Capítulo 32 - Coração em festa
O inverno estava no auge e a estação em Terracota podia variar bastante. Alguns dias, o frio era intenso, em outros, a temperatura era bastante amena e para os visitantes naquela parte do estado, que não estavam acostumados com a inconstância do tempo, essas mudanças bruscas podiam trazer surpresas desagradáveis.
Contudo, Gilbert Blythe parecia imune àqueles inconvenientes da estação, por ser um homem do campo e por ter vivido a vida inteira lutando contra todo tipo de contratempo, que um fazendeiro enfrentava naquela parte do estado.
Ele tinha outro motivo para estar desperto às cinco horas da manhã daquele dia extremamente frio. Seu coração também lutava por uma batalha solitária para sobreviver à dor que o abandono de Anne tinha lhe causado.
Um pouco impaciente, o rapaz tirou o chapéu e correu as mãos pelos seus cabelos escuros. Fazia quatro meses que ela tinha ido embora, e Gilbert não conseguia esquecê-la. Tinha tentado de tudo para encontrá-la, mas ainda não tivera sucesso.
Ele tentara ligar várias vezes, mas logo, descobriu descobriu que Anne mudara o número de telefone o que tornava difícil sua comunicação. Então, em um ato de desespero, Gilbert pediu a Ruby, que qualquer informação que ela tivesse sobre a ruivinha, que lhe passasse imediatamente. Mas a menina dissera que também não falara com a irmã naquele tempo, o que o rapaz não acreditou, porque achava impossível que Anne deixasse de falar com a irmã, com que possuía uma ligação muito grande. Contudo, não insistiu, pois a menina não merecia ser pressionada naquelas circunstâncias.
Mas isso não queria dizer que tinha desistido. Ele colocou Cole para fazer uma busca em toda parte de Los Angeles. O rapaz, tinha contatos naquela cidade, além de se valer de sua habilidade no computador para conseguir fazer um rastreio completo.
O que ele descobrira até então, não tinha sido animador, pois a casa onde Anne tinha vivido antes, tinha sido vendida pela própria imposição de Gilbert, quando a trouxera para Terracota.
Naquele tempo, não tinha ideia de como as coisas aconteceriam entre ele e Anne, e sequer tinha imaginado que estaria em uma encruzilhada sem saber que rumo tomar. Agora se maldizia por ter exigido que o antigo lar de Anne fosse vendido, porque seria um bom ponto de partida para procurá-la, e no entanto, não tinha nada em suas mãos naquele momento.
O dia estava começando a amanhecer e os primeiros raios de sol lançavam sobre o horizonte cores de tirar o fôlego. Entretanto, Gilbert não parecia estar interessado naquele espetáculo da natureza. Seu pensamento estava perdido em uma certa ruivinha, que continuava sendo o seu mundo, mesmo que não estivesse ao seu alcance como antes.
Ainda não tinha acreditado que Anne havia partido e lhe deixado um bilhete tão ridículo, ao qual lera inúmeras vezes e acabara por queimá-lo na lareira da sala por puro ódio e desencanto.
Anne não fingira amá-lo, e muito menos tinha se enganado a respeito de seus sentimentos por ele. Gilbert sabia o que tinham vivido juntos e conhecia a ruivinha como ninguém. Ela sempre fora sincera com ele a respeito de tudo e por isso, não tinha motivos para duvidar de qualquer palavra que ela tivesse lhe dito.
Alguma coisa tinha acontecido para fazê-la ir embora da fazenda e desaparecer das vistas dele completamente. Precisava encontrá-la e o faria com ou sem ajuda, pois o amor que sentiam um pelo outro valia a pena qualquer sacrifício.
Ainda com seus pensamentos conturbados, ele abriu a garrafa térmica que trouxera com ele e encheu uma xícara com o líquido escuro. A cafeína vinha sendo sua amiga em todas aquelas semanas em que trabalhava por doze horas ininterruptas. Era seu antídoto para a dor, pois quando chegava cansado em casa à noite, ele apenas tomava banho e se atirava na cama, adormecendo quase que imediatamente.
Mas nem assim, a lembrança de Anne libertava seu coração da saudade. Em seus sonhos, ela sempre estava lá, como um recado para que ele não desistisse, pois o que tinham era poderoso demais para que fosse esquecido ou deixado de lado.
Por isso, cada amanhecer ou anoitecer sem ela era uma tortura. Gilbert tentava se apegar aos planos que tinham feito e às juras de amor que tinham trocado, para não enlouquecer de vez. Assim, se atirava no trabalho ou em qualquer tarefa física que tivesse que realizar, para que dessa forma não deixasse espaço para sua mente, de martirizá-lo com a falta que Anne fazia em sua vida.
Ele terminou de tomar o café, virando a xícara em seus lábios de uma só vez, suspirando profundamente, enquanto repassava mentalmente todo o trabalho que teria que fazer naquela manhã.
Era dia de tosquia das ovelhas e normalmente, ele não era quem desempenhava a função, pois tinham trabalhadores treinados para isso. Mas nos últimos meses, após a partida de Anne, Gilbert vinha trabalhando naquela tarefa também, pois como era algo que demandava total atenção, o impedia de pensar demais e era isso que precisava em alguns momentos.
Assim, ele separou o material que precisaria e quando estava quase saindo do espaço que era designado para isso, Winnie apareceu.
-Agora, para te ver, eu preciso me levantar tão cedo quanto você. - ela reclamou, fazendo com que Gilbert lhe lançasse um olhar penetrante e dissesse:
-Ninguém está te obrigando a isso.- ele respondeu com secura. Não suportava mais olhar para o rosto de Winnie. Ela o vinha cercando por todos os lados, como uma ave de rapina sobre sua presa. A loira não queria entender que ele nunca teria nada com ela, porque Anne era a única mulher que queria em sua vida.
-Não precisa ser tão rude, Gil. Essa é a única maneira que tenho de falar com você. Está sempre trabalhando e até nos fins de semana, parece ocupado demais para conversarmos.- Winnie disse, se aproximando cautelosamente do rapaz.
-Talvez eu realmente não queira conversar. - Gilbert disse, sentindo a irritação começar a surgir dentro dele.
-Posso ver que anda estressado e entendo o motivo. Mas por que não me deixa te ajudar? Eu sei que posso te fazer feliz se me der uma chance.- Winnie disse, passando as mãos pelos braços de Gilbert, que a repeliu no mesmo instante.
-Qual é sua dificuldade em entender que amo outra mulher?- ele disse, a encarando com uma fúria que fez Winnie responder com certo ceticismo:
-Não acredito que depois de quatro meses que Anne foi embora daqui, você ainda não a esqueceu. Seu pai não te contou o que ela me fez?
-Se ele me contou, não prestei atenção. Mas também não me importa. O que quer que tenha acontecido entre vocês duas, eu sei que Anne estava com a razão. - Gilbert disse com frieza.
Estava farto de Winnie sempre tentar jogar Anne contra ele. Ela era venenosa, invejosa e despeitada. Ele a suportara por todos aqueles anos por respeito ao seu pai e à família dela, cuja amizade entre seus membros sempre fora muito forte. Mas, não pretendia mais fazer vista grossa a todas as tentativas dela de envolvê-lo com suas sutilezas falsas. Winnie nunca chegaria aos pés de Anne, porque não sabia enxergar o quanto ela já estava corrompida por seu ódio por dentro.
Talvez, ela sempre tivesse sido assim, e fora ele que nunca prestara atenção, porque realmente Winnie nunca o interessara como mulher. Agora percebia, que como uma erva daninha, ela crescera ao redor dele e tentava envenenar as lembranças lindas que ele tinha de Anne, mas infelizmente para ela, nada macularia o que Anne significava para ele, pois em seu coração, sua ruivinha sempre seria a única.
-Você está me dizendo que está do lado da Anne?- Winnie disse em um tom mais alto do que o normal, com os olhos arregalados, parecendo estar fora de seu juízo perfeito.
A observando com atenção, antes de responder, Gilbert se perguntou se Winnie não teria uma certa tendência para se tornar perigosa e sem controle. Mas depois pensou que se ela tivesse algum tipo de transtorno, não era problema seu. A família desajustada dela que se preocupasse com essa questão, porque ele já tinha problemas demais para se importar com os de Winnie.
-Anne não teria ido embora se não tivesse acontecido algo muito grave. Você e meu pai pensam que sou um tolo, mas a verdade é que se foi você quem fez com que ela partisse de Terracota, eu vou descobrir e aí teremos a conversa que você merece.- Gilbert falou cheio de mágoa. - Agora se me der licença, eu preciso trabalhar.- o rapaz finalizou, pegando a bolsa com os apetrechos para a tosquia.
-Eu me recuso a sair daqui sem nenhuma compensação. - Winnie disse, se colocando à frente do rapaz.
-Que compensação,Winnie? Ficou maluca?- Gilbert disse com a testa franzida. Estava cansado daqueles joguinhos da loira que não o deixava em paz há anos.
-Essa. - A moça disse, esticando o pescoço e capturando os lábios do rapaz.
Gilbert foi pego de surpresa, e no primeiro momento, o rapaz não esboçou nenhuma reação, mas assim que se deu conta do que estava acontecendo, seu primeiro desejo foi empurrar Winnie para longe, porém se forçou a ficar impassível, embora a aversão que estava sentindo com aquela boca se movendo sobre a sua, chegava a lhe causar náuseas.
Quando Winnie percebeu que não conseguiria que Gilbert retribuiu o beijo, ela se afastou, o olhando quase com raiva.
-Satisfeita?- ele perguntou com indiferença.
-Vou fazer você me amar, Gil. E nesse dia, você vai comer na minha mão. - Winnie afirmou, se afastando do rapaz e pisando duro, como se quisesse punir o solo debaixo dos seus pés por não ter conseguido o que queria.
Passando o dorso da mão sobre os lábios como se sentisse nojo, Gilbert respirou fundo e foi até o barracão onde a tosquia seria realizada.
Ele trabalhou por cinco horas sem intervalo e quando a hora do almoço chegou, Gilbert foi para casa, não porque estivesse com fome, mas porque queria descansar um pouco.
O trabalho tinha sido pesado e suas noites mal dormidas estavam começando a mostrar os efeitos em seu corpo. Nunca fora um homem de se cansar fácil, o trabalho ao ar livre sempre fora um estimulante para sua adrenalina, principalmente se envolvesse montaria, pois era uma atividade que adorava fazer.
Mas nos últimos meses, com a partida de Anne, sua animação e energia pareciam ter se esgotado. Todas as suas tarefas estavam sendo realizadas mecanicamente, pois Gilbert se sentia tão anestesiado, que ter prazer com qualquer coisa estava se tornando cada vez mais difícil.
Ele entrou no casarão e foi direto para a cozinha tomar um copo de água, e quando estava subindo as escadas que o levariam ao seu quarto, o rapaz ouviu seu pai o chamar:
-Gilbert.
-Sim, papai. - ele respondeu, parando no primeiro degrau.
-Não vai almoçar? Eu estava esperando por você.
-Não estou com fome. Quero descansar um pouco.- Gilbert respondeu, com a intenção de seguir seu caminho, mas o pai o impediu, dizendo:
-Filho, quanto tempo mais pretende ficar assim? Não conversa mais comigo, não come direito e anda trabalhando mais horas do que seria prudente.- John o alertou.
-Enquanto Anne não voltar para Terracota, realmente não há nada que me interesse realmente. - Gilbert respondeu, impaciente para ir para o próximo quarto, pois não estava disposto a falar com o pai sobre um assunto que o magoava demais.
-Ela não vai voltar,Gilbert . Por que não aceita isso?- John perguntou.
-Como tem certeza de que ela não vai voltar? O que o senhor sabe que eu não sei?- O rapaz indagou, desconfiado da afirmação de seu pai.
-Eu não sei de nada. Apenas deduzi isso, pois já faz quatro meses que aquela garota foi embora daqui. Acho que está na hora de você voltar a viver sua vida.
-Nada do que o senhor disser, vai me convencer de que Anne foi embora daqui por escolha própria. Algo aconteceu para ela partir assim. Eu juro que vou descobrir, papai, e não vou descansar enquanto não tiver uma resposta dos lábios dela e não de uma carta ridícula, da qual não acreditei em uma palavra.- Gilbert respondeu, voltando a subir as escadas, não se incomodando se John tinha algo para falar sobre o que ele acabara de dizer.
Assim, o rapaz entrou no quarto exausto, lavou o rosto na pia do banheiro e depois se deitou na cama, esperando cochilar. Mas a imagem de Anne surgiu em sua mente como uma droga hipnotizante.
Ele conseguia ver os olhos azuis brilhando intensamente, os cabelos ruivos descendo pelos ombros alvos como chamas em um dia ensolarado. O sorriso maroto brincando em seus lábios rosados e a risada melodiosa, encantando seus ouvidos.
Se ele se esforçasse mais um pouco, conseguiria imaginar suas mãos tocando as costas macias, enquanto suas narinas aspiravam o aroma delicioso de morango que a pele dela tinha. Em seguida, seus lábios desceriam pelo pescoço alvo, mordiscariam o queixo delicado, e quando se aproximou da boca carnuda, tendo o sabor dela gravado em sua mente, seu celular tocou, o despertando daquela fantasia que se repetia todas as noites, porque seu corpo sentia tanta falta daquela garota inesquecível e essa era a única maneira de tê-la novamente em seus braços, ainda que a sensação de vazio que o atingia depois lhe mostrasse o tamanho de sua carência e saudade.
Praguejando baixinho, ele pegou o celular que fora depositado a seu lado na cama, ao se deitar ali e o atendeu quase com fúria, mudando rapidamente de humor, quando percebeu que a voz do outro lado era de Cole.
-Me diz que você tem boas notícias, por favor.- ele pediu, suplicando. Não estava mais aguentando a ausência de Anne, tudo parecia ter um gosto amargo depois que ela fora embora, e chegara a engolir seu próprio orgulho e indo atrás de Michael, para saber se Anne tinha entrado em contato com ele.
Quando o rapaz negara, Gilbert não sabia se ficava feliz, porque pelo menos não teria que lutar contra seu ciúme, caso a resposta tivesse sido afirmativa ou se ficava triste, porque continuava de mãos vazias.
-Eu tenho sim. Descobri onde ela está morando no momento e também onde está trabalhando. - Cole contou com a voz animada. Estava feliz por ter conseguido encontrar alguma pista de Anne, pois a tristeza de Gilbert já estava o preocupando. Era a primeira vez que o via à beira de um desespero emocional, que levara embora sua alegria.
-Ah. Graças a Deus. Ela está em Los Angeles?- Gilbert perguntou, sentindo um alívio imenso ao ter notícias de sua ruivinha. Estava a ponto de enlouquecer e mais um pouco, sairia pelo mundo à procura dela, largando todo o resto para trás.
-Está sim. Vou te mandar o endereço por mensagem.
-Ótimo. Vou para Los Angeles amanhã mesmo. Quero aproveitar que é sexta-feira e dizer a meu pai que vou tirar uma folga. Não quero ficar longe de Anne nem por um minuto mais.- Gilbert afirmou. Ele não descansava fazia quatro meses, e seu pai com certeza não se importaria se ele tirasse alguns dias para si mesmo.
Felizmente, tinham empregados competentes que podiam substituí-lo com segurança. Podia ir para Los Angeles com tranquilidade, pois Terracota estaria em boas mãos.
-Posso ir com você, Gil? - Cole perguntou.
-Será ótimo se for comigo. Vai me ajudar a controlar a ansiedade. Você não sabe o quanto esperei por esse momento.- Gilbert disse, dessa vez sorrindo,fato que não acontecia há bastante tempo.
-Nos vemos amanhã então. - Cole disse se despedindo.
-Certo.- Gilbert concordou, desligando o telefone.
Sem perder tempo, ele arrumou uma mala com alguns pertences. Desceu até a cozinha para fazer um lanche rápido e quando voltou para o trabalho, já se sentia renovado e com seu velho otimismo enchendo seu peito de esperança outra vez.
Naquela sexta-feira em Los Angeles, Anne corria contra o tempo para terminar um relatório importante.
Ela tinha encontrado trabalho naquela empresa de exportação uma semana depois que deixara Terracota. Fora uma surpresa muito grande, quando após dois dias que tinha enviado seu currículo, recebeu uma ligação do Vice Presidente, a chamando para uma entrevista.
Apesar do nervosismo, se saira muito bem e foi contratada quase imediatamente, o que a deixara feliz e aliviada, pois não teria que passar semanas em busca de um emprego.
O salário era excelente, e o horário comercial também, pois tinha tempo para ir para casa se arrumar e depois, sair para a Faculdade.
Anne conseguira sua transferência da Faculdade do Texas para uma no centro de Los Angeles, que era bem perto do apartamento no qual estava morando.
Como sua casa antiga tinha sido vendida, ela tivera que viver em um hotel por algum tempo e quando recebera seu primeiro salário, conseguira alugar aquele apartamento que era a duas quadras do seu trabalho.
Tudo tinha se encaminhado para o melhor. Assim, com um teto sobre sua cabeça, um trabalho onde era respeitada e valorizada, e seus estudos em andamento, podia dizer que estava satisfeita com sua vida, mas nunca conseguiria afirmar que estava feliz.
Sua felicidade tinha ficado no Texas, onde um par de olhos verdes que lhe lembrava uma onda de um mar inconstante, tinha roubado seu coração e todo o seu amor.
Foram incontáveis as noites que passara chorando, porque não conseguia esquecer Gilbert e seu peito parecia que ia explodir de saudade. Nunca pensara que amaria tanto alguém a ponto de ter crises de ansiedade pela falta que sentia dele.
O que a ajudara a não sucumbir a onda de depressão que ameaçava tomar conta dela, foi se manter ocupada com seu novo trabalho e estudos.
Não saía mais, passava seus fins de semana em casa lendo um livro, assistindo um filme ou simplesmente se lembrando de tudo o que deixara para trás.
Gilbert continuava em sua cabeça vinte e quatro horas por dia. Não importava o que estivesse fazendo, ele estava lá, como uma tentação que atormentava todos os seus sentidos.
O que não daria por mais um toque, mais um beijo ou mais uma noite de amor. Tinha em seu coração cada lembrança marcada, desde o primeiro momento íntimo que tiveram até o último e nunca, em sua vida inteira, conseguiria apagar de sua memória o quão incrível fora ser amada por Gilbert Blythe.
Anne evitava falar o nome dele em voz alta, porque doía pronunciar aquele nome tão amado. A falta que Gilbert lhe fazia era surreal. Quando acordava de manhã, inconscientemente procurava por ele, apenas para se lembrar logo em seguida, que seu tutor não estava ali para abraçá-la e lhe desejar bom dia.
Anne imaginava que o rapaz a estava odiando, depois da carta que deixara para ele. Mas não tivera escolha, ou fazia o que John Blythe exigiri ou Ruby sofreria as consequências, e pensar que não podia sequer ligar para a irmã, porque seu digníssimo tio, lhe fizera essa exigência também.
-Anne, está ocupada?- ela deixou os pensamento de lado, afastando o olhar da tela de seu computador para encarar Richard, um dos funcionários da empresa que trabalhava no escritório ao lado.
Desde que Anne começou a trabalhar ali, o rapaz se aproximou dela e acabaram se tornando bons amigos. Eles passaram a almoçar juntos e ter longas conversas que agradavam a ruivinha imensamente.
Richard era dois anos mais velho que Anne, já viajara para vários países por conta do trabalho do pai que era um executivo de renome no mercado,e por isso, a cultura que o rapaz demonstrava conhecer sobre os lugares que conhecia a deixavam fascinada.
No início, ele mostrara certo interesse nela, mas Anne deixara claro que não estava aberta a um relacionamento amoroso. Gilbert era o único homem que desejava e na falta dele, preferia ficar sozinha.
Richard entendera e partira para outra. Agora,ele estava de olho na supervisora de outro departamento, mas ainda não conseguira fazer grandes avanços, embora ficara claro para Anne, que a moça parecia estar interessada nele também.
-Um pouco. Eu tenho que terminar esse relatório até o fim do expediente. - ela explicou, olhando para o rapaz de olhos castanhos, cabelos loiros e rosto simpático.
-O que vai fazer hoje à noite?- ele perguntou, se debruçando sobre a mesa onde ela estava sentada.
-Vou ficar em casa comendo besteira e assistindo minha série favorita, por quê?- ela perguntou, voltando a digitar alguns dados no computador.
-O que acha de sair comigo?- ele disse se repente, a fazendo parar o que estava fazendo para responder:
-Achei que já tínhamos falado sobre isso.
-Sim, mas não é o que está pensando. Eu ouvi a Vanessa comentar que vai em um barzinho bastante popular hoje à noite e pensei que você poderia ir comigo para me ajudar na paquera. - ele disse de bom humor.
-Você quer que eu fique de vela?- Anne perguntou, rindo, bastante aliviada por ter entendido mal as intenções do rapaz.
-Prometo que pago todas as bebidas que quiser tomar.- Richard ofereceu.
-Obrigada, mas eu não bebo.
-Por favor, Anne. Aceite meu convite. Além de me ajudar a conquistar a gata, ainda vai se divertir muito e de graça. Já estou até com os convites para entrarmos.- ele tentou a convencer, e Anne até pensou em recusar, mas depois pensou o que tinha a perder?
Não estava saindo para um encontro, e se pensasse melhor, o que encontraria em seu apartamento seria apenas solidão. Além do mais, se não gostasse de algo ou não se divertisse, ela poderia voltar para casa no mesmo instante, já que o barzinho que Richard mencionara não ficava tão longe assim.
-Está bem. Mas eu não vou ficar a noite toda. Quero apenas te ajudar, depois volto para casa onde quero ter uma excelente noite de sono. - Anne o avisou.
-Muito obrigado, Anne. Você é uma ótima amiga. Quer que eu passe para te pegar?
-Não, nós encontramos lá às nove tudo bem?- Anne perguntou.
-Está ótimo. Nos vemos depois, então. - o rapaz disse todo sorridente, saindo pela mesma porta pela qual tinha entrado.
Assim, Anne voltou ao trabalho, tentando se concentrar ao máximo, pois ainda tinha mais algumas horas ocupadas pela frente.
Naquele mesmo dia, Gilbert e Cole chegaram em Los Angeles no fim da tarde. Eles tinham pego o helicóptero da fazenda Blythe e depois de várias horas de voo, e desembarcaram em uma pista autorizada na cidade, chamaram um táxi e foram direto para o hotel onde Gilbert alugara dois quartos para ambos.
Ele não viera pilotando, pois preferia se preservar dessa vez. Estava ansioso demais e não confiava em si mesmo para realizar algo que precisava tanto de atenção e calma.
Estava a um passo de ver Anne novamente, e seu coração parecia antecipar aquele momento, pois batia sem parar e de forma acelerada.
Assim, quando chegaram no hotel e pegaram as chaves dos quartos, Cole o convidou:
-Por que não saímos hoje à noite? Sei que aqui por perto tem um barzinho bem conhecido, a gente podia ir até lá. O que acha,?
-Não sei, Cole. Acho que quero descansar essa noite, e amanhã cedo, quero ir ao endereço que você me passou. Preciso ver a Anne.- ele explicou.
-Vamos, Gil. Precisa se distrair. Você me disse para te ajudar com sua ansiedade, então, essa é minha proposta.- o rapaz disse com um bom humor que foi impossível para Gilbert não concordar.
-Tem razão. Preciso relaxar e tentar controlar meu coração. Caso contrário, posso colocar tudo a perder com a Anne.
-Então, vamos sair essa noite. Vou me arrumar e passo no seu quarto daqui a pouco.- Cole afirmou ainda no corredor.
-Combinado. - Gilbert concordou.
Em seguida, ele entrou no quarto, colocou a maleta em cima da cama e depois foi até a janela.
Olhando para a cidade, daquele ponto de observação. Gilbert tinha a impressão de estar no topo do mundo, encarando as minúsculas luzes lá embaixo como um universo à parte.
Em algum lugar ali, sua ruivinha estava escondida, mas ele a encontraria nem que tivesse que vasculhar a cidade inteira. Desde que Cole lhe dera o endereço de Anne, a ansiedade de Gilbert o estava corroendo intensamente. E enquanto não resolvesse essa questão, aquela sensação sufocante não o deixaria em paz.
Deste modo, tentando aliviar seu nervosismo, o rapaz tomou banho e se vestiu para sair com Cole. Sabia que não iria conseguir se divertir, mas pelo menos poderia distrair sua cabeça por algumas horas de seu caos interno.
Quando estava pegando a carteira, ele ouviu uma batida na porta e encontrou Cole no corredor à espera dele.
-Então, podemos ir? - o rapaz sorridente perguntou.
-Podemos sim.- Gilbert confirmou.
-Já chamei um táxi para nós. - Cole o avisou assim que estavam indo em direção ao elevador.
-Ótimo. Prometo que vou tentar ser uma boa companhia hoje.- Gilbert disse para o rapaz, que o olhou com um sorriso maroto nos lábios e respondeu:
-Não se preocupe com isso. Vamos apenas aproveitar a noite.
Gilbert assentiu e quando entraram no táxi, seu pensamento já estava em Anne outra vez.
Naquele momento, Anne também estava pronta para deixar seu apartamento. Uma última olhada no espelho, lhe deu uma boa visão de si mesma de corpo inteiro.
Ela tinha escolhido um tubinho preto de mangas curtas e um decote generoso, expondo seu colo bonito e alvo. O comprimento era um pouco mais curto do que costumava usar, mas decidira ousar naquele dia apenas para se divertir. Não estava querendo agradar a ninguém, a não ser a si mesma, por isso, escolhera aquele vestido o qual não usava a um bom tempo.
Para dar destaque aos seus cabelos ruivos, ela prendeu uma mecha de cada lado com uma presilha dourada e nos pés, optou por sandálias de salto médio, que lhe davam certo conforto ao caminhar.
Quando saiu do apartamento, Anne teve o cuidado de colocar um casaco comprido e quente, pois a temperatura do lado de fora estava gelada naquela noite.
Logo, a ruivinha pegou um táxi e foi direto para o barzinho, onde Richard a estava esperando, e quando desceu do táxi, o rapaz lhe acenou calorosamente.
-Estou muito atrasada?- Anne perguntou ao se aproximar do amigo.
-Não. Eu acabei de chegar também. Você está linda. - o rapaz a elogiou, a olhando de corpo inteiro.
-Obrigada. Você também está ótimo. - Anne disse, retribuindo o elogio.
-Vamos entrar. Vanessa já chegou e está lá dentro com uma amiga.
-Está bem.- Anne respondeu, seguindo o rapaz pela porta de entrada.
Lá dentro, o ambiente estava abafado, apesar do ar condicionado estar trabalhando a todo vapor. A quantidade grande de pessoas e a proximidade entre seus corpos, contribuíam para a falta de circulação de ar fresco, e a primeira impressão que Anne teve, foi que estava em uma estufa gigante.
Porém, assim que Richard a levou para um local mais arejado, ela se sentiu aliviada e retirou o casaco que estava usando e o colocou nas costas de uma cadeira onde se sentou, enquanto Richard fazia alguns pedidos para o garçom.
Quando as bebidas chegaram, Anne bebeu seu refrigerante calmamente, pois embora não fosse sua bebida favorita, era melhor do que qualquer outra que tivesse algum teor alcoólico.
Deste modo, ela permaneceu algum tempo, observando a movimentação do barzinho e respondendo à alguma pergunta aleatória que Richard casualmente lhe fazia.
Quando estava a ponto de convidar o rapaz para dar uma volta pelo local, Vanessa se aproximou da mesa e disse:
-Richard, podemos conversar?
-Podemos sim, mas estou acompanhando a Anne.- o rapaz disse, olhando de forma incerta para a ruivinha.
-Pode ir, Richard. Eu estava pensando em dar uma volta por aí. Não se preocupe comigo. - Anne disse se levantando da mesa, e quando tinha se afastado um pouco do casal, ela olhou para trás e viu que Richard lhe lançava alguns olhares furtivos, como se estivesse preocupado em deixá-la sozinha.
Anne levantou o polegar em sinal de positivo, fazendo o rapaz rir e concentrar sua atenção em Vanessa, que falava com ele de forma bastante íntima.
A ruivinha estava feliz pelo amigo ter aquela oportunidade com a garota em que estava interessado, mas tal fato não impedia que se sentisse solitária, ou que pensasse em Gilbert mais que nunca.
Uma música agitada começou a tocar, e Anne decidiu se juntar a um grupo de pessoas que dançavam em uma pista própria para aquilo, pois queria desligar sua mente de todos os infortúnios que os últimos quatro meses em Los Angeles tinham trazido para a sua vida.
Assim, ela mergulhou na música, deixando sua mente se encher do ritmo contagiante, enquanto seu corpo seguia as batidas que faziam com que seus movimentos fossem seduzidos pela liberdade da adrenalina que corria por sua corrente sanguínea.
Naquele mesmo barzinho, Gilbert e Cole estavam sentados em uma mesa de canto, onde o rapaz tentava a todo custo prestar atenção em uma garota morena que voluntariamente se apresentara para os dois assim que chegaram, e se sentara ali sem ao mesmo pedir permissão, desfiando uma ladainha monótona sobre sua vida que quase o estava matando de tédio.
Cole parecia ter a mesma opinião que ele, pois lhe lançava alguns olhares com algumas caretas discretas que quase faziam Gilbert gargalhar escandalosamente e só não o fazia, porque sabia que não seria adequado e extremamente ofensivo com a moça em questão.
Tentando encontrar uma escapatória para aquela situação absurda, ele lançou um olhar desinteressado para a pista de dança e seu coração quase parou de bater, quando viu cabelos ruivos e longos deslizando ao redor da cabeça de uma garota, cujo corpo esguio era uma cópia do de sua garota. E quando ela virou de lado, deixando seu perfil à mostra, a ansiedade dele já estava a mil, e mal ouvia o que a garota morena tagarelava sem parar.
Então, em um rodopio calculado, a garota ficou de frente e Gilbert soube que sua busca tinha terminado. Anne estava ali e naquela consciência incrível, o rapaz não acreditava no que estava acontecendo.
Seus olhos ficaram hipnotizados pelos movimentos dos quadris dela, cadenciados com a música, enquanto ela, de olhos fechados, parecia sentir cada toque da música em sua pele.
Os olhos saudosos do rapaz, registravam cada detalhe daquela beleza explícita que se exibia para ele, sem que a ruivinha tivesse percebido a presença dele ali.
Ela movimentou os quadris, fazendo Gilbert apertar o copo que estava segurando nas mãos. O vestido dela subiu um pouco, deixando as coxas alvas e bem torneadas à mostra, mas Anne parecia nem perceber e continuava a dançar de forma provocante, causando em Gilbert uma necessidade quase selvagem de puxá-la para um canto daquele barzinho e tocá-la até que seu desejo por ela se acalmasse.
Então, ela abriu os olhos e o encarou, parando de dançar no mesmo instante, ao perceber quem estava ali, seus olhos azuis faiscando quando percebeu a garota morena sentada ao lado dele.
No minuto seguinte, Anne saiu da pista de dança e caminhou para longe, fazendo Gilbert entender, em meio ao seu atordoamento, que ela estava indo embora.
Ele olhou para Cole que tinha assistido tudo o que acabara de acontecer e quando ia abrir a boca para falar o que tinha em mente, o rapaz lhe disse:
-Vai.
Gilbert não pensou duas vezes e se levantou da mesa com tanta rapidez, que fez com que a garota morena que ainda estava sentada ali, parasse de falar no meio de uma frase.
Caminhando para a porta de saída, o rapaz apertou o passo, esperançoso em alcançar Anne do lado de fora, mas quando se viu em frente ao barzinho, a ruivinha estava entrando em um táxi naquele momento.
Praguejando alto, Gilbert olhou para todos os lados e para seu alívio, ele encontrou um táxi que estava vindo em sua direção.
O rapaz fez um sinal, o carro parou, ele entrou dentro do táxi e disse ao motorista o endereço onde Anne estava morando.
Ao chegar lá, o rapaz entrou no prédio quase correndo e como não encontrou nenhum zelador, ele foi para o elevador que o levaria até o andar de Anne, e logo, estava onde desejava.
Encontrar o número do apartamento dela foi fácil, o que estava sendo difícil para Gilbert, era manter sua sanidade intacta.
Assim que ele bateu na porta, a ruivinha a abriu, e o rapaz não esperou por nenhum tipo de reação dela, pois simplesmente a trouxe para seus braços,fechou a porta atrás de ambos e a encostou nela, enquanto enterrava seu rosto nos cabelos macios, mantendo seus lábios próximos ao ouvido dela e seus corpos grudados um no outro.
-Diz para mim o que você estava pensando, enquanto me provocava naquela pista de dança?- ele sussurrou, sem realmente acreditar que estava sentindo de novo, o seu aroma favorito. Seus sentidos pareciam estar ganhando vida e seu coração estava batendo feliz, depois de meses de uma sensação mórbida, entorpecendo-o diariamente.
-Eu não sabia que você estava lá. -Anne respondeu ofegante e de olhos fechados, porque não podia acreditar que Gilbert estava ali. Se era um sonho, esperava não despertar nunca mais.
-Eu quero ouvir de seus lábios que não sente a minha falta como eu sinto a sua. - ele tornou a sussurrar, enquanto seus lábios, quase como se tivessem vida própria, começaram a deslizar pela pele alva e macia do pescoço feminino.
-Gil, por favor.- Anne pediu, sentindo suas forças indo embora. Em quatro meses sem ele, era como ter vivido em um deserto sufocante de emoções e sensações. Agora, sentia que seu corpo estava renascendo e ao mesmo tempo se perdendo, naquele toque simples de Gilbert, como se precisasse dele para voltar a respirar de verdade.
-Por favor, o que? Vai me dizer que não quer que eu a toque?- ele perguntou, correndo as mãos pelas curvas que o vestido de tecido aderente não escondia. - Que não sinta o gosto da sua pele?- ele desceu os lábios até o colo descoberto e passou a ponta da língua por toda a região, fazendo Anne apertar o ombro dele com sua mão direita, pois seu corpo estava começando entrar em colapso.
-Gil..- ela murmurou. Queria conseguir responder as perguntas dele, mas sua voz parecia não querer sair, e quando os lábios dele tocaram seus seios por cima do vestido, um desejo intenso se alastrou por sua pele, como fogo ateado sobre gasolina e ela quase sucumbiu de vez.
-Diz que não me quer e eu vou embora nesse momento. - Gilbert murmurou, estimulando os seios dela com as mãos ainda sobre o tecido do vestido.- Diz que não me ama mais e juro, que vou embora da sua vida para sempre.- ele disse por último, dessa vez, encarando o rosto delicado, cujo olhos eram mais lindos do que ele se lembrava.
Anne o encarou de volta, incapaz de responder ou negar. Ali estava seu homem, o único que queria e que sempre desejaria até o dia de sua morte. Não podia mentir e negar, que a sua felicidade só era completa se Gilbert estivesse do seu lado, pois o resto não mais importava ou fazia sentido.
Por isso, ao invés de responder com palavras, Anne o fez com gestos, grudando seus lábios nos do rapaz e quase suspirando quando a língua dele se misturou com a sua, a deixando tonta com seu sabor inebriante.
Gilbert tentava se controlar, mas seu corpo, depois daqueles meses funcionando como robô, parecia não obedecer mais a nenhum comando seu.
Por isso, ele fez Anne enlaçar sua cintura com as pernas e a carregou para o sofá mais próximo, deitando com ela sobre o couro macio.
Enquanto o beijo prosseguia, as mãos ousadas do rapaz puxaram o vestido dela para baixo, deixando os seios à mostra, esperando que ele os explorasse, o que o rapaz fez, assim que libertou a boca de Anne da sua, fazendo com que ela gemesse, conforme sua língua provocava aquela parte de corpo dela tão sensível.
As mãos dele encontraram as coxas nuas da ruivinha, e correram sobre elas, como se estivessem dedilhando um instrumento musical delicado, até chegarem no elástico da calcinha, puxando-a para baixo, porque precisava sentir a intimidade quente de Anne em seus dedos.
Quando a tocou ali,onde a sensibilidade dela era maior, ele a ouviu gemer e tombar a cabeça para o lado, o que indicava a intensidade de sua excitação. Assim, Gilbert a estimulou até que o corpo de Anne tremeu e ela se deixou descansar sobre o rapaz, que acariciou suas costas lentamente.
Ela precisou de apenas cinco minutos para recuperar suas forças e logo em seguida, encarou Gilbert com seus olhos escurecidos, tornou a beijá-lo, e dessa vez , o comando estava todo em suas mãos.
Assim, Anne manteve seus lábios nos dele até que nenhum dos dois conseguisse respirar, e ao liberar a boca masculina da sua, seu próximo passo foi livrar Gilbert da camisa que estava impedindo suas mãos de sentir o calor da pele dele. Contudo, não queria perder tempo abrindo botão a botão, por isso, ela puxou a gola da camisa com força, arrancando alguns botões no processo, e em seguida, desceu os lábios pelo corpo dele, saboreando cada pedacinho da pele morena, perdendo mais tempo no abdômen definido que sempre fora sua perdição.
Ousando um pouco mais, suas mãos acariciaram a intimidade de Gilbert sobre a calça jeans, sentindo o rapaz se mexer embaixo dela e gemer baixinho, enquanto sua excitação era evidenciada pela elevação embaixo do tecido.
Só naquele momento foi que Gilbert percebeu, o quanto Anne lhe fizera falta também fisicamente. Ele poderia ter saído pela noite e fazer sexo com qualquer mulher que lhe parecesse interessante, mas a verdade era que, nenhuma seria sua ruivinha e ele não precisava de um alívio físico imediato, e sim, daquela sensação de que estava recebendo e dando amor na mesma medida.
Porque o que tinha com Anne era mais do que um desejo carnal e era mais do que palavras poderiam descrever. Era partilhar seu corpo, seu coração e sua alma de uma só vez, e isso, ele não teria com mais ninguém.
O rapaz percebeu que Anne lutava para abrir o zíper de sua calça, e se livrou dela rapidamente para a alegria da ruivinha, que também tirou o próprio vestido que estava embolado em sua cintura.
Deste modo, pele a pele, eles se sentiram, se reconheceram e mataram aquela saudade acumulada por quatro longos meses, onde seus corações penaram pela falta de notícias e a distância que fizeram com que seu amor um pelo outro crescesse de forma desmedida.
As mãos de Gilbert desvendaram mais uma vez aquele corpo delicado e adorado apenas por ele, levando Anne a implorar várias vezes para que ele a fizesse sua, mas o rapaz prolongou aquele momento, pois necessitava matar sua vontade de tocá-la inteira até que sua própria paixão chegasse ao seu limite.
Quando o momento de tê-la chegou, o rapaz pegou a proteção em sua carteira, a colocou e se sentou no sofá, trazendo Anne com ele, pois queria olhar nos olhos dela enquanto o ato final acontecia.
Essa era sua parte favorita quando fazia amor com ela. Olhar naquele rosto lindo e vê-lo se transformar no calor da paixão, enquanto chegavam ao ápice de todo aquele fogo que os incendiava completamente.
Em seguida, Gilbert a penetrou, fazendo-a se mover com ele até que seus corpos estivessem no mesmo ritmo e no mesmo frenesi de alcançarem o prazer que estava prestes a explodir em seu íntimo.
E quando aconteceu, Anne se sentiu como sendo levada por um vendaval, que arrasava com todas as suas emoções, virando-a do avesso e provocando em seu corpo uma sensação de plenitude que não sentia a um bom tempo.
Presa nos olhos verdes de Gilbert, ela desabou, sendo seguida pelo rapaz que gemeu alto quando o êxtase o engoliu, não deixando que uma gota de fôlego restasse em seu corpo.
Abraçado, o jovem casal permaneceu, até que Gilbert conseguiu dizer:
-Se você me dizer agora que não me ama, eu não vou acreditar, porque isso que vivemos juntos foi maravilhoso demais.
-Eu te amo muito.- Anne respondeu, encarando o jovem cowboy com os olhos marejados e o coração feliz.
-Então, por que me escreveu aquela carta?- Gilbert perguntou, segurando o rosto dela com as mãos.
-Eu não queria, mas fui obrigada. - Anne confessou, deitando a cabeça no peito dele.
-Quem te obrigou?- Gilbert perguntou, segurando o queixo dela, para que Anne não escapasse do seu olhar.
-Você não vai gostar de saber. - ela falou, não desejando que Gilbert sofresse uma decepção com uma das pessoas que mais amava e respeitava no mundo.
-Não importa. Eu quero saber.- o rapaz insistiu.
-Foi seu pai.- Anne respondeu sem conseguir desviar os olhos dos dele.
-Meu pai? Por que ele faria isso? - Gilbert perguntou com certa incredulidade.
-Por dois motivos. O primeiro foi porque eu e Winnie discutimos por causa da minha mãe e depois, ela apareceu para seu pai toda arranhada, mentindo que tinha sido eu que a machucara. E o segundo...- ela parou para pensar se devia revelar a Gilbert o motivo de John não gostar dela.
-O segundo?- ele insistiu, e Anne decidiu que estava na hora de falar, pois o rapaz não desistiria de saber qual era o segundo motivo.
-Eu descobri que seu pai me odeia, porque era apaixonado por minha mãe.
-O que? Como descobriu isso?
-Porque ele tem fotos de minha mãe guardadas em seu escritório. Eu descobri por acaso e quando o interroguei sobre isso, ele não negou ou afirmou, mas os olhos dele me mostraram que eu estava certa.- Anne terminou de dizer. Ela sentia que Gilbert não estava acreditando nela, mas pelo menos plantara uma semente de realidade na mente do rapaz. Contudo, Gilbert a surpreendeu ao dizer:
-Isso pode ser verdade sim, porque depois que vocês foram embora, ouvi meu pai conversando com alguns amigos, e o assunto sempre era a tia Bertha. Na época, não percebi nada de estranho, mas agora pensando melhor, ele falava dela com carinho e não com desprezo, apenas não entendi dessa forma naquela época.
-Isso não te deixa chateado?- Anne perguntou, surpresa pela atitude dele.
-Não, porque Tia Bertha se parecia com você, então, sei bem porque ele se apaixonou. - Gilbert falou, tocando a pele do queixo dela com o polegar .
-Isso foi um elogio?- Anne perguntou, com a pontinha de um sorriso, despontando em seus lábios.
-Ainda tem dúvidas? Você é maravilhosa e sua mãe também era. Meu pai é um Blythe como eu, então, você deve saber que somos completamente rendidos pelas mulheres de sua família.- o rapaz falou, fazendo Anne sorrir abertamente.
-E o que acontece agora? - ela perguntou, sem conseguir tirar os olhos daquele rapaz tão lindo.
-Quero que volte comigo para Terracota. - ele afirmou.
-Não conseguiria viver na sua casa de novo depois do que aconteceu.- Anne disse, pois só de pensar que teria que ver John Blythe todos os dias, seu estômago chegava a embrulhar.
-Não precisava morar lá. Você pode ficar com seu avô. - Gilbert explicou, oferecendo a ela uma solução tão simples.
-Acha que seu pai vai me aceitar de volta nas terras dele?- Anne perguntou preocupada.
-Aquelas são minhas terras também. Tenho metade das ações de nossa empresa, portanto tenho tanto poder quanto meu pai.- Gilbert revelou, se deitando na cama, e alinhando Anne em seus braços.
-Mas, e se ele mesmo assim não aceitar? Tio John me proibiu de ver Ruby e disse que ela sofreria as consequências se eu insistisse. Não posso prejudicar a minha irmã.
-O que ele fez foi mesquinho e ilegal. Ele não podia fazer algo assim. No testamento do tio William, está escrito que temos a responsabilidade de cuidar de você até sua maioridade. E você não fez nada para merecer esse tratamento do meu pai. De qualquer forma, ele vai ter que aceitar que você é minha mulher,e que não abro mão de tê-la comigo. E se mesmo assim, ele não quiser aceitar, vou embora com você de Terracota e podemos começar nossa vida em outro lugar.- ele disse com convicção.
-Mas Terracota é seu lar.- Anne insistiu, preocupada com a resposta dele.
-Não é mais desde que você foi embora. Meu lar é você Anne, nada é nenhum lugar é mais importante para mim do que você. - ele declarou, fazendo com que mais uma vez, os olhos dela se enchessem de lágrimas.
-Você não sabe o quanto te amo. Pensei que me odiaria depois daquela carta.
-Nunca, não existe ódio no mundo capaz de mudar o que sinto. Só existe lugar para o meu amor por você em meu coração. - Gilbert falou, deixando um beijo suave nos lábios dela.- Agora vamos falar de coisas mais alegres. Amanhã é seu aniversário, e quero te levar para jantar em Nova Iorque. Ainda tem o vestido que te dei de presente?
-Tenho sim. - Anne respondeu, se lembrando que o guardara em um lugar em seu guarda-roupa onde não o teria a chance de vê-lo, pois só de pegá-lo nas mãos, a fazia se lembrar do que tivera e perdera.
-Então, quero que o vista para mim amanhã.
-Certo. O que quer fazer agora? Se estiver com fome, podemos preparar um lanche rápido.
-De jeito nenhum. Quero ficar com você nessa cama e matar toda a saudade que estou sentindo. Você não sabe como senti sua falta nos quatro meses em que ficamos longe. - o rapaz afirmou, mudando de posição na cama e prendendo Anne com seu corpo.
-Sinto muito. Prometo que nunca mais farei algo assim de novo.- ela sorriu, acariciando os cabelos na nuca de Gilbert. - Também senti sua falta, todos os dias.
-E eu prometo que nunca mais te deixarei ir embora da minha vida.- Gilbert respondeu, com os olhos brilhando como se fossem esmeraldas.
E então, ele tornou a beijá-la e Anne descobriu naquele instante, que a felicidade tinha voltado a fazer festa dentro dela, e que lutaria com unhas e dentes para preservá-la ao lado do único homem que era seu lar também.
Olá pessoal. Desculpem a demora e o capítulo gigante. Não pretendia que ele ficasse tão longo, mas espero que possam apreciá-lo e me deixar seus votos e comentários sobre ele. Beijos e obrigada.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro