Capítulo 25 - Principe cowboy
ANNE E GILBERT
Eles cavalgavam lado a lado em um dia perfeito de todas as maneiras. O céu azul acima de suas cabeças, era o grande protagonista daquela manhã de temperaturas amenas.
Um fato raro em Terracota, que mesmo em pleno outono, o calor em alguns dias era insuportável, mas não podia se esquecer que o inverno também era rigoroso, e sair em meio a alguma nevasca era passaporte certo para hipotermia. Ainda assim, observar as montanhas cobertas de neve era um espetáculo inesquecível de se ver, pois era como habitar um lugar totalmente selvagem e intocado pelo homem.
Anne olhou para Gilbert que parecia um príncipe em cima de seu cavalo negro e disse:
-Este lugar não mudou nada. Continua encantador. - ela apontou para as planícies desertas e os canyons naturais que se formavam mais adiante. Aquele também era um dos cenários de sua infância, uma época feliz que viveu ao lado de Gilbert e de seus outros amigos. Ruby não devia se lembrar, pois era muito pequena, mas Anne tinha todas as lembranças guardadas como pérolas raras dentro de uma caixinha especial do tempo.
-Fizemos ótimos piqueniques por aqui. Você ainda se lembra?- Gilbert perguntou sorrindo. Seus pais ficavam malucos quando fugiam para aquele local com uma cesta cheia de guloseimas em cima de um cavalo. Anne vinha sempre em sua garupa, pois era uma distancia longa para que uma menina de dez anos conseguisse cavalgar e se divertiam a beça em inúmeras brincadeiras que inventavam para passar ali o dia todo.
-Lembro sim. Sempre amei tudo isso aqui. Para mim era como estar em uma terra encantada cheia de coisas para descobrir.- Anne disse com os olhos brilhando com as lembranças a levando para um passado onde parecia que tudo duraria para sempre exatamente daquela maneira.
-Isso quer dizer que não ama mais?- Gilbert perguntou, sabendo a resposta. Terracota a magoara, os Blythes ainda mais. Anne não tinha motivos para desejar fazer parte daquelas terras de novo, mas por ele, sua Cenourinha ficara, e a única coisa que desejava era realmente ser digno do amor daquela garota especial.
-Você sabe o que vou dizer, então quero evitar de ser repetitiva. - Anne respondeu séria.
Quando voltara para Terracota, tinha decidido não tornar a cair nas graças do lugar, o que não fora fácil, pois em cada canto daquelas terras tinha um pedaço seu , por mais que detestasse admitir isso.
-Certo, Cenourinha. Que tal se sentássemos embaixo daquela árvore para descansar? Estamos cavalgando a mais de uma hora, e não acho que esteja acostumada a isso. Desde que veio para Terracota, não cavalgou mais que poucos minutos.- Gilbert sugeriu, observando as linhas do rosto dela com atenção para se certificar de que não havia nenhum traço de cansaço.
-Está me chamando de sexo frágil, Gilbert Blythe? Posso apostar uma corrida de cavalo com você só para te mostrar que está errado.- Anne disse, com uma expressão tão desafiadora no rosto que fez Gilbert respirar fundo. Ela ficava tão sexy daquele jeito que o atraía como imã. Ele não sabia bem qual era a atração que isso lhe causava, mas seu corpo se acendia a uma temperatura insuportável, toda vez que ele via uma centelha de ira naquele rosto imaculadamente celestial.
-Não creio que seja necessário, amor. Você sabe que me vence no que quiser. - Gilbert respondeu com seu sorriso incrivelmente envolvente, e ela já estava na dele antes mesmo de se beijarem. O que ela se perguntava era se no passado também tinha sido assim, se ele a deixava sem ação com apenas sua presença? Ela era uma criança de dez anos, mas era fascinada pelo jeito rústico de cowboy, que Gilbert adotara desde que aprendera a falar, e isso estava no sangue dele, e nunca seria perdido, não importando onde ele estivesse.
-Vai entregar a vitória para mim assim tão fácil? Sem realmente uma competição?- Anne perguntou com a sobrancelha erguida, em completa surpresa. Gilbert era tão competitivo, e nunca admitia derrota se pudesse encontrar uma vantagem de burlar regras.- Está tramando alguma coisa? - ela perguntou, com um olhar intrigado.
-Não. Só acho desnecessário competir com você, pois de um jeito ou de outro consegue de mim tudo o que quer. - Gilbert respondeu, umedecendo os lábios com a ponta da língua, fazendo uma corrente elétrica passar pelo corpo de Anne. Santo Deus! Ele não tinha noção do que fazia com ela com esse tipo de gesto. Ela já estava louca para beijá-lo e sabia o que aquela boca era capaz de causar em sua pele inteira.
-Certo.- Anne respondeu, descendo do cavalo assim como Gilbert , e os prenderam na sombra. Então, com um sorriso brincalhão, a ruivinha disse:
-Bom, já que admitiu que te venço em tudo, também sabe que vou vencer nisso.- e saiu correndo, tomando uma boa distância do rapaz, que surpreso não fez nada por um segundo, mas assim que entendeu a brincadeira, saiu correndo atrás de Anne que gargalhava descontroladamente, fazendo Gilbert ficar maravilhado com o som cristalino que flutuava pelo ar como notas musicais suaves.
Ela tinha ganho uma boa vantagem dele, mas o rapaz era mais rápido e ambos sabiam. Ainda assim, ele deixou que ela tivesse a ilusão de que podia escapar dele, sem que Anne se lembrasse que trabalhando na lida da fazenda, seus reflexos eram exercitados todos os dias, e que esse mero detalhe era que possibilitava ao rapaz pegar a laço qualquer gado que fugisse do grupo.
Assim, ele permitiu que ela continuasse com certa vantagem, pois era esperto o bastante para saber que ela iria se cansar em pouco tempo, e quando percebeu que ela estava perdendo o ritmo, ele aumentou sua velocidade, se aproximando rapidamente e a derrubando na grama macia, prendendo-a no chão com seu corpo.
-Achou que ia escapar, Cenourinha? Quando vai aprender que nunca vai se livrar de mim?- ele disse, com seus olhos verdes brilhando intensamente, enquanto se prendiam na curva dos lábios dela.
Anne arfou, ao ver o rosto de Gilbert se aproximar do seu. Entre quatro paredes ele era lindo, mas ali ao ar livre, com o sol fazendo uma festa de brilho entre seus fios escuros, e os olhos faiscantes que não largaram os seus, ele era um espetáculo irresistível aos seus olhos.
Então , ela sentiu o gosto dele em sua boca, e Deus! Era tão bom, a língua dele em contato com a sua, o calor das mãos de Gilbert em seu rosto, a respiração descompassada de ambos, e seus corações acelerados, tudo era uma prova concreta daquele amor que crescia diariamente como uma rosa bem cuidada e viçosa.
As mãos de Anne foram parar no colarinho da camisa dele, e sem raciocinar direito, ela abriu os primeiros botões, escorregando-as pelo tronco dele, sentindo o coração de Gilbert bater mais rápido ainda, conforme ela alcançava o abdômen dele, o arranhava inteiro, fazendo-o abandonar os lábios dela e dizer:
-O que está fazendo, Cenourinha?
-Tocando essa obra de arte.- ela disse, continuando a acariciar abdômen dele.
-Isso é covardia comigo se sabe que não posso fazer o mesmo agora.- Gilbert afirmou, lançando um olhar de fogo para a região dos seus seios, que se enrijeceram automaticamente .
-Então, isso é uma vantagem para mim, não acha?- Anne perguntou, deixando alguns beijos na região do peito dele que a camisa aberta mostrava.
-Você sabe o perigo de me provocar assim, não sabe?- Gilbert perguntou, fazendo-a encará-lo diretamente nos olhos, e o desejo que viu lá dentro a fez engolir em seco duas vezes seguida .
-Eu sei.- ela respondeu respirando fundo.
-Então, por que insiste?- ele perguntou, mordendo o queixo dela, causando-lhe arrepios em lugares expressamente proibidos naquele instante.
-Porque eu te amo, e tocar você é uma extensão desse amor que sinto, e não posso demonstrá-lo todas as vezes que desejo.- ela declarou .
-Eu também te amo, Cenourinha, mais do que qualquer coisa que você possa imaginar.- Ele disse se deitando ao lado dela na grama.
-Qualquer coisa?- ela perguntou com a testa franzida.
-Qualquer coisa.- ele repetiu, virando o rosto de lado para olhar para ela.
-E Terracota?- Anne perguntou, pois não conseguia imaginar algo que Gilbert amasse mais que suas terras.
-Terracota é o meu lar, onde eu nasci, cresci e criei expectativas para o futuro, e sim, eu amo esse lugar, mas não mais do que amo você. - ele segurou a mão dela e a levou ao coração.- Sabe que às vezes sinto que tenho amado você desde a primeira vez em que te vi pisar aqui?
-Você sabe que eu nunca te pediria para deixar Terracota por mim, não é?- Anne disse, aproximando o rosto do dele.
-Você nunca terá que pedir, pois o farei por minha própria vontade se achar que é o melhor para nós dois.- Gilbert declarou, fazendo Anne responder:
-Seria injusto.
-Não, o que seria injusto é fazê-la ficar em um lugar que não te faz bem, onde você se sentiria totalmente infeliz. Injusto é eu não poder amar você como eu quero por conta de pessoas que não entendem esse amor. Eu enfrentaria o mundo por você, Anne, mas nunca ficaria bem, se não pudesse vê-la feliz.
Anne precisou de um tempo para responder, pois as palavras lindas dele lhe atingiram o coração. Ali estava seu príncipe cowboy, que lhe oferecia o mundo inteiro em uma bandeja de prata. Como poderia não retribuir tanto amor com tudo o que tinha dentro de si?
-Eu sei que te disse isso hoje, mas vou repetir. Eu te amo demais, Gilbert Blythe. Você é o dono do meu coração para sempre.- ela disse, beijando-o com tanta paixão que quase se esqueceram de onde estavam. Por pouco não perderam a cabeça, e foi Gilbert que controlou as mãos de Anne que foram parar no cinto da sua calça.
Ela era um perigo para sua sanidade, pois aquela ousadia juvenil que Anne exibia sem disfarces o deixava completamente fora de si. Nunca fora tão apaixonado por uma garota como era com ela, e seu corpo concordava plenamente com essa afirmação.
-Calma aí, Cenourinha. - ele disse, recuperando seu bom senso a tempo.- Está muito provocadora hoje.
-Desculpe. - ela disse com um sorriso, fazendo com que Gilbert acariciasse seu rosto e dissesse com admiração.
-É assim que deve ser. Você sempre sorrindo para mim.- logo em seguida, ele perguntou. :- Vai me ver montar esse fim de semana, não é?
-Não sei, Gil. Não gosto que se arrisque assim. - Anne respondeu, se sentindo um pouco desconfortável com aquela ideia, pois em sua cabeça não conseguia entender o que ele ainda tinha que provar, depois de ter ganho todos os prêmios nos rodeios da região.
-Eu faço isso há anos, Anne. E nunca me aconteceu nada.- Gilbert a lembrou.
-Um dia a sorte pode mudar. - ela afirmou, fazendo com que Gilbert a encarasse e respondesse:
-Eu sei disso, amor. Mas eu preciso participar desse rodeio. Fui desafiado e não posso fugir dele.- Gilbert explicou, segurando uma mecha de cabelo da Anne nas mãos.
-Por que? Tudo o que vejo aqui é uma briga de egos entre você e Michael. E não entendo exatamente o sentido disso.
-É um mundo que você ainda não conhece, e se não percebeu, ele me desafiou colocando você no meio.- Gilbert disso, encarando Anne com as feições sérias dessa vez
-Você só pode estar brincando. - Anne respondeu, percebendo pela primeira vez até onde ia o ciúmes de Gilbert. -Você está querendo dizer que vou ser disputada em cima de um cavalo na arena de rodeio? E quem ganhar leva a ruiva como prêmio?- ela perguntou com a expressão tão contrariada, que fez Gilbert rir e responder:
-Não seja boba. É claro que não, e mesmo que esse tipo de disputa existisse, e eu perdesse, você não ia se livrar de mim nunca, entendeu?
-E quem disse que quero me livrar?- Anne perguntou, puxando-o para um beijo, enquanto sentia as mãos dele acariciando seu rosto. E quando terminou, ela pediu com um sorriso:
-Será que podemos visitar o vovô Matthew a caminho de casa? Faz tempo que não o vejo.
-Sim, meu amor. Podemos ir agora mesmo. Faz tempo que não o visito também. Sabe que quando você e sua família foram embora de Terracota, eu costumava ir vê-lo todo fim de semana? Era uma maneira que tínhamos de manter a sua lembrança e de sua família viva. - Gilbert confessou, olhando-a com carinho.
Ele ainda se lembrava das longas conversas que tivera com Matthew, partilhando lembranças que não queria esquecer. Era como se falando de Anne, podia mantê-la perto o suficiente para que ela não se fosse totalmente da vida dele. Embora essas visitas acabaram se tornando uma raridade conforme ele se tornava adulto, e as responsabilidades começaram a ficar excessivas, Matthew Cuthbert sempre fora uma ligação importante entre ele, e aquela garota ruiva que fora a melhor parte de sua adolescência.
-É mesmo? E por que precisava se lembrar de mim, Blythe?- ela disse em tom de divertimento enquanto se levantava da grama junto com o namorado.
-Porque você sempre foi importante para mim, e pode não acreditar, mas eu senti saudades.- ele respondeu, entrelaçando seus dedos.
-É realmente difícil de acreditar quando você só me chamava de pestinha - Anne riu, entortando o chapéu que Gilbert estava usando.
-Mas você era mesmo uma pestinha - Gilbert afirmou, batendo com o indicador na ponta do nariz de Anne. - Mas esqueci de acrescentar que era uma pestinha adorável.
Anne riu, e subiram em seus cavalos, cavalgando em direção à casa de Matthew que ficava a uma pequena distância dali. Quando estavam nas proximidades, o mesmo sentimento de familiaridade a acometeu como todas as vezes em que estivera ali. Aquela sensação de que sua mãe ainda estava em todos os lugares daquela propriedade era ao mesmo tempo reconfortante e angustiante, porque também lhe trazia outras lembranças não tão agradáveis assim.
-Anne, amor. O que foi? Por que está chorando?- Gilbert perguntou, preocupado, descendo do cavalo, e a ajudando a fazer o mesmo.
Como Anne não respondeu, assim que ela tocou os pés no chão, a abraçou e perguntou novamente:
-Amor, diz para mim por que está chorando? Você parecia tão feliz a alguns minutos atrás.
-E eu estou feliz. Estou chorando porque esse lugar me trás lembranças. Mas está tudo bem.- Anne disse se afastando um pouco do abraço para olhá-lo nos olhos.
-Eu não gosto de te ver assim. Sei que Terracota te magoou demais, porém eu pensei que com meu amor estivesse te curando disso.- o rapaz disse, deixando um beijo no topo da cabeça de Anne.
-E está me curando todos os dias. Eu te disse que a melhor parte disso tudo é amar você. Foi só uma tristeza passageira. Já está tudo bem.- Anne respondeu, deixando um beijo nos lábios do rapaz.
-Então, vocês estão juntos?- Anne ouviu a voz de Matthew atrás de si, cujo rosto exibia um grande sorriso e disse:
-Oi, vovô.- e para surpresa de Gilbert , ela não negou nada, o abraçou pela cintura e ambos caminharam até Matthew que continuava a sorrir e comentou:
-Que alegria vocês me dão. Eu sempre soube que tinham nascido um para o outro. Vamos entrar. Marilla não está em casa, mas eu acabei de passar um café fresco, e também temos broa com geleia.
Assim, eles acompanharam Matthew até a cozinha e logo que se sentaram, foram servidos com uma das especialidades de Marilla.
-Que delicia, vovô. Me lembra tanto minha infância. - Anne disse, dando uma grande mordida na broa que de tão macia, parecia se derreter em sua boca. Realmente, Marilla não tinha perdido a mão com o passar dos anos, e parecia ter aperfeiçoado a arte de cozinhar ainda mais.
-A minha também. - Gilbert concordou, olhando com amor para Anne, e compartilhando com ela mais um momento feliz que fazia tão bem aos dois.
-Me contem quanto tempo estão juntos?- Matthew perguntou, satisfeito em vê-los assim, pois em seu coração sempre soubera que seria dessa maneira.
-Dois meses.- Anne respondeu, sem encarar o avô de frente.
-E o que John pensa desse namoro?- Matthew perguntou, olhando de Gilbert para Anne, que não lhe deram a resposta que ele queria de imediato, como se estivessem escolhendo com cuidado o que dizer. Foi Gilbert que respondeu:
-Ele não sabe que estamos namorando.
-O que? Vocês estão namorando escondido como dois adolescentes? Não acham que passaram da idade?- Matthew perguntou com certa severidade.
-Anne quis assim, Sr. Cuthbert. Se fosse por mim, ele já estaria sabendo desde o começo. Mas ela tem as razões dela, e não quero deixar de apoiá-la.
-Ele nunca vai aceitar nosso namoro, e o senhor sabe porque.- Anne disse, se sentindo pressionada pelo avô.
-Você não tem nada a ver com sua mãe, Anne.- Matthew disse.
-Eu sei, o Gilbert sabe, mas John me olha como se quisesse me crucificar pelos pecados da minha mãe. - Anne respondeu com amargura, e para lhe dar apoio, Gilbert estendeu a mão e segurou a dela por cima da mesa.
-Sua mãe não cometeu pecado nenhum, disso eu tenho certeza, só não posso provar.- Matthew disse com tristeza.
-E como o senhor pode saber disso, vovô se todos aqui acreditam o contrário?- Anne disse com incredulidade.
-Porque antes de ir embora daqui, ela me jurou que não tinha feito nada de errado, e fui covarde por não defendê-la como devia, e por isso, ela nunca me perdoou. Mas independente de qualquer coisa, vocês não tem que viver sob os fantasmas do passado, e se querem ficar juntos, tem que unir forças e lutar por isso.- ele os aconselhou.
-Eu amo sua neta, Sr. Cuthbert, e juro que vou dar o meu melhor para fazê-la feliz. Vamos dar um jeito, e ninguém nunca vai nos separar. - Gilbert disse, acariciando o dorso da mão de Anne com o polegar, que lhe sorriu, desejando de todo o coração que aquelas palavras estivessem profetizando o futuro.
-E vocês têm a minha benção - Matthew disse, colocando sua mão em cima da de ambos.
-Obrigada, vovô. - Anne falou, beijando a bochecha de Matthew.
Quando deixaram a casa dele uma hora depois, Anne se sentia tão aliviada por ter mais alguém do seu lado e de Gilbert, que até sua risada soava mais natural aos ouvidos de seu tutor.
-Fico contente de termos contado a seu avô sobre nosso namoro, e saber que ele nos apoia.- o rapaz disse, olhando para a namorada com adoração.
-Eu também, mas saiba que ele não é o único. Ruby descobriu que estamos juntos. Ela viu você sair do meu quarto outro dia e não tive como negar.
-E como ela aceitou tudo isso?- Gilbert perguntou, surpreso com aquela revelação.
-Ela ficou chateada por eu não ter contado antes, mas depois entendeu minhas razões, e está do nosso lado.- Anne lhe contou, ajeitando o chapéu entre seus cabelos soltos. Gilbert gostava deles assim, embora tivesse confessado que também adorava quando ela os prendia, e ele acabava os soltando na hora de fazer amor com ela.
-Bem, é um alívio saber disso. Confesso que essa era uma de minhas preocupações. Ruby não entender nossa relação e ficar contra nós. - Gilbert lhe contou.
-Ela está feliz por nós. - Anne lhe afirmou, depois com um sorriso maroto brotando devagar em seu rosto, ela perguntou: -Está pronta para perder para mim?
-O que? Eu não entendi. - Gilbert falou com a testa franzida.
-Já vai entender, Blythe. - ela respondeu, galopando o mais rápido que podia, deixando o rapaz em uma nuvem de poeira.
-Ah, isso é que não, Cenourinha.- ele gritou, mas Anne não o ouviu, pois já estava longe. Contudo, como o exímio cavaleiro que era, logo a alcançou, mas não a ultrapassou, pois observá-la correr a seu lado tão linda, era uma visão tão maravilhosa que ele jamais esqueceria.
Eles chegaram na casa grande rindo juntos, e encontraram John Blythe lendo o jornal na sala de estar. Quando viu os dois chegarem sorrindo sem parar, ele perguntou com certa ironia:
-Parece que andaram se divertindo juntos.
-Levei Anne para visitar o avô dela, e depois apostamos uma corrida a cavalo. Nada demais, papai. - Gilbert respondeu, com o semblante mais sério do que antes.
-Vou para o meu quarto.- Anne disse, caminhando em direção à escada, não suportando o olhar pesado de John sobre ela.
-Não sei se gosto de te ver se divertindo com essa garota, filho. Você é o tutor dela, não o melhor amigo.- John disse, assim que Anne estava fora da vista dos dois.
-Pensei que veria com bons olhos o fato de que Anne e eu estamos nos relacionando bem agora, e não estamos mais vivendo em pé de guerra dentro dessa casa.- ele disse com cuidado, disfarçando seu mal-estar por estar mentindo para ele mais uma vez.
-Tenho medo que se deem bem demais .- John disse em um tom agudo, que fez Gilbert sentir uma pontada dentro de si, pois sabia que ele estava jogando verde, para ver se conseguiria algum tipo de confissão da parte do rapaz .
-O que quer dizer, pai?- ele perguntou, se sentindo sob o cru julgamento de seu pai.
-Eu quero dizer que posso ver a cópia de meu irmão William em você, e isso me deixa preocupado, pois não quero te ver tão doente de amor por essa ruivinha quanto William ficou pela mãe dela.
A declaração de John deixou Gilbert um pouco sem ação, pois ele já estava profundamente apaixonado por Anne, e não conseguia se imaginar com mais ninguém. E era isso que queria dizer ao pai, jogar as cartas na mesa, e acabar com toda aquela situação sigilosa e constrangedora. Mas ele sabia, que Anne não o perdoaria se fizesse aquilo sem falar com ela antes, por isso ele apenas respondeu:
-Está exagerando meu pai. Não deve se preocupar com isso, e se me der licença, vou para meu quarto tomar banho e volto para juntarmos juntos.-
-Certo, filho.- John disse, observando com os olhos preocupados o rapaz subir as escadas, e sumindo de suas vistas.
Enquanto isso, Anne terminava seu banho, colocava um roupão e voltava para seu quarto, se surpreendendo ao ver Winnie Rose sentada em sua cama, à sua espera.
-Quem te deu permissão para entrar em meu quarto?- Anne perguntou, indignada ao ver a loira tão à vontade em um espaço que devia ser só seu.
-Quando vai entender que eu entro e saio dessa casa quando quiser? John me adora e confia em mim, o que não posso dizer o mesmo de você. - Winnie respondeu com um sorriso tão sarcástico que irritou Anne, mas ela se forçou a não entrar no jogo da loira e disse:
-Não acredito que veio aqui apenas para me mostrar seus plenos poderes dentro dessa casa. Me diga logo o que quer, depois vá embora e me deixe em paz.
-Até que você é esperta para uma ruiva insolente. Eu realmente vim aqui para te dar um aviso.
-Que aviso? - Anne perguntou, cruzando os braços na frente do corpo.
-Quero avisá-la para que fique longe do Gilbert.- Winnie disse encarando Anne quase com ódio.
-E se eu não quiser ficar?- Anne disse em tom de provocação.
-Então, vai pagar por isso. Pensa que não sei que anda esquentando a cama dele? Quero que saiba que pode dormir com ele o quanto quiser, mas é comigo que ele vai se casar.- Winnie respondeu com as mãos na cintura, fazendo Anne sorrir e responder:
-Se é assim como diz, então, com quem acha que ele sonha a noite quando está sozinho na cama dele? Quem ele toca ou beija em sua imaginação quando sente desejo? Quem ele quer em seus braços para fazer amor? Tenho certeza de que não é você.- Anne viu com satisfação o rosto de WInnie ficar vermelho de raiva, que totalmente desconcertada lhe disse antes de sair do quarto dela:
-Está avisada, sua ruiva abusada.
-Estou morrendo de medo de você. - Anne disse, rindo alto quando ouviu Winnie bater a porta zangada. Pelo menos aquele embate estava ganho.
No dia do rodeio de Gilbert, Anne se manteve ocupada o tempo todo, pois se sentia tão ansiosa que mal se controlava. Nunca gostara desse tipo de evento, pois tinha visto tantos acidentes que aconteciam nesses lugares pela televisão, que só de imaginar Gilbert nesse ambiente quase a deixava doente.
Ela não o tinha visto, porque o rapaz lhe explicara que em dias assim, ele gostava de ficar sozinho treinando e se concentrando, por isso não o procurara para não atrapalhá-lo, mas estava tão preocupada que gostaria de ter falado com ele pelo menos por cinco minutos, apenas para sentir em seu coração que tudo estava bem.
Duas horas antes do evento, Anne ainda não tinha certeza se queria ir, e enquanto olhava pela janela , admirando o céu que começava a escurecer naquele fim de tarde, Anne ouviu uma batida na porta, e quando foi atender, encontrou seu tutor parado no corredor, totalmente vestido para a apresentação que faria, e sem sombra de dúvida, ele estava maravilhoso da cabeça aos pés.
-Posso entrar?- ele perguntou com cautela.
-Quando foi que precisou me pedir isso?- Anne perguntou, dando passagem ao rapaz que assim que entrou, fechou a porta e trouxe Anne para seus braços.
-Por que passou o dia todo longe de mim?- ele perguntou, parecendo sentido pelo distanciamento dela.
-Achei que queria se concentrar - ela respondeu, o abraçando pelo pescoço e aproveitando para sentir o aroma delicioso que era só dele.
-Sim, mas não precisava ter ficado afastada o dia todo. Ver você me ajudaria a relaxar.- ele disse, colando seus corpos de tal forma, que Anne conseguia sentir cada músculo dele contra o seu.
-E como me ver te ajudaria a relaxar?- Anne perguntou, beijando-o no rosto.
-Ah, isso, eu terei o maior prazer em te mostrar.- Gilbert respondeu a fazendo se deitar na cama e se deitando por cima dela logo em seguida.
-Gil, você não precisa ir para o rodeio?- Anne perguntou, ao senti-lo no meio de suas pernas, e o nariz escorregando por seu pescoço.
-Tenho alguns minutos para passar com você. - ele respondeu, antes de beijá-la, fazendo Anne se esquecer do que ia dizer, para se concentrar totalmente na boca masculina contra a sua.
Os lábios dele fez um bom trabalho em arrancar-lhe alguns suspiros entre o beijo, enquanto as mãos dele também não a deixava em paz, enquanto ela podia senti-lo provocar seus seios sobre a blusa, e Anne logo soube que aquilo não seria suficiente, pois ia fazê-la desejar que fossem até o fim e não tinham tempo para aquilo.
Assim, ela o empurrou e disse:
-Amor, não temos tempo para isso, e detesto quando me toca com tanta pressa, pois me deixa totalmente insatisfeita.
-Desculpa. É que eu estava com tantas saudades, que não raciocinei direito. - Gilbert disse, beijando-a na testa.- Apenas me diz que vamos comemorar mais tarde, na banheira grande que você tem no seu banheiro.
-Tudo bem.- Anne disse, admirando a autoconfiança do namorado, que sequer cogitava a possibilidade de perder aquele rodeio.
-Por favor, me prometa que vai lá me assistir. Você é minha inspiração, Cenourinha. Vou ganhar esse prêmio para você. - ele disse, tocando os cabelos dela.
-Gil, eu não sei.
-Por favor.- ele pediu, dando-lhe vários beijos curtos, e Anne não viu outra alternativa, senão ceder.
-Tudo bem, eu vou.
-Ótimo. A Diana vai passar aqui daqui a pouco para te pegar. - Gilbert disse com um sorriso ladino que deixou Anne inconformada.
-Você sabia que ia me convencer, não é?
-É claro. Sei que não resiste ao meu charme.- Gilbert riu da expressão indignada de Anne, e se levantou da cama quando ela ameaçou lhe dar um tapa.
-Vai pensando em como me recompensar por isso, Blythe. Pois lhe garanto que não vai ficar nada barato para você.- Anne respondeu, cruzando os braços na altura do seu peito.
-Peça o que quiser, amor, e juro que vou pagar com prazer.- ele disse sugestivamente.- Agora desfaz essa cara de brava, e me deseje boa sorte.
-Boa sorte, seu atrevido.- ela disse com meio sorriso.
-Um atrevido que você adora. Te espero lá. - e lhe atirando um beijo pelo ar, saiu do quarto, enquanto Anne ria para si mesma.
Em pouco tempo, ela se arrumou, e como Gilbert havia lhe dito, Diana apareceu alguns minutos depois que ela já estava pronta.
-Que pontualidade britânica. Achei que ia ter que te convencer a ir. - Diana disse, rindo.
-Seu primo já fez isso.- Anne respondeu, se sentando no banco do carona ao lado da amiga.
-Posso perfeitamente imaginar como ele fez isso.- a morena insinuou cheia se malícia.
-Como você tem a mente suja.- Anne declarou, fazendo a garota gargalhar alto.
-A propósito, Jerry vai guardar os melhores lugares para nós.
-Vocês voltaram?- Anne perguntou, empolgada pela notícia.
-Mais ou menos.Ainda estamos nos acertando.- Diana respondeu com os olhos grudados na estrada.
-Vai dar tudo certo.- Anne afirmou, cruzando os dedos em sinal de positivismo.
-Deus te ouça. - Diana disse com um suspiro.
A arena estava lotada , mas não foi difícil para as duas amigas encontrarem Jerry, que lhes acenou assim que as viu chegando por ali.
Quando se juntaram a ele, Diana perguntou:
-Já começou?
-Não, eles acabaram de anunciar o primeiro cavaleiro agora.- o rapaz respondeu, e logo após suas palavras, o espetáculo realmente se iniciou.
As primeiras apresentações foram boas, mas nada que podiam ser chamadas de extraordinárias. Os participantes ficaram bem pouco em cima do cavalo indomado que puseram para competir, e suas pontuações foram bem baixas.
Depois de vários tombos e algumas desclassificações, Michael Lewis foi chamado, e sua apresentação surpreendeu tanto Anne quanto os jurados, que lhe deram excelentes notas, mas a ruivinha sabia que Gilbert era muito superior a Muchael que tinha a pretensão de vencer seu namorado dessa vez.
Gilbert foi o último a ser chamado, e quando entrou, uma chuva de aplausos o saudou, pois todos ali sabiam que o campeão dos últimos anos iria dar novamente o melhor show em cima do cavalo que já haviam visto.
A primeira coisa que o rapaz fez ao pisar na arena foi olhar direto para o lugar, onde Jerry dissera que Anne estaria, e ao ver sua ruivinha sentada lá com toda sua atenção sobre ele, lhe deu a certeza de que aquela seria sua noite de sorte.
Anne observou ansiosa cada movimento de Gilbert em cima do cavalo, se orgulhandos dele cada vez que ouvia os aplausos, que nenhum outro cavaleiro havia recebido antes dele. E estava tão absorvida pela apresentação dele, que não percebeu a presença do rapaz que parou a seu lado.
-Pode por um instante tirar os olhos do seu namorado, e dar os parabéns que mereço?- Michael Lewis disse em tom divertido, e de um jeito que só Anne escutasse.
-Claro, Michael. Foi lindo. - Anne respondeu, se virando para dar um abraço no amigo.
Gilbert nunca soube o que o fez tirar o foco do que estava fazendo, para olhar para onde Anne estava, e se desconcentrar totalmente, ao vê-la nos braços de Michael.
Seu ciúme e raiva o cegaram, e em consequência disso, o rapaz perdeu momentaneamente o controle do animal, fazendo com que ele empinasse totalmente o corpo para trás e suas patas se progetassem para frente, enquanto seu relincho zangado era ouvido por todos na arena.
Um grito ecoou pelo ar, fazendo Anne se soltar de Michael e olhar para a arena, colocando as mãos na cabeça enquanto dizia desesperada:
-Gilbert!
Ao mesmo tempo em que o rapaz perdia o equilíbrio, e fosse atirado ao chão, ficando totalmente desacordado diante da multidão estarrecida e silenciosa que não podia acreditar no que tinha acabado de acontecer.
Olá, mais um capítulo postado. Espero que o apreciem e me deixem suas opiniões e votos como incentivo. Beijos e obrigada.
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