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If you are by my side

Pés cruzados debaixo da mesa, lateral do rosto apoiada na mão — por alguma razão, sempre era o lado esquerdo —, cabelo cobrindo parte do rosto e um sorrisinho bocó pra deixar bem claro que eu, sim, estava bêbada. Ou apaixonada.

Uma paixão genuína por um casal de apaixonados.

Steve, Karla e eu — a vela — estávamos em um restaurante perto da faculdade que parecia ser a melhor opção depois de um dia inteiro de aula. Ele tinha uma atmosfera de bar, mas insistia que era um restaurante, um restaurante com karokê nas sextas — hoje é sexta — e com ótimas promoções de bebidas alcóolicas. Porém, não era meu primeiro plano vir. Eu estava tão cansada pela semana que tive que sentia meus olhos pesando — fazendo desse um bom motivo para que o álcool tenha me pegado desprevenida —, mesmo que não tenha considerado recusar o pedido. Não era a primeira vez que matávamos um tempo aqui depois da aula, a primeira foi quando Karla me procurou pessoalmente para se desculpar pelo episódio do apartamento, convidando-me para sair. Steve estava bem atrás dela durante seu convite, com os olhos pidões que prometiam fazer minhas tarefas domésticas pelo resto do mês. Claro que eu não fui por nenhuma condição, por mais que só quisesse descansar — assim como hoje —, eu me diverti com eles e fiquei feliz ao vê-los acertados.

— Você vai cantar hoje, Ellie? — Steve perguntou e eu ri alto.

— Eu? Cantar? — Ri mais um pouco. — Não.

— Você não pode ser tão ruim — desdenhou e eu balancei a cabeça.

— É verdade. Eu não sou tão ruim. Sou péssima — digo dando um gole na minha bebida colorida. Senti o mundo se movimentar de um jeito diferente.

— Mesmo namorando Shawn Mendes? — Karla se intrometeu dando um sorriso divertido.

— Namorar Shawn Mendes faz com que minha voz soe ainda pior — comento dando uma risada desengonçada e eles me acompanharam.

— Você já não bebeu demais? — Steve perguntou hesitante e eu neguei.

— O quê?! Estou bem. Só estou com um pouco de sono — argumentei.

— Então, deveríamos ir pra casa — retrucou e eu neguei novamente, dessa meio zonza, terminando o resto da bebida.

— Eu nem cantei ainda! — Bato o copo na mesa. — O que vocês preferem? I Will Always Love You ou A Thousand Years?

Karla bateu palmas, animada. Parece que eu não fui a única a beber demais.

— As duas!

— Ah, eu mereço. — Steve revirou os olhos.

— Isso! — digo tocando meu nariz, já me levantando. — Vem, Karla. Steve vai perder toda a diversão.

Karla me seguiu e nós duas saltitamos até o palco, uma plataforma redonda e meio alta que estava bem no meio do restaurante, ignorando a fila que possivelmente existia para o karokê. Parei diante do palco e tombei a cabeça para o lado, confusa.

— Como eu vou subir? — perguntei para Karla e ela deu de ombros, começando a escalar a plataforma, obrigando-me a fazer o mesmo. As pessoas já nos observavam. — Karla, sua burra, tinha uma escada — digo rindo, apontando para a pequena escada que tinha detrás do palco.

— Cadê a sororidade, sua vagabunda? — perguntou segurando meus ombros.

Coloquei as mãos na boca, assustada.

— É verdade. Desculpa. Acabamos de matar duas fadas — digo abraçando-a.

— Desculpa, fadas — ela disse e eu concordei, olhando para o teto. — Aquilo que estou vendo são fadas?

— Gente! Pessoas que estão aqui! — grito e vejo Steve vindo em nossa direção com os olhos arregalados. — Steve! Eu preciso de um microfone.

E um foi parar na minha mão como mágica. Bati em seu topo levemente para provar que estava funcionando.

— Alô, som. Ok. Está funcionando. Gente! Alguém pode gravar isso, por favor? Eu vou me declarar pro meu namorado cantando A Thousand Years, porque eu vou amar ele eternamente. Eu realmente vou. Eu amo tanto ele.

— Ellie e Karla, desçam daí — Steve chia ao pé do palco e eu o ignoro.

— Alguém vai gravar? — E, como o microfone, alguém apareceu com um celular em minha direção. — Shawn! Shawn, você está aí? Shawn, eu te amo. Eu sinto muito sua falta. Eu... Eu queria muito transar agora! — digo quase chorando, contraindo o corpo e mordendo o lábio. Escutei o riso de quem me rodeava.

— Ellie, o Shawn transa bem? — alguém perguntou e eu sorri maliciosa, sentindo-me quase anestesiada. Talvez eu estivesse.

— Só digo que quem o largou de manhã deve se arrepender muito por não ter conseguido um segundo round — digo gargalhando, ouvindo os gritos da plateia. Estava realmente parecendo uma plateia, mas eu não conseguiria dizer com precisão.

— Ah, Ellie, você não vai colocar a cara fora de casa pelo resto do ano — Steve resmungou.

— Vou cantar A Thousand Years agora. Eu já contei que vou amar o Shawn eternamente? Porque eu vou. Essa é pra você, Shawn!

E a última coisa que lembro é de começar com "Hearts beats fast".

(...)

— Steve! — gemi contra o travesseiro. — Está tendo uma construção dentro do meu crânio. Faça parar, por favor.

Depois de esperar por um tempo, percebi que ele não faria parar e nem se preocupou em aparecer. Abri os olhos, piscando várias vezes até achar alguma estabilidade, e, quando a encontrei, percebi que a construção se estendia muito além do meu crânio. Realmente havia uma construção em algum lugar do bairro, fazendo-me crer que eu não deveria estar tão ruim assim.

Mantive o pensamento até tirar a cabeça do travesseiro. Logo que meus pés tocaram ao chão, percebi que cometi um erro e me lancei de volta na cama, deixando metade do meu corpo para fora. Minha paz, no entanto, durou pouco tempo; meu celular começou a tocar da forma mais estridente possível.

Tateei o criado mudo atrás do aparelho, já que meu corpo se recusava a fazer qualquer movimento brusco.

— Alô — murmurei, cobrindo meus olhos com o braço; ainda devidamente deitada.

Como cantora, você é uma ótima fotógrafa — Shawn disse e eu não consegui captar as entrelinhas escondidas na sua voz. Tudo que eu consegui fazer foi reproduzir um longo e sofrido gemido. — Boa tarde — saudou.

— Tarde — resmunguei nada surpresa pelo horário. — Eu não lembro exatamente o que eu fiz ontem, mas eu sei que te meti no meio e sei como isso foi irresponsável. Vou entender se você quiser me decapitar — disse tudo de uma vez.

Shawn riu.

Eu não quero te decapitar, mas talvez seja necessário — ponderou e eu dei um sorrisinho.

— Me desculpa, tudo bem? Eu realmente não quis dizer tudo o que disse.

Não queria dizer que sente minha falta, vai me amar por mil anos e que eu ofereço um ótimo sexo? — disse com um ar risonho.

O choque foi capaz de me fazer sentar.

— Foi isso que eu disse?! Eu falei sobre nossa vida sexual? Agora eu gostaria de me decapitar.

Você quer ver o vídeo? Ele está em todo lugar — diz e eu pressiono minha têmpora esquerda. — Basta entrar em qualquer rede social...

— Eu me odeio tanto — resmunguei.

But I'll love you for a thousand years... — ele canta baixinho e eu reviro os olhos.

— Shawn, agora eu sou uma das maiores piadas da internet. E, como se não bastasse, ainda tive que envolver meu namorado famoso. Como você não está bravo?

Quando eu fiquei sabendo que tinha um vídeo seu bêbada circulando pela internet, minha primeira reação foi definitivamente essa. Fiquei bravo, admito. Mas quando vi o vídeo... A única coisa que senti foi saudade de ver essas suas loucuras de perto. E agora todo mundo tá falando que eu transo bem. Todos saíram ganhando.

Gargalhei.

— Eu realmente sinto sua falta — digo manhosa e ouço seu suspiro.

Eu também, mas logo vamos nos encontrar.

— Tem alguma previsão? — perguntei mordendo o lábio, referindo-me as suas folgas.

Bem, não. Mas eu dou um jeito. Prometo. — Assenti com um murmuro. Era consideravelmente fácil eu me deslocar até Shawn em um final de semana livre, mas não era fácil ele se deslocar do trabalho para me dar alguma atenção. — Vou ter que ir — disse depois de um tempo em silêncio. Eu já estava praticamente voltando a dormir.

— Tudo bem — digo em um sussurro.

Já que você, possivelmente, vai voltar a dormir, pode tomar um remédio para dor de cabeça antes — opinou.

— Mas está tão longe... — resmungo, rolando na cama.

Ellie, você sabe que vai acordar pior se não tomar — disse mandão e eu revirei os olhos.

— Está bem, eu vou tomar.

Acho bom. Eu realmente tenho que ir. Ligo de noite. Amo você.

Sorri.

— Eu também amo você.

Ah, eu sei — diz rindo. — Como você disse mesmo? I'll love you...

Desliguei antes que ele completasse a frase.

Joguei o celular longe e fechei os olhos, mas logo me obriguei a levantar e ir atrás do bendito remédio, odiando saber que Shawn tinha razão. Assim que pisei fora do meu quarto, encarei por breves e entediados segundos Karla dormindo no chão da sala.

Francamente.

— Steve é mesmo um inútil — resmunguei indo até ela. — Nem pra colocar a namorada em uma cama decente.

Cutuquei sua costela e seu corpo se contraiu, mas não o suficiente para sair do transe do sono. Fiquei de joelhos em sua frente e, sem paciência alguma, fiquei cutucando sua costela até que ela parasse de fingir que eu não estou aqui.

— O que você quer? — perguntou quando abriu os olhos. Eu levantei ficando em sua frente.

— Você estava dormindo no chão — respondo voltando com meu percurso até a cozinha.

— Agora eu estou acordada no chão — retrucou e eu revirei os olhos.

— Então, vai pra cama. Ou vem tomar um café-anti-ressaca comigo — propus ajeitando a cafeteira, já havia tomado remédio com um pouco de água. No mesmo minuto, vejo uma figura acabada — o que é provável de ser meu caso — rastejando até onde eu estava.

— Café forte? — perguntou sentando no banco e eu assenti.

Depois que o café ficou pronto, servi duas xícaras e prendi meu cabelo para me encostar ao armário e saborear a bebida puramente amarga. Karla, por mais que tenha feito várias caretas, tomou tudo sem reclamar. Ficamos em um silêncio confortável, preenchido somente pelo cheiro de café, até Steve entrar pela porta com sacolas de supermercado.

— Boa tarde, minhas meninas. Como vocês estão? — perguntou contente, dando um beijo na minha cabeça e um selinho em sua namorada.

Karla e eu nos entreolhamos e o encaramos sem ânimo algum.

— Vocês parecem felizes — voltou a comentar, guardando suas compras.

— Radiantes — Karla resmungou e eu ri.

— Ninguém mandou beber demais — Steve cantarolou ao fechar a geladeira e seguiu para seu quarto.

Karla repetiu sua sentença, só que em forma de deboche, o que me fez rir ainda mais.

— Quer fazer alguma coisa hoje? — ela perguntou, lavando sua xícara.

— Não posso. Tenho que trabalhar — respondi. Discretamente, indiquei minha xícara para que ela lavasse também, fazendo-a revirar os olhos.

— No estúdio?

— Não, vou cobrir um evento relacionado a uma marca de maquiagem. George disse que requisitaram minha presença — comentei com o nariz empinado.

Não muito tempo depois que cheguei, fui atrás de um emprego na agência perto de casa, a mesma que vi quando encontrei o apartamento. Por coincidência, George — o chefe mais incrível do mundo — estava lá com seu terno colorido e baixa estatura, e, mais coincidentemente ainda, ele admirava Sally Mann como nenhum outro. O que o fez achar incrível eu ter uma indicação feita por ela, levando meu pedido mais a sério. No fim das contas, fiz um ensaio fotográfico para uma agência de modelos no mesmo dia e sai de lá mais contratada do que entrei.

Foi um ótimo dia.

— Queria que meu chefe gostasse de mim como George gosta de você — Karla disse e eu sorri, concordando.

— Sou mesmo uma sortuda.

Antes que ela me chamasse de convencida, fomos interrompidas pelo barulho do meu celular. Corri até o quarto e franzi o cenho quando vi o nome de Teddy no indicador de chamada.

Ellie! — disse animada.

— Teddy! — respondi do mesmo jeito. — O que houve?

Eu tenho pouco tempo, então, vou ser objetiva. — Assenti. — O aniversário de Shawn vai ser essa semana e estamos preparando uma festa surpresa pra ele! Você vem?

Mordi o lábio.

— Eu tenho trabalho durante a semana inteira, fora a faculdade... — expliquei ao sentar na cama.

Oh. Pensei que poderia tirar uma folga... — disse com um tom de voz triste.

— Eu estava tentando procurar um jeito de contar a ele que essa semana está complicada. Mas eu estou de folga no próximo final de semana, posso ir vê-lo — digo tentando soar otimista.

Tudo bem. Shawn vai entender. Até mais — despediu-se.

Até.

Pela segunda vez no dia, joguei meu celular longe, porém, muito mais frustrada que da primeira vez. Eu sei que Shawn ficaria chateado ao ver que eu não estaria no montinho que gritaria "surpresa!" assim que ele passasse pela porta, mas eu não podia faltar com a faculdade ou com meu emprego, eu tinha que me manter responsável.

É minha obrigação.

Suspirei frustrada antes de seguir para o banheiro, eu tinha que começar a me arrumar para o evento que aconteceria em poucas horas, mas não estava tão animada quanto antes. Balancei a cabeça e fui para o meu banho, repetindo a mim mesma que não importava como eu estava me sentindo, eu tinha que deixar uma ótima impressão para George e quem requisitou minha presença.

(...)

Meu corpo estava coberto pelo meu melhor vestido preto, que nem era meu há horas atrás. Ele tinha alças finas que iam dos meus ombros e se estendiam até minhas costas, cruzando-se até chegar ao meu quadril, deixando que apenas isso cobrisse minhas costas. O decote era discreto e o vestido ia até um pouco depois do meu joelho. Nos meus pés, um salto igualmente preto se preparava para me torturar com calos. Mas eu não me importava, estava me sentindo maravilhosa.

Tão maravilhosa que mandei uma foto para Shawn e tive a sorte de tê-lo online.

Weirdo: só um minuto, eu esqueci como respira

Weirdo: e eu pensando que você não poderia ficar mais linda

Weirdo: não poderia estar mais errado

Weirdo: boa sorte, meu amor, e não esqueça de me avisar quando chegar

Weirdo: te amo!!!!!!

Sorri com suas mensagens e agradeci, dizendo que o amava também. Mas minha atenção foi rapidamente para o grande lugar movimentado em que o taxi acabara de parar um pouco antes do real movimento. Paguei a corrida e andei tentando conter o nervosismo até a porta onde acontecia o evento.

Tinha um tapete vermelho que se estendia pelas escadas até o salão da onde vinham luzes coloridas e uma música animada. Muitas famosas viriam hoje para fazer propaganda da maquiagem e eu, juntamente com outros profissionais, teria de fotografá-las em nome do meu estúdio. Porém, isso não impedia que outros fotógrafos, mais conhecidos como paparazzis, nos fotografassem. Eu seria fotografada. Eu estava me sentindo uma artista enquanto passava pelo tapete vermelho e sentia os flashes em meu rosto, mesmo que ainda estivesse no começo do evento.

Eu sorri, estava feliz com a atenção.

Mantive-me feliz pelo resto da festa. Artistas como Selena Gomez, Emma Stone e Karlie Kloss chegaram ainda no começo, eu tive o prazer de conhecê-las e até ter uma breve conversa com elas antes de fotografá-las. Elas estavam me confidenciando que adoram eventos como esse por conta da boa comida e dos produtos grátis, mesmo que elas tivessem dinheiro suficiente para comprar o que quisessem.

— Eu também adoraria — digo rindo e elas riram comigo, ou de mim. Preferia acreditar que foi comigo.

— Ellie, querida, vem cá! — Ouço George me chamando e eu dou um sorriso de desculpas às meninas, caminhando rapidamente até ele. — Olha quem está aqui!

Eu não precisava que ele me dissesse o nome da Camila Cabello pra eu saber que quem estava aqui era Camila Cabello, então, eu dei um sorriso exagerado em sua direção, diminuindo-o ao perceber que ele estava desproporcional ao meu rosto. Na verdade, eu fiz isso com todos com quem eu falei até agora. Essa calmaria exterior não passa de fingimento para não parecer estranha na frente dos famosos.

Deus, eu acabei de conhecer Selena Gomez.

— Ellie, é um prazer te conhecer — disse Camila ao me abraçar. Eu devo ter demorado uns segundos para retribuir o abraço.

— Acredite, o prazer é todo meu — digo quando nos separamos e ela ri. Minha cara de idiota deveria estar impagável.

— Camila, Ellie é uma das nossas melhores fotógrafas — disse George e eu sorri em sua direção. Ele me elogiava sempre que podia e eu fazia o mesmo com ele na mesma frequência. — Quando você for fazer o ensaio da revista em nosso estúdio, pode ter certeza que será ela quem vai fazer.

Camila tocou em seu ombro, como se o consolasse.

— Claro que sim! Eu já conhecia Ellie, seria obrigada a exigir que fosse ela — disse piscando para mim e o sorriso que não cabia em meu rosto voltou com todas as suas forças. — E você namora o Shawn! Deixa eu te contar todos os podres que eu sei dele.

Camila se despediu de George e agarrou minha mão, dizendo que eu poderia voltar a trabalhar depois. Ela me arrastou até a mesa que ficava perto dos docinhos e começou a conversar comigo. Inicialmente, a conversa foi realmente só sobre Shawn e seus podres — descobri coisas interessantes —, mas não demorou quase nada para se estender e virar uma conversa de quem definitivamente não havia se conhecido há cinco minutos.

Voltei para casa de madrugada, com os saltos na mão e a maquiagem apagada. Só quando sentei na minha cama, percebi as mensagens de Shawn que foram enviadas quando eu ainda estava no evento.

Weirdo: meus amigos são péssimos em esconder coisas

Weirdo: acabei de descobrir que eles vão fazer uma festa surpresa pra mim hahaha

Weirdo: eu vou fingir que não sei de nada, claro

Weirdo: vou treinar minhas caras de surpresa no espelho

Weirdo: enfim, você vai vir, né?

Nessa hora, eu congelei. Shawn sabia meu itinerário semanal tão bem quanto eu. Ele estava colocando expectativas demais para que eu faltasse com meus compromissos e voasse até Los Angeles, o que eu não poderia fazer.

Mas não foi o que eu disse.

Eu: claro que eu vou, não perderia sua festa por nada

Talvez perdesse o emprego, porém. 

(...)

Era quarta feira — o aniversario de Shawn é quinta — quando eu já havia pensado em tudo, tinha um plano perfeitamente planejado: ficaria de joelhos para George e imploraria um dia de folga. Ele estava proibido de recusar. Eu sabia que poderia recuperar o tempo perdido na faculdade, porque, pela primeira vez na vida, estava sendo uma boa aluna; então, estava tranquila quanto a isso. No entanto, todos os dias da semana eu teria um ensaio diferente na agência e, aparentemente, nenhum deles poderia ser remarcado. O que me restava a torcer para que alguém essencial sofresse um acidente.

— Por favor, George! É muito importante!

Eu tinha escolhido o momento perfeito para perturbá-lo. Ele estava revendo os últimos detalhes do ensaio que aconteceria hoje, então, estava consideravelmente distraído. 

— Ellie, eu já disse que não. Você não sabe levar um não?

— Não — resmunguei ao cruzar os braços, recebendo seu olhar duro através dos óculos. — Por favor!

— Rosas são vermelhas, violetas são azuis, Ellie você não vai ter um dia de folga.

Fiz uma careta.

— Isso não rimou — apontei.

— Todas são verdades — retrucou revendo as roupas na arara, jogando um vestido azul para o outro lado da sala.

— George, é o aniversário de vinte anos dele! Não se faz vinte anos todos os dias — observei seguindo-o quando ele começou a andar pelo estúdio.

— Não se faz nenhuma idade todos os dias.

— Você está impossível hoje — digo revirando os olhos. Ele me ignora e aponta para um vaso no lugar em que a sessão de fotos ocorreria, pedindo para que eu o remova, eu reviro os olhos novamente ao tirá-lo da margem da câmera.

George para e se vira em minha direção.

— Você não vai tirar folga amanhã e eu não quero mais falar sobre isso. Vá preparar suas coisas para que a sessão comece — disse autoritário e, assim como o vaso, eu saí da margem de sua visão sem dizer mais nada.

Estava irritada. Nem com Shawn, nem com meu emprego ou com George, mas comigo. Estava irritadíssima comigo. Talvez como nunca estive. Eu sei que tenho responsabilidades e sei como tenho que cumpri-las, mas me sentia frustrada e desanimada em ter que desapontar Shawn em meio ao seu aniversário. Mesmo sabendo que ele entenderia; que seria compreensível. Nesse momento, sentia exatamente tudo me segurando.

Eram umas nove horas da noite quando passava pela porta do estúdio para ir para a porta de casa. Mas, antes mesmo de sair do prédio, fui impedida. Era George e ele tinha um sorriso no rosto não digno de um fim de um dia cheio.

— Você não vai tirar folga amanhã — ele disse e eu franzi o cenho.

— Sei disso.

— Você vai trabalhar amanhã — continuou.

— Sei disse também. Por que está esfregando isso na minha cara? — perguntei irritada.

George revirou os olhos.

— Não vai ser aqui. — Antes que eu perguntasse onde seria; ele continuou. — Você tem um trabalho muito sério a fazer em Los Angeles.

— Meu Deus! Sério?! Você vai me deixar ir? — Pulei em seu pescoço, abraçando-o com aperto. — Pode deixar que vou aproveitar muito meu trabalho e ainda vou te trazer um pedaço de bolo. — Pisquei um olho quando me afastei.

George riu.

— Eu não estou falando do aniversário de seu namorado, você realmente vai trabalhar — disse com a sobrancelha arqueada e eu solto um muxoxo. — Andrea ia para Los Angeles amanhã e eu consegui que ela trocasse de lugar com você.

— Ah, irei lembrar de agradecer à ela depois.

— Pode ser com um pedaço de bolo da festa, eu vou querer meu pedaço — sugeriu e eu sorri.

— Muito obrigada, George — digo ao abraçá-lo uma última vez. — Isso significa muito pra mim.

— Eu sei que sim. Se divirta e mande um feliz aniversário para o Shawn por mim. 

Garanti que mandaria e ele foi embora dizendo "sábado é bom você estar aqui, me ouviu, dona Ellie?", fazendo-me garantir isso também. Fui embora muito mais feliz e aliviada do que iria quando ainda eram nove da noite.

Pena que o alivio durou pouco.

O dia 8 havia começado conturbado, devo dizer. Primeiro que dormi enquanto fazia o texto de aniversário de Shawn, só podendo mandá-lo às oito da manhã quando acordei e li suas mensagens decepcionadas por eu ter dormido. Sendo que às oito, eu já deveria estar em aula, ou seja, tive que ficar mais um horário para compensar o anterior e a falta do dia seguinte. Quando cheguei ao estúdio, George me prendeu até o último minuto e, como a responsável que sou, acabei me atrasando já que não tinha arrumado minhas malas. Porém, pasmem, eu não fui a única a me atrasar; meu voo atrasou duas horas e eu tive que concordar que ele era totalmente meu.

Cheguei em Los Angeles faltando trinta minutos para que o dia 8 chegasse ao fim.

A festa de Shawn definitivamente já havia começado e eu não dava sinal de vida desde cedo, ele provavelmente está bem preocupado. Mas eu tinha uma surpresa, talvez ele não quisesse me matar se eu conseguisse completá-la. Assim que consegui um táxi e o mandei seguir até o local da festa — que ficava longe do aeroporto pra melhorar minha vida —, liguei para Teddy e pedi para que ela preparasse tudo para mim. Ela ficou feliz em saber que eu havia conseguido e prometeu me ajudar.

Vinte minutos. Eu tinha vinte minutos.

O taxista, mesmo que carrancudo, fez de tudo para burlar as regras do transito sem nos matar e tentar encurtar o tempo de percurso para que eu chegasse a tempo. Ele fez e eu lhe dei um dinheiro extra por isso. Juro que quase vi um sorriso em seu rosto.

A festa acontecia no apartamento em que Shawn estava morando com sua equipe. Eu tive que ligar para Teddy para que a portaria liberasse minha entrada e tive que entrar pela cozinha para que Shawn não me visse. Evitei pensar o quão chateado ele está comigo. Assim que entrei no apartamento, fui recebida pelo abraço caloroso de Teddy, que me ajudou com minhas malas, colocando-as em qualquer canto.

Tive que para um segundo para respirar.

— Não acredito que vou fazer isso — choraminguei e ela riu.

— O que não fazemos por quem a gente ama? — perguntou retoricamente e eu concordei.

Ela tinha razão. Mas não tive muito tempo para pensar, porque ela me deu um microfone e me empurrou para a sala, onde todos estavam. Teddy disse que Shawn estava no canto, e havia luzes e a música estava alta demais para que ele me notasse de primeira. Subi no palco improvisado que ficava perto do bar e a música parou instantaneamente. A atenção de todos foi parar em mim. Minhas bochechas ficaram vermelhas.

Comecei meu discurso quatro minutos antes do dia oito acabar.

— Oi — saudei, fazendo uma careta ao ouvir minha voz amplificada e sentir o olhar surpreso de Shawn cravado em mim. — Eu não quero tomar muito do tempo de quem só pretende curtir a festa, mas eu preciso fazer isso, porque eu preciso tomar o tempo de vocês pra me declarar cantando A Thousand Years, dessa vez totalmente sóbria. — digo sorrindo e ouvindo a risada de quem me ouvia. — Eu sei que não canto bem, mas isso é só um detalhe quando cada palavra desafinada é verdadeira.

— Arrasa, Ellie! — Ouço o grito de Brian, o amigo de Shawn, que quebra todo o clima.

— Obrigada, Brian — digo envergonhada. — Shawn... Eu só queria dizer coisas clichês que dizem quando as pessoas fazem aniversário, mas que são todas verdades. Mas eu não vou dizer agora, porque senão vou perder toda a coragem que juntei para ficar aqui e cantar.

A melodia da música começou e eu segurei o microfone com força, começando a cantar o juramento que iria amar o Shawn por mil anos um minuto antes do dia 8 definitivamente acabar.

Acabou que quase não deu pra ouvir minha voz, porque todos cantaram comigo. Incluindo Shawn.

— Eu te amo tanto — disse meu namorado ao meu ouvido quando eu corri até ele e o abracei apertado pelo pescoço. Senti meus pés saírem do chão. — Eu pensei que não viria.

— O universo estava conspirando para que eu não viesse — digo quando nos separamos. Shawn acaricia meu rosto e volta a segurar minha cintura quando me beija. — Desculpe por não chegar antes, por dormir enquanto fazia seu texto, por...

— Ellie, você está aqui agora, você cantou a música de crepúsculo na frente de todo mundo. Eu não poderia estar mais feliz.

Sorri satisfeita.

— Deu trabalho, mas valeu a pena. — Encostei minha testa na sua e olhei em suas íris castanhas. — Você sabe, o tempo trouxe seu coração pra mim... — cantarolei quando começamos a nos balançar de um lado para o outro. Todos já tinham voltado para a festa, então, eu não me sentia desconfortável por estar quase dançando.

— Eu te amei por mil anos — continuou a cantarolar e eu sorri contra seu sorriso, sentindo suas mãos firmes em volta de mim. Senti falta disso.

— Eu vou te amar por mil anos.

— Alerta casal do século! — Brian gritou e se jogou por cima de nós, acabando com o clima mais uma vez. — Por favor, me adotem.

If you are by my side


votem e comentem e não se esqueçam de conferir minha obra badlands no meu perfil!

ONE STEP CLOSEEERRRRR sim entendam que tá muito perto do the end :(

gente vocês gostam de capítulos soft assim? porque eu senti ele muito soft

espero que tenham gostado e amo voceEEss

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