Até nos vermos outra Vez
Mesmo com a experiência em palcos, encontros com fãs, cantar em programas de música e gravar videoclipes, Yuri se encontrava uma pilha de nervos enquanto Johnny a levava para a casa da senhora Seo. Tentava disfarçar como podia, no entanto os pés batucando embaixo do assento do carro expôs o nervosismo da cantora ao namorado. Com um riso baixo, Johnny brevemente tocou a canhota de Yuri. Ela o encarou pelo ato repentino e assim que o viu sorrindo algo dentro de si relaxou levemente.
— Não pense demais.
Assim que comentou, ele voltou a posicionar ambas as mãos no volante.
— A última vez em que nos vimos não foi numa situação tão boa... O que favorece o pensamento de que sua mãe deve me achar vulgar e imatura, — suspirou fechando os punhos em seu colo — principalmente pelo meu escândalo na boate.
Agora fora Johnny quem liberou um riso nervoso, porém estava muito mais relaxado que a namorada.
— Ela pode ser um pouco difícil de lidar e às vezes julga o livro pela capa, mas você vai estar comigo Yuri. Seria ótimo se ela gostasse de você? Com certeza, mas se ela não gostar não vai mudar o fato de que é com você que quero estar. Não quero que se sinta na obrigação de agradar ninguém, minha família tem a tendência de dar bola fora, então tenho certeza de que ela não vai exigir que você seja perfeita. — contornou a rua já diminuindo a velocidade do carro — Vamos, não fique tão tensa, seja você mesma que vai ficar tudo bem.
Um breve silêncio se fez, porém nada desconfortável e os saltos das botas de Yuri se aquietaram. Após atravessarem o grande portão, Johnny estacionou ao lado dos carros dos amigos.
ㅡ Por que tem um Azera estacionado aqui...? ㅡ Johnny fitou os outros carros ㅡ Será que minha mãe trouxe visita?
ㅡ O quê...?! ㅡ Yuri gelou.
Johnny estacionou no espaço vago atrás do Audi de Yuta enquanto a cantora ao seu lado tentava não surtar.
ㅡ Isso é um carro de luxo, meu Deus e se for o CEO da emissora, ou, ou...! ㅡ ela tomou fôlego ㅡ Como estou? ㅡ se virou ao namorado.
ㅡ Quê?
ㅡ Minhas roupas, estou apresentável ou desleixada?
Johnny começou a rir balançando a cabeça.
— Você está ótima, pare com isso. Meus amigos também estão lá, se acalme, vai ser divertido. — retirou o cinto — Vamos, tá comigo, tá com Deus... — de repente riu nervoso coçando a nuca.
Yuri não sentiu confiança nas palavras de Johnny, talvez ele tenha se lembrado de algo repentinamente. E realmente tinha. Mesmo de joelhos trêmulos, Rebecca caminhou de cabeça erguida junto de Johnny e ambos adentraram a luxuosa residência dos Seo. Foram atendidos por Jinyoung e logo se depararam com senhora Seo no corredor terminando de colocar seus brincos. Estava bastante elegante. Com um sorriso breve ela cumprimentou o filho.
— Enfim vocês chegaram. — comentou com Jinyoung sorridente ao lado.
Yuri cumprimentou ambas respeitosamente enquanto sorria.
— Não precisa ser tão formal, nós já nos conhecemos. — alcançou sua bolsa na mesa de vidro ao seu lado.
— Estamos em família hoje querida, não se preocupe. — Jinyoung sorriu — Ela parece má, mas não morde. — sussurrou fazendo uma careta.
— Estou bem atrás de você, e também não sou surda Jinyoung. — senhora Seo terminou de se organizar e voltou-se aos dois — Infelizmente terei que ir agora, recebi uma ligação do diretor, ele quer conversar sobre meu novo posto antes do início da transmissão.
— Nos vemos mais tarde então, só não vá ficar tempo demais nesse jantar. Vai ter um monte de homens bêbados, preste atenção e tome cuidado. — Johnny franziu o cenho.
— Está parecendo seu pai agora. — a mulher soprou um riso.
— Claro que pareço, sou filho dos dois.
Mesmo que a frase fosse simples, a mulher sentiu o coração se preencher e abraçou o Johnny.
— Mãe, você vai poder se despedir de mim amanhã no aeroporto, não precisa ficar melancólica agora... — riu constrangido fitando Yuri levemente que também parecia um tanto entristecida.
— Eu sei. — então recobrou a compostura — Só estou orgulhosa de você e do homem que está se tornando.
Ela sorriu acariciando a face do filho rapidamente e logo se pôs a partir antes que as lágrimas caíssem e a maquiagem se estragasse.
— Bem, estou atrasada. Se divirtam e não destruam a casa por favor. — calçou seus sapatos e seguiu caminho porta a fora.
Johnny acabou sorrindo de forma atrapalhada sem saber como reagir com a fala da mãe até sentir as pernas serem agarradas num abraço coletivo.
— Johnny oppa!
— Hyung!
Charlotte, Bogum e Jinwoo sorriam abertamente ao mais alto.
— Você demorou para chegar, pensamos que tinha se perdido! — Charlie riu.
— Eu falei que meu hyung era inteligente e não ia se perder, mas vocês não acreditaram em mim. — Jinwoo indagou.
— Eu acreditei em você! — Bogum pareceu indignado — Foi a Charlie que discordou. Essas meninas pensam demais.
— Deve ser por isso que eu sou melhor que vocês na escola. — Charlie mostrou a língua.
— Ei! — os dois exclamaram em coro.
— Ei, ei, não briguem acabei de chegar. — Johnny se abaixou para encarar os três — Quero um abraço de verdade, vamos venham aqui. — abriu os braços com um sorriso.
Assim que as crianças o abraçaram, Johnny os apertou com carinho.
— Ah! Assim vamos morrer! — Jinwoo ria com gosto.
Yuri não se contentou e sorriu largamente pela cena que presenciava. Logo Johnny libertou os três e os bagunçou os cabelos.
— Quem é essa noona? — Bogum sussurrou para Johnny.
Com um sorriso, o mais alto se reergueu.
— Essa é a Yuri.
— Eu sei quem você é. — Charlie sorriu — Ela é da televisão, canta e dança assim. — e a garotinha tentou imitar uma das coreografias de Rebecca.
— Isso mesmo, sou eu! — Yuri riu baixo.
— Noona você é muito bonita. — Bogum sorriu encabulado.
— Muito obrigada!
— Você casou com ela como eu falei? — Jinwoo questionou.
— O quê? — confusa, Yuri fitou o mais alto ao seu lado.
— Menino você ainda não entendeu o que isso significa, não é assim que funciona. — Johnny estava rindo um tanto frustrado por ter ficado tímido.
Jinyoung logo se aproximou novamente.
— Muito bem crianças, eu me lembrei de um jogo muito divertido, vocês querem jogar comigo?
— Sim! — os três ergueram seus punhos.
— Então vamos, lá. — Jinyoung brevemente direcionou sua atenção para Johnny — Os garotos estão na sala de jogos, já deixei algo para beliscarem lá dentro, se acabar na cozinha tem mais. — desta vez sorriu para Yuri — É um prazer conhecê-la.
Com um breve abaixar de cabeça, Jinyoung se despediu dos dois e seguiu com as crianças para o andar de cima. Enquanto caminhavam até a sala de jogos, Johnny murmurou.
— Viu, tudo acabou bem, sem visitas e sem dificuldade. Estamos bem.
Assim que Johnny adentrou a sala, todos os presentes vibraram com sorrisos vivos de onde estavam acomodados. Taeil, mais ao canto, até então estava ao telefone, porém assim que viu o amigo desconectou a chamada no instante que conseguiu. Fora uma festa de abraços e cumprimentos. Johnny apresentou sua namorada aos amigos que aparentaram abobalhados por ela ser uma celebridade famosa, com exceção de Winwin, Taeyong e Ten que, mesmo sem saber sobre o relacionamento dos dois, tinham certo conhecimento da ligação do personal trainer com a cantora.
— O que aconteceu com o "era Deus me protegendo desse mal" Johnny? — rindo, Jaehyun estapeou as costas dele levemente.
— Quando vem, vem, não posso fazer nada. — deu de ombros.
— Mas pra chamar de namorada logo de cara... — Katrina sorriu maliciosamente para Yuri — Você conquistou o grandão mesmo, hein?
Yuri quis responder, no entanto ficou embaraçada enquanto todos riam e Johnny os encarava com uma careta. Ten fora o primeiro a abordar Yuri com perguntas, queria conhecê-la melhor, para isso acabou formando um grupo com Gayeon e Katrina em volta dela.
— Não estão vendo que estão deixando a menina afobada? — Doyoung comentou ao passar pelos três no sofá com Yuri ao centro — A intenção é deixá-la confortável, sabia?
— Estava louco pra vir aqui antes e tá aí se fazendo de desinteressado agora. — Ten sorriu com deboche.
— Para de graça, eu nem tava. — e Doyoung se sentou junto deles — E então Yuri, disseram que você mora no mesmo prédio que o Johnny, é isso mesmo?
— Doyoung, sai daqui. — Ten começou a rir.
— Estou conversando, dá licença.
— Por que não trouxe sua noiva com você?
— Noiva...? Oh, quer dizer, felicidades ao casal...! — Yuri pareceu surpresa, porém genuinamente feliz.
Doyoung sorriu tentando não demonstrar seu desconforto com a situação lançando brevemente um olhar para Gayeon que nem cogitou o encarar após o comentário.
— Eu já disse o porquê de quase nunca estarmos juntos... Ela é enfermeira, é uma pessoa ocupada. Nossos horários nem sempre coincidem, ok? — estava frustrado — Não me obrigue a ficar repetindo isso toda hora pelo amor de Deus.
E assim pouco a pouco todos foram se confortando onde lhes era mais conveniente, Winwin e Taeyong no sofá debatendo sobre a possível stalker da mochila amarela, Yuta atazanando Jaehyun por ele ter se esquecido de contar que havia comprado um carro de luxo e Taeil fazendo companhia para Johnny na cozinha no intuito de reporem os salgadinhos e refrigerantes que já estavam acabando.
— O que pretende fazer nesses três meses na Austrália? — Taeil abriu a geladeira em busca das latas de Coca-Cola e Sprite.
— Conversar com meu pai, pensar... — despejou os salgadinhos dentro das travessas de vidro.
— Algo está te incomodando?
— Hm... Até então eu estava fazendo o que gosto, antes do Jinwoo chegar e todos esses problemas virem à tona, mas agora não tenho certeza de que esteja fazendo a coisa certa, ou de que pelo menos segui o melhor caminho.
— Está pensando em desistir da sua carreira?
Johnny apoiou as mãos na bancada em frente a ambos e suspirou.
— Meu pai não está rejuvenescendo, obviamente. Ele precisa de apoio, apoio de quem confia. Sendo sincero? Eu sempre soube que esse dia ia chegar. Minha mãe quis me criar para ser o sucessor desde o início, mas ele preferiu me deixar escolher e se virar com que viesse depois.
— Então realmente está cogitando seguir os passos do seu pai? — Taeil cruzou os braços e se recostou na bancada.
— Eu gosto de trabalhar no ramo que escolhi, me sinto bem e confortável.
— Mas?
— Mas acho que não estou feliz com isso. Era bom no início, mas agora estou confuso... Você escolheria o conhecido ou o desconhecido?
— Depende. É pra me basear em um ser mais fácil que o outro?
Johnny o encarou sem uma resposta para o entregar aquele instante.
— Ninguém gosta de coisas difíceis. Você quer ajudar seu pai, mas não quer abrir mão de toda a sua vida para isso. É completamente compreensível você se sentir assim. Mas você não pode se prender ao medo do desconhecido. O futuro é incerto, não temos como programar nossa vida inteira, desse jeito você vai acabar não fazendo nada e aí sim irá se arrepender. Mas veja, não estou dizendo que deva escolher o caminho mais difícil, estou pedindo para que seja justo com as escolhas que tem antes de decidir o que vai fazer.
— Quero ajudar ao mesmo tempo em que não quero ajudar. O quão egoísta vão me achar se souberem que penso assim?
— Ah, tanto faz o que os outros vão pensar. — Taeil abanou a mão brevemente em frente a sua face — A vida é sua ninguém tem que achar nada. — arqueou a sobrancelha — Uma boa vida é uma em que somos felizes, se colocar em primeiro lugar de vez em quando não é pecado. Escolha o que acredita ser o melhor pra você.
Uma ponta de coragem perfurou o coração de Johnny após aquela conversa com Taeil. Estava contente por ter conhecido cada um dos que estavam presentes ali.
A noite se estendeu com piadas, lembranças do colégio e nostalgia. Todos se viam se divertindo, até mesmo Yuri conseguiu se achar naquele meio. Gayeon e Jaehyun pareciam bem, estavam confortáveis um com o outro novamente, hora ou outra eram pegos abraçados ou compartilhando beijos rápidos. Com Yuta e Katrina não era muito diferente, no entanto o japonês preferia deixar as carícias para quando estivesse a sós com a namorada, plateia para ele era desconfortável. Já Doyoung e Ten incomumente brigavam como cão e gato e Doyoung não entendia porque havia virado o alvo de Chittaphon aquela noite, tudo o que sabia era que o massagista estava adorando provocá-lo.
Johnny conseguiu dar e receber atenção de todos, assim pôde se lembrar do motivo para sempre ter gostados de festas. A solidão não o atormentava quando estava envolto de seus amigos.
— Ok, eu tenho algo importante para dizer! — Ten ergueu os braços se levantando do sofá.
— Ele vai dizer o que estou pensando? — Taeyong pensou alto.
— Não sei porque, mas acho que estou pensando no mesmo que você. — Winwin comentou.
— Você não vai dizer que está saindo com a tia que te assediou da última vez, né? — Jaehyun pareceu enojado e assustado.
— Não! Credo, com todo o respeito, credo!
Chittaphon expressava uma careta indignada tão explícita que todos na sala caíram em gargalhadas.
— Ai, pensei que ninguém ia lembrar mais disso. — Doyoung balançou a cabeça tentando controlar os risos.
— Eu morro, mas me esquecer disso nunca. — Johnny acrescentou.
— Gente que história é essa? — Gayeon questionou tocando o braço de Jaehyun que parecia estar morrendo de tanto rir.
— Não é importante agora. — Ten chamou a atenção de todos novamente para si — Não fiquem espalhando essas coisas mentirosas.
— Agora é mentira? — Taeil apenas ria.
— Que mentira o que rapaz, é tudo verdade. Fugiu da tia pelada sim, ainda deve ter gritado igual menininha. — Doyoung concluiu.
Agora todos tinham uma crise de risos enquanto Ten atirava chips de batata em Doyoung.
— Mas agora calem a boca, quero falar algo importante! — por fim o massagista se endireitou.
— Então fala logo. — Taeyong estava sorrindo.
Voltaram a se silenciar enquanto encaravam Chittaphon.
— Estou namorando. — revelou.
Levaram alguns segundos encarando uns aos outros até Winwin comentar:
— Essa era a notícia importante?
— Sim, ela é importante pra mim, então é uma notícia importante. — e Ten voltou a se sentar.
— Pensei que ia dizer que ia embora do país. — Taeyong fez uma careta — Mas aí ele me vem com uma dessas.
— Que falta de consideração, parem de ser invejosos. — o massagista revirou os olhos.
E desta forma o assunto voltou a colorir a face de todos.
Logo cada um tomou seu tempo para se despedir de Johnny. Yuri estava feliz em ver aquele cenário, todos reunidos, amigos de verdade. Era bom saber que mesmo com todas as dificuldades, seu namorado teve em quem se apoiar para não desistir. Mesmo estando melancólica por ser sua última noite com Johnny, até um intervalo de três meses, Yuri não recusou o sorriso em seu rosto.
O tempo fora passando, a noite se estendendo e cada um se organizando para partir. Já estava tarde e alguns precisavam acordar cedo no dia seguinte. Winwin e Taeyong aceitaram a carona de Doyoung enquanto Ten seguiu caminho com Yuta, Katrina e Charlotte. Os últimos a partirem foram Jaehyun, Gayeon e Bogum. O filho mais velho da família Jung havia finalmente comprado um carro após renovar sua carteira de motorista e agora ajeitava o irmão já adormecido no banco de trás antes de seguir caminho de volta para casa.
— Nos vemos amanhã no aeroporto. — Jaehyun abraçou o amigo mais alto ao se despedir.
— Não se atrase. — Johnny brincou.
— Digo o mesmo pra você. — sorriu.
Assim que adentrou seu Azera, Jaehyun abriu a janela para fitar Yuri.
— Vou ficar de olho nele até que volte pra cá, então não se preocupe, ok?
A cantora sorriu em resposta e acenou em despedida.
— Foi um prazer te conhecer! — Gayeon concluiu antes de partir junto de seu namorado.
Novamente a sós. Johnny encarou Yuri e assim que trocaram olhares voltaram para dentro. Ela pediu para que ele a deixasse ficar mais um pouco. Com isso auxiliaram Jinyoung a limpar a bagunça que fizeram na sala e na cozinha e por Jinwoo já ter adormecido, seguiram para o antigo quarto de Johnny. Em pouco estavam sentados na cama trocando beijos. Não havia medo, muito menos preocupação ali, os dois apenas compartilhavam carícias como normalmente fizeram durante aquelas duas semanas que acabaram duas horas atrás.
— Johnny... — ela se afastou levemente — Não quero que fique dirigindo tão tarde sozinho...
Assim os dois se viram novamente dentro do carro a caminho do apartamento de Yuri. Nenhum deles queria dizer adeus, ficaram longos minutos trocando palavras na sala de estar da cantora tentando adiar o inevitável até uma mensagem chegar ao celular de Johnny.
— Minha mãe está pedindo para que eu volte, já é tão tarde assim? — sorriu um tanto entristecido.
— No fim vamos ter que dizer, não é?
Johnny a encarou.
— Mas não quero dizer... — ela murmurou.
— Então não diga, eu vou voltar pra você de qualquer forma...
Ela suspirou.
— Eu te amo. — ele sorriu — Eu te amo muito. — pegou as mãos dela e as afagou.
— Eu também te amo... — Yuri sentiu os olhos quererem transbordar.
— Vamos ficar bem. — selou as costas da destra dela.
— Me ligue assim que pousar...!
— Eu vou.
Por fim ambos se abraçaram. Ela o apertou em seus braços como se não quisesse que ele saísse dali, e realmente não queria, porém precisava deixá-lo partir.
Um último abraço, um último beijo até que volte a ser meu outra vez
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