No dia seguinte

Não posso acreditar que estamos no barco há apenas um dia e você já está fazendo das suas.

— Mas, pai… — Jaemin tentou se justificar, mas foi interrompido por um golpe na bochecha, que o fez morder os lábios.

Ao lado dele, Rose ficou surpresa, enquanto sua mãe e Cal permaneceram indiferentes.

— Não quero ouvir nada. Vá para o seu camarote e não saia até a hora do jantar — ordenou, severo.

Sem dizer uma palavra, Jaemin caminhou para o camarote, evitando olhar para qualquer um.

Quando chegou, encostou-se à porta, sentindo as lágrimas brotarem em seus olhos. Seu pai tinha sido avisado, naquela manhã, pelo empregado de Cal, sobre sua saída do camarote no dia anterior. Jaemin já esperava ser repreendido, mas nunca imaginou que seu pai o golpearia na frente de todos — do noivo da irmã, de sua mãe e de Rose. Normalmente, as agressões ocorriam a portas fechadas.

— Só mais alguns dias… apenas mais alguns dias — murmurou para si mesmo, tentando se consolar com a ideia de que logo estariam na América. Mesmo que fosse enviado para um internato assim que desembarcassem, ao menos estaria longe do pai.

— Jaemin?

A voz de sua irmã o tirou dos pensamentos.

— O que foi, Rose?

— Posso entrar, por favor?

Jaemin suspirou, afastando-se da porta para abri-la. Assim que o fez, Rose o envolveu em um abraço apertado.

— Desculpe — disse ela, afastando-se.

Jaemin fechou a porta e caminhou até a cama.

— Não precisa se desculpar.

— Estou errada. Fui eu quem te disse para sair e aproveitar o dia... foi por minha culpa que te pegaram.

Jaemin balançou a cabeça.

— Não foi culpa sua, Rose. Aconteceu. Não quero que se sinta culpada por isso, por favor.

— Tudo bem. Mas me diga… como foi o passeio?

Jaemin fez um gesto para que ela se sentasse ao seu lado, e ela obedeceu.

— Foi maravilhoso. Ver o céu e o mar... foi incrível. Até explorei o barco — respondeu com um sorriso. — E... conheci alguém.

Rose ergueu as sobrancelhas, surpresa.

— Conheceu alguém?

— Bem, não exatamente. Eu esbarrei nele enquanto fugia do empregado de Cal — explicou, um pouco envergonhado.

— Com ele? Então você conheceu um rapaz.

— Ah… bom, sim — confessou Jaemin, passando as mãos pelo rosto. — Mas não pense que é nada demais, tá?

Rose riu.

— Entendi. Foi só um rapaz que te ajudou a fugir. E… ele era bonito?

— Rose! — exclamou Jaemin, surpreso. — Não vou falar sobre isso com você!

— Desde que você me contou sobre seus sentimentos, não consigo evitar querer saber mais — disse ela, divertida.

Jaemin suspirou, resignado.

— Bem… sim, ele era bonito. Tinha cabelos loiros, olhos azuis… ele era lindo — admitiu, sorrindo, meio bobo.

Rose ficou feliz ao vê-lo sorrir.

— E… qual o nome dele?

— Jack Dawson, um jovem da terceira classe.

A felicidade de Rose desvaneceu.

— Da terceira classe?

Jaemin assentiu.

— Você sabe que…

— Que não poderei vê-lo de novo? — interrompeu, amargo. — É claro que sei. Somos de classes diferentes, e meu pai nunca permitiria.

Rose ficou triste com a resposta.

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Mais tarde, durante o jantar, Jaemin sentiu-se sufocado.

— Preciso de ar. Com licença — disse abruptamente, levantando-se e saindo sem esperar reação dos pais ou de Rose.

Ele correu sem direção pelos corredores do navio, esbarrando em algumas pessoas, mas não se importava. Queria apenas fugir.

Acabou na popa, na área reservada aos passageiros da terceira classe. Lá, segurou as grades, olhando para o mar.

Uma ideia perigosa cruzou sua mente.

— Só faça isso, Jaemin… e tudo terminará — murmurou, pensando no alívio que sentiria ao escapar de tudo aquilo.

Ele colocou o pé no primeiro tubo da grade, mas foi interrompido por uma voz.

— Não faça isso.

Jaemin virou-se e viu Jack Dawson.

— Por favor, não faça isso — pediu Jack novamente.

— Como você sabe o que eu estava planejando? — retrucou Jaemin.

— Não é difícil adivinhar. Pular no mar não é uma boa ideia.

— Já pensei bastante. É o melhor para todos, especialmente para meus pais — respondeu Jaemin, com lágrimas nos olhos.

Jack se aproximou.

— Não sei o que aconteceu com você, mas ninguém merece esse fim. Dê a si mesmo outra chance.

Por fim, Jack conseguiu convencê-lo. Estendeu a mão, e Jaemin aceitou, afastando-se da grade.

— Meu nome é Jack Dawson, mas você já sabia disso.

— Jaemin DeWitt Bukater — respondeu, pela primeira vez sorrindo.

No entanto, antes que pudesse dizer algo mais, a voz fria de seu pai soou atrás deles.

— O que está acontecendo aqui?!

Jaemin virou-se, o coração disparado. Sabia que estava em sérios problemas.

Revisado.