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Capítulo 31 - Corações partidos

Uma brisa calma entrava pela janela e tocava o rosto de Anne ainda adormecida. Ela abriu os olhos com dificuldade e se viu sozinha na cama, pois como de costume, Gilbert já tinha se levantado.

Logo, ela intuiu que o rapaz estava na cozinha e se levantou, vestindo uma camiseta dele que estava dobrada ao lado da cama. 

Lançando um olhar para o quarto,  Anne sorriu com a lembrança da noite anterior.  Se sentia tão completa e feliz, que não sabia medir a intensidade de seus sentimentos. 

Ali, naquela cabana, ela tinha com Gilbert uma cumplicidade que deixava sua alma em festa. Ele era seu homem, seu amigo,  seu amante e era a combinação de tudo aquilo que tornava o relacionamento entre eles perfeito. 

Não tinham segredos um para o outro e não limitavam suas emoções. Quando se entregavam à paixão, o faziam completamente,  sem reprimir a intensidade de tudo o que sentiam ou pensavam.

Havia tanto amor entre eles, que Anne podia senti-lo quando estavam juntos, quando se olhavam nos olhos ou uniam suas mãos. Era lindo pensar em como tudo acontecera entre eles. Viver naquela fazenda quando criança fora o início de tudo. E se havia mesmo uma razão para que tudo tivesse acontecido como de fato acontecera, com certeza fora para que aquele sentimento que partilhava com Gilbert pudesse crescer, florescer e se fortalecer com o tempo.

Sua paixonite de infância se tornara o homem de sua vida. Quem poderia ter imaginado um final tão perfeito como esse? 

Durante os anos em que ficara longe de Gilbert, seu coração muitas vezes a trouxera de volta aquele mundo onde fora tão feliz na infância,  mas em alguns momentos, apenas ignorava a saudade que sentia, pois a mágoa que guardava dentro de si lhe apontava uma direção diferente.

Quando Gilbert a forçara a viver em Terracota, Anne prometera odiá-lo para sempre, mas não foi necessário muito tempo para que ela entendesse que o ódio que dizia sentir,  era na verdade o amor que sempre carregara dentro de si e que vivera incubado em seu corpo, até que fora despertado outra vez.

Avassalador e explosivo,  era assim que pensava em si mesma e Gilbert. Eles eram como pólvora e fogo e explodiam a qualquer desacordo, e se amavam também de forma quase violenta.

Era uma combinação perfeita, mesmo que também fosse perigosa.  Anne descobrira que não fora feita para um amor calmo, cheio de música e flores. Ela fora feita para aquele tipo de amor que tinha com Gilbert, inconstante, tempestuoso, possessivo e apaixonado. Aquele tipo de amor pelo qual valia a pena, lutar, viver ou morrer. Aquele tipo de amor que injetava em seu sangue uma certa dose  de adrenalina, que a fazia  estar sempre no limite de suas emoções e pronta para mergulhar nelas sem pensar.

Também tinha consciência que era um tipo de amor que nunca mais viveria com ninguém,  porque Gilbert era o único capaz de fazê-la se sentir assim. Se um dia tivessem que se separar, Anne sabia que sua vida seria como  ponto morto, pois perderia o sentido e a razão de tudo. Gilbert era o seu mundo e nunca haveria nenhum homem como ele para ela.

-Vim te chamar para tomar café,  mas vejo que já  está acordada. - Gilbert disse  abrindo a porta de repente, e tirando Anne de seus devaneios.

-Acabei de acordar e já ia para a  cozinha te procurar.- Anne respondeu,  correndo o olhar para os cabelos molhados de Gilbert, que denunciam que o rapaz tinha acabado de tomar banho, a calça jeans desbotada e uma camiseta branca que exibia com alegria,  os músculos salientes e bronzeados dos braços.

Era uma das poucas vezes que Anne o via deixar de lado seu lado de cowboy, para encarnar uma personalidade mais descontraída e jovem. Amava os dois lados dele, mas aquele à sua frente era com certeza seu favorito.

-Estava sonhando acordada?- Gilbert perguntou em tom bem humorado, se sentando na cama ao lado de Anne.

-De certa forma.- ela respondeu, sorrindo.

-E eu estava nesse sonho?- Gilbert perguntou,  puxando a cabeça dela para seu ombro.

-Você sempre está em todos os meus sonhos.- ela respondeu, segurando a mão dele.

-Isso é bom.- Gilbert falou, beijando a mão dela.- Gosto de saber que pensa em mim tanto quanto penso em você. 

-Temos que voltar para casa logo?- Anne perguntou,  sem a menor disposição de olhar para a cara de John Blythe. 

Ele devia estar furioso por Gilbert ter saído no meio de sua festa de aniversário.  E claramente, culparia Anne por isso, dificultando ainda mais sua permanência em Terracota. 

Se por um lado isso a deixava inquieta, por outro, ela achava que ficar com Gilbert valia qualquer sacrifício,  mesmo que isso implicasse aguentar John Blythe a fuzilando com o olhar. Levara anos para estar ao lado do amor de sua vida e desistir dele, estava fora de questão. 

-Não. Estou livre o dia todo. Se quiser ficar aqui, está tudo bem para mim.- ele respondeu, afundando o rosto nos cabelos macios que eram uma das coisas que Gilbert mais amava nela. Eles eram como chamas vivas,  que iluminavam a sua alma por dentro e o faziam se sentir reconfortado e feliz.

-Eu quero sim. Gosto de ficar com você longe de tudo. É como se pudéssemos viver assim para sempre.- Anne disse, apoiando as mãos no peito do rapaz, enquanto ele acariciava seu rosto com a ponta do nariz.

-Um dia, vamos poder ter um lugar só nosso.- Gilbert murmurou, continuando a acariciar suas bochechas.

-Sim.- Anne sussurrou,  desejando que aquilo fosse mesmo verdade. Mas depois da armadilha que John preparara para Gilbert,  acreditar que ele deixaria o rapaz livre para viver sua vida com ela, estava fora de questão. 

-Você parece distante essa manhã.  Fiz algo errado?- o rapaz perguntou preocupado.

Tinham tido uma noite maravilhosa, cheia de paixão e juras de amor e pensara que o dia seguinte seria assim também,  mas Anne estava estranha e ele não sabia porque.

-Estava apenas pensando nos acontecimentos de ontem à noite.- Ela respondeu,  olhando-o fixamente.

-No que especificamente?- Gilbert perguntou,  observando-a com atenção. 

-Você ganhou uma promoção de seu pai. - ela começou, sem deixar de olhar para o rapaz também. 

-E isso não é bom?'- Gilbert perguntou,  lançando a Anne um olhar confuso.

-Depende do ponto de vista.- Anne respondeu, passando o dedo indicador pelo queixo do rapaz.

-Eu não estou entendendo onde você quer chegar.- Gilbert disse preocupado. Não estava gostando da maneira como Anne franzia a testa  naquele momento. Ela parecia perdida em algum pensamento obscuro e isso o deixava em um estado de alerta.

Ultimamente,  qualquer mudança  no humor dela, ou em suas atitudes, o  preocupavam demais. Ele nunca tivera medo de perder nada na vida, mas descobriu nos últimos tempos, que perder Anne o deixava em pânico.

Podia enfrentar qualquer adversidade na fazenda, tempestade,  queimadas ou nevascas, mas ficar sem Anne seria a pior coisa que poderia acontecer em sua vida, pois levaria embora aquela sensação de estar conectado com alguém pelas leis do coração e Gilbert nunca aceitaria isso.

-Da maneira como ele fez as coisas, você vai ficar preso a Terracota para sempre, pois não vejo nenhuma forma de você deixar a fazenda em um futuro próximo. - Anne explicou com cuidado, porque não queria ferir o coração do rapaz.

-Não é assim que estou enxergando tudo isso, mas seria tão ruim se nos casássemos e ficássemos morando em Terracota? - Gilbert perguntou, subindo e descendo seu polegar pelo braço nu de Anne.

-Não foi isso que combinamos. - Anne respondeu, levemente aborrecida e profundamente triste, por perceber que John Blythe já estava conseguindo levar Gilbert de volta para seu lado.

-Eu sei, mas não precisaríamos morar na casa de meu pai. Posso construir uma casa para nós dois em outra parte de Terracota. A fazenda é grande e você poderia decorá-la como quisesse.

-Ainda estaríamos sobre as vistas do meu tio. - Anne respondeu ainda mais aborrecida. Devia saber que Gilbert ficaria mexido com o presente de John, principalmente,  porque ele amava Terracota e tê-la em suas mãos era algo difícil de recusar. - Ele estaria sempre por perto e não me agrada pensar que teria que viver sob tamanha tensão.- Anne disse, deixando seus sentimentos às claras. 

John fizera aquilo de propósito, pois devia ter sentido que Gilbert estava pronto para jogar tudo para o alto e ficar com Anne. Colocando Terracota como obstáculo entre os dois, ele imaginara que Gilbert ficaria dividido, o que realmente parecia ter acontecido.

-Anne, meu pai vai ter que aceitar nosso namoro.  Deixei isso bem claro, e mesmo que ele não aprove por hora, não há nada que ele possa fazer,  a não ser nos dar sua benção.

-Ele não gosta de mim, Gil. Será que ainda não percebeu? Tio John não vai nos deixar em paz. É por isso que quero ir embora daqui.- Anne explicou,  tentando fazer o namorado enxergar toda aquela situação como de fato era.

-Não acredito que ele não goste de você.  A questão é que, você tem um gênio difícil demais e meu pai não está acostumado a ser desafiado. - Gilbert constatou.

Ele amava o jeito de ser de Anne, embora às vezes, ela o deixasse maluco com sua teimosia irritante. Contudo, era isso que apimentava a relação deles, aquela briga de egos que os fazia medir forças em alguns momentos,aquela necessidade que tinham de se provocarem apenas para ver quem cederia primeiro, e aquela paixão violenta que experimentavam na cama e que fazia seu mundo virar de ponta cabeça,  o levando a um universo totalmente excitante e explosivo.

Era assim que seu amor por ela acontecia.  Uma mistura de sentimentos e sensações que nunca sentira em toda sua vida, que o deixava rendido, perdido naquela garota que roubava sua razão em questão de segundos. Nunca fora impulsivo ou fora de controle antes, mas com Anne, sua versão mais insana vinha a toda e tudo o que podia fazer era respirar bem fundo, fechar os olhos e mergulhar no mundo desconhecido e de olhos azuis daquela garota que roubara seu coração para sempre.

-Está querendo me culpar por tio John não gostar de mim?- Anne perguntou,  sentindo uma pequena chama de ira se acender dentro de si.

-Não foi isso que eu disse. Meu pai também não é fácil  e vocês dois juntos, sempre acabam em pé de guerra. Apenas acho,   que você poderia ser um pouco mais maleável para facilitar as coisas.- Gilbert disse com jeito, percebendo as faíscas nos olhos de Anne, que denunciavam seu estado de espírito. 

-Eu não vou fazer isso. Me recuso a mudar meu jeito, apenas para massagear  o ego do tio John. Se você quer uma mulher que o agrade, deveria então se casar com a Winnie. - Anne disse, cheia de raiva, pronta para se levantar da cama e deixar Gilbert falando sozinho.

Mas o rapaz percebeu a intenção dela a tempo, segurou no pulso dela e girou o corpo para deixá-la por baixo dele, mantendo-a presa daquela maneira.

-O que acabou de dizer é absurdo. Eu te amo e não vai se livrar de mim de jeito nenhum.- Gilbert falou, mantendo seus lábios perto dos de Anne.

-Então, por que disse que tenho que mudar para agradar seu pai? Você sabe que não vou fazer isso nunca.- ela disse com a voz magoada,  fazendo Gilbert se amaldiçoar por ter dito as palavras erradas. 

-Não tem que fazer nada para agradar meu pai. Desculpe a maneira com a qual me expressei. Quero apenas que evite atritos, mas isso não é obrigação sua. Meu pai tem que te aceitar como é. - ele disse,  passando os lábios pelas bochechas dela.

-E se isso nunca acontecer?- Anne perguntou, pensando que sendo filha de Bertha, tudo o que John desejava era vê-la o mais longe possível de Terracota. 

-Isso não vai mudar nada. Você vai ser minha mulher e mãe dos meus filhos. Sou eu quem decide com quem quero ficar. Você me faz feliz e nunca desistirei dessa felicidade por nada e por ninguém. - Gilbert declarou,  a encarando nos olhos e depois a beijou, fazendo a ruivinha esquecer de tudo.

As mãos dela foram parar na nuca do rapaz,  onde segurou com força e o puxou para mais perto, seus lábios pressionando os dele até que não pudessem mais respirar.

-Estamos bem agora?- Gilbert perguntou,  com a testa encostada na dela.

-Não estávamos mal antes, apenas fiquei aborrecida pelo que disse. Não quero que seu pai seja motivo de briga entre nós dois. - Anne afirmou, acariciando alguns cachos que se localizavam na nuca do rapaz.

-E não vai. Prometo tentar encontrar outra forma de termos essa conversa em outro momento. Te magoei com minha falta de tato e não quero que isso torne a acontecer.- o rapaz disse, acariciando a lateral do rosto de Anne.

-Tudo bem, eu entendo. Ele é seu pai e é natural que o defenda.- Anne disse, abraçando Gilbert pelo pescoço. 

-E você é minha mulher. Não vou permitir que nada machuque você,  nem mesmo meu pai. - Gilbert prometeu.

-Eu te amo.- Anne falou, olhando naqueles olhos verdes que tinham sido sua perdição desde o começo,  pois havia dentro deles tanta verdade, que jamais poderia ignorá-los.

-Você não sabe o quanto me faz feliz quando me diz isso.- Gilbert disse, a beijando de leve nos lábios.- A propósito, ontem foi o melhor aniversário da minha vida.

-Não fiz nada demais. - Anne respondeu, correndo as mãos pelas costas do rapaz.

-Você fez sim. Estar nessa cabana com você e viver o nosso amor, era tudo o que eu desejava. Nunca fui fã de festas de aniversário grandiosas. Gosto de coisas simples como as que fez ontem.

-Devia ter avisado a Winnie. Ela caprichou na festa que te fez ontem. - Anne comentou, sentindo um secreto prazer por Gilbert ter deixado a festa para ficar com ela.

-Winnie não me conhece. Ela pensa que continuo sendo o adolescente com quem ela convivia no passado. Eu amadureci e mudei. Além do mais, nunca contei nada da minha vida para ela. O que Winnie sabe é através de meu pai.- Gilbert disse, saindo de cima de Anne e deitando ao lado dela na cama.

-E comigo? Você divide todos os seus pensamentos?- Anne perguntou,  virando de lado e apoiando a cabeça na mão direita.

-Sou um livro aberto para você. Nunca te escondi nada.  Quero que nossa relação seja baseada em confiança mútua. - Gilbert respondeu, segurando o rosto dela entre as mãos.  - O que te preocupa tanto a ponto de te deixar inquieta assim?

-Não é nada de mais. Vamos esquecer tudo isso,  está bem? Só quero passar esse dia  com você. - Anne respondeu. Ainda se sentia apreensiva, mas não queria estragar aquele momento com Gilbert. Não era fácil conseguirem ficar assim, longe de tudo. E ela não ia perder tempo, sofrendo com seus pensamentos obsessivos.

-Tem certeza? Não quer realmente falar a respeito?- Gilbert perguntou,  preocupado ao perceber que Anne estava fugindo da conversa. Não queria nenhum mal entendido entre eles, principalmente em um momento tão delicado.

-Tenho certeza sim. O que fez para o café da manhã?- Anne perguntou, sorrindo como se nada a estivesse incomodando de  verdade.

-Vai ter que ir até a cozinha  comigo e verificar pessoalmente. - o rapaz disse, se levantando da cama em companhia da ruivinha.

-O cheiro está muito bom.- Anne comentou, antes de chegar na cozinha.

-Espero que também goste do sabor.- Gilbert disse, olhando-a como se nunca tivesse visto nada tão bonito na vida.

Anne se sentou à mesa, enquanto Gilbert lhe servia.  E quando olhou para o prato, ela encarou Gilbert com um olhar de quem  jamais teria imaginado o que ele preparara e disse:

-Panquecas. Você sempre me surpreende.  Como sabia que eu adorava esse prato?

-Bem, eu andei investigando um pouco e Ruby acabou me contando que esse tipo de comida, o Tio William preparava para vocês de manhã. - Gilbert revelou, a abraçando pelo pescoço.

-Sim. Quando ele conseguia ter dias melhores e sair de seu estado depressivo, e então, nos presenteava com panquecas de todos os sabores. - Anne disse, se sentindo melancólica ao se lembrar de seu padrasto na cama, depois da morte de sua mãe, sem querer falar com ninguém ou se alimentar.  Ela tivera que cuidar de tudo sozinha,  consolar Ruby que dependia dela para quase tudo  e ainda,  cuidar da própria mágoa em silêncio, pois se quebrasse, todo o resto quebraria com ela.

-Deve ter sido difícil. -Gilbert disse, ao ver uma sombra passar pelo rosto dela. Anne não merecia ter passado por aquela dor sozinha. Queria ter estado lá para cuidar dela e dizer que tudo ficaria bem.

-Você nem imagina. - ela falou com a voz sofrida.- Depois da morte da minha mãe,  William levou bastante tempo para se recuperar. Foram meses, até ele voltar ao trabalho e a rotina familiar,  contudo,  nunca mais foi o mesmo.- Anne terminou de contar, sentindo-se consolada por Gilbert, que não parava de acariciar seus cabelos e beijá-la no topo da cabeça. 

-Ele realmente a amava, não é? Me lembro deles na fazenda, tão felizes juntos. E costumava pensar que eram perfeitos um para o outro.- Gilbert comentou,  sentando-se ao lado de Anne na mesa.

-Eu também e é por isso, que não  consigo acreditar no que falam sobre minha mãe.  Ela e William se amavam tanto. Não é possível que eu esteja enganada todo esse tempo.- Anne afirmou,  no fundo sabendo que John Blythe tinha participação naquela história,  só não sabia ainda qual seria.

-A verdade vai aparecer, amor. Vamos descobrir o que de fato aconteceu.- Gilbert disse, sem tirar os olhos do rosto de Anne.- Sabe o que eu estou pensando? Acho que também enlouqueceria se perdesse você como Tio William perdeu sua mãe.  Meu mundo não existe sem você,  Cenourinha.- ele se declarou,  colocando todo o seu coração naquela frase. 

-Também não  consigo ficar sem você.- Anne respondeu, pensando em  como alguém se tornava tão importante assim para outra pessoa. 

Gilbert era todas as coisas que ela precisava. Estar com ele,  era sentir que toda  sua felicidade estava dentro daqueles olhos verdes tão lindos. Quantas vezes, ele lhe dera o amor do qual sempre sentira falta, e quantas vezes ela se perdera no sorriso dele, sabendo que lugar nenhum seria seu lar sem Gilbert.

Tinha tanto medo do que sentia por ele, pois seu coração o amava completamente. Ao mesmo tempo que seu amor por Gilbert a tornava forte, também se sentia frágil pelo mesmo motivo. Ela vira a falta que Bertha fizera a William, o estrago que a morte dela causara dentro dele. Ela conhecera uma pontinha daquilo quando Gilbert se acidentara, e foi também quando percebera que viver sem ele, a deixaria totalmente sem chão. 

-Não vejo a hora de casar com você e começar nossa  família. Esse é o único desejo do meu coração,  pois todo o resto não tem importância nenhuma.- O rapaz confessou, deixando um beijo suave nos lábios de Anne que retribuiu.- Agora, acho melhor comermos essas panquecas, cujo sabor é bem melhor quando estão quentes.- ele disse, assim que se separaram.

-Devo confessar que estou morrendo de fome.- Anne respondeu,  comendo com apetite, o café  da manhã que seu namorado tinha preparado para os dois.

Eles passaram a manhã inteira na cabana, assistindo filme e namorando, enquanto Anne se perguntava quando poderiam ter todos os fins de semana assim. 

Vivendo em Terracota, tal fato seria impossível,  pois John enchia Gilbert de responsabilidades, como se assim pudesse manter o filho longe de Anne. Era lógico que tinham suas escapadas, no quarto dele ou no dela, mas não era assim que ela queria viver seu amor com ele. O que restava eram aqueles momentos onde vivia sua felicidade completa, enquanto sua consciência a lembrava que talvez aquilo não durasse mas ainda assim, era melhor do que nada.

Quando a tarde chegou,especificamente depois do almoço, Gilbert propôs:

-O que acha de sairmos para tomarmos sorvete? Eu me lembro que é uma de suas sobremesas favoritas. Nós podemos ir naquela sorveteria de nossa infância. 

-Ela ainda existe?- Anne perguntou, espantada.

-Sim, em uma versão mais moderna. Mas continua tão encantadora quanto antes. Então,  aprova minha ideia?- o rapaz quis saber, cheio de expectativas.

-É claro que quero ir. Espero que ainda sirvam aquele sorvete de casquinha, sabor chocolate que eu amo.- Anne disse animada.

-Vendem sim. - Gilbert respondeu, sorrindo, prendendo seu olhar no dela.

-O que foi? Está me olhando estranho.- Anne perguntou,   franzindo a testa.

-É que nesses momentos, você me faz lembrar aquela garotinha de dez anos por quem me apaixonei, quando veio viver na fazenda. Que bom que ela ainda está aí dentro.- Gilbert comentou,  sorrindo ao pensar no quanto amava aquela menina-mulher por quem daria sua vida.

-Aquela menina sempre amou você, mesmo que não soubesse naquela época o que significava esse sentimento. - Anne respondeu, abraçando Gilbert pela cintura e encostando sua cabeça no peito dele.

-Eu também sempre amei você,  e é por isso que acredito, que vamos sempre estar juntos. - Gilbert murmurou, apoiando o queixo no topo da cabeça dela e ficaram nessa posição por algum tempo até que Anne pediu:

-Vamos. Quero tomar o sorvete que me prometeu.

-Tudo o que quiser, amor.- Gilbert falou, puxando Anne pela mão, até que saíram da casa e foram em direção ao carro.

A sorveteria estava cheia naquela tarde de domingo, por isso,foi difícil para Anne e Gilbert encontrar uma mesa para que pudessem tomar seu sorvete em paz. Por fim, conseguiram uma mesa de canto,  o que deixou a ambos satisfeitos, pois era discreta e ainda podiam ter uma visão ampla do lado de fora. 

A dona do estabelecimento veio atendê-los pessoalmente, devido a grande demanda de clientes naquele dia, deixando todos os funcionários ocupados.

-Não acredito que estou vendo Anne Shirley novamente. A última vez que te vi, era uma garotinha desse tamanho. - a mulher disse, fazendo um gesto com a mão.  

-Olá,  Sra. Smith. Depois de nove anos,  estou aqui novamente. - Anne disse, olhando carinhosamente para sua velha conhecida. 

-Está tão linda, querida. Você e Gilbert estão namorando?- a boa mulher perguntou,  observando a mão dos dois juntas.

-Estamos sim.- Gilbert respondeu por Anne, encarando-a com orgulho,  por assumir sua relação publicamente.

-Que boa notícia.  Sempre pensei que combinavam tão bem juntos. Fico feliz em saber do namoro de  vocês. E o que vão querer?-A boa senhora perguntou,  sorrindo para o casal de jovens.

-Eu quero sorvete de creme ao rum e você,  Cenourinha?- Gilbert perguntou.

-Sorvete de chocolate com calda de caramelo.- Anne pediu.

-O tempo pode ter passado, mas algumas coisas continuam as mesmas. Esse era seu sorvete favorito quando menina, se minha memória não estiver falhando.- a Sra. Smith disse. 

-Sim e continua sendo.- Anne respondeu rindo e surpresa por ela ainda se lembrar.

-Volto daqui a pouco com os pedidos.- a mulher disse, deixando os dois sozinhos.

-E então? Gostou da nova estética da sorveteria?- Gilbert perguntou, acariciando a mão de Anne por cima da mesa.

-Sim, mudou bastante desde a época em que eu costumava frequentar aqui. - Anne respondeu,  olhando ao redor. Tudo parecia tão moderno e amplo que bem pouco lembrava sua infância,   mas ainda era o seu lugar favorito no Texas.

-Uma coisa não mudou nada.- Gilbert comentou. 

-O que?- Anne perguntou com curiosidade.

-A memória que tenho de nós dois  aqui. Essas, nunca vão desaparecer de minha mente, principalmente, porque são as minhas favoritas.- Gilbert disse, puxando o rosto dela em sua direção e a beijando com amor.

Em uma mesa não muito distante dali. Winnie observava o casal e sentia sua raiva chegar ao limite.  Viera para aquela sorveteria com amigos, pensando em relaxar e tentar esquecer o desaforo que Gilbert a fizera passar na noite anterior.

Preparara para ele, uma festa incrível e o rapaz  fora embora no meio dela, sem se importar com seu esforço e ainda sobrara para ela, inventar uma desculpa para a saída repentina de Gilbert, enquanto algumas pessoas a olhavam com deboche.

Tudo acontecera por causa de Anne. Se ela não tivesse voltado para Terracota, Winnie o já teria em suas mãos.  Mas aquela ruivinha fora mais esperta que ela, e conseguira conquistar Gilbert em tempo recorde.

E agora,  ali estavam eles, trocando carinhos sem se importar com quem quisesse ver. Porém,  ela já sabia o que fazer para acabar com a felicidade dos dois apaixonados e forçar aquela ruivinha insuportável a desaparecer.

Pretextando dor de cabeça,  Winnie pediu licença aos seus amigos, e saiu da sorveteria pela porta lateral, sem que Anne ou Gilbert percebessem que ela estivera ali.

Um tempo depois, o jovem casal deixou a sorveteria também, e decidiu voltar para a cabana e aproveitar o resto do domingo juntos. Entretanto, quando estavam no meio do caminho, John ligou para Gilbert e pediu que ele fosse para a fazenda, pois um grupo de  cavalos caríssimos tinham fugido de suas baias e precisava da ajuda dele para recuperá-los.

-Desculpa, Anne, mas vamos ter que voltar para casa. Meu pai precisa de mim  para ir atrás dos cavalos que fugiram.- Gilbert explicou a Anne, assim que desligou o celular, sentindo um aperto no peito ao ver a tristeza da ruivinha. Detestava decepcioná-la, mas naquele caso, não havia outra alternativa. 

-Tudo bem. Eu entendo. Podemos programar outro fim de semana como o que tivemos a pouco.  O importante é que passamos seu aniversário juntos.- Anne disse, aparentando tranquilidade, mas não era como realmente estava se sentindo. Sempre havia algo em seu caminho e no de Gilbert para atrapalhar seus momentos. Estava cansada de esbarrar em tantos obstáculos, mas era teimosa e não abriria mão daquele amor, a não ser que não tivesse outra alternativa. 

-Logo,  estaremos comemorando o seu, e vou fazer o possível para te dar um aniversário inesquecível. - o rapaz disse, fazendo Anne sorrir.

Ele a deixou em casa e correu para encontrar o pai, que lhe dissera que o estaria esperando no estábulo para explicar o que tinha acontecido e traçarem juntos um plano de ação.

Anne entrou em casa e foi direto para o quarto, percebendo que estava sozinha em casa.  Ruby tinha ido ao cinema com a irmã de Diana e os empregados da  casa tinham folga aos domingos.

Ela tomou um banho,  vestiu uma roupa confortável e desceu até a cozinha para preparar um sanduíche. Quando estava cortando o pão ao meio, Winnie surgiu na cozinha cheia de raiva e disse:

-Aqui está você,  sua ruiva estúpida. 

-Apareceu cedo para dar seu show,  Winnie.  Sinto te informar, mas não estou interessada.- Anne respondeu,  abrindo a geladeira para pegar a maionese.

-Você se acha superior, não é? Mas no fundo é uma vagabunda, igualzinha à sua mãe. - Winnie sibilou entre dentes.

-Eu já te disse para não chamar minha mãe assim. Ela não fez nada para receber esse tratamento de você. - Anne falou, sentindo seu sangue ferver, mas disposta a não perder a cabeça com Winnie,  pois não valeria a pena.

-Você é que pensa. Sua querida mãe era uma destruidora de lares. Bertha deu em cima do meu pai, até que ele decidisse largar a própria família para ficar com ela. Quando ela o rejeitou, dizendo que jamais ficaria com um fracassado como ele, meu pai se tornou um alcoólatra e nunca mais se recuperou. Foi por isso, que John a expulsou daqui, junto com todos vocês!- Winnie gritou,  enquanto Anne a olhava sem acreditar no que ela dissera.

-Você está mentindo. Minha mãe nunca faria algo assim.- Anne disse, tentando encontrar alguma coerência dentro de sua cabeça,  pois a imagem que tinha de Bertha era totalmente contrária aquela que Winnie acabara de descrever.

-É claro que faria. Bertha destruiu minha família. Minha mãe teve que juntar os pedaços da nossa casa sozinha, convivendo com um marido alcoólatra e depressivo,  que entrava e saía de internações que pouco fizeram por ele. É por isso,  que a odeio assim como eu odeio você!- Winnie gritou novamente,  parecendo fora de si e à beira da loucura.

Sem querer ouvir mais, Anne a largou falando sozinha, correu em direção às escadas, subiu cada degrau apressadamente e alcançou seu quarto,  trancando a porta atrás de si e começando a chorar compulsivamente. 

Quinze minutos tinham se passado, quando ela ouviu John falar do corredor:

-Anne, abra essa porta. Quero falar com você. - A voz era autoritária, por isso, ela não tentou contestar. Assim, respirou fundo, endireitou a coluna e abriu a porta.

John estava tão zangado, que Anne podia perceber pela veia  em seu pescoço pulsando. Winnie estava bem atrás dele, mas a ruivinha ignorou a presença dela completamente. 

Antes que Anne abrisse a boca, John disse,  cheio de ira:

-Como pode ser tão inconsequente? Achei que tivesse o mínimo de bom senso, mas me enganei. Você é praticamente uma selvagem. 

-Não sei do que está falando.- Anne disse confusa. - Seu tio tinha por acaso enlouquecido?, ela pensou.

-Não sabe? Pois vou refrescar sua memória.  Olha bem para Winnie e me diga, o que estava pensando quando agiu feito uma garota sem berço ?- John ordenou, e a contragosto,  Anne obedeceu e ficou completamente chocada com o que viu.

Os braços da loira estavam totalmente arranhados e o pescoço dela também.  Ao encarar o rosto de Winnie, percebeu que havia rastros de lágrimas, mas os olhos dela a fitavam diabólicos e Anne entendeu o que ela tinha feito.

-Nós apenas discutimos. Eu não fiz nada do que está me acusando.- Anne disse, tentando se defender, enquanto por dentro, estava morrendo de ódio de Winnie.

-Então,  quem fez se estavam sozinhas aqui? Pensei que você teria a humildade de admitir seu erro, mas vejo que é tão orgulhosa quanto sua mãe era.- John afirmou, olhando para Anne como se estivesse decepcionado. - Por isso, tomei uma decisão.  Quero que arrume suas coisas e saia de minha fazenda agora!

Chocada com as palavras do tio, Anne sentiu seus lábios tremerem, mas ainda assim, tentou mais uma vez se defender:

-Isso não é justo. Eu não fiz nada.

-As evidências estão contra você,  mocinha.- John disse, sem nenhuma misericórdia.

-E as cláusulas do testamento?- Anne perguntou, com um nó na garganta.

-Pode ficar tranquila. Sua parte será depositada em uma conta especialmente aberta para isso.- John disse com arrogância. 

-Eu não estou preocupada com a minha parte. Eu nunca quis essa herança.  Vim para cá,  porque fui obrigada.  A minha única preocupação é com Ruby, que será a única prejudicada se o testamento não for seguido à risca.- Anne disse, sentindo seu coração se apertar ainda mais. Sua irmã não merecia perder o que era seu por direito por causa dela. Quanto ao resto, ela não ligava para absolutamente nada,  a não ser Gilbert.  Mas não queria pensar nele naquele momento. 

-Ruby não será nem um pouco prejudicada, mas ela continuará a viver aqui. Entretanto,  tenho mais uma coisa para lhe pedir. Quero que deixe uma carta para Gilbert antes de ir, dizendo que esse relacionamento entre vocês dois foi um completo engano e que decidiu ir embora por vontade própria.  Se recusar a fazer o que estou pedindo, nosso acordo sobre Ruby terminará também. 

Após ouvir tantos absurdos, Anne pensou que nunca odiara tanto alguém na vida como odiava John Blythe. Ele estava usando a mentira que Winnie contara, para mandá-la para longe dali e afastá-la de Gilbert e não havia nada que pudesse fazer, a não ser aceitar a imposição dele.

-Está bem.- Anne disse, se sentindo derrotada.- Vou arrumar as malas.

-Não demore. Te espero no meu escritório. - John disse, caminhando pelo corredor com Winnie em seu encalço,  mas Anne não pôde deixar de notar, o sorriso da loira cheio de satisfação. 

Sem perder tempo, ela arrumou as malas, enquanto seu coração doía ao  pensar em Ruby e Gilbert,  as duas pessoas que mais amava na vida. Mesmo sentindo uma vontade imensa de chorar, Anne não o fez. Não permitiria que John ou Winnie percebesse o quanto estava arrasada por dentro.

Ela escreveu uma nota rápida para Ruby no quarto dela, explicando que precisara ir, mas sem dizer o motivo,  prometendo entrar em contato assim que possível. 

Em seguida, Anne foi até o escritório de John que a esperava com papel e caneta na mão.

-Vamos, escreva a carta a Gilbert, pois quero que o faça na minha frente.- ele disse, apontando a cadeira onde Anne deveria se sentar e esperou, até que ela terminasse a carta e a entregasse para ele.

Se sentindo invadida, Anne o observou ler o que tinha escrito,   dobrar com satisfação a folha de papel e a colocar em um envelope.  O  coração da ruivinha estava sangrando pelo que fora obrigada a escrever ali, mas esperava que Gilbert confiasse de verdade no amor dela por ele, para não acreditar naquelas palavras falsas.

-Muito bem. Vou pedir ao piloto da fazenda que a leve até Los Angeles. E antes que eu me esqueça,  quero te dar isso.- John disse, entregando a Anne um envelope pardo que estava em cima da escrivaninha.  Quando Anne o abriu, observou espantada que dentro dele havia um cheque com um valor bastante generoso.  Ela o devolveu a John como se tivesse sido picada por uma cobra e respondeu:

-Muito obrigada, mas não posso aceitar.

-Por que? Vai te ajudar a ter uma vida confortável, até que consiga um emprego para se sustentar.- John explicou, a observando minuciosamente, como se quisesse encontrar algum sinal de desonestidade naqueles olhos azuis.

-Eu tenho minhas economias e posso viver com elas até encontrar uma colocação. - Anne disse, se sentindo ofendida pela oferta do dinheiro, pois era como se John quisesse comprá-la ou aliviar a própria consciência,  por estar expulsando a enteada de seu irmão dali, isso é,  se ele tivesse uma consciência. 

-Como preferir. A sua faculdade pode ser transferida para uma unidade em Los Angeles. Amanhã mesmo, ligo para o reitor e peço para fazerem a transferência. 

-Pode deixar. Eu mesma resolvo isso, obrigada.  - Anne disse com todo o orgulho que lhe restava. - Se o senhor não tiver mais nada a me dizer, gostaria de partir agora.

-Certo. - John respondeu,se levantando da cadeira junto com Anne.- Te desejo muita sorte em sua nova vida.- ele disse por fim, fazendo Anne responder:

-Obrigada,  mas não precisa agir como se importasse.  O senhor nunca me quis aqui e nós dois sabemos porque. - ela se virou sem esperar para ver a reação de John ao ouvir suas palavras, e caminhou para fora do escritório,  encontrando o piloto na porta a espera dela que lhe disse:

-Sua bagagem está no helicóptero.  Podemos ir?

-Podemos sim.- Anne respondeu, o acompanhando até lá.  

Quando entrou no helicóptero e se viu em pleno ar, foi que ela percebeu que estava mesmo indo embora. E a constatação de que estava saindo da vida de Gilbert definitivamente, partiu seu  coração de tal maneira, que ela apoiou o rosto no vidro da janela e começou a chorar silenciosamente. 

Duas horas depois, Gilbert chegou na fazenda exausto. Tinha conseguido recuperar os cavalos fugitivos com a ajuda de alguns empregados e tudo o que queria fazer, era tomar um banho e descansar nos braços de Anne.

Quando pisou na porta de entrada, viu Ruby chorando e John a consolando. Preocupado,  o rapaz perguntou:

-O que aconteceu?

-Ela foi embora, Gilbert. - Ruby disse, soluçando.

-Quem?- Gilbert perguntou,  sentindo seu coração falhar milhares de batidas, pois intuía que não iria gostar da resposta.

-Anne. Ela deixou um bilhete para Ruby e uma carta para você. - John disse, entregando o envelope ao rapaz, que a pegou ansioso, pois imaginava que ali estava a resposta para o que tinham acabado de lhe contar.

Ele desdobrou a carta e começou a ler:

Querido Gilbert

Não sei como vai receber o que vou te dizer, mas espero que compreenda. Adorei cada momento que passamos juntos e vou guardar cada lembrança do que vivemos  para sempre. Entretanto, acho que me precipitei ao dizer que te amava, pois só agora percebi que apenas confundi atração com amor. 

Por isso, decidi partir, porque não quero que fique magoado com toda essa situação,  e imagino que conviver comigo diariamente o faria sofrer demais. Obrigada por tudo e por favor, tente não me odiar e não me procure mais.

Anne.

Gilbert terminou a carta, ouvindo seu próprio coração gritar dentro do peito. Aquela carta era uma mentira, Anne não fingiu todo aquele tempo, ele pensou. Ela não conseguiria ser tão boa atriz e enganá-lo daquela maneira. 

-Isso não é verdade. Não posso acreditar nessa carta absurda.- ele disse com a voz trêmula.  Estava doendo tanto, que tudo o que queria fazer,   era gritar de desespero.

-Sinto muito, filho. Mas infelizmente é verdade. Eu disse que se envolver com essa garota só iria te magoar.- John disse, mas Gilbert sequer ouviu.

Ignorando as palavras do pai, Gilbert subiu as escadas correndo e foi até o quarto de Anne, onde abriu o guarda-roupa e percebeu que estava vazio, assim como não havia mais nada no quarto que pertencesse a ruivinha, pois ela tinha levado todas as suas coisas pessoais. 

Ele sentou na cama que fora dela,  se lembrando do sorriso nos lábios rosados e de todas as coisas que fizeram juntos no dia anterior e naquele dia, e então a dor o alcançou, como se triturasse seu coração. Assim, ele chorou pela primeira vez em anos, sentindo que seu mundo tinha caído direto sobre sua  cabeça,  ao se dar conta que Anne tinha realmente partido. 

 Olá,  pessoal. Capítulo atualizado. Espero que me deixem seus votos e opiniões  sobre esse Capítulo de hoje. Beijos e obrigada por lerem.















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