mesmo cubículo. Ainda mantinha sua aura esnobe de nariz empinado e óculos escuros. Para sua agonia maior, Yuri estava ao lado da mulher. Com sinais desesperados, a cantora pediu para que Johnny ficasse quieto.
ㅡ Já estou indo, se cuide e se comporte por favor.
A mulher comentou assim que se pôs ao lado de Johnny para tomar o elevador.
ㅡ Obrigada pela visita, volte com segurança senhorita Kim. ㅡ Yuri se curvou respeitosamente.
As portas se fecharam e novamente Johnny estava a sós com aquela mulher de sobrenome Kim. Preferiu não comentar nada, porém, e como da última vez, fora ela quem se pronunciou primeiro.
ㅡ Nos encontramos outra vez.
ㅡ Sim... Olá... ㅡ um meio sorriso.
ㅡ Creio eu que agora já sabe porque te fiz todas àquelas perguntas, certo?
Johnny levou alguns segundos para raciocinar.
ㅡ Está falando da cantora, Rebecca?
ㅡ Agora que já sabe, posso ter novamente a sua garantia de que não teremos problemas no futuro, certo? ㅡ o encarou pelas lentes negras do óculos.
Ela era um pouco intimidadora, Johnny negaria, mas se sentiu encurralado.
ㅡ Sim, quer dizer, não teremos problema algum senhorita.
ㅡ Ótimo.
As portas se abriram e Johnny se viu livre. Mal percebeu, porém havia segurado o ar por alguns segundos enquanto estava ao lado da mulher. Se despediu com uma breve reverência de cabeça e fugiu dali buscando não parecer amedrontado ou culpado de coisa alguma.
Yuri
Johnny? (14:23) >
Está tudo bem? (14:23) >
Pendurou a chave de sua Range Rover com as outras no quadro ao lado da porta principal e após descalçar seus tênis, Johnny quase se jogou ao sentar-se no sofá.
Johnny
< (14:24) Não se preocupe, da minha boca não saiu nada
Yuri
Se tivesse saído, ela estava nos matando agora (14:24) >
Johnny
< (14:25) Sua manager é tão assustadora assim?
Recebendo ligação de Yuri . . .
ㅡ Ela te perguntou alguma coisa?
ㅡ Na verdade não. Acho que ela não suspeita de nada também. Pareceu mais que estava preocupada porque pensou que eu poderia ser um desses seus fãs meio pancada.
ㅡ Ah, eu até diria que isso é bom, mas ela vai ficar na sua cola agora...
ㅡ Não se preocupe, estamos sendo bastante discretos.
ㅡ Johnny.
ㅡ Hm?
E então ela ficou em silêncio de repente.
ㅡ Yuri...?
Nenhuma resposta.
ㅡ Alô?
ㅡ Não é nada, deixa pra lá. Bom, era só isso.
ㅡ Espera, não desliga...!
ㅡ O que foi? Aconteceu alguma coisa?
ㅡ Não, é só que... Eu posso ir aí um pouco?
Mesmo que o assunto sobre sua mãe fosse o que mais o incomodava, Johnny precisava tirar a prova do motivo para se sentir tão bem na presença da cantora. Talvez Sicheng tivesse aberto um pouco mais seus olhos e tudo o que precisava agora era analisar de outro ângulo.
ㅡ Tudo bem...
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