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˖࣪ ❛ PIETRO HIGGINBOTHAM
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O VENTO BATENDO NO MEU ROSTO FOI INCRÍVEL. Se eu pensava que um lobo era rápido, me enganei ao tentar montar nas costas de um vampiro, mas ambos estavam completamente atrasados contra um bruxo como Pietro. Sua velocidade era o dobro da de Edward, a única coisa que podia ser vista quando ele passava era sua aura azul.
— Pare. — ele brincou, freando e eu me agarrei a ele em sua freada repentina, rindo. Ele me abaixou com cuidado, já que me fez estilo noiva e começamos a rir juntos. — Por favor, não vomite.
— Ah, cala a boca. — eu ri sentando, ele imitou minha ação mas deitado ao meu lado com um sorriso.
Estávamos assim nas últimas horas, rindo ou conversando sobre o que tinha acontecido, nosso relacionamento era tão estranho que eu não sabia como defini-lo, era como se sempre nos conhecêssemos, como se isso fosse algo todos os dias, um hábito que perdi sem saber por quê.
— Bem, eu quero respostas. — deitei-me ao lado dele, virando-me para me apoiar em um braço e ele se deitou da mesma forma na minha frente. — Você responde ou por bem ou por mal. — brinquei estreitando os olhos fazendo-o rir.
— Com certeza, policial. — ele continuou brincando mas suspirou antes de fazer uma careta. — Bom, por onde eu começo?
— Do início? — murmurei zombeteiramente, ele revirou os olhos sem apagar o sorriso. — Bom, pelo que realmente somos.
— Qual a primeira coisa que você lembra da vida de Melanie Higginbotham I? — ele perguntou brincando com a grama.
— Tendo estado em uma tribo de bruxos e bruxas, mas os aldeões... — sussurrei com um pequeno nó na garganta ao pensar nisso.
— Eles os queimaram. — terminou amargamente. — Bem, você saiu de lá antes.
— Eu lembro. — murmurei, balançando a cabeça. — Mas não me lembro de você.
— É por isso. — ele sentou-se em uma posição de índio, me dizendo para fazer o mesmo.
Estávamos em uma campina escondida em Forks, quase chegando à reserva no topo do local, mas sem chegar às montanhas. Ele fez um movimento com as mãos e apareceu um livro flutuando com energia azul elétrica, eu sorri fazendo o mesmo e meu livro apareceu, mas com minha energia escarlate fazendo-o flutuar.
— Obviamente há coisas que você não lembra porque ninguém se lembra de tudo em sua vida. Óbvio até você mudar para uma página, mas isso vai te ajudar a lembrar.
— O que? — perguntei curiosa.
Mas eu não esperava que seus olhos de repente ficassem azuis elétricos e ele batesse um dos dedos na minha testa. Arregalei os olhos, ouvindo mil sons ao mesmo tempo, toda a minha vida passando em fragmentos de microssegundos, sentimentos explodindo em meu peito. Respirei fundo quando tudo acabou e ele sorriu zombeteiramente.
— Você não viu isso chegando?
Levantei os olhos para repreendê-lo, mas só vi duas crianças, uma de cabelos platinados correndo em volta de uma menina de cabelos ruivos que estava no chão rindo com lama. Sorri um pouco inconscientemente, mas soltei uma pequena risada ao ver a garota usar sua magia para jogar o garoto que estava igualmente molhado na terra.
— Você não viu isso chegando? — a garotinha zombou , imitando-o, os dois começaram a jogar lama um no outro, iniciando juntos uma briga de lama.
Pisquei novamente, notando Pietro sorrir um pouco enquanto ele erguia as sobrancelhas, senti meus olhos se encherem de lágrimas mas tentei não derramar nenhuma.
— Você saiu porque o Conselho pediu uma bruxa, uma guardiã e eles escolheram você. — ele encolheu os ombros, mas fazendo uma careta. — Mas eu tinha saído também quando eles me escolheram.
— O que aconteceu depois? — murmurei sentindo sua dor.
— O vínculo com as bruxas, as poucas bruxas, estava se rompendo. Era como se eu estivesse queimando e então entendi. Os momentos em que senti toda a dor estavam vindo até mim, lembrando daqueles momentos. Corri como nunca, tão rápido que me surpreendeu, até que cheguei pensando que os aldeões tinham a encontrado e eles tinham...
— Mas eu já tinha ido embora. — eu terminei, pois já me lembrava de estar com Taha Aki quando senti o vínculo com minha tribo se romper. — Você...
— Achei que você tinha morrido? Sim. — subi para abraçá-lo e ele respondeu, nos puxando para trás e nos deitando na grama. Rimos quando ouvimos os livros perderem a magia caindo ao nosso lado, o riso foi diminuindo até chegar a alguns suspiros. — Me senti perdido.
— Mas nosso vínculo não havia sido rompido. — reconsiderei, franzindo um pouco a testa.
— Não, mas não consegui perceber a diferença. Foi quando você se sacrificou pela marca de Taha Aki que ela realmente quebrou.
Pensei em como foi horrível pensar que sua irmã havia morrido por causa dos cidadãos, mas anos depois você percebeu que ela havia sobrevivido apenas para descobrir que havia realmente morrido. Suspirei tristemente pensando no porquê de não ter ido com a tribo como ele, presumi que como uma guardiã inexperiente eu tinha sido deixada.
— Mas aí eu li seu livro e me certifiquei de que todo o mundo sobrenatural conhecesse sua história. — nos separamos para ver os dois livros. — E usei para certas coisas.
— Como o que? — perguntei pegando o dele para poder ver o que ele havia escrito.
— Ser imortal.
Virei-me para ele, abrindo os olhos surpresa: Que detalhe, Melanie! Eu nem tinha pensado nisso, em como ele vivia há tanto tempo, pensei ter pensado na possibilidade dele ter reencarnado como eu, mas não, ele havia se tornado um ser imortal.
— Por que você não usou isso em você, Meli? — ele perguntou um tanto baixinho. Suspirei olhando as páginas do livro novamente.
— Bella tem medo da mortalidade. — sussurrei, vendo as coisas que eu não sabia, aquelas que ele havia descoberto. — Mas eu tenho medo da imortalidade, de ter que ver minha família morrer, a ciência avançar e nunca mais poder voltar atrás, é algo que... Me dá arrepios.
— Mas como você vê as pessoas indo embora, você também as vê ficando. — ele pegou meu livro para folheá-lo da mesma forma. — Você não gostaria de descobrir tudo o que puder com... Qual era o nome daquele vampiro?
— Carlisle. — eu ri ouvindo como ele acompanhou minha risada novamente.
— Esse. — ele assentiu, eu bati nele com seu livro enquanto ele ria, deixando-o em seu peito. — Ei!
— Além disso você vai gostar dele. — eu o ignorei ao me levantar da grama. — Todo mundo vai amar você. Carlisle, Alice, Jasper, Rosalie, Emmett e Edward.
— Edward? O vampiro que sai com sua sobrinha? — ele perguntou, mas depois fez uma careta. — Sua sobrinha...
— Minha sobrinha. — suspirei repetindo isso.
O que eu faria com Isabella?
★
Caminhei até a entrada da casa dos Cullen, Pietro preferiu subir em uma árvore e manter distância até eu falar com eles, mas atento ao que estava acontecendo. Não precisei dar muitos passos quando senti a aura de Tobi, e ele correu até me alcançar.
— Tobi! — cumprimentei-o, me abaixando para pegá-lo nos braços. — Olá, querido. — acariciei-o atrás das orelhas, falando em tom melado.
— Onde você estava?
Olhei para cima e vi todo o clã, mas com as sobrancelhas franzidas, braços cruzados com sentimentos totalmente enfurecidos, o único que se divertia era Pietro que estava parado à distância sem ser notado. Coloquei o cachorrinho no chão me sentindo um pouco culpada, mas intimidada.
— Alice já nos mostrou que você foi para Volterra, o que você acha disso, Melanie? Sem nem avisar pelo menos. — Carlisle falou, foi a primeira vez que eu o que ele estava mais sério que o normal. — É a segunda vez que você faz algo assim.
— A segunda? — perguntei, um tanto ofendida com seu tom.
— A primeira foi que você prometeu que ficaria longe da luta, você ia usar seus poderes de longe mas lutou contra Victoria e Riley. Edward até disse para você ir com Seth mas você ficou. — ele repreendeu sem levantar o tom de voz, mas suas emoções me chocaram e eu entendi o ponto de vista dele, mas também consegui entender o meu.
— Me desculpe por isso, mas eu não ia deixar nada acontecer com ele. — me defendi, deixando Tobi ir embora. — Além disso, estou bem.
— Depois que tive que mover seus ossos. — Edward bufou, suspirei sentindo-me oprimida, mas irritada com as provocações internas que Pietro estava tendo
'Mãe Melanie, você é um fracasso. Como pode pensar em deixar seus filhos e marido assim?! Você é uma vergonha, vá até a cozinha terminar de tirar o sangue do urso para alimentar sua família!' Pietro zombou, rindo em silêncio.
— Isso não é nem metade do que aconteceu. — Alice se juntou. — Eu vi o que aconteceu com Aro, Marcus e Chealsea. Qual foi o fio que você cortou, mãe?
Eu me senti entre uma rocha e um lugar difícil.
— Na carta... — comecei a tentar respirar normalmente. — Os três reis me convidaram para ir para Volterra em paz, para não entrar em desacordo comigo com coisas como a batalha contra Victoria ou o golpe que Alec havia me dado da última vez.
— Uma aliança? — Emmett perguntou sem entender.
— Não, simplesmente algo para regularizar o equilíbrio para que não haja conflitos ou ressentimentos. — eu respondi. — Mas houve um preço.
— Que preço? — Jasper questionou rapidamente.
— Foi necessário. — preparei-me antecipadamente vendo suas expressões desconfiadas. — Porque assim puderem conhecê-lo, vocês irão adorá-lo, é a parte que me faltava.
— Quem é ele? — Rosalie perguntou, sendo a mais gentil, ela aparentemente havia relaxado com a última coisa que eu disse.
— Que preço? — Edward repetiu à pergunta do loiro.
— Cortar os laços com Isabella.
A expressão dos gêmeos Hale com Emmett era a mesma, de total surpresa, mas não havia aborrecimento ou medo, apenas surpresa e até um pouco de calma por parte dos loiros, a de Carlisle e Alice era de perplexidade, eles estavam um tanto confusos, mas surpresos, enquanto o de Edward era totalmente diferente.
— Você fez o que? — ele perguntou avançando. — Por que você fez isso, Melanie?!
Recuei um pouco sentindo suas emoções que me atingiram como uma onda, ele estava com muita raiva e eu estava prestes a me defender quando ele avançou em passos acelerados, eu tinha certeza que ele iria me pegar pelos ombros mas de um segundo para o outro vi tudo embaçado. Pietro.
Eu me agarrei a ele por um segundo, justamente quando ele parou a poucos metros dos Cullen me segurando em estilo nupcial. Eles ficaram ainda mais surpresos, mas rosnaram ameaçadoramente. Pietro os ignorou, olhando para Edward que parecia estar em estado de choque ao vê-lo, quase sem acreditar.
— Levante o tom de novo e eu mato você, Eduardo. — ele o nomeou como eu o chamava às vezes. Edward rosnou levemente mas não de forma ameaçadora. — Você está bem? — ele se virou para mim e eu balancei a cabeça, caindo no chão.
— Este é Pietro.
Eu apontei, pegando a mão dele como um reflexo, mas em vez de suavizar seus olhares, eles endureceram ao ver nossas mãos entrelaçadas, e nenhum de nós suportou sorrir zombeteiramente.
— Meu gêmeo.
Agora, suas expressões estavam um pouco chocadas.
— Este é Carlisle. — apontei para o patriarca, apresentando-os.
— Seu namorado. — Pietro zombou.
— Cale a boca, este é Emmett, parceiro de Rosalie. — apontei para os dois vampiros que foram os primeiros a sorrir gentilmente para ele, algo que me disse que Pietro se daria maravilhosamente bem com o homem de cabelos negros.
— O vampiro super forte e a vampira super bonita. — ele assentiu, balançando a cabeça em saudação e eles retribuíram o gesto.
— Essa é Alice, o parceiro dela é Jasper. — ressaltei para o casal que eles ficaram um pouco desconfiados mas acabaram sorrindo levemente, Pietro seria um grande amigo de Jasper também por sua experiência e empatia.
— A vidente. — cumprimentou ele, ela sorriu mais um pouco, saudando com a mão. — E o comandante, meu respeito. — Pietro se dirigiu ao loiro, fazendo uma saudação militar que ele imitou.
— E esse é Edward... — apontei para o menino que parecia o único que não saiu do choque, mas suas emoções me confundiram porque estavam em constante mudança, sendo um terremoto de sentimentos.
— Meu parceiro. — Pietro rosnou furioso com a tentativa de Edward segundos atrás de se aproximar. Abri os olhos surpresa, vendo Pietro pelo que ele disse, mas ele olhou desconfiado para Edward, que olhou para baixo como um cachorrinho repreendido.
Isso ficou... Estranho.
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