Capítulo 30 - Um feliz aniversário
A água quente caindo por sua pele rosada fazia Anne suspirar. Era a melhor forma de despertar depois da noite que tivera com Gilbert.
Ela vinha dormindo mais no quarto dele, do que no seu nos últimos dias, mas o banho, gostava de tomar em seu banheiro.
Era um momento de cuidado que podia ter consigo mesma, e gostava da sensação de que estava no controle pelo menos nesse momento.
Ter Gilbert como namorado era como estar envolvida em um tornado que arrasava tudo o que tinha construído para si antes disso. Suas barreiras de proteção eram arrancadas, seu coração virado ao avesso, e suas emoções viviam em um looping que a deixavam permanentemente exausta.
Mas também tinha suas compensações, pois Gilbert era cuidadoso demais com ela e muito carinhoso. Isso valia qualquer esforço ou sacrifício de sua parte, porque saber que quando estivesse naqueles braços, seu namorado faria de tudo para vê-la bem e feliz, era a única recompensa que realmente desejava.
John vinha evitando falar com ela e Anne desconfiava que não era apenas porque Gilbert a assumira como namorada perante a família. Ela descobrira o segredo dele sobre sua mãe, e tinha quase certeza que a expulsão da família dela da fazenda há nove anos tinha algo a ver com aquilo.
Era estranho pensar que um homem como John fosse capaz de amar alguém além de suas terras e a si mesmo. Anne chegava a pensar que ele barganharia qualquer membro da família Blythe se isso mantivesse seu império intacto.
A dureza de John contrastava imensamente com a suavidade de Gilbert, mesmo que por fora as pessoas não pudessem enxergar o que ela podia ver tão bem em seu namorado.
Ele era generoso com quem quer que fosse, estava sempre apto a ajudar e dava o seu melhor para que as pessoas ao seu redor se sentissem acolhidas.
Era por isso que seus empregados, amigos e familiares o estimavam tanto. Gilbert tinha um coração sensível demais dentro daquela alma de cowboy durão e autossuficiente.
Anne estendeu a mão e pegou seu xampu de morango. Ela molhou os cabelos e quando ia começar a lavá-los, Gilbert a fez colar suas costas no tronco dele e disse:
— Deixa que eu faço isso para você.
As mãos dele ensaboaram os fios vermelhos com delicadeza, fazendo Anne suspirar totalmente relaxada conforme sentia Gilbert massagear sua nuca.
Aquilo era uma delícia e tão viciante que Anne se perguntou, porque nunca o deixara fazer aquilo antes.
Os dedos dele eram gentis, e quanto mais Gilbert massageava seu couro cabeludo, mas relaxada Anne ficava e se apoiava nele como se seu corpo pedisse por mais.
O rapaz, por sua vez, estava amando aquele momento. Cuidar de Anne era um prazer que ele se permitia em todos os momentos possíveis. Adorava ver como ela parecia se derreter sob o seu toque e como o coração dela batia mais rápido quando seus corpos estavam próximos.
Não viera ali para provocá-la ou buscar por sexo matinal. Estava ali, porque queria dar carinho a mulher que o fazia feliz a cada minuto do dia.
Nunca sonhara com a parceira perfeita. Na verdade, anos antes, quando pensava em se casar e ter filhos, a única coisa que lhe ocorria era que isso aconteceria bem tarde, depois que ele aproveitasse a vida e ganhasse todos os prêmios de rodeio que desejasse.
O amor sempre fora uma incógnita para ele, um sentimento bonito de ser descrito em poemas, mas senti-lo nunca foi uma preocupação e nem mesmo pensara que aconteceria com ele.
Agora estava ali, totalmente vidrado naquela ruivinha com quem queria passar o resto de sua vida. Só não se casava com ela naquele instante, pois Anne lhe pedira para esperar por dois anos para que chegasse à maioridade e ficasse livre das responsabilidades que o testamento de William colocara em suas costas.
— Estou fazendo direito?- ele perguntou, sorrindo ao perceber que Anne estava de olhos fechados e saboreando aquele momento tanto quanto ele.
— Eu não vou nem perguntar onde aprendeu a lavar os cabelos de uma mulher dessa maneira. - Anne disse, tentando não pensar com quantas garotas Gilbert fizera o mesmo, pois morria de ciúmes ao imaginá-lo com outra mulher.
— Eu te disse que era talentoso.- Gilbert respondeu com humor, enquanto enxaguava os cabelos dela, e depois passou o condicionador com a mesma fragrância do xampu.
— Eu nunca duvidei de que fosse talentoso.- Anne retrucou, odiando por Gilbert não responder de forma mais precisa sua pergunta e forçando-a perguntar:- Você sempre foi atencioso assim com todas as suas namoradas?
— Acho que elas não têm do que reclamar.- Gilbert disse, sendo evasivo de novo, deixando Anne mais uma vez frustrada por falta da informação que desejava. Assim, Anne foi mais direta:
— Quer dizer que todas as suas namoradas tiveram esse tratamento cinco estrelas?- Gilbert riu, a fez se virar para ele e disse:
— Você é mesmo uma bobinha. Todo esse interrogatório porque quer saber sobre minhas namoradas antigas.
— Eu não disse isso.- Anne falou, vendo o sorriso de Gilbert se alargar.
— Eu nunca fiz por elas as coisas que faço por você. Nenhuma delas me teve como você me tem. A maioria sequer durava três meses consecutivos.- ele contou fazendo Anne o enlaçar pelo pescoço e falar:
— Então, eu sou especial.
— Mais do que especial, você é a única mulher para mim.- Gilbert disse, vendo os olhos de Anne brilharem. Isso acontecia toda vez que ela estava feliz ou ansiosa por alguma coisa. Ela era intensa em todas as suas partes, nunca desperdiçava nada, vivia cada emoção como se fosse algo único, embora fosse extremista às vezes, principalmente quando estava com raiva.
Amar aquela garota era uma experiência excitante, fosse na cama ou fora dela, Anne era uma explosão de energia que o levava com ela em uma montanha-russa louca, de sensações e sentimentos inexplicáveis, mas maravilhosos.
— Eu te amo, cenourinha. Tenho certeza que sabe disso.- ele disse, descendo as mãos pelas costas dela até alcançar sua cintura.
— Eu sei. Acho que é a única coisa que faz sentido para mim nos últimos tempos.- Anne respondeu, fechando os olhos e encostando sua testa na dele.
— Você continua preocupada.- ele afirmou, e Anne não negou. Era uma constatação verdadeira. Ela ainda achava que enquanto estivesse naquela fazenda, seu relacionamento com Gilbert estaria sempre cercado de olhares invejosos e rancorosos. E ela não precisava nem mencionar quem eram as principais pessoas que odiavam ver os dois juntos.
— Queria não me sentir assim, mas é quase impossível com tantos olhares em cima de nós.- Anne respondeu, abrindo os olhos para poder encarar Gilbert.
— Estamos juntos, Anne. Prometo que vou proteger nosso amor de qualquer coisa ou pessoa que se colocar em nosso caminho. Peço apenas que confie em mim.- Gilbert disse, acariciando o queixo dela com seu polegar.
— Eu confio. Desculpa voltar sempre no mesmo assunto. Queria não me sentir tão ameaçada. Perder você é uma das coisas que me deixam em pânico. Acho que minha vida nunca mais seria a mesma, se a gente se separasse. Você é tudo para mim, Gil.- Anne disse se forma apaixonada, segurando o rosto dele entre as mãos, e sabendo exatamente porque ao olhar naqueles olhos verdes encontrava todo o conforto que precisava a qualquer momento.
Era como se envolver em um manto de proteção que a deixava completamente aquecida por dentro, e onde poderia descansar todas as suas mágoas, porque sabia que ao sair de lá se sentiria totalmente curada e pronta para viver outra vez.
— Você também é tudo para mim, Anne. Não consigo mais viver sem você e toda vez que te vejo, penso em como te deixei ir embora da minha vida há nove anos.- Gilbert respondeu, roçando os lábios pelo rosto dela inteiro enquanto Anne aprofundava mais o abraço e dizia:
— Éramos jovens, Gil. Quem poderia saber que o destino tinha planos de nos colocar juntos?
— Eu devia saber que ao olhar para aquela garotinha linda de dez anos, eu estava olhando exatamente para a única mulher por quem eu iria me apaixonar.- ele disse, roçando os lábios dela naquele momento, fazendo Anne arder pelo beijo dele que sempre a levava ao céu.
— Você não tinha como adivinhar isso. O importante é que estou aqui e sou sua. Ninguém pode mudar essa verdade de dentro de nós. - Anne respondeu, não mais resistindo à proximidade dos lábios dele, que eram como um vício, uma necessidade física que a deixava maluca se não pudesse sentir- los nos seus.
A boca de Gilbert era persuasiva, assim como as mãos dele que passeavam por todas as suas curvas, moldando-as com seus dedos gentis.
Em poucos segundos de contato estavam queimando, em um desejo frenético que ambos não podiam controlar. Anne se agarrou mais um pouco no pescoço dele, colando seu corpo no de Gilbert de forma que pudesse senti-lo completamente em meio às suas pernas, cuja excitação parecia tão grande quanto a dela.
Gilbert parou um instante de beijá-la para dizer:
— Amo tocar você. Cada pedaço de sua pele é como um jardim de delícias para mim.
— Eu amo que me toque e me faça sentir o quanto sou desejada por você. - Anne respondeu ofegante, jogando o pescoço de lado para permitir que Gilbert tivesse acesso a ele, levando-a a suspirar enquanto o ouvia dizer:
— Eu te desejo como um louco. Quero devorá-la inteira com meu corpo, meu amor e minha paixão.
Anne não pôde dizer mais nada, pois Gilbert desceu os lábios pelo seu colo, alcançando os seus seios, torturando-a ao explorar os bicos sensíveis que se empinavam delicadamente como dois botões de rosa para que o rapaz pudesse colhê-los com sua língua sedenta e quente.
A ruivinha gemeu alto, sem poder conter as sensações que explodiam dentro dela como uma cachoeira sem rumo certo. E assim, enlaçou as pernas ao redor da cintura do rapaz, deixando-o livre para que fizesse com seu corpo o que desejasse.
Percebendo que não aguentaria mais esperar, Gilbert estendeu a mão e pegou a proteção que estava no bolso da calça do pijama que tirara quando entrara ali e jogara sobre o vidro do box, o colocou com a ajuda de Anne, a prensou contra a parede do banheiro e a penetrou o mais fundo que conseguiu, fazendo Anne ofegar ao sentir a força dele dentro de seu corpo.
Então, eles começaram a se mover, primeiro com uma lentidão quase ensaiada e depois mais rápido conforme os corpos de ambos exigiam que eles o fizesse. Logo, as ondas de prazer chegaram mais poderosas que antes, e para sufocar o grito que chegou em sua garganta, Anne beijou Gilbert e assim permaneceram com os lábios grudados até que a paixão dentro deles se acalmasse.
— Quando nos casarmos, quero te amar assim todos os dias.- Gilbert disse ofegante em seu ouvido.
— Acho que vai se cansar logo de mim.- Anne disse também ofegante, mas sorrindo.
— Nunca. Você me faz me sentir completo e tão feliz que jamais me cansarei de te mostrar o quanto te amo.- Gilbert afirmou, beijando-a na testa.
Eles terminaram o banho e saíram do chuveiro já vestidos e quase prontos para o café da manhã. E quando Anne estava secando os cabelos e Gilbert estava sentado na cama dela a observando, ela perguntou:
— Sei que amanhã é o seu aniversário. O que quer fazer?
— Nada de especial. Só quero ficar com você.- ele respondeu sem deixar de olhá-la.
Gilbert nunca se importara muito com comemorações daquele tipo. Em todos os seus aniversários, ele apenas saía com os amigos para tomar cerveja e acabar a noite jogando cartas. Mas naquele ano seria mais especial, pois Anne estava com ele.
— Podemos fazer algo íntimo, então. O que acha de irmos para a cabana e fazermos algo especial? Que tal se preparássemos as panquecas da minha mãe, e terminássemos a noite assistindo a um filme e comer pipoca? Eu sei que gosta desse tipo de coisa.- Anne sugeriu.
Ela até já tinha comprado o presente dele e esperava que Gilbert gostasse, pois quando o vira, pensara que combinava imensamente com ele.
— Perfeito. E podemos repetir o que fizemos no banheiro essa manhã?- Gilbert disse com um sorriso malicioso.
— Você continua descarado.- Anne disse rindo. Seu namorado era um homem incrível, e sabia como deixar uma mulher ligada nele vinte quatro horas por dia.
— Você é que é sexy demais. Não consigo me controlar. - Gilbert falou, fazendo o coração de Anne falhar inúmeras batidas pela maneira como seus olhos tinham escurecido enquanto a encarava.
— Pode pedir o que quiser. Afinal, é seu aniversário.
— Então, já sei o que eu quero. Você em uma banheira cheia de espuma na cabana, regada a champanhe francesa.- ele disse com a voz enrouquecida.
— Esse aniversário vai sair caro.- Anne disse, surpresa pelo pedido dele.
— Pode custar toda a fortuna do mundo, porque não me importo. Se eu tiver você, o resto não tem valor para mim.- Gilbert disse, entrelaçando seus dedos nos dela.
— Você é surpreendente. - Anne falou, se sentindo ainda mais apaixonada.
— Você é o amor da minha vida.- Gilbert respondeu, sorrindo para Anne, que retribuiu, e ficaram se olhando por dois longos minutos, até que Gilbert sugeriu.
— Vamos descer para o café da manhã?
— Acho melhor você ir primeiro. Detesto a maneira como seu pai olha para mim toda vez que nos vê juntos.- Na verdade, havia tanto desprezo naqueles olhos que a atingiam em cheio, a fazendo ter vontade de se encolher. Só não o fazia para não dar a John o prazer de saber o quanto a intimidava.
— Ele não está em casa. Saiu cedo para uma reunião de trabalho fora da cidade.- Gilbert esclareceu, ao mesmo tempo, em que Anne respirava aliviada ao obter aquela informação. Tomar café com Gilbert sem a presença incômoda do pai dele era tudo o que poderia pedir aos céus.
— Então, vou descer com você.- Anne disse cheia de animação.
Quando chegaram na sala de refeições, encontraram Ruby tomando café antes de ir para a escola. Ao vê-los, ela sorriu e disse:
— É tão bom ver vocês juntos.
— Obrigada, querida. Fico feliz que tenha aceitado meu namoro com o Gilbert tão bem. Fiquei preocupada com sua reação quando soubesse. - Anne disse, afagando os cabelos da irmã.
— Tudo o que eu quero é que seja feliz, Anne. E agora posso ver que o Gil te faz feliz. É isso que importa para mim. - Ruby sorriu para ambos.
— Prometo cuidar bem de sua irmã, Ruby.- Gilbert falou, se sentando com Anne à mesa.
— Obrigada, Gil. Ela é muito importante para mim.
— Anne é muito importante para mim também.- Gilbert respondeu, segurando a mão da namorada nas suas, deixando Ruby bastante satisfeita ao observá-los juntos.
Depois que Ruby foi para a escola e Gilbert saiu para cuidar dos afazeres da fazenda, Anne decidiu tirar o dia para si. Não teria aula na faculdade naquele dia, por esse motivo estava livre para fazer o que quisesse.
Animada, ela foi até o estábulo visitar Caramelo, pois fazia algum tempo que não conseguia cuidar de seu amigo diariamente. Geralmente, Anne dava atenção ao cavalo nos fins de semana, e ele estava muito mais dócil com ela do que fora no início.
— Oi, Caramelo. Desculpa demorar para vir aqui. Minha vida está muito mais ocupada que antes, mas prometo não deixar de vir aqui para cuidar de você.
Ela entrou na baia e levou um torrão-de-açúcar aos lábios do cavalo, que a olhou com seus olhos doces como se a estivesse agradecendo. Sempre amara animais, e de certa forma tinha jeito com eles.
Gilbert também era responsável por esse seu lado afetuoso pelos cavalos, pois fora ele que lhe proporcionara o primeiro contato com os eles quando ela era criança, além de a ensinar a cavalgar. Anne também gostava de cachorros e gatos, mas os cavalos tinham um lugar especial em seu coração.
Ela esperou pacientemente que Caramelo terminasse seu torrão-de-açúcar, e depois começou a escovar seu pelo brilhante. Todos os cavalos de Terracota eram bem tratados e cuidados pelos trabalhadores da fazenda. John era extremamente exigente nessa parte e Gilbert também. Nenhum animal deveria sofrer maus tratos, ou seus cuidadores seriam severamente penalizados por um dos dois.
— Achei que estaria aqui.- Gilbert disse do lado de fora da baia.
— Não deveria estar no escritório a essa hora?- Anne perguntou, consultando seu relógio de pulso.
-Sim, mas dei uma escapada para ver minha namorada linda.- Gilbert respondeu, sorrindo para Anne enquanto seus olhos brilhavam de satisfação ao vê-la ali tão à vontade e relaxada.
-Não quero que negligencie seu trabalho por minha causa. Seu pai pode se zangar.- Anne disse preocupada. Odiava dar munição para John criticá-la ainda mais, principalmente agora que ele sabia que Gilbert estava com ela. Parecia que seu desprezo tinha crescido ao perceber que o filho não arredaria o pé de sua decisão de ficar com Anne, a despeito de que John pudesse pensar.
— Não estou negligenciando nada. Parei apenas para um café e decidi vir até aqui.- ele respondeu, entrando na baia de vez. - Agora quero o beijo que vim buscar.- Gilbert continuou, e quando Anne ia negar, ele a puxou pela cintura e falou:- Nunca me negue um beijo seu, pois não vou aceitar.
E colou os lábios de ambos de um jeito que acabou com qualquer resistência de Anne em não deixá-lo fazer o que queria. Seu amor diário por ele era alimentado por aqueles beijos que ele lhe roubava sem permissão. Precisava deles para sentir que nada no mundo poderia afastar Gilbert dela, por mais que houvesse tanto ódio em sua direção.
- Você é maluco.- ela disse quando ele afastou suas bocas por falta de ar.
— Sim, cenourinha. Sou maluco e posso ser muito mais se você me permitir.- ele desceu as mãos pelos quadris dela até alcançar o bumbum onde apertou com força.
— Não aqui. Eu sei que não é mais segredo que estamos juntos, mas quero evitar qualquer confronto com seu pai ou Winnie.- Anne pediu. Só se sentiria bem em ficar com Gilbert aos olhos de todos quando não estivessem mais em Terracota.
— Eu sei. Sou impulsivo às vezes. Me desculpa. Preciso voltar ao trabalho, mas estou ansioso para amanhã à noite.- Gilbert revelou, tocando os cabelos dela.
— Eu também. Te vejo no almoço?- ela perguntou, vendo-o sair da baia.
— Acho que só no jantar. Tenho muito trabalho na fazenda hoje.- ele disse quase se desculpando ao ver o olhar triste que Anne lhe lançou.
— Tudo bem. - ela respondeu, sem reclamar.
— Mais uma coisa. Se quiser sair com Caramelo de hoje em diante, creio que tanto ele quanto você estão prontos.
— Você jura?- Anne perguntou, fazendo Gilbert sorrir ao ver os olhos dela brilhando. Era assim que gostava de observá-la, linda e feliz por algo que ele tivesse feito por ela.
— Você é o melhor namorado do mundo.- Anne disse, lhe atirando um beijo.
— Espere até amanhã à noite para me dizer isso de novo.- Gilbert respondeu rindo e Anne soube exatamente sobre o que ele estava falando.
Como tinha o dia livre, Anne aproveitou para arrumar seu quarto e ler um bom livro. Quando a noite chegou, ela esperou ansiosa por Gilbert, mas ele acabou lhe mandando uma mensagem para que ela não o esperasse para o jantar, pois ele tinha tido um problema com alguns animais na tosquia e não sabia a hora que chegaria em casa.
Chateada por aquele inconveniente, Anne decidiu jantar no quarto e acabou adormecendo antes de Gilbert chegar em casa. De manhã, ela encontrou um bilhete dele debaixo da porta, dizendo que tivera que sair cedo por conta do problema do dia anterior que não fora resolvido, mas que estaria pronto para pegá-la naquela noite no horário combinado.
Como não desejava tomar café em companhia de John, a ruivinha esperou que seu tio saísse de casa e foi direto para a cozinha, lugar onde aproveitou para fazer um bolo de chocolate para o aniversário de Gilbert, pois sabia que o namorado adorava aquela sobremesa.
Quando ficou pronto, Anne decidiu levá-lo até a cabana, e para isso, foi cavalgando sobre Caramelo, que atendeu ao seu comando com facilidade sem lhe causar nenhum problema.
Após ajeitar a cabana como desejava, Anne voltou para a fazenda e ficou em seu quarto quase o dia todo, recebendo de Gilbert apenas uma mensagem no meio da tarde, a avisando que estava indo para casa.
Ela então se arrumou e ficou à espera do namorado, que não demorou a bater na porta do seu quarto no horário marcado.
— Feliz aniversário. - Anne disse, assim que o viu, o abraçando apertado e deixando um beijo na bochecha dele
— Você é o melhor presente que eu poderia ter ganho.- Gilbert respondeu, olhando com aprovação a calça skinny preta que ela usava, combinando com uma camisa jeans amarrada na cintura, e as botinhas pretas de salto médio que quase a deixavam quase da sua altura.
— Está pronto para ir?- Anne perguntou, passando os olhos pelo par de calça jeans apertado que modelava o corpo dele com perfeição e a camisa xadrez que destacava o melhor estilo texano de Gilbert.
-Estou, sim, mas antes temos que passar no centro para falar com meu pai. Ele disse que era importante. - Gilbert explicou, fazendo com que Anne franzisse a testa e perguntasse:
— Seu pai não vai ficar zangado se eu for junto?
— Ele não vai se importar. Eu já o avisei que você irá comigo, pois temos um compromisso depois e ele disse que tudo bem.- Gilbert explicou e Anne disse:
— Está certo então. -
Ela estranhou aquela benevolência de John, mas não disse nada para não aborrecer o namorado, que com certeza diria que ela estava disposta a ser desconfiada de tudo que vinha do pai dele. Contudo, não podia evitar pensar se ele não estava aprontando alguma.
Quando chegaram no lugar que John tinha marcado com Gilbert, ele segurou na mão de Anne assim que ela desceu do carro, e entraram no clube daquela maneira, o que deixou Anne feliz por perceber que ele queria que seu pai entendesse que estavam juntos, independente de qualquer coisa que John pudesse pensar daquele relacionamento.
— Por que seu pai marcou com você nesse clube?- Anne perguntou, pois tinha imaginado que John os esperaria em um escritório no centro da cidade e não em um lugar como aquele.
— Porque é aqui que ele sempre faz seus negócios. Ele queria uma opinião sobre uma transação comercial que está a ponto de fechar e como sou seu braço direito, quis me consultar antes, e não podia ser deixado para amanhã, pelo que ele me disse. Não vai demorar. Prometo que depois disso serei todo seu.- Gilbert respondeu, fazendo um carinho nos cabelos dela.
Anne sorriu, e quando passaram pela porta de onde John deveria estar, eles ouviram várias vozes gritaram:
— Surpresa!!!
Assustado, Gilbert olhou o lugar todo enfeitado com mesas para os convidados, seus parentes e amigos presentes, garçons para servir a todos e no centro havia um bolo enorme, onde fora desenhado um chapéu de cowboy.
Sem saber o que dizer, pois não esperava por algo assim no seu aniversário, ele observou Winnie se aproximar com um enorme sorriso e dizer:
— Gostou da surpresa? Fui eu quem preparou com a ajuda de seu pai, é claro.- e lançou um olhar de triunfo para Anne que apertou a mão de Gilbert com mais força do que pretendia, para tentar conter a raiva que chegava a queimar sua garganta.
Era claro que Winnie não deixaria o aniversário de Gilbert passar em branco, principalmente se pudesse ganhar alguns pontos com ele.
— Eu gostei, só fiquei um pouco sem jeito. Não estava esperando essa surpresa.
— Eu pedi para seu pai não contar. Queria fazer algo diferente para você esse ano. Feliz Aniversário. - ela disse, inclinando a cabeça para deixar um selinho nos lábios dele, mas Gilbert virou o rosto e o beijo acabou sendo dado na bochecha do rapaz. Anne só não riu, porque não queria que Winnie fizesse uma cena desagradável na frente de tantas pessoas.
— Obrigado. - Gilbert disse educadamente.
Naquele momento, John também se aproximou e falou:
— Feliz Aniversário, filho. Eu tenho um presente para você. - John entregou um envelope para Gilbert e assim que o abriu, o rapaz o olhou surpreso e disse:
— Está me entregando a diretoria geral do Grupo Blythe?
— Sim, acho que está na hora de assumir o seu lugar.- John respondeu, provocando um frio estranho no estômago de Anne, pois ela sabia o que aquilo significava. Com um cargo como aquele, Gilbert não poderia deixar Terracota, pois era muito mais responsabilidade do que ele tivera até então.
— Mas e o senhor?- Gilbert perguntou, olhando para o pai ainda sem entender o que aquele cargo significava na vida não só dele, mas de Anne também.
— Eu vou continuar trabalhando, mas com menos responsabilidade. Quero curtir o tempo que me resta de forma mais tranquila. - John o informou, o que fez Gilbert tornar a perguntar:
— Está pensando em se aposentar?
— Não nesse momento, mas um dia terei que deixar meu lugar para alguém, e quem seria melhor que meu filho?- John afirmou, e quando ele lançou um olhar furtivo para Anne, ela soube que ele estava mentindo.
John construíra Terracota com as próprias mãos, e aquele lugar vivia em suas veias, assim como nas de Gilbert. Sua vida perderia o sentido se tivesse que abdicar do seu controle sobre ela. Estava fazendo aquilo para que Gilbert nunca pudesse se afastar dali, aprisionando-o com aquele presente que acabara de lhe dar.
— Puxa, papai. Obrigado. - Gilbert abraçou o pai visivelmente emocionado, fazendo Anne se sentir mal por aquela situação. Gilbert ainda não percebera como aquilo complicava tudo, e John fizera aquilo de caso pensado, disso, ela tinha não dúvidas.
— Venha, seus amigos estão te esperando. - Winnie disse, o puxando pela mão. - Todo mundo quer te cumprimentar.
— Anne, você vem comigo.- Gilbert pediu, mas como não estava se sentindo confortável, ela respondeu:
— Acho melhor você ir sozinho. Eu não conheço metade das pessoas aqui.
Obviamente, Diana e Josie não estavam na festa, assim como Cole e os outros primos, pois Winnie sabia que nenhum deles se simpatizavam com ela, por isso não tivera o trabalho de os convidar. E pelo jeito, John também não se importara com aquele fato.
— Isso é bobagem. Eu só vou se você vier comigo. - Gilbert insistiu e para não criar caso com o namorado, ela aceitou, mas não deixou de perceber o olhar de desdém que Winnie lhe lançou.
Assim, Gilbert a levou a todos os seus grupos de amigos, a apresentando como sua namorada, e todos elogiaram o bom gosto do rapaz de ter escolhido uma moça tão linda para namorar.
Winnie por sua vez, parecia estar a ponto de explodir de ódio, pois pensara em deixar Anne se sentindo como se estivesse excluída ali, mas no final, Gilbert fez questão que ela participasse de todas as conversas e mostrasse o quão inteligente era, deixando todos os seus amigos encantados.
Na hora de cortar o bolo, o primeiro pedaço também foi para Anne, e mesmo a festa não estar tão desagradável como pensara a princípio, a ruivinha se entristeceu por compreender que sua noite com Gilbert fora arruinada pela festa surpresa que Winnie preparara para ele.
Por esta razão, se sentindo sufocada, ela foi até o lado de fora para ter um pouco de privacidade e se afastar do ar contaminado pela presença de Winnie e o pai de Gilbert.
Não demorou muito tempo, Gilbert a encontrou, e ao vê-la encostada em um pilar, olhando para o céu, ele perguntou:
— Ei, por que se afastou de mim?
— Eu queria ficar um pouco sozinha. - ela disse com o semblante triste que deixou o rapaz preocupado.
— Por quê?- ele perguntou, a abraçando pela cintura.
— Você sabe por quê. Não esperava passar seu aniversário em companhia de Winnie Rose e seu pai.
— Desculpa. Eu não sabia que estavam preparando uma festa para mim, muito menos que meu pai tinha me chamado aqui para isso.- Gilbert a beijou na testa, e ficou observando aquele rosto que ele amava tanto.
— Eu sei. Mas é que eu esperava passar essa noite com você.- Anne confessou, passando as mãos devagar pelo peito do rapaz.
— E vai. Vim aqui te dizer que estou pronto para ir se você também estiver.
— Você quer ir embora no meio de sua festa de aniversário?- Anne perguntou com a testa franzida de espanto.
— Eu não pedi essa festa, embora esteja agradecido por a prepararem para mim. Não vou mudar nossos planos por isso. Já avisei meu pai que estava indo embora.- Gilbert contou, enquanto Anne tentava imaginar a reação
de John ao ouvir aquilo do filho.
— Ele deve ter ficado zangado.
— Não vou dizer que ele adorou a ideia, mas meu pai sabe que quando decido uma coisa, não adianta discutir comigo. - Gilbert respondeu, fazendo Anne sorrir. Ela também conhecia aquela faceta teimosa do namorado, pois esbarrara nela muitas vezes quando chegara em Terracota, o que lhe valera muitas discussões acaloradas.
Anne sabia que John a odiaria mais por aquilo, mas não importava, pois o que Gilbert acabara de fazer era provar mais uma vez seu amor por ela, e se ainda tivesse qualquer dúvida sobre o que ele sentia, com certeza depois daquele ato, ela nunca mais deixaria de acreditar nos sentimentos dele.
— Então, quer ir agora?- ele tornou a insistir.
— Quero sim.- Anne concordou, e sem demora Gilbert a levou até a cabana, enquanto Winnie olhava da porta do clube, os dois namorados partindo dali cheia de rancor, prometendo a si mesma mais uma vez, que tiraria aquela ruivinha atrevida do seu caminho quanto antes, pois já tinha esperado demais
Quando chegaram a seu destino, ele olhou a arrumação que Anne tinha feito. A lareira estava abastecida, a ruivinha colocara um colchão no chão em frente a ela e de onde poderiam se deitar e assistir a um filme juntos. Sobre a mesa, estava um bolo de chocolate muito parecido com o qual Bertha costumava preparar no passado e uma garrafa de champanhe no gelo.
— Você não se esqueceu do meu bolo preferido.- ele disse a olhando cheio de amor.
— Como você me diz sempre que nunca esqueceu de nenhum detalhe a meu respeito, eu também nunca esqueci de nada sobre você. Sei que não é nada chique como o que Winnie preparou para você, mas tudo foi feito com muito amor.- Anne respondeu, o abraçando pela cintura.
— É justamente por isso que está perfeito. É só disso que preciso para ser feliz o resto da vida, você e um lugar só nosso.- Gilbert disse, deixando um selinho apaixonado nos lábios de Anne.
— Ainda não dei seu presente. - Anne disse, se soltando dele, indo pegar um pequeno embrulho em cima da mesa e em seguida o entregou a Gilbert, que o abriu com todo o cuidado para não estragar o pacote bem feito por ela.
— É lindo. - ele falou, olhando para a corrente e o medalhão de prata que vinha com ele.
— Olhe atrás dele.- Anne pediu e quando Gilbert o fez, viu que estavam gravadas as palavras: Te amo para sempre, da sua Anne.
Com um sorriso, ele a pegou no colo e a carregou para o banheiro com a garrafa de champanhe, fazendo Anne rir e perguntar:
— O que está fazendo, seu maluco?
— Vou fazer amor com você na banheira regada a champanhe. Esse é o meu desejo de aniversário, se lembra?- ele respondeu, lhe lançando um daqueles olhares que Anne conhecia bem.
Ela apenas fechou os olhos e suspirou feliz, sabendo que aquele aniversário seria realmente memorável.
Olá, pessoal. Espero que gostem desse capítulo e me deixem suas opiniões. Beijos e obrigada por lerem.
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