She pulls me in enough to keep me guessing
— Ellie? Está tudo bem? — perguntou Shawn do outro lado da linha com uma voz rouca pela sonolência, aparentemente eu o tinha acordado. Bufei impaciente.
- Já estava dormindo? - Ouvi sua risada.
- Óbvio, são - ele deu uma pausa - 2 da manhã.
- Então você segue as regras de uma sociedade capitalista em ditar as horas que você dorme?
- Sim, eu sigo. O que você quer? - perguntou. - Não me diga que estava com saudades da minha voz - diz e eu ri. - Nos falamos faz horas.
- Não seja convencido, Shawn. Liguei porque preciso de você - disse com um quê de vergonha.
Mas vergonha para ligar para o garoto á essa hora você não tem.
- Precisa de mim para o quê, exatamente?- Antes que eu dissesse alguma coisa, ele mesmo me interrompe. - Você matou alguém e agora quer que eu te ajude a esconder o corpo? Eu sou a sua pessoa, Ellie? - perguntou e eu sabia o sorriso divertido que balanceava seus lábios. Sorri da mesma maneira por Shawn citar Grey's Anatomy, uma séria que ele insistiu para que eu assistisse, e assim eu fiz.
- Apesar de você ser sim minha pessoa, não é pra isso.
- Prossiga.
- Bem, tem um novo parque de diversões aqui em Toronto e eu vi umas fotos e achei incrível. Ele funciona apenas de madrugada e eu preciso que você vá lá comigo.
- Sem chance. Você me acordou pra isso? Se você também não fosse minha pessoa, eu te mataria. Meu sono é sagrado, Bamber.
Eu sou a pessoa dele. Abanei a cabeça.
- Shawn! Por favor! Eu quero tirar novas fotos, faz tempo que não atualizo meu Instagram.
Depois do show, Shawn praticamente me obrigou a criar uma conta no Instagram apenas para me marcar na foto que eu tirei sua e desde então não paro de ganhar seguidores do além, fora as oportunidades que muitas empresas ou pessoas estão me dando me chamando para qualquer coisa em que eu pudesse fazer o que gosto.
E eu nunca o poderei agradecer o suficiente.
Desde então, eu tento mantê-los atualizados do meu trabalho e cada vez mais pessoas aparecem para dizer em como minhas fotos são inspiradoras. Shawn comentou em uma foto uma vez, era a foto de um prédio poeticamente abandonado e ele apenas disse "isso é tão você". Eu não sei dizer se ele quis me chamar de abandonada, mas eu levei como um elogio. Não demorou muito para que as chuvas de comentários chocados aparecessem naquela foto de uma garota - eu - que saiu de algum lugar do nada. Suas fãs e arredores começaram a se perguntar "quem é Ellie Bamber?".
Eu também não sabia dizer.
- O que eu não faço por você? - perguntou dando um suspiro. Sorri de uma orelha a outra.
- Ah! Obrigada! Te...
Eu iria dizer "te amo", assim como faço com todos os meus amigos que fazem coisas tão legais por mim. Mas, de alguma forma, parecia sério demais dizer "te amo" para ele, porque, de alguma forma, eu não o via apenas como meu amigo.
- Te o quê? - indagou confuso e eu engoli a seco. Agradecia por ele ser tão lesado ao acordar, mesmo que ele fosse lesado o tempo todo.
- Te pego em 30 minutos. Esteja pronto, Shawnie. - Escutei sua risada antes de desligar. Suspirei, botando o celular no peito, sentindo minhas bochechas esquentarem.
Minha relação com Shawn era pra lá de engraçada. Nós parecíamos amigos de longa data e eu me sentia muito bem ao seu lado, mesmo com a limitação de lugares que podíamos ir, era sempre bom estar com ele. Passávamos boa parte do tempo no Dineen Coffee Comapany e até Katy já se acostumou com sua presença.
Seus fãs já havia me notado, mas não era nada preocupante. Nessas semanas, eu sempre estava com ele e quando saíamos pelas ruas de Toronto, sempre davam um jeito de nos fotografar. Mas éramos cuidadosos, sempre mantínhamos uma distância perfeitamente amigável.
E acho que isso nunca me irritou tanto.
Sentia-me incomodada com os sentimentos que nutria por Shawn, acho que sempre soube que iria acontecer, mas nunca me dei ouvidos. Suas férias eram de seis meses e já haviam se passado dois. Depois disso, Shawn seria do mundo novamente e eu seria trocada por outra sortuda num piscar de olhos. Evitava pensar nisso ao máximo. Sempre acabava com os olhos vergonhosamente marejados. Nunca tínhamos conversado sobre isso, mas eu gostaria de saber se ele iria me dar razão.
O que conseguia me confortar era que nesses seis meses eu conseguiria juntar dinheiro o suficiente para me mudar para Nova Iorque e assim me tornaria do mundo que nem ele. E então nós dois juntos nos tornaríamos apenas uma memória feliz e distante.
Fui tirada de meus pensamentos pelo meu celular, que indicava uma nova mensagem.
Como você pretende aparecer aqui sem saber meu endereço?
Senti o rubor se instalar em minhas bochechas. Eu sabia seu endereço, havia dado um jeito de descobrir para ter uma noção de quão longe ficava de minha casa. Descobri que não muita. Decidi ocultar essa parte.
Verdade. Você é um péssimo amigo, nunca nem me convidou para um almoço.
Fui vestir alguma coisa apresentável, quando terminava de colocar minha touca e guardava minha câmera na bolsa, uma nova mensagem chegou.
Eu sou mesmo um péssimo amigo. Nem estou de pé a essa hora da madrugada porque a senhorita quer ir ao um parque.
Apenas ri e o ignorei. Estou saindo de casa!Mandei antes de sair de fininho para que Katherine nem ao menos notasse meu sumiço. (...)
- Então quer dizer que sou um escravo? - perguntou Shawn e eu franzi o cenho, tirando a câmera de meu rosto e vendo seu rosto parcialmente emburrado. Não evitei sorrir.
- Não. Agora continue com essa cara linda bem quieta. - Voltei a fotografá-lo e ele revirou os olhos.
- Eu não trabalho de graça, Ellie. Ainda mais á essa hora. Eu poderia estar te cobrando uma fortuna.
- Quem deveria estar te cobrando uma fortuna sou eu! Você não tem noção de quantas fotos novas você vai ganhar de graça. - Ele riu e eu desisti de tentar arrancar mais do Shawn modelo hoje, vendo os resultados das fotos que já bati. Soltei um bufo frustrado por não ter sido tantas como eu queria que fosse, mas nem liguei muito porque toda foto que tiro dele é lucro.
Shawn é uma pessoa que se entedia muito fácil.
Estávamos em frente à roda gigante. A luz do ambiente conseguia deixar Shawn ainda mais encantador e eu não evitei em ficar o olhando que nem uma retardada. Ele percebeu e não deixou de tirar uma com minha cara.
- Eu sei que sou irresistível - diz e eu revirei os olhos. Shawn caminhou até mim e eu tive que levantar a cabeça para conseguir olhá-lo. Ele me abarcou com seus braços fortes cobertos pela jaqueta jeans que ele usava, apoiando o queixo em minha cabeça e eu o abracei de volta, inalando seu cheiro. Mesmo com as poucas pessoas presentes naquele parque, ainda me sentia aflita com cada nova movimentação. Mas as pessoas que ali se encontravam não pareciam muito ligar para o Shawn, fomos parados apenas duas vezes e eu atualizei como sendo o novo recorde.
E preferi ignorar a parte em que essas duas pessoas perguntaram o que nós tínhamos. Até porque, depois de rir, Shawn afirmou que era apenas uma amizade.
- Você é - concordei. Sabia que ele estava sorrindo.
- Você poderia me ensinar um pouco sobre fotografia - disse e eu voltei meu olhar para ele.
Já havia resquícios do sol, e mesmo Shawn reclamando o tempo todo sobre como estava com sono, sabia que ele tinha se divertido.
- Tudo bem.
Entreguei a ele a câmera, meu bem mais precioso, e ensinei algumas técnicas de como uma foto pode sair maravilhosa. Shawn pareceu gostar e ficou fotografando o resto do passeio inteiro, enquanto eu apenas sorria para ele.
- Acho que temos que ir. O parque está fechando - ele diz e eu assinto.
- Se eu chegar em casa agora, Katherine me esfola - comento e ouço sua risada.
- Pode ir lá pra casa. - Senti meu coração palpitar e o encarei. - Minha mãe já deve estar acordada - diz, ponderando no relógio. - Ela sempre reclama que é a única a não te conhecer. - Meu coração palpitou novamente.
- Ela acorda tão cedo assim? - foi á única coisa que consegui dizer, colocando uma mecha teimosa de cabelo atrás da orelha. Andávamos em direção ao estacionamento.
- Sim, ela tem que cuidar de seu outro filho. - Franzi o cenho e ele riu. - Seu jardim - explicou. - Lá tem rosas lindas, você vai gostar. É sua flor preferida, não é? - assenti com um sorriso singelo no rosto.
Eu estava nervosa. Passei o caminho inteiro pensando o que diabos eu estou fazendoenquanto observava Shawn batucar os dedos no volante de acordo música que passava na rádio. Era só a mãe dele. Apenas minha futura sogra, se Deus me permitir.
Estou apenas brincando.
- Chegamos - avisou. Sai do carro. - E não precisava ficar assim, é apenas minha mãe. - Piscou o olho direito e eu cogitei sorrir, mas apenas sairia algo tenebroso de meu rosto. Melhor não. Ele abriu a porta e logo sua mãe surgiu da cozinha, secando as mãos em um pano de prato. Ela nos encarava curiosa.
- Onde você estava, Shawn? Sabe que não ligo se você sai, mas, pelo menos, avise - diz o dando uma bronca e ele apenas a ignorou. Senti-me culpada, eu tinha o feito sair de casa e agora ela me odeia.
Parabéns, Ellie.
- Mãe, essa é a Ellie - diz, colocando as mãos nas minhas costas, me incentivando a cumprimentá-la e eu dou um sorriso em sua direção, estendendo minha mão.
- Ah! A famosa Ellie - diz ela e usa minha mão estendida como um pretexto para um abraço. Ouvi a risada do Shawn, ele deveria estar se divertidos ás custas do meu desespero. Quero só ver quando ele conhecer minha mãe.
Ele chegaria a conhecer minha mãe?
- Olá, Senhora Mendes. É um prazer - digo simpática e ela se separa de mim.
- Não precisa de tanta formalidade, querida. Pode me chamar de Karen - diz ela e eu sorrio. - Você vai ficar por aqui? - assenti. - Shawn me falou que você adora rosas, quer ver as que eu tenho aqui? - perguntou com uma recepção calorosa.
- Eu adoraria. - Desvio meu olhar para o Shawn e ele nos observava com um sorriso no rosto, sua feição demonstrava que ele já esperava que nos déssemos bem.
Depois de me encantar pelo jardim de Karen - o qual ela tinha um enorme orgulho - e tirar umas fotos também, estava tão zonza de sono que nem ao menos conseguia prestar atenção no que Shawn falava ou se era Shawn falando comigo.
- Acho que você tem que dormir - diz e eu concordo, bocejando. - Eu também tenho. Vamos? - perguntou e eu lhe dou um olhar de confusão. Para onde iriamos? - Vou te levar para o meu quarto; você pode tirar um cochilo lá. - Eu estava com tanto sono que nem ao menos contestei. Estendi os braços em sua direção e ouvi sua risada.
- Seja um cavalheiro e me carregue - digo manhosa.
- Você é tão folgada - diz com um sorriso no rosto, me pegando no colo com facilidade. Segurei em seu pescoço e me deixei ser carregada até ser colocada em sua cama macia, mal prestando atenção ao quarto. - Eu vou pra sala, ok?
- Pode deitar aqui comigo - digo, já com as pálpebras pesadas. Ele não demora a se deitar ao meu lado e eu não sei onde estava com a cabeça quando me aconcheguei nele e fui levada pelo sono.
(...)
- Você vai me trocar por um macho? - a voz de Katherine vociferou no celular e eu ri.
- Hey! Não sou qualquer um - resmungou Shawn e Katy não pareceu se surpreender pela chamada estar no viva voz.
- Não se mete - diz e isso bastou para que ele se calasse com uma adorável careta emburrada. Acho que ele tem um pouco de medo dela. Ajeitei minha cabeça em sua barriga antes de ouvir Katherine novamente: - Ellie! Você é uma furona. Você disse ontem que hoje iria almoçar comigo.
Shawn, que estava deitado na grama de seu jardim, riu. Eu levantei a cabeça para olhá-lo feio, ele que tinha me feito ficar.
- A mãe do Shawn me pediu pra ficar, Katy. Eu não poderia negar - argumentei e fechei os olhos ao sentir as mãos do Shawn em meu cabelo. Ele tem um dom em fazer cafuné.
- Oh! Então você não quer contrariar a sogrinha?
Deus, que vergonha. Senti meu rosto entrar em combustão e não ousei em olhar para o Shawn, que deveria estar igual a mim. Ele não me via desse jeito, podia ter certeza. Gostaria de voltar no tempo e não ter contado para Katherine o que me atormentava em relação ao meu coração.
Maldita hora!
- Só liguei para avisar. Tchau, Katherine. - Desligo a chamada, constrangida demais para dar continuidade. Arrisco olhar para Shawn que devolve com uma expressão curiosa. - Ela só estava brincando - digo, não sustentando seu olhar por muito tempo. Ele não falou nada e isso me fez interpretar a situação cada vez mais drasticamente.
- Depois do almoço, vou te levar em um lugar - diz mudando de assunto e eu soltei a respiração.
- Onde? - Shawn balançou a cabeça.
- Bem, não é apenas um lugar. Vou ser seu guia turístico hoje, mas conhecendo você do jeito que conheço, é provável que goste mais da viagem que do lugar - diz rindo e eu concordei feliz por ele me conhecer tanto em tão pouco tempo. Sinto sua barriga se movimentar, não sabia dizer se era pela risada ou pela fome.
- Sua barriga está se comunicando comigo - digo apertando o ouvido na sua barriga definida, ele riu novamente.
- Estou com fome - disse o óbvio. - Você está com fome?
- Esse é meu segredo, Shawn. Eu sempre estou com fome.
- Eu entendi a referência - diz sorrindo. Levanto e estendo a mão para que ele se levante também, mas Shawn acaba usando minha mão para me puxar e me fazer cair sobre ele. Um sorriso de canto balanceava seus lábios.
Tão perigosamente perto.
- Não queira me provocar, Shawn Mendes - disse, me levantando e me perguntando da onde aquela coragem teria saído.
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