007
˖࣪ ❛ CONDUÇÃO IRRITADA
— 07 —
O RÁDIO ENRUGOU e gaguejou na sala de trabalho de Violet, soando como chuva abafada. Provavelmente foi exagerado, esgotado pelas horas gastas alternando entre as poucas estações acessíveis nos arredores de Forks. Oito horas, Violet passou na garagem, esperando a Cullen mais velha chegar para pegar seu carro. Ficava bem na frente, escondido atrás de uma velha veneziana, iluminada apenas por uma luz amarela, infestada de insetos em meio à escuridão da noite.
A escuridão nunca a tinha assustado - não quando muitas noites como tal foram passadas na garagem, as portas largas abertas profundamente na escuridão da floresta. Mas esta era uma escuridão que ela não deveria ver. Essa escuridão, enquanto ela olhava para ela de onde estava encostada no capô de seu jipe, a irritava infinitamente.
Ela não sabia o que a fez esperar tanto tempo. Havia orgulho escondido atrás de seus sentimentos, e isso era inegável. Por mais que Rosalie Hale detestasse a ideia de deixar seu carro para ser consertado em uma das duas únicas garagens em Forks, ela o fez, confiando a coisa linda aos seus cuidados. Violet passou horas nisso, para o deleite de seu pai. Esse descaso da garota parecia ter sido negada uma promoção bem merecida de ser convidada para um encontro.
Violet empurrou-se para fora do jipe quando o rádio gaguejou pela sexta vez no último minuto. Suas mãos envolveram o metal enferrujado e ela o levantou, batendo a base contra a parede, colocando-a novamente quando a música começou a tocar novamente. Segundos depois, desligou completamente. Violet soltou um gemido e marchou até as portas da frente, preparando-se para fechar a garagem.
As luzes demoraram alguns segundos para apagar quando ela deslizou as venezianas de metal fechadas sobre a porta da frente, deixando o barulho enrugado encher o ar vazio da noite. Ela procurou a tocha no bolso e puxou a pequena coisa. A luz amarelada irrompeu do final, encontrando o espaço à sua frente, revelando um rosto branco perolado.
Violet soltou um grito quando a tocha caiu de suas mãos. Ela o pegou, direcionando-o para frente novamente, apenas para encontrar Rosalie Hale parada onde a criatura fantasmagórica estava, seu rosto com um leve olhar de aborrecimento.
— De onde você veio? — Violet exclamou ao perceber que não ouviu um único passo da garota. Rosalie não respondeu, apenas olhou para ela com expectativa. — Porque você está atrasada?
— Eu não confiava em mim mesma para dirigir com raiva. — Rosalie disse, cruzando os braços.
Por um momento, Violet a observou enquanto seu rosto pálido se transformava em uma expressão de indiferença, uma melhora em relação à aparência anterior. O aborrecimento ainda aqueceu seu corpo, corando suas bochechas e deixando sua nuca úmida. A civilidade deveria ser a coisa inteligente para se trabalhar, e Violet era inteligente, inteligente demais para seu próprio bem. Mas sua mesquinhez queria recusar as respostas agradáveis. Nem uma palavra de desculpas saiu dos lábios de Rosalie, afinal. Mas Rosalie Hale era uma pessoa difícil de ignorar.
— Eu vi os resultados da condução normal que eu não poderia imaginar dirigindo com raiva.
Para surpresa de Violet, Rosalie riu. Era um tipo de som suave, flutuando no ar levemente como a melodia de uma velha canção. Era estranho vindo de seus lábios profundos e vermelhos; estranho ainda mais aos ouvidos de Violet.
— Não, era eu dirigindo com raiva também. — disse ela, os olhos escurecendo enquanto um sorriso brincava em seus lábios.
Violet envolveu suas mãos ao redor da borda das venezianas destrancadas e as puxou para trás, deixando Rosalie segurar suas próprias mãos abaixo enquanto o metal velho se prendia em um prego enferrujado. Rosalie puxou uma vez, deslizando as venezianas de forma limpa pelos trilhos. Limpando a garganta, Violet se virou e abriu a porta.
Rosalie a seguiu, passando por ela até o centro da sala, os olhos examinando as bancadas, finalmente caindo nas pilhas de folhas manchadas de tinta que envolviam a figura óbvia de um veículo. Os próprios olhos de Violet a seguiram, pernas movendo-se em direção à caixa arenosa que estava diante do escritório aberto de seu pai, mãos movendo-se cegamente para encontrar as chaves.
— O que te deixou tão brava? — Violet finalmente disse, sem esperar que ela respondesse.
— Drama familiar. O de sempre.
— O habitual normalmente não termina em um carro quebrado. — disse ela, seus olhos se arregalaram quando ela percebeu o que ela disse. — Eu provavelmente não deveria brincar assim.
— Não, na verdade está tudo bem. Meu irmão Emmett gosta de pensar e brincar assim. —
— E você não?
Rosalie balançou a cabeça. — Não realmente, não. — disse ela. Suas mãos finalmente encontraram as bordas dos lençóis que escondiam o carro. — O que é isso?
— Um velho jipe em que estou trabalhando. — disse Violet, sorrindo instintivamente.
Os lençóis foram puxados para trás e jogados no canto da sala.
— Não parece tão ruim.
— O que isso significa?
A loira deu de ombros, braços cruzados sobre o peito. — Não como eu teria feito, mas funciona.
— Primeiro você me faz ficar aqui até tarde para uma carona para casa e depois insulta meu jipe. O que vem a seguir? — Violet disse enquanto lhe lançava um olhar, meio brincando e meio sério.
Os olhos de Rosalie se ergueram para olhar para ela. Ela se sentiu nua sob seu olhar. — Eu não pensei que você ainda estaria aqui.
— O que, você ia invadir? — quando Rosalie não respondeu, ela fez outra pergunta. Ela gesticulou para o jipe. — Bem, o que você faria diferente?
Seu braço está dobrado enquanto ela considera o veículo. — Eu terminaria com verde.
— É isso?
Por um momento, Violet contemplou a ideia. A pintura atual já estava perto de enferrujar graças ao baixo preço da lata que ela comprou, e a cor em si era maçante e chata. Se havia alguém em quem confiar quando se tratava de estilo, era Rosalie Hale.
— Eu não disse que era tão ruim para começar. — Disse ela. Violet balançou a cabeça enquanto Rosalie se levantava de onde estava encostada em um banco. — O que é esse barulho?
Violet olhou momentaneamente para a frente da oficina, de repente reconhecendo o ruído da música. — O rádio. Acho que finalmente o quebrei.
Ela mal havia terminado sua frase quando Rosalie começou a sair da sala, os braços ainda firmemente cruzados. Foi só quando ela alcançou a ligeira abertura das persianas de metal que ela se virou para olhar por cima do ombro, sem mover um centímetro do resto de seu corpo. Suas sobrancelhas se ergueram, zombando, teria dito Violet.
— Eu posso te dar uma carona para casa.
Violet começou a rir como se fosse uma piada. — Eu não acho que eu quero pisar em um carro com você, dado o seu histórico.
— Tudo bem. Fique aqui no escuro. — Rosalie disse, uma carranca familiar se formando em suas feições. — Eu vou sair em um minuto se você mudar de idéia.
Violet a observou partir. Foi só quando ela ouviu o ronco de um motor que ela percebeu que Rosalie deve ter conseguido roubar suas chaves de onde eles estavam esperando no banco. Seus pés a puxavam para frente antes que ela pudesse pensar em fazer qualquer outra coisa. As luzes se apagaram, zumbindo levemente como uma última onda repentina de energia antes que a garagem ficasse na escuridão, e Violet foi trancar novamente pela segunda vez naquela noite.
★
As mãos de Rosalie agarraram o volante de seu BMW. Ela tinha perdido a sensação dos sulcos no couro, os contornos que foram moldados em seus dedos. A garota tinha passado apenas uma semana consertando seu carro, e Rosalie ficou surpresa ao descobrir que parecia tão bom quanto novo. Ela ainda estava para dirigir, é claro, mas o ronco do motor era confortavelmente baixo, como o zumbido de uma música antiga e favorita.
Ela não sabia o que tinha acontecido com ela quando perguntou se ela precisava de uma carona. Fosse o que fosse, ela não gostou. O carro cheiraria como ela - Violet, a humana - por dias. O cheiro estava forte o suficiente preso nas paredes finas de metal da garagem. Tão forte que ela pensou na chuva que se aproximava, em seu cheiro que enfeitava o ar fresco. Não mais do que dez minutos até que as nuvens caíssem, era sua estimativa. Qualquer coisa para se distrair do sangue.
Uma série de maldições deixou seus lábios quando ela ouviu os passos de Violet saindo da garagem, o som das venezianas seguindo rapidamente. Seus pensamentos eram tão altos que seu irmão provavelmente poderia ouvi-los do outro lado de Forks. O que ela estava fazendo? Isso era algo que Edward faria: seduzindo um humano, divulgando em suas interações fugazes. Ela o condenou por suas ações, então por que ela estava seguindo sua liderança?
Violet correu em direção ao carro, uma mochila escolar pendurada no ombro, seus pés de alguma forma contornando o desnível como se ela conhecesse a terra como a palma de sua mão. Quando ela abriu a porta e se sentou no banco do passageiro, ela suspirou, recostando-se contra o acolchoamento como se estivesse querendo fazer isso desde que colocara os olhos no carro. Ela enviou um sorriso nervoso para Rosalie, e então o pé de Rose pisou no acelerador, deixando o carro correr pela estrada escura e desolada.
Ela não tinha notado a falta do rádio então, Rosalie pensou. Estava escondido atrás de seu assento. Outra coisa que Edward poderia ter feito, mas não ela. Então, por que ela estava fazendo isso? Momentaneamente, seus olhos se fecharam, deixando seus sentidos tomarem a direção de suas mãos. O que ela estava pensando? Rosalie abriu os olhos antes que o humano pudesse notar.
— A família pode realmente deixar você com raiva o suficiente para bater um carro? — Violet perguntou, a pergunta surpreendendo os dois.
Rosalie se virou para olhar para ela. Ela se sentou com as costas contra a porta, o cinto de segurança esticado na frente, cortando seu pescoço e mergulhando entre seus seios. Rosalie desviou o olhar bruscamente, os olhos se estreitando nas estradas estreitas. A bolsa desleixada estava amontoada em seu colo, livros transbordando de cima. De entre seus lábios, o hálito quente aqueceu o cabelo em uma névoa.
— A minha pode. — Rosalie disse, a voz mais baixa do que ela queria que fosse. Ela podia sentir os olhos se voltarem para ela.
— Gostaria de falar sobre isso? — Violet disse, mas quando ela não obteve resposta, ela balançou a cabeça. — Está tudo bem, você não precisa. — Ela fez uma pausa para soltar um suspiro. — Eu costumava ficar com muita raiva do meu pai. Então percebi o pouco tempo que me restava em casa antes de sair. Isso colocou muitas coisas em perspectiva.
— Sair? — Rosalie interrompeu.
— Para a faculdade.
— Oh, certo.
Algo sobre este ano fez o ano seguinte parecer distante. Ela não tinha ideia do que viria depois da formatura. Haveria algo, não importa quão escasso. O único problema com cidades pequenas como Forks era que as pessoas falavam. Talvez ela tirasse um ano sabático, viajasse um pouco. A universidade sempre foi uma opção, como tinha sido no passado. Outro diploma não faria mal. Mas nada disso parecia excitá-la mais.
Ela deveria ter perguntado, deveria ter perguntado para onde ela iria quando o ano letivo terminasse, mas Rosalie não o fez. Ela permaneceu quieta, as mãos coladas ao volante enquanto Violet engolia em seco, o som alto em seus ouvidos.
— Você tem planos para depois da formatura? — Violet finalmente perguntou - a pergunta estava se formando por quase cinco minutos.
Rosalie balançou a cabeça abruptamente.
— Você sempre pareceu o tipo de pessoa que vai para a faculdade. — disse Violet.
— O que você quer dizer?
Ela deu de ombros. — Você certamente pode pagar. Você é definitivamente inteligente o suficiente para isso. Estudos de negócios ou algo assim.
Rosalie balançou a cabeça em despedida. — E você?
— Engenharia, provavelmente. Eu não sou muito bom em mais nada.
Rosalie duvidava. Elas compartilhavam a maioria de suas aulas.
— Aonde eu vou?
Violet se arrastou para se sentar ereta como se estivesse apenas se lembrando de que a levaria para casa.
— Siga esta estrada até chegar ao centro. — disse ela.
Rosalie fez o que ela disse e pelo resto do passeio, elas permaneceram quietas enquanto Violet apontava para ela em direções diferentes, acelerando por estradas secundárias até chegarem a uma antiga e isolada casa de fazenda. Era bonito, mas desatualizado e dois carros estavam estacionados desordenadamente ao longo da grama que serpenteava ao redor da propriedade.
Violet olhou pela janela quando o carro parou na frente de sua casa. Ela fez uma pausa, olhou para trás com um pequeno sorriso e então pulou da porta, puxando sua bolsa pesada para baixo atrás dela.
— Bem, obrigada. — Disse ela. — Aproveite o carro.
Ela fechou a porta atrás dela e antes que ela pudesse se afastar, Rosalie deu a ré no carro, girou o volante e disparou pela estrada.
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