ᴏɴᴇ
S O P H I E
Meu humor era péssimo durante a manhã e eu obviamente reconhecia aquilo, afinal eu não era tão filha da puta. Acordar cedo me desgastava totalmente e eu vivia no piloto automático, até que o meu corpo finalmente decidisse acordar.
— Bom dia, Soso. — Meu pai comentou sorridente, enquanto equilibrava uma bandeja com frutas e a garrafa com suco de laranja.
— Não podemos ter um café da manhã normal? Eu quero gordura!
— Você quer se matar?
— Quero. — Dei de ombros, pegando uma grande fatia de melancia.
— Deus te livre, minha filha! Acorda para a vida Sophie, quer alongar antes de ir?
— Não, pai. — Revirei os olhos, aquelas eram as desvantagens de ser filha de alguém tão fitness. Por mais que eu gostasse muito de esportes e fosse bem saudável, ele passava dos limites.
As vezes eu me perguntava como minha mãe e minha irmã e estariam vivendo. É, elas provavelmente não corriam no parque todo final de semana, às seis e meia da manhã.
Eu sentia falta delas mas a vida com o meu pai era melhor para mim, éramos muito mais parecidos e na maior parte do tempo, nos dávamos muito bem. A separação deles havia sido difícil para todos nós mas eu havia aprendido a não me importar, eu apenas queria seguir em frente.
— Eu adoraria ver você inscrita no time feminino, ouvi dizer que a treinadora é ótima.
— Eu não vou participar de nenhum projeto da escola, é sério.
— Você precisa se misturar mais, Sophie.
— Okay pai, anotado.
Meu pai costumava ser super popular, capitão do time e sempre estava com o pessoal mais descolado da escola. Porém ele precisava entender, que eu não era igual à ele.
Tomamos o café da manhã rapidamente e não demorou muito para estarmos finalmente prontos. Por mais atrasados que estivéssemos, acabamos fazendo o caminho a pé, afinal meu pai era mesmo um maluco quando se tratava de exercícios.
Graças àquilo, eu tinha basicamente trinta segundos para chegar até a minha sala. Mal tive tempo para me despedir do meu pai, apenas peguei a minha mochila e corri o mais rápido que eu consegui afinal a professora da primeira aula, era mais do que intolerante a atrasos.
Enquanto eu corria como se a Zara estivesse em uma liquidação de 70%, acabei tropeçando no pé de alguém e indo de cara para o chão. Para a minha sorte, os corredores estavam vazios porém aquilo não diminuiu o meu estresse.
— Meu Deus, desculpa! Você está bem? — O garoto me estendeu a mão, eu apenas bufei irritada e então me levantei.
— Caralho mesmo, por que colocou o pé na minha frente?
— Opa calma aí, era você quem estava correndo. — Assim que eu consegui ficar em pé, percebi que ele era muito mais alto do que eu.
— Isso não te dá o direito de me derrubar! — Comentei ainda mais irritada, ao perceber que ele estava segurando a risada. — Olha o tempo que eu perdi aqui, que saco! A professora já não gosta de mim e agora eu estou ferrada.
— Foi mal! Mas você também é bem rude, não acha?
Revirei os olhos e então ignorei completamente o garoto irritante e voltei a correr para a minha sala, eu já estava cerca de um minuto atrasada. A porta já estava fechada e assim que eu tentei abri-lá, recebi o olhar mortal daquele projeto de demônio, ela não me deixaria entrar.
O meu dia mal havia começado e já estava péssimo e seguindo os costumes de ser uma bela filha da puta, eu colocaria a culpa por todos aqueles problemas, no garoto alto que havia me derrubado.
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