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˖࣪ ❛ A CONVERSA HUMANA
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LEVOU TRÊS SEMANAS da teimosia de Rosalie para Esme finalmente falar com ela. Sempre funcionou assim. Edward iria provocá-la de alguma forma, Rose sem dúvida iria atacar, incapaz de manter sua raiva contida, e Esme iria bancar a mãe amorosa, assim como ela era brilhante, acalmando-os em uma paz silenciosa que duraria alguns meses novamente, apenas para ver o ciclo se repetir. Mas desta vez, Rosalie não sentiu que poderia cumprir o acordo tácito da trégua que Esme sempre estabeleceria.
Os desejos e relações de Edward com a humana estavam se tornando cada vez mais perigosos. De alguma forma, apenas Rosalie podia ver. Alice estava feliz o suficiente para apresentar alguém à família, encontrando uma nova amiga na garota, não importando sua simplicidade. Ainda assim, ela insistiu na própria obsessão de Rose por humanos, embora de uma maneira muito diferente, e estava recusando-lhe o vestido que ela desenhou especificamente para ela. Foi por causa da presunção de Alice na insistência de sua semelhança com Edward, que Rosalie se recusou a pensar em Violet Green na semana seguinte ao incidente do refeitório.
Esme de alguma forma tinha ouvido falar disso. Sem dúvida, Edward contou a ela os detalhes, esperando que eles a estimulassem a dar a Rosalie a mesma conversa que ele teve, e no momento em que Rose viu sua mãe chegando, sentindo o que estava por vir, ela enviou a Edward um olhar fulminante. apenas para receber um sorriso ardente de volta.
— Venha, Rose, vamos dar uma volta. — Esme disse, sua voz calmante acalmando a loira quase que instantaneamente. — Nós vamos pegar o seu caminho favorito pelas Cataratas.
Ela uma vez gostou de seus passeios com Esme. Elas iriam devagar, absorvendo os aromas profundos da floresta, deixando seus passos estalarem sobre a madeira como antes tinham sido projetados para fazer. As Cataratas sempre foram seu lugar favorito, os sons de água corrente, a visão de pequenos pássaros usando o riacho como banho. Mas agora, ao pensar no lugar, ele veio como rosto bonito de Violet Green e sua presença calmante, mas elétrica.
Quando Rosalie se lembrou de seu objetivo de não pensar na garota, ela sacudiu a imagem de sua cabeça e guiou Esme de sua trilha habitual, indo mais fundo na floresta. Sua mãe apenas olhou para ela com um olhar suave e conhecedor.
— Alice mencionou que você fez uma nova amiga. — ela disse, passando o braço pelo de Rosalie.
— Alice?
Ela fechou a boca com um choque de dentes. Esse era um novo tipo de traição de sua irmã.
— Violet Green. Uma menina adorável, eu ouvi. Seu pai é amigo de Charlie Swan, um fato agradável, não é? — Esme disse, e Rose vacilou diante do sorriso que foi enviado em sua direção.
— Eu não preciso de uma conversa sobre humanos, Esme. — ela disse, sacudindo-a de qualquer maneira, os olhos fechando apenas momentaneamente. — Eu não estou planejando nos colocar em perigo como Edward está.
— Por que os humanos devem nos trazer perigo? É uma coisa tão ruim encontrar um amigo nos humanos? Carlisle é capaz de trabalhar com eles diariamente, para ajudá-los, isso é tão diferente?
— É diferente. — Rosalie insistiu, a voz áspera em seu ponto. — Ele tem o dom do controle. Bella é a cantora de sangue de Edward, por que ninguém entende isso? Não podemos contar com ele não estragando tudo.
— Eu sei que você gosta daqui, querida...
Rose a interrompeu rapidamente, incapaz de impedir que a enxurrada de palavras passasse por seus lábios. — Eu poderia gostar de qualquer lugar. Mas eu não quero apenas estar em qualquer lugar. Eu quero ficar aqui, pelo maior tempo possível. Estou tão cansada de me mudar, de sempre mudar, mas sempre permanecer o mesmo.
Esme parou por um momento, os olhos examinando seu rosto, sua própria expressão não desistindo de nenhum pensamento. Rosalie soltou um suspiro, ombros esvaziando. Ela admirava isso em Esme - sua capacidade de acalmar uma situação com sua presença. Era quase como Jasper e seus dons emotivos, exceto que ela não precisava pensar e sentir para ter efeito.
— Talvez encontrar uma amiga em Violet Green possa ser a mudança que você quer ver. — Esme finalmente disse, palavras mais como uma afirmação do que uma pergunta.
— Por que todo mundo insiste tanto na minha amizade com ela? — Rosalie disse com um bufo. — Eles preferem que eu falhe primeiro, do que Edward? É isso?
Ela podia ver a dor no rosto de sua mãe, mas continuou assim mesmo.
— Pelo menos Edward continuaria sendo o anjo perfeito como todos o vêem.
Ela estava sendo injusta, egoísta mesmo, ela sabia. Sua família não queria nada além de felicidade para ela desde que ela foi transformada. Eles chegaram ao ponto de dar as boas-vindas a Emmett no clã, o menino que se parecia tanto com o filho de sua amiga Vera, que tinha sido atacado à beira da morte pelos ursos que agora gostava de caçar. O garoto por quem ela sentia uma natureza tão protetora. Não era apenas seu irmão, mas toda a família. Rosalie daria sua vida por eles. Tinha sonhado com tais alterações.
— É disso que você tem medo, querida? De machucá-la?
A mão de Esme se estendeu, cobrindo sua bochecha. Foi apenas com essas palavras que Rosalie pensou, apenas talvez não fosse apenas sua família, que ela se preocupasse.
— Claro que estou, Esme. — ela disse, a cabeça se aproximando da de sua mãe. — Todos nós sabemos o que isso faria conosco se eu escorregasse. E eu não quero ser a única a arruinar isso, não quando eu tenho sido tão contra Edward e a humana- Bella.
— Então prove que eles estão errados, Rose. Não escorregue. Eu acredito que você pode fazer qualquer coisa que você colocar em sua mente. Você é a pessoa mais obstinada que eu conheço. — Esme disse, acariciando seu rosto com o polegar. — Se você quer ser amiga de Violet Green, então seja amiga dela. Não deixe essas dúvidas nublarem sua mente.
— Eu nunca disse que queria ser amiga dela.
Esme apenas inclinou a cabeça e deu-lhe o mesmo olhar.
— Vamos, ou você vai se atrasar para a escola.
★
Por ser uma veterana, os dias de Violet pareciam ser muito... Nada escolares. Sentados na biblioteca para seus períodos livres, o par de sempre estava amontoado onde o resto do corpo estudantil não podia ver, Violet com seus fones de ouvido pendurados no pescoço e Celia com seu livro firmemente fechado e sendo usado como apoio de braço. As duas garotas estavam notavelmente ausentes das conversas naquele dia, cabeças submersas em nuvens altas demais para serem ouvidas. Embora fosse por diferentes razões que elas estavam distraídas.
A imagem de Rosalie Hale, solene como uma estátua melancólica, atormentava Violet há dias. Quando ela pensou na loira, pelo menos quando ela pensou nela antes dos dias em que elas realmente interagiram, imagens de seu carro, suas feições perfeitas e sua família rica vieram à mente. Mas vê-la enrolada em si mesma, sem se importar que ela estivesse ali para testemunhar a rachadura na fachada, deixou Violet aturdida.
Não parecia certo, que Rosalie pudesse ter uma fraqueza no que quer que tenha causado seu estado na floresta no outro dia. Ela se recuperou rapidamente, Violet descobriu depois de vê-la andando pelos corredores do jeito egocêntrico de sempre, cabeça erguida do que precisava. Mas quanto mais perto ela olhava, mais ela se perguntava o quão verdadeira era aquela imagem de Rosalie Hale e sua interminável reserva de confiança e arrogância, ou melhor, se era um escudo, uma forma de atuação metódica, mantendo-se unida.
Violet não se atreveu a falar de sua preocupação com Celia. Não quando a garota parecia estar convencida de que elas poderiam ser amigas e estava indo longas distâncias apenas para convencê-la a conversar com a loira. Ela não queria revelar o fato de que talvez sua insistência tivesse valido a pena e que Violet realmente queria falar com ela.
Elas nunca haviam conversado de verdade. A única vez que o fizeram, a outra garota estava um pouco contida, a voz falada entre os dentes cerrados como se isso a doesse. Violet não tinha motivos para pedir a Rosalie que ficasse especificamente com ela sozinha na sala, mas se viu querendo ficar de qualquer maneira. Era uma desculpa estúpida - qualquer um concordaria. A última pessoa a precisar de ajuda em uma aula de mecânica em um projeto que já deveria ter sido concluído seria Violet, e a última pessoa a pedir essa ajuda foi Rosalie Hale. E novamente, ela se viu fazendo isso de qualquer maneira.
A porta da sala de matemática mais distante se abriu no momento em que Violet bateu na porta.
— Violet! — onSr. Vaughn sorriu quando ela entrou na sala. — O que posso fazer para você?
— Oi, Sr. Vaughn. Posso ficar com Rosalie? A Srta. Wilkinson precisa dela na engenharia.
Foi só quando seu nome saiu dos lábios de Violet, que Rosalie levantou a cabeça, enviando-lhe um olhar que Violet não conseguia compreender. O Sr. Vaughn sorriu para a garota, se não um tanto desconfiado, antes de se voltar para Violet.
— Claro, se é disso que você precisa. A Srta. Hale vai precisar dos materiais dela?
Violet assentiu, descobrindo que sua confiança havia se perdido em algum lugar entre chamar o nome de Rosalie e encontrar os olhos da garota nela. Ela levou um momento para recolher suas coisas, deixando Violet voltar para o corredor, as mãos se fechando em punhos, as unhas cravadas em sua pele. Esse olhar ainda estava em seu rosto quando Rosalie saiu atrás dela, fechando a porta da sala de matemática.
Ela não perdeu tempo com conversa fiada. — O que você está fazendo?
Violet deu de ombros, encontrando suas palavras novamente. Ela não era de gaguejar. Nem mesmo na frente de uma Rosalie Hale irritada. — Tirando você da matemática. — ela disse, e quando a expressão em seu rosto não mudou, acrescentou: — Eu preciso de uma mão para a aula de mecânica.
Rose foi rápida com sua resposta. — Por que eu?
— Achei que você gostaria de ficar sem aula por um dia. — disse Violet, dando de ombros mais uma vez, a grossa jaqueta de cera que ela usava caindo de seus ombros. — E você é a única pessoa com quem eu já falei que poderia realmente ajudar.
— Tudo bem, tanto faz.
Rosalie começou a avançar sem outra palavra, levando em direção às salas de aula de engenharia do outro lado da escola. Por um momento, Violet a observou ir, vendo a postura rígida de seus ombros e o aperto de seus dedos em seus livros, e inclinou a cabeça para trás, contendo um gemido, e amaldiçoou qualquer poder que a convenceu de que falar com Rosalie Hale poderia ser uma boa ideia.
★
Em uma escola tão pequena quanto Forks High, não era surpresa que cada departamento tivesse tão pouco financiamento. As ferramentas que cobriam a velha caixa ao lado da porta, embora semelhantes às da garagem dos Green, não tinham nada contra as lindas que Carlisle tinha comprado para Rosalie em seu último movimento. O motor que Violet tinha sido incumbido de consertar tinha muita coincidência para não ser o que a Srta. Wilkinson vinha reclamando nos meses anteriores. Violet não ficou com muita confiança em sua própria habilidade, um fato que ficou claro como o dia para Rosalie enquanto ela a conduzia pela sala, olhando a extensão de esboços que cobriam cada centímetro da bancada.
Violet pendurou desajeitadamente em seu caderno de desenho aberto, ansiosa para colocar a mão sobre o desenho quando Rosalie finalmente foi até eles. Com um olhar para a mão estendida, Rose pegou os papéis e virou-se para enfrentar as peças desajeitadas do motor que estavam encostadas na mesa. Foi quando ela fez isso, que ela sentiu os olhos de Violet pousar sobre ela, tão óbvio em seu olhar que deve ter sido de propósito. Poderia ter sido enervante, se tivesse sido qualquer um, menos a garota com quem Rosalie teve muito contato nas últimas semanas, mas Rosalie estava acostumada a encarar de qualquer maneira.
— O que? — Rosalie finalmente estalou quando a garota não disse nada, eriçada sob a atenção.
Violet deu um passo para trás como se tivesse sido atingida. Havia veneno por trás de sua voz, Rosalie sabia, porque ela mesma trabalhou para colocá-lo lá. Era o mecanismo de defesa perfeito, ela finalmente aprendeu depois de todos aqueles anos, mas um tipo de escudo, ao que parecia, nem sempre era necessário. Violet franziu a testa levemente em resposta, afastando as palavras enquanto pegava seu caderno, tirando-o rapidamente de suas mãos.
— Nada. — ela disse bruscamente. — Eu só preciso de alguém que seja meio decente com ferramentas. Isso é tudo.
Algo sobre o olhar no rosto da outra garota - o olhar mesquinho e os olhos escurecidos - fez Rosalie se sentir culpada. Ela não combinava com a dureza da raiva. Não como Rosalie fez.
Com o brilho grudado em seu rosto, Violet se virou para segurar a chave inglesa mais próxima a ela, os nós dos dedos ficando brancos quando ela estendeu a mão sobre a mesa. Suas mãos tremiam de raiva ou nervosismo, Rose não sabia, mas depois de outro longo momento de silêncio denso, ela cedeu.
— Aqui, deixe-me. — Rosalie disse, pegando as partes de suas mãos.
Violet não a reconheceu quando Rosalie estendeu a mão. Quando ela colocou sua própria mão na frente dela, seus dedos roçaram, e Violet soltou a chave, soltando um suspiro áspero. Rosalie ficou rígida, as mãos parando por apenas mais um segundo antes de continuar como se nada tivesse acontecido.
Mas aconteceu. E pela expressão no rosto de Violet, não havia como esquecer.
Ela piscou uma vez, a mão envolvendo a outra mão. — Você está com frio. — Violet murmurou, então, como se lembrasse com quem ela estava falando, voltou sua voz para a cadência forte de sempre. — Você está bem?
Rosalie apenas assentiu, desejando esquecer tudo enquanto continuava a trabalhar no projeto de Violet.
Mas então ela teve que ir e perguntar: — Você quer pegar minha jaqueta emprestada? A Srta. Wilkinson nunca tem o aquecimento aqui, então eu estou acostumada com isso agora.
Rosalie quase riu ao pensar no cheiro de Violet prendendo-a pela próxima semana, tudo porque ela usava o casaco que ela havia oferecido. Ela só podia imaginar o rosto de Edward, a presunção e aborrecimento simultâneos; o prazer de Alice na provação, vestido preto finalmente pendurado em seus braços pronto para ser presenteado; e até mesmo o sorriso leve e conhecedor de Esme, pensando que seu conselho, como sempre, tinha colocado tudo certo.
Tudo porque ela estava com frio.
Quando Rosalie não disse nada, a outra garota corou, o calor correndo para suas bochechas, enviando outra onda de cheiro de sangue pelo ar. Rosalie soltou um suspiro estrangulado e se forçou a sorrir. Era o tipo de sorriso que ela dava a todos: falso o suficiente para ser manejável, mas cheio de charme suficiente para sair de qualquer coisa. Era uma habilidade com a qual ela havia nascido, uma habilidade que a levaria pelo caminho da vida, como sua mãe sempre dizia, é uma habilidade que ela só havia aperfeiçoado desde então.
Mas de alguma forma Violet podia ver através dele. Seu rubor logo desapareceu, substituído pelos leves vincos em suas bochechas feitos pelo sorriso de pena que ela estava enviando, e de repente Rosalie pôde sentir a frieza violenta que tocou sua pele. Como ela odiava pena! Foi uma pena, na metade de Carlisle, vê-la sangrando na rua, vestido rosa perfeito manchado de vermelho derramado, que a amaldiçoou com a imortalidade. Era uma pena que às vezes fazia Edward olhar para ela sem sorrir, deixando-a gritar com ele sem resposta, mas com um sorriso plácido.
No entanto, em um flash, aquele sorriso desapareceu do rosto da outra garota, e Rosalie quase se perguntou se ela tinha imaginado.
— Como está o carro?
— Ele corre. — Rosalie disse, surpresa ao se ver sorrindo, mesmo que fosse fraco. — Estou feliz que você não estragou tudo.
— Fico feliz por não ter estragado também. Acho que meu pai teria chorado. Quero dizer, ele quase chorou quando caminhou pela manhã depois que você o deixou. — disse Violet enquanto se sacudia, voltando ao trabalho dela. — Por Deus, esse Mercedes vermelho que você tem é lindo. Nada no meu Jeep, é claro...
— E como está sua caminhonete? — Rosalie interveio, empurrando a conversa de seus próprios carros para a do conserto que se escondia na garagem dos Green.
— Nada mal. Estou pensando na tinta verde. — disse Violet, com o fantasma de uma risada nos lábios. Então ela se virou, os olhos encontrando os de Rosalie. — Você consertou meu rádio, não foi?
E pela segunda vez naquela tarde, Rosalie sentiu todo o ar desnecessário deixar seu corpo. Ela sentiu a necessidade de explicar, mas as palavras pareciam desaparecer de seus lábios.
— Eu não gosto de sentir que devo coisas às pessoas. — Disse ela finalmente.
— Quem disse que você me deve alguma coisa?
Rosalie apenas deu de ombros, virando as costas para a garota. — É assim que funciona, não é?
Mas Violet não a soltou. — Eu não gosto da ideia de dívida do jeito que você vê. — Ela disse lentamente. — Uma pessoa não pode te dar algo sem querer nada em troca?
— Se for esse o caso, o que impede uma pessoa de tomar sem dar nada em troca?
Ela a sentiu perto, as mãos descansando a apenas alguns centímetros das de Rosalie contra o banco.
— Confiança. Gosto de pensar que você pode ver o que pode fazer por uma pessoa e não o que ela pode fazer por você. — disse Violet suavemente. — Eu te ajudei Rosalie, e você pode não ter sido a mais feliz por isso, mas eu estou.
Os olhos de Rosalie se fecharam. — Eu estou. Grata, quero dizer. — ela disse, a voz quase um sussurro.
Apesar de tudo, sua leve demonstração de honestidade fez Violet sorrir o mais largo que Rosalie já tinha visto. Um sorriso tão largo que Rosalie só podia espelhá-lo, embora em uma escala mais modesta.
Rosalie não queria isso. Ela se pegou repetindo o fato em sua cabeça, paranóica de que Edward estaria espionando seus pensamentos, mesmo sabendo muito bem que ele não se preocupava mais em fazer tal coisa. Não quando ele tinha coisas mais importantes para se concentrar. Mas de qualquer forma, ela não queria se encontrar tão perto de Violet Green novamente, não quando seu cheiro permaneceu tão arraigado em seu ambiente por tanto tempo depois das últimas vezes.
Para Rosalie, ela cheirava a folhas molhadas e óleo de carro. Para Rosalie, era um cheiro reconfortante, envolvendo-a em coisas familiares, apesar do ar gelado que varreu a escola como uma lambida fria de tinta. Era fácil perder-se em tal perfume quando o sangue se tornava muito intenso quando ela se sentia escorregar. Porque ela estava sempre escorregando, ultimamente, e Rosalie não conseguia identificar o que a deixou tão distraída.
Mas então seus ouvidos se concentraram em seu batimento cardíaco e Rosalie ficou fria como uma pedra como ela foi feita para ser. Foi esse pequeno detalhe, a pulsação em suas veias, que trouxe Rosalie de volta à realidade, os pensamentos desmoronando ao seu redor. Por um momento, foi quase como se ela tivesse esquecido de quem estava ao lado, com quem estava sorrindo. Era Violet Green, a garota bonita de seu ano, com quem ela havia falado muitas vezes nas últimas semanas. A garota humana. Não sua família.
Mas então seus olhos pousaram em Violet novamente, no sorriso radiante que brincava em seus lábios toda vez que Rosalie parecia remotamente humorada por suas palavras, toda vez que ela levantava os olhos de seu trabalho para observá-la; no brilho juvenil de sua carne, rosada pelo calor que nublava o pequeno quarto; e em seus olhos, um azul esverdeado brilhante. Seus olhos pousaram em Violet e Rosalie magoada. O que ela daria para ser bonita de um jeito humano, com pele quente e cabelos que poderiam crescer demais. Seus olhos já tinham sido da mesma cor da flor homônima de Violet, em vez do frio e superficialidade do amarelo que ela via cada vez que se olhava no espelho.
Alice estava certa. Ela sempre estava certa, é claro, mas Rosalie era obcecada com a ideia de humanos de uma forma que Edward não era. E ela odiava isso.
— Eu tenho que ir. — disse Rose, a voz ainda baixa, fazendo Violet se inclinar para ouvir.
— Sim, claro. — a garota respondeu, um pouco insegura novamente. — Obrigada pela ajuda.
— Claro.
Rosalie acenou com a cabeça novamente, deixando a garota para vê-la ir, as malas em seus braços. No momento em que ela chegou ao carro - o BMW, já que o Mercedes vermelho era aparentemente muito chamativo - ainda havia mais meia hora para esperar até que seus irmãos estivessem lá para dirigir para casa. Sua mão alcançou o volante, as mãos agarrando as capas de couro, coçando para deixá-las para trás, lembrando-se da vez em que Edward desapareceu por uma semana, e se perguntou o que aconteceria se ela fizesse isso também.
★
Jacob Black não mudou desde a última vez que ela o viu. Seu cabelo ainda era comprido - mais longo que o de Violet, um desafio que ele levava a sério, e ele ainda usava as jaquetas desajeitadas que iam muito além da cintura, seu corpo não o preenchia. Pela primeira vez, Quill e Embry não estavam ao seu lado. Quando Violet e Celia finalmente encontraram o caminho para a fogueira no dia do encontro na praia, ele já estava sentado ao lado de Bella, o mais largo dos sorrisos em seu rosto, e Violet se lembrou do caminho que ele seguiria depois de Bella, quando mais jovem, muito parecido com um filhote de cachorro. Não era surpresa que também não tivesse mudado.
Seus olhos só pareceram brilhar quando pousaram no par, brilhando mais do que ela pensava ser possível sob a escuridão da noite e na sombra do fogo bruxuleante. Com suas mãos grandes e parecidas com patas, ele acenou para que elas avançassem, os braços encontrando o caminho ao redor do pescoço de Violet, envolvendo-a em um abraço de urso.
— Violet! Eu não vejo você há uma eternidade!
Ela deu um tapinha nas costas dele, esperando até que ele se afastasse, um sorriso ainda estampado em seu rosto. Ele voltou para o seu lugar ao lado de Bella novamente e disparou para Celia o habitual aceno de saudação infantil.
— Não foi tempo suficiente para justificar essa reação. Você não andou bebendo, não é?
— Não, claro que não! — Jacob disse, quase parecendo ofendido com a insinuação. — Você sabe que meu pai pode cheirar essas coisas.
Eles sabiam uma coisa dessas. Mesmo depois de um gole de uma garrafa roubada meio vazia, certa vez alertou Billy Black sobre a indiscrição da dupla.
— Além disso, você teria me xingado se eu não parecesse entusiasmado. — disse Jake, sua voz quase um grito, e Violet soltou um gemido. — Lembra daquele boato de que você era uma bruxa?
Ela deu um tapinha nas costas dele, um sorriso sarcástico se espalhando por seus lábios. — É bom ter você de volta, Jacob.
Sua hiperatividade não se acalmou quando ele se virou para apontar para Bella. — Eu não posso acreditar que nós a deixamos sair. — ele disse balançando a cabeça. — Devemos reunir a turma novamente!
Ao seu lado, Celia deu um tapinha nos joelhos e se levantou. Sua mão estava chegando para arrastar Bella com ela antes que a outra garota pudesse sequer protestar.
— Bella, por que não vamos roubar alguns lanches?
— Isso soa bem. — Bella disse, tropeçando em suas palavras enquanto olhava de volta para Jake, e piscou para Violet enquanto elas passavam.
— Você também está convidada, Celia! — Jacob gritou, uma risada passando por seus lábios.
Violet pegou a mão de sua melhor amiga quando ela passou e Celia olhou para baixo por um momento, fingindo aborrecimento em suas feições. No brilho da luz do fogo, a pele escura de Celia era linda, os olhos brilhando com uma brincadeira que Violet conhecia bem.
— Se você nos trouxer um pouco de pipoca. — disse Violet rapidamente, observando Celia resmungar e balançar a cabeça, apenas para mandar um beijo para ela.
Violet se afastou de sua amiga para encontrar Jacob observando o par ir até que elas desapareceram atrás das altas lambidas de fogo. Foi só então, quando ela foi deixada junto com Jacob, que ela se lembrou da conversa que teve no lago com o pai dele. Ela teve que rir ao pensar nisso. Jake virou-se para olhar para ela com uma expressão desconfiada.
— O que? — Jake perguntou, esperando arrancar a piada dela
— Seu pai parece pensar que você precisa de algumas aulas particulares na garagem.
Seu queixo caiu em ofensa. — O que ele te falou?
— Que você não pode consertar um carro.
— Ele está exagerando. — Jacob insistiu, mas ela sabia pelo ângulo de sua sobrancelha que ele estava se agarrando a palhas para manter seu orgulho intacto.
— Ele está agora? — sua voz era provocante, observando Jacob se agitar. Meninos na idade dele eram tão facilmente provocados. Violet adorava usar esse fato. — Ele tem você em um pedestal, Vi! Ele acha que você tem aquela coisa onde cada motor que você toca vira ouro ou algo assim!
— Mas então não funcionaria. — disse ela, segurando sua risada, pois quebraria o domínio que ela mantinha sobre o menino mais novo.
— O que?
— Se eu transformasse um motor em ouro, não funcionaria.
Os olhos de Jake quase rolaram para trás em sua cabeça. — Ah, cale a boca.
— Billy não está errado. Eu sou boa. Boa o suficiente para conseguir negócios com os Cullen agora.
Jake só caiu ainda mais em seu acesso de raiva com essa informação, seu orgulho completamente ferido. Foi então que ela encontrou um grande saco de pipoca caindo em seu colo, uma mão encontrando seu caminho até seu ombro enquanto Celia caiu ao lado dela. Bella caminhou até seu lugar ao lado de Jacob, as mãos dobradas sob as pernas, longe do frio.
— Falando da família Cullen. — Celia disse, as palavras arrastando até que a atenção se voltou para ela. Só quando ela jogou o último saco de lanches para Jacob, ele foi persuadido de seu mau humor. — Você perguntou a Rosalie, não foi?
— É. Ela não pôde vir. — Mentiu Violet, pensando na estranha tarde que passara com a garota no dia anterior. Não era como se Celia soubesse de outra forma, que ela não tinha perguntado a ela.
Mas uma voz profunda, vindo de trás do ombro de Jacob, a impediu de elaborar, e ao ouvir as palavras, Violet não sabia se era uma coisa boa ou ruim.
— Os Cullen não vêm aqui.
O menino que falava era mais alto que todos os quatro adolescentes, mesmo sentado. Suas costas ficaram rígidas, pelas palavras que ele falou, como se estivesse ciente de um significado mais profundo. Foi só quando seu rosto finalmente se virou, olhando primeiro para Jacob e depois para o resto deles, que Violet finalmente reconheceu o menino. A última vez que o viu, Sam Uley não parecia como agora. Seu maxilar, afiado como uma pedra, estava preso com força, a raiva percorrendo sua postura.
Ela supôs que menino não era a palavra certa para usar para ele. Ele devia ter quase vinte anos se já não tivesse atingido essa marca, e seu corpo certamente não era do adolescente mais velho que ela se lembrava quando seu nome foi mencionado. Mas até o ar ao redor dele parecia alterado, de alguma forma brilhando com eletricidade perigosa.
Com um último olhar angustiante, pousando por último em Jacob, ele se virou, voltando para o grupo de meninos que estavam muito perto do fogo.
— Isso foi... Estranho. — disse Celia, finalmente quebrando o silêncio, os lábios desenhados em uma longa linha.
— Esse é o Sam para você. — Jacob assobiou.
Violet não perdeu o olhar que nublou seu rosto.
— Como está Leah? Eu não a vi. —
— Eu não estou surpreso. Ela não sai muito mais. — Disse ele, aquele mesmo olhar endurecido permanecendo em seu rosto quando a garota foi mencionada. — Sam terminou com ela. Ele está saindo com a prima dela agora também.
Seus olhos se voltaram para Sam. Leah o amava desde que se lembrava. Para que tudo termine assim.
— Ela está sempre com raiva agora. Não apenas com Sam, mas com todos.
E enquanto ela lamentava o amor perdido por alguém que já foi um amigo próximo, Violet não conseguia tirar seus pensamentos das palavras que Sam Uley acabara de cuspir. Ela nunca tinha visto alguém falar palavras com tanta convicção, como se fosse uma lei sendo ordenada em um tribunal, um decreto sendo exigido por um rei. E aquele olhar que distorceu todo o seu rosto... Que ficaria com ela por um tempo.
Avisos: primeiro não será incluído as irmãs de Jake neste livro, já que elas não são importantes para qualquer enredo. Segundo, para a linha do tempo, a fase da matilha ocorreu um pouco mais tarde do que no livro, tão mais perto de quando Bella chegou em Forks que mais cedo quando os Cullens chegaram, então aqui Sam é novo na dinâmica da matilha.
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