Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

She says that she's never afraid

Quando suas mãos me deixaram senti meu mundo remexer-se em um claro sinal de desaprovação. Foi como se Shawn, ao renegar meu toque, tivesse levado com seu acanho uma de minhas pernas, deixando-me despreparada para o mais novo equilíbrio ao qual eu deveria me acostumar.

Mas eu não me acostumei.

Olhei no fundo de seus olhos e pedi uma mísera explicação para seu comportamento tão estranho, quando, na verdade, era pra ele estar me abraçando e me dizendo que iria ficar tudo bem, como sempre faz. Mas não acho que Shawn iria fazer isso, ele não parecia nem ao menos querer. Fitei pontos estratégicos de seu rosto que entregavam que ele não dormiu essa noite; seus olhos cansados e as olheiras evidentes sob eles, o seu cabelo, sua postura e até mesmo sua voz demonstrava um cansaço além do normal. Algo, ou alguém, o fez perder horas de seu precioso sono e me perguntei se já poderia levar essa culpa no cartório ou teria de esperá-lo assumir em alto e bom som.

– O que você não sabe se deveria me mostrar? – perguntei. Fiquei admirada pela minha voz ter saído audível e consistente, tendo em vista que a última vez que falei foi ontem à noite.

Ainda estávamos parados um em frente ao outro, eu porta dentro e ele porta a fora.

Seu suspiro foi tão alto que me pareceu mais um grunhido frustrado e eu franzi o cenho, cruzando os braços na altura de meu peito. Não via razões para que Shawn estivesse agindo assim, só poderia ser uma coisa muito ruim para que logo ele demonstrasse tanta irritação, mesmo que essa irritação seja pra encobrir sua mágoa.

Dei espaço para que Shawn entrasse, e assim ele o fez. Sentamos lado a lado no sofá, com as posturas desleixadas e os olhares vazios, cada um fitando um nada diferente. E lembrar que esse sofá já presenciou tanto... Se pudesse, ele estaria mais confuso do que eu em meio as minhas crises adolescentes quando tentava lembrar o porquê de tanto sofrimento e acabava sem nenhuma resposta concreta. Consigo entender melhor agora.

– Não vai me falar? – perguntei novamente ao virar-me para ele. Shawn parecia travar uma luta interna e eu só queria que o lado que nos favorecesse saísse vitorioso.

– Ellie, ontem você foi a uma festa – aponta e eu assinto, sentindo meus pelos se arrepiarem ao lembrar-me da catastrófica noite anterior. – Não tem nada para me dizer?

O que eu poderia dizer a ele? Que fui para poder esquecer um pouco sua ausência? Ou o fato de ele estar totalmente estranho? Ou que fui assediada pelo meu ex quase amigo?

Não fui correndo chorar em seus braços sobre Edward por dois simples motivos. 1) Sentia-me envergonhada. Eu sei que não deveria e Katherine repetiu isso tantas vezes que me senti tonta ao final, mas eu não conseguia fazer com que esse sentimento fosse pelo ralo toda vez que esfrego meu corpo no banho – e eu já tomei uns dez banhos de ontem pra cá –. 2) Não sei qual seria sua reação. Não sei se ele iria atrás de Edward e se meteria na maior confusão com seu lado agressivo que nunca coloquei os olhos ou me condenaria por uma traição, o que eu não creio que Shawn faria, mas minha imaginação não consegue descartar hipóteses.

– O que eu teria para te dizer? – retruquei. Meu namorado passou a mão na perna, depois nos cabelos antes de se afastar do sofá e se manter em uma pose analítica de homens de negócios. Costas curvadas, cotovelos sobre as pernas e as mãos cruzadas rente aos joelhos.

– Não tem nada para me dizer? – perguntou novamente. Antes que eu pudesse cogitar em uma resposta, ele pega seu celular e me entrega, se jogando de volta no sofá, logo depois, destruindo sua pose séria para uma de quem só espera ser resgatado pelos ETs a qualquer momento.

Em seu celular tinha uma foto. Uma foto em que Edward e eu estávamos presentes. Uma foto em que Edward me assediava. Uma foto que materializava todo o meu terror.

Intercalei meu olhar entre o celular e o rosto coberto pelos braços de Shawn, a procura de uma resposta. Eu não sabia o que se passava por sua mente e eu não sei se ele acreditaria em minha versão ou daria créditos a uma foto e nos prováveis comentários que ela carrega consigo por toda a internet e fora dela.

Meu peito pegava fogo. Eu me sentia sufocada e notei isso ao começar a hiperventilar. Lágrimas começaram a banhar meu rosto e eu ainda culpo minha mãe por ter aberto essa maldita torneira, agora tudo que me acontece eu já não hesito em abrir o berreiro. Larguei o celular no sofá e comecei a dar voltas ao seu redor, a fim de que minha respiração acompanhasse qualquer ritmo que não me fizesse sentir em um apocalipse.

Comecei a contar de um até dez, eu consigo aguentar qualquer coisa por dez segundos.

Eu não tenho medo de aguentar por mais alguns dez segundos.

– Ellie, o que está fazendo? – perguntou Shawn sem mudar de posição. O ignorei.

Um, dois, três.

– Ellie? – perguntou novamente e eu coloquei mais força em meus passos.

Quatro, cinco, seis, sete.

– Ellie, está me ouvindo? Ellie!

Oito, nove, dez.

Só parei quando seus braços me impediram de continuar ao segurar meus ombros. Meus olhos deveriam estar inchados, a ponta de meu nariz vermelha como a de uma rena, mas o que deveria estar mais evidente em todo meu rosto é o desespero que eu sinto meus olhos emanarem.

Eu aguentei por dez segundos, mas nada poderia me garantir os segundos depois desses. Tudo pode acabar, iniciar ou pausar em segundos, em malditos segundos. Eu posso em um segundo achar que estou em controle e em outro estar sendo beijada por um cara que parecia ser muito legal, minha opinião sobre eles demorou o mesmo tempo de segundos para mudar.

– Ontem eu fui a uma festa – comecei sem desviar o olhar e ele então afrouxou o aperto em meus braços, atento a qualquer palavra que eu fosse proferir. – Uma festa que Edward me chamou, eu falei para você, meu ex quase amigo.

– Ex quase amigo? – indagou Shawn confuso.

Suspirei e disse:

– Edward é quem está na foto. – Vi o peito de meu namorado inflar e seus olhos se tornarem tão pesados e escuros quanto o clima. Shawn se afastou totalmente de mim, deixando sua mão em punhos furiosos. Ele andou em círculos, passou a mão no cabelo, desregulou a respiração e eu esperei que seus dez segundos se tornassem vinte, ou trinta, ou o suficiente para que sua estabilidade se fizesse um pouco presente e eu pudesse, enfim, continuar. – Eu não queria ter ido, mas não parecia certo ficar sofrendo com a saudade aqui dentro. Então, eu bebi bastante, estava disposta a não tomar cuidado nenhum e só queria esquecer como você estava estranho e como sua falta doía. Bebi ao ponto de não lembrar nada do dia posterior e, Deus, eu gostaria de não lembrar – digo entrelaçando meus dedos, olhando para o teto ao sentir meus olhos marejarem. – Eu estava conversando com uma garota quando Edward chegou, ele começou a falar algo sobre nosso relacionamento e eu me senti tão confusa, estava tudo horrível. E então ele me beijou a força e, como se não fosse suficiente, começou a passar a mão pelo meu corpo. Edward só parou... Ele só parou porque eu o fiz desmaiar, porque eu não senti medo. Se eu o tivesse, sabe-se lá o que teria acontecido comigo.  

Era verdade. Passei meu tempo acordada montando cenários incrédulos de como a noite teria terminado se eu não tivesse assistido a uma aula de como me defender de pervertidos. Não sei se Edward chegaria a esse ponto, mas do jeito como ele estava se portando diante as minhas claras recusas, eu não saberia até onde ele chegaria e saber que eu poderia descobrir, deixa-me sensível como se eu tivesse descoberto.

A única coisa que eu conseguia ouvir era meus próprios batimentos e o alarme que minha mente soava toda vez em que eu ponderava olhar para Shawn. Olhar para ele agora significava saber sua opinião sobre isso e eu não queria saber, não poderia. Então, continuei com minha atenção direcionada para o teto opaco, enquanto segurava meus ombros e me balançava de um lado para o outro, quase como em um filme de terror que a personagem maluca diz “não entre aí”.

Fiz isso até ouvir o barulho da porta ser fechada com nenhuma sutileza.

Arregalei os olhos e corri para fora ao notar a ausência de Shawn na sala, sem nem me importar com o pijama vergonhoso que eu usava. Apertei o botão do elevador várias vezes como se isso fosse fazê-lo chegar mais rápido e o esperei até que minha paciência esgotasse e minhas lágrimas não me deixassem ter uma visão focada. Desci pelas escadas de incêndio com nenhuma cautela e muito desespero. Meu objetivo era tentar impedir Shawn de fazer o que fosse; principalmente, se o que ele for fazer me envolva e envolva meu coração partido. A minha imagem sendo amparada por Katherine ao fim da noite me deixou em um estado ainda mais nervoso, o que fez com que minhas pernas trabalhassem de acordo com o pânico, fazendo-me tropeçar algumas vezes antes de chegar à portaria de meu prédio.

Shawn estava lá, caminhando a passos pesados e furiosos – dava para notar por suas mãos e suas costas, ambas rígidas – até o estacionamento quando eu usei todo meu fôlego restante para correr até ele.

Assim que eu o alcancei, tomei sua frente e aspirei todo o ar que podia ao fitar seus olhos tomados por um sentimento nada agradável.

– Você não pode me deixar! A culpa não foi minha! Você não acredita em mim? Por que não?!

– Ellie...

– Eu disse, Shawn! Ele me assediou! O que você queria que eu fizesse? E eu já fiz muito!

– Ellie, você pode...

– Edward estava apagado quando eu deixei a festa! Eu não tive medo! Só, por favor, não me deixe, ok?! Se você me deixar agora, eu... Eu...

– Ellie! – gritou, me assustando ao segurar-me pelos ombros. – Eu não vou te deixar, entendeu? Eu nunca faria isso! Agora você pode, por favor, me deixar ir?

Respirei fundo, tirando suas mãos de mim.

– Para onde vai?

– Para onde acha que eu vou? Vou atrás desse filho da puta! Como ele pôde te assediar, Ellie? Como? Como ele fez algo sem sua permissão? Deus! Eu quero matá-lo! – Seu olhar possuía uma profunda tristeza misturada com uma raiva ardente que o deixava vulnerável como nunca. Eu imaginava como ele se sentia; inútil, irresponsável e totalmente culpado por não estar comigo e não ser a pessoa quem fez Edward desmaiar. Mas essa era uma realidade cruel, Shawn não estaria presente em todos os meus momentos difíceis e obscuros, eu não podia esperar que estivesse e me sentia bem por não querer. Eu teria de ser minha própria heroína. Engoli em seco, sem pensar em nada para dizê-lo que o fizesse desistir de ir atrás de Edward.

– Você não vai atrás de ninguém, já pensou como toda a situação pode... – Minha frase vai morrendo quando percebo que Shawn não está dando a mínima para o que estou falando, mas sim em algo em direção à portaria, que fica nas minhas costas. Viro-me, seguindo seu olhar e sinto meu coração bater consideravelmente mais rápido ao encontrar Edward falando com o porteiro, tentando arranjar algum jeito de entrar. – Porra! – murmuro.

Eu nem tive tempo de sentir nojo e ao ver meu ex quase amigo depois do que ele fez, porque meu namorado, cego pela raiva, tromba em meu ombro e marcha como um soldado em guerra até Edward.

Não adiantou meus pedidos de calma, muito menos meus gritos de calma; não adiantou minhas mãos puxando seu braço, implorando por um pouco de consciência; não adiantou os olhos assustados do porteiro ao dizer “ei, senhor Shawn, está tudo bem?”, quando claramente não estava.

Não adiantou quando Edward percebeu toda a movimentação, abriu a boca e disse:

– Oi, eu vim me desculpar.

Não adiantou porque Shawn lhe meteu um soco nas fuças. Levei as mãos à boca, assustada e intercalei olhares nervosos com Carlos, o porteiro. Edward, quando se recuperou – em um milésimos de segundos –, conferiu o lábio inferior e viu em seus dedos o que nós já havíamos percebido: estava sangrando. Ele deu um sorriso sarcástico, descrente que aquilo realmente havia acontecido. Por outro lado, Shawn teimava em se manter no lugar, respirando fundo, com os cabelos no rosto e o olhar incendiado, sem desviar sua atenção do sangue vermelho vivo que escorria dos lábios de Edward, provavelmente pronto para fazê-lo sangrar ainda mais. O garoto loiro, no entanto, não estava disperso e não demorou muito para pegar impulso e formar um punho, desferindo um soco no supercílio de Shawn – ou tentando, já que ele não era tão alto assim – fazendo com que meu namorado cambaleasse um pouco, antes de se recuperar ao partir para cima do meu ex colega de faculdade.

Estava tudo um maldito caos e nem eu, nem Carlos sabíamos como resolver.

– Você nunca mais encosta nela, me ouviu?! – Shawn esbraveja por cima, levando murros ao rosto bem alinhado de Edward, enquanto o que apanhava tentava deixar a luta um pouco mais equilibrada. – Ou em mulher nenhuma!

Eu nunca o vi sendo movido pela raiva assim. Eu teria me metido naquele ninho de punhos acirrados, testosterona e raiva simultânea, pronta para levar um soco, desmaiar e eles perceberem a burrice que estão fazendo. Mas antes que eu pensasse em fazê-lo, pessoas que eu não consegui configurar o rosto, entraram no prédio e separam os dois com muito esforço.

– Eu vim aqui me desculpar! – vociferou Edward, se soltando do agarro do que eu vim perceber depois ser um dos amigos do Shawn.

– Não tem desculpas para o que você fez! – retrucou o moreno tentando se soltar, mesmo que quem o estivesse o segurando, não confiasse nele o suficiente para isso. – Eu já estou bem! Me solta!

Consigo ver do lado de fora de toda essa confusão, o empresário de Shawn conversando com que eu acredito ser um paparazzi. Ele passa a mão na testa ao ver as fotos na câmera do homem de preto, ajeitando os óculos redondos, parecendo tranquilamente nervoso ao lidar com essa situação. Sua expressão é de alguém cansado e, tendo em vista seu paletó todo amassado, creio que tudo aconteceu repentinamente, sem nenhum tempo adicional para alinhadas aparências. Os dois conversaram por pouco tempo, até que Andrew parece ter resolvido á questão e volta a passos apressados para onde todos nós estávamos. Por mais que ele parecesse saber lidar com situações como essa, ele não parecia acostumado e eu o entendia, Shawn não faz muito o perfil de brigão.

E, pela conversa com o paparazzi, queríamos que continuasse assim.

Agora já estávamos em meu apartamento. Reconheci os rostos de alguns amigos de Shawn. Geoff foi quem segurou Edward, que deixou o prédio desnorteado, depois que recebeu um pano de procedência duvidosa de Carlos para estancar o sangue. Josiah, que manteve os punhos ardidos de meu namorado longe do rosto de meu ex quase amigo e Teddy, que enquanto os rapazes tentavam manter a paz, manteve as mãos nos meus ombros, tentando fazer com que eu não surtasse. Mesmo que ela não pudesse impedir que meu surto interno acontecesse, infelizmente.

 Os três estavam sentados no sofá, conversando baixinho entre si. Andrew andava por cada metro quadrado daquele apartamento, enquanto argumentava com alguém em seu telefone. Shawn estava sentado na poltrona, enquanto eu me mantinha em pé a sua frente, tentando fazer um bom trabalho como enfermeira ao limpar seus cortes.

Não conversamos muito ainda, estávamos estranhos e abalados. Mesmo que minha vontade fosse de fazer Edward apanhar muito mais só pelo fato de ter aparecido aqui, eu não queria que Shawn tivesse se exposto dessa forma. Quem garante que aquelas fotos realmente sumiram? Quem garante de que elas não estarão pela internet no dia seguinte? Ou ainda hoje? Quem garante que mais pessoas não tiraram fotos?

Minha cabeça pipocava em perguntas e não me deixavam em silêncio em momento algum. Nem pude parar pra pensar que a parte das fãs do Shawn que não me odiavam, devem ter um pensamento contrário agora que tem fotos minhas provando que eu o “traí”. Infelizmente, eu vou ter que esperar isso ser esquecido, já que uma explicação não seria o suficiente. E eu nem as culpava, para falar a verdade, a mídia é distorcida, se eu fosse imparcial nisso tudo, não duvidaria acreditar no que ela me diria.

Saí de meus devaneios ao ouvir o resmungo de Shawn.

– Desculpa – murmurei distraída, sentindo seu olhar grudado no meu rosto desde que comecei.

– Está chateada comigo? – perguntou e eu devolvi seu olhar, tirando o algodão de seu rosto.

– Não com você – respondi com o pequeno sorriso, tentando amenizar a tensão. – Nunca o vi tão bravo, isso me assustou um pouco.

– Eu não consegui me controlar, desculpe – diz me sentando em seu colo, colocando meu cabelo atrás da orelha. – Mas eu não me arrependo, Ellie. Ele mereceu.

– Ele mereceu, mas você não poderia ter se exposto assim – digo nervosa, controlando o tom de voz. – Sabe como isso vai repercutir?

– Eu não me importo – retruca com o braço esquerdo sobre minhas pernas, enquanto me olha com a cabeça trombada para o lado. Nem com toda a vermelhidão de seu rosto, Shawn perdia seu charme, mas admito que Edward fez um trabalho melhor que quem o maquiou em Stitches. – Naquele momento eu era seu namorado, não o cantor famoso.

Dei um suspiro profundo, descansando minha cabeça em sua bochecha, brincando com o algodão molhado de álcool. Seus lábios escorregam em meu cabelo até chegar à minha testa, aonde ele deposita um beijo casto, enquanto suas mãos acariciam minhas costas.

– É verdade! – Teddy ri um pouco alto demais e depois se repreende, se encolhendo no meio dos garotos.

– Do que estão falando? – Shawn pergunta estreitando os olhos para os amigos.

– Da última vez que você ficou tão bravo como hoje – arrisca Geoff, já que os outros dois recuaram um pouco pelo clima antes pesado.

Shawn fica com as bochechas rubras, me fazendo rir e ficar curiosa.

– Como foi? – pergunto, tampando o rosto de meu namorado com as duas mãos com certo cuidado, já que ele insistia em negar para os seus amigos para que não me contassem. – Deixa eles me contarem!

– Foi quando comeram o último muffin – Josiah interrompe e a sala explode em risadas.

– Eu estava em um péssimo dia – resmunga Shawn.

– Você jogou a chave do carro de Geoff pela janela! – diz o fotógrafo rindo desacreditado.

– Ele se recusou a ir comprar mais! – se defende. – E eu sei que foi você quem comeu, Geoff.

– Eu?! Foi Teddy! – o cara com barba se pronuncia, jogando a culpa na amiga.

– Eca, muffins – resmunga ela se encostando ao sofá e todos nós rimos.

– Me lembrem de nunca comer o último muffin – zombo e Shawn me olhou desacreditado.

– Não era você que não sentia medo? – ele debochou com uma careta, fazendo-me rir e concordar.

– Não sente medo? – perguntou Josiah e eu me permito empinar o nariz.

– Não – respondo, omitindo o porquê. Não precisava dar motivos para que me zoassem.

– Ela é meio doida – cochicha Geoff um pouco alto demais para Teddy.

– Ei! – reclamo. – Você não vai falar nada? – direciono a pergunta para Shawn, brincando.

– Geoff, Ellie não é meio doida. Ela é totalmente doida – corrige, fazendo-o rir e me fazendo revirar os olhos, acabando rindo também.

O momento se descontraiu por um instante e eu me senti leve com as palhaçadas dos quatro, me fazendo acreditar que Shawn era muito sortudo por poder trabalhar entre amigos. Continuou assim até Andrew voltar de algum cômodo de minha casa, atraindo todos os olhares para si. O empresário dá um sorriso nervoso ao se sentar no braço do sofá de Katherine, afrouxando sua gravata.

– Bem, as fotos de Shawn não vão ser expostas. Não há com que se preocupar. Mas eu deveria me preocupar se você vai me dar algum trabalho quanto a isso? – Andrew pergunta para o garoto no qual colo eu estou sentada de uma maneira repreensiva. – Eu sei o que aconteceu e eu sinto muito, Ellie – se remete a mim de maneira rápida e eu dou um sorriso sem graça –, mas você é uma figura pública, Shawn. Não é algo que você pode esquecer quando convém.

– Eu sei, mas...

– Não é algo cogitado a ser repetido, tudo bem? Eu o conheço e sei que o que aconteceu é um evento isolado, mas tenho que garantir – se explicou e Shawn assentiu.

Senti-me culpada por isso ter acontecido. De todas as possibilidades, a que Shawn sairia nos socos com Edward foi á reação menos cogitada por mim e isso foi uma das razões para o meu pânico quando aconteceu. Eu não queria ter causado problemas para ele e esperava que Andrew não ficasse bravo comigo por ter causado.

– Inclusive, Ellie, você vai denunciar o pervertido? – pergunta Geoff curioso e a atenção agora está em mim.

Eu não cheguei a pensar nisso, para ser sincera. Para mim, não ver Edward nunca mais já era uma ótima condição, mas ele apareceu aqui hoje com um “discurso” patético de desculpas e agora eu me sentia perdida. Denunciá-lo ou deixá-lo impune? Ou até mesmo deixá-lo livre para fazer o que fez com outras mulheres? Em nenhum momento eu pensei em livrá-lo pela resposta assoprada que ele deu na aula de senhora Clark. 

– Eu não sei – respondi encolhendo os ombros. – Não seria melhor apenas deixar para lá?

– Óbvio que não! – Shawn intervém.

– Eu concordo – diz Teddy. – Você deveria denunciá-lo.

– Se você quiser, podemos ajudar – Andrew diz. – Estarei a sua disposição. Agora, Ellie, eu tenho um assunto delicado a tratar com você. 

– O quê? – pergunto receosa.

– As fãs de Shawn às vezes podem ser super protetoras. E, por não conhecerem toda a história, é provável que você seja julgada e nem só por elas.

– Eu imaginei – murmuro sentindo os membros rígidos de Shawn sob mim, ele estava apreensivo.

– Eu pensei em deixar a denúncia pública e, assim, você detém o assediador, protege sua integridade e ainda dá um grande exemplo. Eu posso dar um jeito em tudo.

– Eu gostei da ideia – digo com um sorriso fraco.

Eu não deveria me importar com o que falam sobre mim, mas tenho consciência de que ficaria insuportável e nem falo só do mundo virtual. O pouco que sei que Shawn suporta já é estressante e há vezes em que nem ele aguenta, imagine eu. Eu seria assediada de muitas outras formas.

O assunto mudou rapidamente e já estávamos descontraídos o suficiente para nos assustarmos ao ver Katherine parada, curiosa pela movimentação em sua sala assim que chegou.

– Oi – ela cumprimenta. Seu olhar avalia Geoff disfarçadamente, sendo retribuída, mas sem muito disfarce. Shawn e eu nos entreolhamos rapidamente e seguramos a risada. – O que aconteceu enquanto estive fora? – pergunta agora com a atenção em mim. – E por que parece que Shawn foi arrastado no asfalto?

– Pega alguma coisa pra beber e eu começo a explicar. 

She says that she's never afraid



votem e comentem
e não esquecem de conferir Badlands, minha nova obra no wattpad :)

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro