˖࣪ ❛ INDO SALVAR EDWARD
— 14 —

SAÍ PARA O JARDIM OUVINDO COMO BELLA PEDIU PARA ALICE NÃO SAIR DE NOVO. Nos fundos da casa, sentei-me na grama, observando as estrelas e tentando acalmar meu corpo tenso.

— Eu esperava te conhecer de outra forma. — Alice murmurou, sentando ao meu lado.

— Eu esperava que você fosse mais gentil. — me virei para ela vendo como ela se sentia um pouco mal.

— Me desculpe, é que os cachorros... Lobisomens. — ela se corrigiu diante do meu olhar. — Eles não são do nosso agrado.

— Eu sei, inimigos naturais. — olhei para as
estrelas novamente. — Mas isso não significa que vocês podem desrespeitar uns aos outros.

— Sinto muito. — ela se desculpou novamente.

— O que vai fazer? Você veio ver que Bella não havia cometido suicídio, mas então? — senti o olhar dela no meu perfil. — Deixaram ela deprimida, ela não comia, não dormia, também não ia à escola, só ficava sentada como se fosse um fantasma

— Eu não sabia. — ela murmurou quase inaudível. — Nós não queríamos machucá-la, Edward muito menos.

— Mas vocês conseguiram. — olhei nos olhos dourados dela. — Vocês machucaram minha pessoa favorita, vocês a mudaram e o pior é que não posso fazer nada para recuperá-la.

Alice olhou para baixo, deixando-me sentir sua tristeza, confusão, culpa, enquanto brincava com as mãos. Eu não queria fazê-la se sentir mal, apenas deixá-la saber que nem tudo era bom como eles esperavam que acontecesse. Passei meu braço pelas costas dela com um pouco de hesitação, fazendo-a olhar para mim com um pequeno sorriso.

— Você é alguém ainda melhor do que nas minhas visões. — ela apoiou a cabeça em meu ombro.

— Você me viu chegando? — acariciei suas costas.

A pequena fada parecia ser alguém enérgica, sua aura me dizia isso, mas ela era uma alma gentil, eu gostava disso. Tive uma certa sensação que começava a me dar confiança, ela parecia uma garotinha.

— Sim, e você será uma ótima mã... Amiga. — ela se corrigiu um tanto nervosa, me deixando curiosa.

— O que você está escondendo, fadinha da floresta? — perguntei divertida, fazendo-a rir.

— Você vai ver. — ela sorriu para mim animadamente.

— Isso significa que você voltará com sua família?

Lembrei-me da hora que entrei na mente de Bella, consegui lembrar de alguns nomes ou aparências, o que mais se destacou na minha opinião foi o do patriarca. O que eu não tinha pensado desde aquele dia. A imagem do médico loiro me veio à mente, ele era um... Homem bonito.

— Espero que sim. – ela olha para baixo. — Devo convencer...

Seu olhar estava perdido em algum lugar da floresta, isso me lembrou de quando Bella me contou sobre a vez que ela viu pela primeira vez quando Alice entrou em transe e teve uma visão.

— Alice, o que você vê? — perguntei diante de seu olhar preocupado.

— Edward. — ela deu um pulo. — Venha, rápido!

Levantei-me rapidamente para entrar na casa, seguindo a aura da minha sobrinha até a cozinha onde pude vê-la tentando conversar com Jacob.

— Bella. — entro com a vampira atrás.

— Bella, é Edward. — a vampira disse um pouco mais ansioso. — Ele acha que você está morta, Rosalie contou a ele porque eu vim aqui. — ela se virou para Jacob.

— Por que? Por que você não me deixou falar com ele? Por que? — Bella gritou com ele ao se aproximar, eu peguei o braço dela, eu não queria que ela desse um tapa nele como da vez que ela deu um tapa no Paul.

— Ele não perguntou sobre você. — sua mandíbula estava cerrada, eu podia sentir seu corpo fervendo.

Alice e eu havíamos perdido algo importante em nossa conversa no jardim, eu tinha certeza disso. Tirei minha sobrinha perto de Jacob quando o vi começar a suar, ele poderia se transformar dentro da cozinha.

— Bella! — Alice chamou, fazendo com que olhássemos para ela. — Ele foi pros Volturi. — ela olhou para minha sobrinha com uma expressão de pânico.

— Ele quer morrer também. — eu sussurrei, surpresa, entendendo a vampira, mas Bella me ouviu e começou a respirar com dificuldade.

★

Não fiquei nada feliz com isso, o Eduardo podia ser um idiota mas ainda assim era um suicida que ia se matar por causa de um erro. A culpa recairia sobre Bella, que entraria novamente em sua bolha depressiva.

Eram dois depressivos com complexo suicida. Feitos um para o outro.

Mas uma vez me recusei a deixar ela se matar, não podia deixar o menino morrer por causa de uma injustiça, de um erro. Então preparei uma mala com roupas para Bella e outra para mim. Eu deveria salvar o vampiro. Alice usou sua super velocidade para entrar no carro, enquanto eu colocava as malas no porta-malas.

Todos ouvindo a discussão de Bella e Jacob.

— Jacob. — eu falei para ele vendo como ele me olhava suplicante. — Isso não é mais da sua conta, se eu posso deixar Isabella ir, você pode largar seu amor por ela. — Jacob negou relutantemente a ideia de perdê-la.

Eu não pensei mais nisso, então sentei no banco do passageiro esperando Bella entrar. Alice me lançou um olhar agradecido, então eu lhe dei um pequeno sorriso.

— Tenho dezoito anos. — Bella abriu a porta de trás. — Estou livre para ir e Melanie explicou a ele que íamos visitar uma amiga dela.

Isso era verdade, eu não ia deixar Charlie preocupado com o nosso desaparecimento quando ele estava chateado com a morte de um de seus melhores amigos. Então eu dei a ele a desculpa de que queria visitar uma amiga com Bella e daríamos espaço para ele se concentrar no funeral e em Sue Clearwater.

— Por favor, fique. — Jacob implorou. — Por mim.

Doeu-me ver as coisas dessa forma, mas foram decisões da minha sobrinha, então eu só tive que apoiá-la nisso. Ele não poderia forçá-la a amá-lo. Olhei para baixo sem poder ver o pobre lobo.

— Eu tenho que ir. — ela murmurou, fazendo-o recuar.

— Eu te imploro, Bella.

— Sinto muito, Jacob.

Ele se retirou sentindo seu coração se partir, deixando-me com um gosto amargo na boca ao sentir suas emoções. Alice apertou minha mão e eu retribuí.

— Vamos. — eu falei ao que ela assentiu.

Seria uma hora de carro até o aeroporto de Seattle, depois mais algumas horas de vôo para Volterra. Foi tudo com Isabella morrendo de ansiedade enquanto eu tentava acalmá-la e a vampira tentava puxar conversa para a viagem não ser tão tensa.

★

Eu estava dirigindo o carro em alta velocidade, Alice disse que não queria fazer isso por medo de ter uma visão enquanto dirigia, então ela trocou.

— Acho que não alugaram esse carro. — murmurou minha sobrinha.

— Imaginamos que você não se oporia a que roubássemos. — a fada respondeu com um pequeno sorriso olhando para mim.

Sim. Mesmo que minha moral não esteja de acordo, ajudei Alice a roubar o carro. Se a matilha estivesse comigo, Sam me repreenderia em três línguas diferentes.

— Hoje não. — Bella suspirou, se segurando, pudemos ver como Alice perdeu o olhar para o acostamento da estrada. — O quê?

— O que você vê, pequena fada? — eu perguntei, evitando um carro.

— Eles o rejeitaram. — Alice disse olhando para frente, minha sobrinha perguntou o que isso significava. — Ele vai dar um show, se mostrar para os humanos. — ela nos deu uma olhada.

— Sim, ele é teimoso. — Bella rosnou. — Quando?

— Ele vai esperar o meio-dia com o sol no ponto mais alto. — Alice me olhou chateada.

— Tia, você tem que se apressar. — Bella me pediu da mesma forma que a amiga.

— Lá está Volterra. — eu disse. — Bella, aperte o cinto. — ela assentiu. — Se aquele depressivo se matar, vou pedir ao Aro para me deixar fazer isso sozinha.

Acelerei ainda mais além dos carros enquanto acelerava a todo vapor. Eu sabia que Alice não sofreria se acontecesse um acidente, mas era melhor ter cuidado com minha sobrinha. Na entrada da cidade amaldiçoei várias vezes as pessoas e as ruas estreitas. Foi difícil passar entre aquelas paredes apertadas sem arranhar o carro, se fosse a minha moto eu já estaria chorando porque tinha manchado a pintura.

— Movam-se! — eu buzinei muitas vezes. — Não quero atropelá-los! — chegamos a um local onde havia muita gente com capuzes vermelhos amontoados.

— Por que eles usam vermelho? — Bella perguntou ansiosamente, começando a puxar o cabelo.

— É para o festival de San Marco. — eu respondi, diminuindo a velocidade por causa do bloqueio na estrada.

— Eles comemoram a expulsão dos vampiros da cidade. — minha sobrinha parecia preocupada, ela estava começando a ter um ataque de pânico

— O cenário perfeito. — eu adicionei, estava marcado o dia para Edward ser decapitado por se mostrar. — Os Volturi não permitirão que ele se mostre aos humanos.

Eu conhecia a classe alta de vampiros, os Volturi eram a lei no mundo dos vampiros, tinham grande ressentimento pelos filhos da lua graças a Caius, amizades com certas bruxas por causa de Marcus.

— Faltam cinco minutos. — Bella pressionou a testa.

— Eu sei, Bella, respire. — pediu a fada.

Chegamos a um ponto em que a polícia nos parou, neste ponto é que deveriam me dar as vinte ou mais multas que não sei como vou pagar.

— Desça. — eu disse a Bella ao que ela assentiu.

— Você é a única que ele não vai ouvir chegando, Bella. — Alice disse conversando com ela mas eu a ignorei e me virei para a janela com um sorriso inocente quando vi os policiais batendo na janela.

— Onde vou? — Bella perguntou.

— Ao pé da torre do relógio, rápido!

Bella fechou a porta, teríamos que lidar com os policiais até podermos ir até ela. Alice me olhou um pouco assustada então eu lhe dei um pequeno sorriso que foi apagado quando ouvi outra batida do policial.

Abaixei a janela com uma careta enquanto o belo oficial olhava para nós em busca de uma resposta. Alice usava óculos e um lenço para se proteger do sol, evitando o olhar do policial.

— Bom dia, policial. — sorrio forcada.

— Vocês tem que descer do carro. — ele falou sério.

— Faça alguma coisa. — Alice me pediu.

— O que quer que eu faça? — virei-me para ela estressada. — Quer que eu o manipule e baixe as calças dele ou o quê?

Ela inclinou a cabeça com um sorriso óbvio me fazendo revirar os olhos, me virei para o policial para revirar os olhos vermelhos.

— Desculpe. — pedi licença para colocar a mão em sua bochecha e mandar um raio para sua mente.

Seus olhos ficaram da mesma cor enquanto ele me olhava hipnotizado. Alice mordeu o lábio, observando minha ação confusa.

— Não que ele necessariamente baixe as calças. — respondeu ela.

— E o que eu faço? — eu bufei.

— Diga a ele para nos deixar ir. — eu balancei a cabeça, virando-me para o policial que observava nossa conversa com atenção.

— Vocês tem que nos deixar ir. — o policial assentiu e me virei vitoriosa para a vampira.

— Ok, vamos em frente.

★

Corremos para fora do carro quando o estacionamos perto da torre do relógio, mas ver tantos capuzes vermelhos me confundiu, mesmo assim Alice segurou minha mão enquanto seguia o cheiro de Bella.

— Alice. — apontei para a porta da torre.

Caminhamos até a porta onde ela me parou, pude sentir a presença de várias pessoas do outro lado, suas auras me davam arrepios. Eles eram da cor mais negra e impura. Ela me olhou em dúvida, mas pisquei para ela, começando a usar minha coragem para entrar.

— Você pode abrir isso? — eu apontei a porta antiga da época

— Me ofende que você pergunte isso. — ela sorriu, empurrando a porta com força e me olha vitoriosa.

— Você se parece minha filha. — eu ri ao ver como ela aproveitava cada vitória que conquistava e seu sorriso autossuficiente.

— Não estou muito longe disso. — ela entrou me deixando confusa, mas eu a segui.

Entramos na grande sala me deixando observar a cena enquanto Alice tirava o lenço. Bella estava abraçando um garoto de cabelo acobreado que eu sabia que era Edward. Mas ele estava muito mais contido do que em suas lembranças, deixando um peso no meu peito. Ele parecia Bella em sua depressão. Agora fiquei com pena de tê-lo julgado.

Atrás do casal estavam dois vampiros que me lembro que eram da guarda Volturi, um era alto enquanto o outro era mais baixo. Seus olhos vermelhos pareciam iguais aos meus. A diferença era que os deles eram demoníacos, capazes de causar pesadelos até mesmo aos pais.