˖࣪ ❛ BRIGA PELA MAMÃE
— 19 —

FOI A SEXTA NOITE QUE EU DORMIR NA CABANA, EU ESTAVA SOZINHA MESMO QUE A MATILHA E ATÉ OS CULLEN SE OFERECERAM PARA FICAR. Alice era a mais insistente, mesmo ela não sabendo porque eles se importavam tanto com ela estar sozinha, a matilha era simplesmente porque eles não gostavam de Carlisle Cullen, e ela também não sabia porque eles não gostavam dele. Mas os Cullen eram estranhos.

Ouvir um barulho ao lado que me fez levantar, mesmo assim não quis abrir os olhos, a única coisa que fiz foi grunhir para me virar, mas outro som foi ouvido me fazendo bufar de cansaço e me virar olhando no teto.

Eu abri meus olhos.

Não era... O telhado da minha casa?

Só havia estrelas onde deveria haver madeira, virei meu olhar com desconfiança e lentamente para um lado, tentando ter certeza de que não era o que eu pensava, mas quando olhei para o lado não havia nada além daquelas estranhas carpas que eu tinha visto antes, me virei para voltar meu olhar e ver que estava na floresta.

— Augh, de novo não: — me cobri com os cobertores tentando fechar os olhos para não me intrometer e esperar que acontecesse passar rápido.

Mas para meu azar a cama confortável desapareceu me fazendo sentir o chão nas minhas costas, bufei frustrada ao me levantar, procurando com os olhos algo que chamasse a atenção. O mesmo castanho de pele avermelhada veio andando com um sorriso, presumi que fosse Ephraim Black graças à semelhança com Jacob mais o fato de estar lendo as lendas da tribo Quileute.

— Melanie, fizemos uma fogueira, você vem?

Por mais que eu quisesse recusar, voltar para minha cama e sentir meu cobertor macio, meus pés já caminhavam sozinhos seguindo o moreno, meu olhar se voltou para meu corpo, admirando como meu terno se vestiu novamente.

Cada pessoa estava vestida apenas com capas cobrindo o corpo, cabelos longos soltos ao vento e pano cobrindo apenas as partes íntimas. As tendas não eram grandes, não pareciam ter espaço para mais de duas pessoas.

Quando cheguei à fogueira pude ver alguém que se parecia com o velho Quil Ateara, uma mulher que se parecia com Sue Clearwater e o que parecia ser o pai de Sam Uley. O resto não era como as pessoas que conheci. Sentei-me num tronco ouvindo como eles começaram a contar histórias.

— Feiticeira escarlate!

Todos nós nos viramos e vimos uma série de pessoas que pareciam ser da cidade daquela época, ou pelo menos era o que pareciam ser, tinham tochas com enormes gravetos acesos o que me causou terror quando vi que eles estavam apenas olhando em mim.

— Corra, Melanie, nós ajudaremos você! — Efraim me olhou com toda confiança do mundo.

Antes que eu pudesse fazer ou pensar alguma coisa, meu corpo já estava no topo de uma árvore, o que me confundiu, mas reagi quando vi que não era eu, mas minha velha... Alma? Direi que minha eu do passado sabia usar o teletransporte sem problemas, sua magia era mais avançada que a minha.

— Nós amamos a bruxa, não vocês indígenas sem vergonha nenhuma. — eles olhavam para suas roupas com desdém, o que me deixou com raiva, eles deveriam aprender a respeitar a cultura alheia.

— Que bruxa? Bruxas não existem. — ele falou por todos que assentiram com confiança diante disso, um sorriso escapou do meu rosto.

— Sabemos que você está escondendo ela, basta entregá-la para levá-la até a fogueira e prometemos que nada vai acontecer com vocês. — memórias de mulheres sendo queimadas vieram à minha mente sem poder evitar, os ancestrais das bruxas foram difíceis.

— Pedimos gentilmente que deixem nossas terras. — ele usou sua voz alfa característica.

A discussão continuou por mais alguns segundos, segundos que foram apenas palavras trocadas entre os patriarcas e os líderes dos grupos. Mas meu olhar foi desviado para a floresta quando senti uma aura hostil, manchada com as cores mais negativas que me causaram arrepios. Eu me teletransportei de árvore em árvore, galhos em galhos, até chegar a um local onde um grande número de pessoas podia ser visto.

Eles eram vampiros com auras iguais ou piores que as dos Volturi, seus olhos vermelhos, sangrentos de vingança, olhavam diretamente para onde ficava a vila. Eles estavam indo em busca de vingança. Em busca dos lobisomens.

Corri de volta para a tribo mas quando cheguei eles já estavam lá, atacando os lobos, os aldeões, os intrusos que queriam me levar para a fogueira, tudo estava pegando fogo por causa do fogo que carregavam, arranhões dos lobos que quebraram tendas onde as crianças corriam... Foi um massacre.

— Ajude-nos, Melanie!

— Nós precisamos de você!

— Corra, Melanie, ajude-nos!

— Melanie!

Acordei de repente, abrindo os olhos e admirando que onde antes havia visto estrelas, agora só havia o teto que inicialmente eu tanto queria que estivesse ali. Nem me preocupei em me olhar no espelho sabendo que meus olhos estariam brilhando. O que me assustou foi ver o rosto preocupado de Alice na minha frente.

— Alice! — eu gritei, colocando a mão no peito enquanto respirava com dificuldade. — Meu Deus, menina, você vai me dar um ataque cardíaco!

— Sinto muito. — ela me deu um pequeno sorriso triste. — Mas uma visão me disse que você teria um pesadelo ou algo parecido com uma lembrança. — ela explicou.

Sentei-me corretamente na cama para dar espaço a ela, sabia que ela ficaria e isso não me incomodava, ela se deitou ao meu lado com um sorriso, mas eu podia sentir suas emoções então me virei olhando para ela com curiosidade.

— O que você fez? — eu perguntei, franzindo a testa.

— Meus irmãos estão lá fora. — eu suspirei olhando para o teto enquanto balançava a cabeça de forma engraçada.

— Podem entrar. — murmurei sabendo que eles estavam me ouvindo.

Em menos de um segundo, Rosalie, Jasper, Emmett e Edward estavam na minha frente com rostos preocupados, mas olhares de desculpas. A loira foi a primeira a se aproximar para inspecionar meu rosto, certificando-se de que não havia nenhum dano.

— Estou bem, Rose. — retirei suavemente as mãos frias.

— Lamentamos vir, mas estávamos preocupados. — falou Emmett.

Eu me diverti com suas características diferentes, os gêmeos Hale eram os únicos loiros, Alice tinha cabelos pretos, Emmett tinha cabelos pretos e Edward era ruivo.

— Ok, mas não cabem todos na cama para me fazer companhia. — eu brinquei, fazendo-os rir. — Vocês podem ficar. Emmett, você tem videogame na minha TV mas não use o volume alto. — ele assentiu animado. — Jasper, você tem livros naquela estante ali.

O loiro sorriu um pouco indo até onde estavam os livros antigos de bruxa que ganhei esse ano, os que minha mãe tinha me dado, ou os que a tribo me ofereceu. Emmett me deu um beijo na bochecha antes de desaparecer e ir para a sala, ele tinha o PlayStation na mochila, então estava tudo bem. Jasper também beijou minha bochecha antes de ir atrás de seu irmão com os livros. Eu adorava aqueles pequenos gestos dos dois.

— Vou brincar com o Emmett, então não se preocupe. — Edward se aproximou para beijar minha bochecha também. — Me desculpe, de novo.

— Calma, Edward. — Alice disse.

— Vá embora. — Rosalie revirou os olhos.

— Rose... — eu ri, ela era a mais ciumenta.

— O que? Não sei por que você deixou ele falar com você, você deveria puni-lo por tudo que ele fez. — ela se deitou à minha direita enquanto Alice ainda estava à minha esquerda.

— Não posso puni-lo, não sou a mãe dele. — cobri nós três para nos acomodarmos melhor.

— Ainda não. — ouvi todos os vampiros na sala então olhei para as duas vampiras confusa.

Eu não era distraída nem idiota, conseguia perceber todas as dicas sobre maternidade que os vampiros Cullen me davam, mas preferi ignorar sabendo que a matilha também tinha inveja do amor e da atenção que eu dava a eles. Para eles, eu era a mãe da matilha, eles não queriam que eu fosse mãe de outra família, matilha ou clã.

— É injusto que eu não consiga ler sua mente. — Edward amaldiçoou, mas eu podia ouvi-lo acima do silêncio da cabana.

— O que vocês querem dizer toda vez que me tratam como mãe? — eu perguntei mesmo sabendo a resposta no fundo.

— Não é nosso dever te contar. — murmurou a fadinha ao meu lado, cobrindo-se com as mantas até a cabeça, evitando fazer parte da conversa.

— Ah, por favor, Aro já te contou, não foi, Edward? — reclamou a loira, descobrindo a irmã.

— Sim, é verdade. — Edward sentou-se no sofá que ficava ao lado da minha cama. — Se eu pudesse ler sua mente seria mais fácil. — ele me olhou atentamente.

— Não vou deixar você entrar na minha mente, Edwin. — ele me olhou indignado mas eu desviei o olhar para a porta por onde os dois últimos vampiros estavam entrando, o loiro estava lendo concentrado. — É sobre Carlisle, certo?

Eles compartilharam um olhar que deixou tudo claro para mim, seus sentimentos tinham uma pequena parte de vergonha, felicidade e saudade. Ao que balancei a cabeça, começando a recapitular tudo. A vez em que me senti atraída pelo loiro através das lembranças de Isabella, quando Aro comentou sobre meu possível vínculo, as dicas dos vampiros, o ciúme da matilha.

— Eu sou sua...? — eles me olharam atentamente até simplesmente assentirem.

— Mas na realidade caberia a ele te contar. — Jasper foi sincero.

— Gente... — eu olhei para eles com pena. — Não vou ficar com Carlisle

Eles franziram a testa ao mesmo tempo, fazendo com que eu olhasse para eles com um pouco de tristeza, seus sentimentos caíram em grande escala, toda sua emoção despencou quando eles começaram a sentir tristeza, confusão e um pouco de raiva. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, todos notamos a presença dos lobos, eles pelo cheiro, eu pelas auras.

Olhei pela janela para ver como dois membros da matilha estavam em forma de lobo, presumi que Seth por causa de sua cor arenosa e Leah por causa de sua cor branca, Paul, Jared e Embry estavam andando com rostos hostis. Olhei para os vampiros que, se já estavam de mau humor, agora estavam ainda piores.

— Fiquem longe da nossa mãe. — Embry foi ouvido se aproximando.

— Vão embora, seus vira-latas. — Rose abriu a porta com pouco carinho.

Fui até a porta para ver como todos se olhavam de forma hostil, enviando adagas pelo olhar, a tensão deles me atingiu em grande escala mas eles pouco se importaram pois estavam em sua guerra de olhares.

— Fiquem longe da nossa mãe, você só tem um aviso. — Jared rosnou.

— Vocês não entendem. — reclamou a pequena vampira.

— Claro que entendemos, mas isso não significa nada, ela faz parte da matilha, não vamos permitir que ela fique perto de algum sugador de sangue. — Paul estava começando a tremer, o que me preocupou.

— Você acha que gostamos que ela fique perto de cachorros cheios de pulgas? — Edward entrou

— Deus! — ambos os lados me olharam, assustados e irritados. — O que diabos está acontecendo com vocês? Eu não sou uma maldita mãe barbie com quem vocês possam brincar, vocês não podem brigar pela minha atenção. Vocês têm cinco anos? — eles abaixaram a cabeça envergonhados. — Todos... — apontei para eles, vendo como eles estavam prestes a responder. — Todos saiam da minha casa!

Eles me olharam magoados mas saíram de cabeça baixa, cada um seguindo seu caminho, eu não estava com disposição com tudo o que estava acontecendo para ver como se desenvolvia um motivo para uma briga entre os dois lados que era uma idiotice infantil.

— Estou tendo meus próprios problemas e tudo o que vocês fazem é brigar, será que não conseguem agradar um ao outro por apenas alguns minutos na minha frente?

Alice e Embry brincavam com as mãos enquanto olhavam para baixo, Paul e Emmett ainda se entreolhavam de um jeito ruim enquanto o resto apenas olhava para qualquer lugar. Seth e Leah se aproximaram em forma humana com sorrisos divertidos que desapareceram quando olhei para eles de um jeito ruim.

— Perdoe-os, Mel, eles são idiotas. — Leah sorriu um pouco para mim, afastando o rebanho.

— Desculpe. — Jasper se desculpou por seus irmãos.

— Deixem eu dormir, são quatro da manhã. — me virei entrando em casa.

Fechei a porta sem me preocupar em olhar para trás, simplesmente fui deitar na minha cama tentando ignorar o que descobri sobre Carlisle, minhas memórias e a briga dos meninos.

Eu precisava dormir.