Mal dormi, minha lombar doeu a noite inteira. Por mais que me entupisse de remédio, ainda sentia a dor me consumir. Tomei um banho e comecei a me arrumar pro casamento, Mary quer se casar de manhã, por causa da luz e dos seus benefícios às fotos.

Passei uma maquiagem leve, só pele, sobrancelha e batom. Não sei me maquiar muito bem, por isso deixo simples. Coloquei um vestido azul escuro e prendi meu cabelo de lado. Entrei no carro, o corpo tremendo de nervoso.

Desci do carro, o local estava muito bem decorado. Uma música clássica tocava no fundo.

- Amy.

Me virei esperando ver meu irmão. Minha boca abriu surpresa.

- Teddy?

- Supresa. Feliz em me ver?

Senti meu corpo contorcer. Ódio de mim, ódio do Teddy. Ódio.

- Podemos conversar em um lugar privado?

Ele assentiu. Encontrei um banco embaixo de uma árvore, distante da festa.

- O que você está fazendo aqui?

- Seu irmão me ligou. Ele se ofereceu para conversar com meu chefe para eu não ir viajar.

Ele me olhou, me analisando.

- Você não contou a eles?

Neguei.

- Não tive a oportunidade.

Ele não pareceu convencido.

- Por que você veio?

- Eu já disse.

- Você não era obrigado a vir.

- Eu senti sua falta.

- Não começa.

- Deve ter um motivo para você não ter contado à sua família.

Me levantei.

- Vá embora Teddy, eu invento uma desculpa.

Ele se levantou e segurou na minha mão.

- Você ainda gosta de mim, por isso não disse nada a ninguém.

Eu me desvincilhei de seu toque.

- Eu amo o Jake.

Me virei e voltei para a festa. Procurei pelos noivos por toda a parte. Encontrei meus pais antes, ou melhor, meus pais me encontraram.

- Onde está o Teddy?

- Oi mãe. Oi pai.

- Mija, onde está o seu namorado?

- Preciso contar uma coisa para vocês...

Meus pais olharam atrás de mim e acenaram, eu segui o olhar.

- Teddy! Venha cá filho.

"Filho", meu estômago embrulhou. Teddy passou seu braço ao redor de mim, eu o encarei irritada, ele sorriu.

- Senti tanta saudade.

Teddy me soltou e abraçou a minha mãe.

- Por que sumiu?

- Estive ocupado. Mudei de emprego agora sou comadante do esquadrão de bomba.

- Você fica cada vez mais interessante!

Teddy me olhou esperando uma reação, eu revirei os olhos, enjoada.

- Como eu estava dizendo - continuei. - Tenho uma coisa muito importante para contar.

Eles me olharam atenciosos.

- Eu e Teddy terminamos.

Minha mãe riu.

- É verdade mãe.

Minha mãe olhou para ele, buscando confirmação, felizmente, ele assentiu.

- Faz dois meses e uma semana. Mas eu ainda não desisti dela.

- Supera - falei irritada. - Estou namorando com Jake.

- Jake? Seu ex?

Assenti.

- Vocês gostariam dele se o conhecessem.

- Já tentamos antes.

- Não, vocês só o julgaram e nem se deram o trabalho de realmente conhecê-lo.

Meus pais se entreolharam em silêncio.

- Vou cumprimentar os noivos. Não quero te ver. - falei olhando para Teddy.

Encontrei os noivos na mesa principal, comendo, ou pelo menos tentando. Os convidados não paravam de conversar, os fotógrafos pediam fotos e a organizadora do evento os apressava, a cerimonialista estava chegando.

- Parabéns, tudo está muito lindo.

Eles ameaçaram se levantar, eu os impedi com um gesto.

- Não precisa.

Voltei para o banco embaixo da árvore. Peguei meu celular e respondi Jake, a notificação que tanto ignorei.

Jake: como você está?

Amy: bem melhor.

Amy: desculpa não te responder antes, eu estava sendo uma babaca.

Jake: por que babaca?

Amy: não contei pra minha família sobre nós. Nem ao menos contei sobre o término com Teddy.

Amy: me sinto uma completa imbecil.

Ele visualizou no mesmo segundo, mas não respondeu. Eu mereço isso.

- Ames?

David sentou ao meu lado.

- Teddy me contou o que aconteceu.

- Você veio me julgar?

Ele negou com um balançar de cabeça.

- Vim ver como está.

Mordi o interior da bochecha.

- Quer conversar?

- Não, obrigada.

- Quer trazer o Jake aqui? Eu já expulsei o Teddy.

Eu o olhei surpresa.

- Você não precisava ter feito isso.

Ele deu de ombros.

- Eu quis.

- Obrigada.

Ele sorriu sem mostrar os dentes. Um fotógrafo se aproximou e capturou o nosso abraço.

- Preciso ir. - disse ao ver o fotógrafo.

Eu assenti. Esperei ele se afastar para pegar o celular, nenhuma mensagem dele, mas mesmo assim insisti em mandar.

Amy: [localização]
Amy: quero te ver.

Desliguei o celular e voltei para a festa. A cerimônia foi linda. Chorei o tempo inteiro, só pensei em Jake e no medo em perdê-lo. Fomos para o salão de festas, peguei meu prato e entrei na fila.

- Amy. - uma mão pousou no meu ombro.

Me virei. Jake estava de terno parado na minha frente com um sorriso enorme no rosto.

- Você veio.

Ficamos nos comunicando pelo olhar. Demorei a perceber que a fila aumentava atrás de nós.

- Vamos nos sentar.

Indiquei uma mesa. Ele sentou ao meu lado.

- Eu quero pedir desculpas, fui uma completa idiota.

- Fiquei magoado, nem sabia se viria ou não.

- O que te fez mudar de ideia?

- Você Ames, sempre você.

Eu sorri.

- Foi por isso que me manteve distante esses dias?

Eu assenti.

- E foi pelo mesmo motivo que fomos devagar?

- Sim, eu não deveria me importar tanto com a opinião dos meus pais, mas eu me importo. Sou uma tola.

- Fiquei sabendo que os confrontou.

- Quem te contou?

- Você é o assunto da festa.

Eu escondi meu rosto corado nas mãos.

- Sei que não foi fácil pra você, até desenvolveu dor nas costas.

Eu o olhei, seus olhos brilhavam ao me encarar.

- Fico feliz que tenha conseguido se libertar.

Eu toquei em sua mão.

- Obrigada por ter vindo, mesmo eu não merecendo, obrigada por comprar remédios para as minhas dores. Obrigada por mandar mensagem perguntando se estou bem. Obrigada por se preocupar e por ser tão maravilhoso - eu sorri, sentindo o coração cheio. - Eu amo você.

Apertei os lábios, não acreditei no que havia dito, eu não pensei antes de dizer. Na minha relação anterior eu pensava todos os meus movimentos, todas as minhas falas. Mas com Jake, tudo é diferente, ele me faz sentir leve e feliz.

- Ames, eu te amo desde a primeira vez que te vi.

Eu torci o nariz.

- Ok, isso é mentira. Mas eu prometi te amar para sempre e sou bom em cumprir minhas promessas.

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