Capítulo 17- Seu coração é o meu lar
ANNE E GILBERT
Os olhos verdes de Gilbert brilhavam no escuro como esmeraldas, cheios de uma expectativa que Anne também sentia, porque fora ela a dar o primeiro passo, em direção ao que seu coração queria. Todo o resto deixou de importar no momento que encarou o rosto do homem por quem se apaixonara.
Ele permanecia em silêncio, as mãos ao lado do corpo, seu olhar duelando com o dela, seus lábios levemente entreabertos, e sua respiração no ritmo certo, apesar da tensão que se instalara entre os dois. Anne deixou seu olhar correr pelo corpo dele inteiro, e a despeito de a luz central estar apagada, a claridade natural que vinha do lado de fora lhe permitia ver cada contorno masculino, tornando o ambiente totalmente íntimo e sensual.
Anne deu um passo e ficou ainda mais próxima dele , sua mão foi parar na parte lateral do rosto de Gilbert que estremeceu ao seu toque, mostrando-lhe que ele não estava tão indiferente a presença dela ali, como queria aparentar. A mão de Anne desceu devagar pelo pescoço dele e quando ia alcançar o peito masculino, o rapaz segurou em seu pulso e perguntou:
-Veio admitir derrota e me implorar por um beijo?
-Não. - ela respondeu, mordendo de leve o canto do lábio, ouvindo a respiração de Gilbert mudar. - Você é que vai me implorar por um beijo. - Anne respondeu, empurrando Gilbert em direção a cama, onde ele se sentou e a olhou de cima embaixo , deixando que seu olhar se demorasse em cada parte do corpo dela, fazendo Anne sentir um calor intenso subir por sua pele. Que loucura era aquilo! Gilbert nem a tinha tocado e era como se tivesse feito exatamente isso. Anne tentou manter o foco, mostrando a Gilbert quem estava no controle enquanto o via sorrir e dizer:
-Ainda acha que me vence nesse jogo? Cenourinha, só admite que me quer e facilite as coisas para você.
-E te deixar pensar que é melhor do que eu em controlar suas emoções? Que consegue resistir quando me tem em seus braços? Nós sabemos bem quem perde o controle facilmente, e esse alguém não sou eu.- Anne respondeu, sentando-se no colo de Gilbert, especificamente em um ponto estratégico, movimentando seu corpo devagar, sentindo Gilbert no meio de suas pernas, e ouvindo-o gemer baixinho, agarrando-a pela cintura.
-Agora me diz quem quer quem nesse momento?- Anne disse no ouvido dele de forma provocante.
Gilbert segurou firme em sua cintura, girou o corpo e a fez se deitar na cama enquanto ele ficava por cima dela, seus olhos pegando fogo sobre os dela, seus quadris se movendo em direção ao dela, fazendo Anne sentir sua rigidez e seu desejo pulsando de encontro ao sexo dela coberto apenas por sua calcinha.
-Quer mesmo brincar com fogo? Acha que aguenta as consequências ao me provocar assim? - a resposta de Anne foi apertar o ombro dele com força, pois seu próprio corpo já não a obedecia. Ela queria resistir por mais tempo, antes de admitir que viera ali porque seu coração ordenara, mas ela sabia que estava literalmente perdida, porque seus movimentos involuntários já tinham lhe provado que não havia como ganhar uma batalha contra seus sentimentos.
Gilbert mergulhou a cabeça nos cabelos dela, e com a ponta da língua traçou todo o lóbulo da orelha de Anne, fazendo milhares de arrepios passarem pelo corpo dela como se fossem choques elétricos. Então o rapaz foi mais longe, atacando a região do pescoço feminino onde ele sabia que ela tinha mais prazer, sentindo-a arquear os quadris para cima a procura de mais contato com o corpo dele, e onde ele podia sentir a umidade de Anne entre as pernas.
As mãos dele viajaram pela pele macia das coxas femininas, subindo cada vez mais até alcançar a região abaixo da barriga. Sua vontade insana de arrancar a minúscula calcinha que ela usava estava fora de controle, porque ele queria senti-la inteira em seus dedos, mas ao invés disso, ele apenas fez um carinho no local sobre o tecido, e se afastou um pouco para fitar Anne nos olhos, e ver sua reação, e o que viu naquele rosto pelo qual era apaixonado quase o deixou louco.
Os olhos dela tinham mudado de tom para um azul quase cinza, a respiração ofegante mostrava a ele como ela estava reagindo às suas carícias, e os lábios vermelhos pareciam como um morango maduro prontos para serem beijados. Para provocá-la dentro do jogo o qual estavam fazendo, ele perguntou;
-Agora vai implorar pelo meu beijo?
-Não, você é quem vai implorar pelo meu.. - ela respondeu no limiar de suas forças.
Seus olhos duelaram novamente, em busca de um vencedor. Fogo contra fogo, seus corpos ardentes e uma paixão que crescia a cada segundo. Anne mordeu o lábio inferior e Gilbert umedeceu o dele com a ponta da língua. De repente suas vontades se confundiram e seus corações passaram a seguir a mesma música do amor que nascera a muitos anos entre eles, e esperara o momento certo para desabrochar.
Ambos se moveram ao mesmo tempo, e suas bocas se colaram com sofreguidão, devorando uma à outra com uma intensidade sexual que nenhum dos dois conseguia evitar. Quando não foi possível mais respirar, Gilbert separou suas bocas por um instantes, deslizando com seus dedos impacientes a camisola de Anne para baixo deixando-a nua até a cintura. Ao revelar os seios alvos, o rapaz olhou para eles encantado e sussurrou:
-Lindos. - e assim desceu seus lábios sobre eles, sugando-os devagar e depois com mais força, o que fez Anne virar a cabeça de um lado para outro , gemer baixinho e murmurar:
-Gilbert...
O rapaz já estava meio enlouquecido, e vê-la tão entregue a ele o levou a um patamar de excitação que nunca tinha sentido antes. Talvez estar apaixonado mudasse totalmente o sentido de partilhar algo tão íntimo com alguém, e a maneira como seu amor por Anne era intenso, fazia sua adrenalina subir a picos inimagináveis. Lá estava ele com a garota com quem vinha sonhando todos aqueles dias e estava ansioso para saber se fazer amor com ela seria tão fantástico quanto imaginara.
Ele desceu os lábios pelo corpo dela, aspirando o perfume da pele sedosa, guardando na mente mais aquele aroma entre tantos que já conhecia dela. Gilbert chegou até a barriga, brincando com a língua no umbigo delicado, fazendo Anne mais uma vez levantar os quadris, sentindo seu corpo inteiro se incendiar, seu sangue correr mais rápido em suas veias e bombear seu coração tão forte como se ele fosse explodir em seu peito. Aquilo era mais do que imaginara, maior do que idealizara em seus sonhos românticos, e suas fantasias não se comparavam com o que estava sentindo naquele momento, aquela necessidade física de se perder naqueles lábios e naquelas mãos que lhe apresentavam um mundo novo.
Gilbert deixou que seus dedos alcançassem a intimidade de Anne e apenas com um toque sutil, ele percebeu a umidade da região, provando-lhe o quanto ela já estava pronta para ele. No entanto, o rapaz decidiu ignorar o latejar agonizante de seu próprio corpo diante daquela constatação, pois queria satisfazer todas as vontades de Anne. Assim, aproximando seu rosto do dela novamente, e distribuindo beijos por todo os lugares, ele perguntou:
-Me diz o que quer que eu faça, e do que gosta? - Anne sequer conseguia pensar, seu cérebro parecia ter derretido e só uma névoa parecia pairar dentro dele. Ofegante ela respondeu:
-Vamos...ter que...descobrir juntos. Eu ...nunca fiz isso antes.
Impactado pela resposta de Anne, Gilbert parou o que estava fazendo, a olhou e perguntou:
-Isso é verdade?
-Sim. - ela respondeu sem desviar os olhos do rosto dele.
-Como isso é possível?- ele perguntou, sentindo seu peito aquecido por aquela informação inesperada.
-Eu não encontrei o cara certo. - ela respondeu dando de ombros. - Isso te incomoda? Saber que não tenho experiência sexual quase nenhuma?
-Não.. Fico feliz que tenha esperado por mim. - ele lhe acariciou o rosto.
-Quem disse que esperei por você? Não seja convencido, Gilbert Blythe.- Anne disse sorrindo.
-Você disse que o cara certo não apareceu. E isso não aconteceu porque o único cara certo para você sou eu. - ele respondeu, beijando-a com uma paixão tão grande que a deixou zonza. Então, quando ela achou que continuariam de onde haviam parado, Gilbert se afastou e a ajudou a arrumar sua camisola, fazendo-a dizer com o olhar confuso:
-Eu achei que...- ele lhe deu um selinho e respondeu antes dela terminar:
-Eu sei o que pensou, mas depois do que me contou, eu não poderia prosseguir dessa maneira. A primeira vez de uma garota é especial, e eu quero que seja perfeito para você. - ele respondeu, acariciando o rosto de Anne com carinho, e a puxando para seus braços, onde ela se aninhou, sentindo como se ali fosse o único lugar onde deveria estar.
-Eu não pensei que fosse o tipo de cara que se importasse com essas coisas.
-Tem muita coisa que ainda precisa aprender sobre mim. Você é muito importante para mim, e quero que me deixe cuidar de você como merece. - ele disse, beijando-a no topo da cabeça.
-Nunca fui muito do tipo de garota dependente de alguém. Acho que sempre cuidei mais das pessoas do que elas cuidaram de mim.- Anne disse, descansando a cabeça no peito de Gilbert enquanto se lembrava da doença da mãe, da dependência emocional de Ruby depois que a mãe falecera, e da depressão crônica de seu padrasto que durara até sua morte.
-Então acho que está na hora de permitir que outra pessoa faça isso por você. - o rapaz disse, segurando o seu queixo e fazendo com que ela o encarasse. Ficaram se olhando por um tempo, até que Gilbert trouxe o rosto dela para perto do seu, e tocou cada parte dele com a pontinha de seu nariz enquanto dizia:
-Minha garotinha cresceu. Tão linda e tão sexy.
-Sua garotinha? - Anne perguntou, deixando que ele mordiscasse seu lábio inferior.
-Sim, minha, desde que tinha dez anos e te olhava como um irmão zeloso, sem saber que um dia seria mais do que isso.- Suas bocas se encontraram mais uma vez e intimamente Anne lamentava que Gilbert tivesse interrompido o momento íntimo dos dois, pois a cada novo beijo, ela o queria ainda mais, mas ao mesmo tempo se sentia feliz por ele considerar aquele fato algo especial para ela, e abafar o próprio desejo para que ela pudesse ter uma noite de amor perfeita.
-O que faremos daqui para frente?- Anne perguntou assim que se separaram e ela se aconchegou nos braços dele novamente.
-Não é óbvio? Eu quero ficar com você. - Gilbert respondeu, beijando-a na testa.
-Eu também quero ficar com você, mas acho melhor não contarmos para ninguém que estamos juntos. - ela sugeriu.
-Eu não vou namorar você escondido, Anne. Não sou mais um adolescente, e sempre assumo minhas responsabilidades.- Gilbert respondeu, aborrecido com a sugestão dela.
-É por pouco tempo. Você sabe que seu pai não aprovaria. - Anne explicou, mas Gilbert rebateu aquele argumento dizendo.
-Eu não me importo. Respeito muito meu pai, mas ele não determina com quem eu quero ficar.
-Eu sei, mas vamos omitir nosso relacionamento por enquanto até que encontremos uma forma de contar sobre nós que não o deixe tão zangado.- Anne pediu, pensando em Ruby e no quanto ela poderia perder com toda aquela história. A ruivinha não se importava consigo mesma, porque não tinha nada a arriscar, e os seus laços sanguíneos com aquela família não existiam. Era Ruby que precisava ser protegida, e ela o faria de qualquer maneira.
-Tudo bem. Vou fazer isso só porque está me pedindo. Mas você vai ser minha namorada, não é? - ele perguntou com seus olhos cheios de expectativas pela resposta dela.
-Você quer que eu seja sua namorada? - Anne sentiu seu coração bater forte por conta daquele pedido, não acreditando que Gilbert dissera aquilo.
-Eu achei que isso também estivesse óbvio. - ele afirmou dando a Anne um sorriso que a derreteu por dentro.
-Sim, eu aceito ser sua namorada. - Anne disse, deixando um beijo suave no rosto do rapaz.
-Eu te daria um anel para oficializar o pedido, mas como você não quer que outras pessoas saibam sobre a gente, vou deixar para comprá-lo quando você me der carta branca para fazê-lo.
-Obrigada. - Anne disse, sentindo seu peito cheio de uma alegria nova. Ela e Gilbert estavam namorando, e não pôde deixar de pensar que seu sonho de menina tinha se realizado.
-Então você veio implorar pelo meu beijo. - Gilbert disse em tom de brincadeira.
-Não, foi você que implorou pelo meu.- Anne disse, encostando a cabeça no pescoço dele.
-De qualquer forma, nós dois saímos ganhando. - Gilbert disse, fazendo Anne levantar o rosto para que ele pudesse observá-la melhor.
-Concordo. - ela respondeu, passando o polegar pelos lábios dele.
-Eu não me canso de te olhar. Você é linda demais.- Gilbert declarou, hipnotizado por cada traço dela.
-Você também é lindo. Não faz ideia do quanto. - Anne respondeu, colando seus lábios nos dele, e suspirando quando Gilbert a abraçou com força, deslizando as mãos pelas suas formas perfeitas.
Entre conversas e muitos beijos, eles ficaram juntos no quarto de Gilbert e quando por fim Anne adormeceu, Gilbert a pegou no colo e a levou para o quarto dela. Por sua vontade, ela teria passado a noite inteira com ele, mas como ele sabia que Anne não se sentiria bem se a vissem saindo do quarto dele, o rapaz achou melhor fazer o que Anne desejava.
Uma vez no quarto dela, ele a colocou na cama com cuidado, a cobriu com uma coberta, e depois a beijou na testa, dizendo:
-Dorme bem, minha cenourinha.
A manhã seguinte trouxe boas lembranças a Anne que ao abrir os olhos, não entendeu bem como tinha chegado em sua cama, pois não se lembrava de ter caminhado até ali na noite anterior. Porém, logo a imagem de Gilbert surgiu em sua mente, e ela entendeu que tinha sido ele a trazê-la, e sorriu pensando em cada momento que tiveram juntos.
Ela estava mais apaixonada do que antes e recordar os toques e beijos que trocaram, ela desejou que pudesse estar logo com ele de novo, para que pudessem ter uma noite de amor memorável. Anne não podia deixar de fazer planos, mesmo que sua rede de autoproteção interna lhe pedisse para ir com calma, porém sua alma totalmente entregue aquele sentimento não dava ouvidos à sua razão, assim, ela fantasiava tudo o que poderia acontecer quando ela e Gilbert finalmente se permitissem ir até o final do ato de amor.
Ele fora incrivelmente carinhoso, e se preocupara com seu bem-estar. Gilbert não parava de surpreendê-la, assim como ela percebera que o tinha julgado mal em muitos momentos. A ideia que tinha dele antes era de um rapaz de gênio forte, controlador que não aceitava opinião contrária a dele, e que bancava o autoritário toda vez que o assunto tinha a ver com ela. No entanto, na noite anterior, ela descobrira um outro Gilbert na intimidade, adorável, apaixonado e profundo. Ele lhe mostrara como sabia tratar uma mulher com respeito e consideração, em uma situação que estava totalmente a favor dele. Seu tutor poderia facilmente tê-la seduzido e feito com ela o que quisesse, pois Anne não o teria impedido. Mas ao contrário de outros rapazes que conhecera, afoitos para conseguirem o que queriam no fim de um encontro, Gilbert lhe provara que não era como os outros. Ele a fizera se sentir amada, cuidada e protegida, e essa sensação fora a melhor do mundo.
Ela olhou no relógio e viu que passava das oito. O café na casa de Diana seria servido às nove, e depois Gilbert a levaria e Ruby para Terracota. Assim, animada como não se sentia a tempos, Anne tomou uma ducha rápida e se vestiu, sentindo borboletas no estômago ao se lembrar que Gilbert era seu namorado secreto agora, e apesar do incômodo da situação, não deixava de ser excitante.
Quando desceu para o café da manhã, e se encaminhou para a sala onde a refeição seria servida, a primeira pessoa que seus olhos encontraram foi Gilbert, e o calor que viu no olhar dele quando seu tutor a encarou fez seu peito se aquecer. O único inconveniente foi ver Winifred sentada ao lado dele como se tivessem algo mais do que a relação de velhos amigos, e isso a incomodou profundamente, principalmente pela maneira como a loira tentava a todo custo chamar a atenção de Gilbert com suas piadas sem graça, e perguntas sem sentido.
Anne tentou disfarçar seu desconforto o tempo inteiro, mas não conseguiu ignorar o fato de que Winnie estava lutando com as armas que tinha para conquistar Gilbert, e a história de ambos era antiga, ao passo que Anne só começara a se envolver emocionalmente com ele a poucos meses atrás, porque no tempo no qual vivera em Terracota, ela fora apenas uma garotinha a qual Gilbert olhava com simpatia e tratava como irmã mais nova.
Ela mal notou o que comeu ou bebeu, pois sua atenção estava toda no casal à sua frente. Nem os olhares carinhosos que Gilbert lhe lançava de vez em quando eram capazes de deixá-la tranquila, e também saber que ele era seu namorado não tirava-lhe a sensação de que se sentia ameaçada por Winnie, porque fora ela quem sugerira que mantivessem tudo o que estava acontecendo entre eles em segredo, e para todos os efeitos, o que prendia um ao outro era a cláusula do testamento de seu padrasto.
Quando o café terminou, Anne foi a primeira a se levantar da mesa e ir para o quarto. Suas malas estavam prontas desde o dia anterior, e por isso teria apenas que esperar a hora de partir. Assim que chegou a porta de seu quarto e a abriu para entrar, ela sentiu alguém puxá-la pela cintura, e constatou surpresa que era seu tutor. Ele a fez entrar no quarto e fechou a porta atrás de si, enquanto Anne lhe dizia:
-Você não devia estar aqui.
-Eu sei , mas não ia aguentar esperar para chegar à Terracota sem te dar pelo menos um beijo. - ele disse, aproximando o rosto do dela, fazendo com quem vários arrepios subissem pelo corpo feminino.
-Então veio implorar pelo meu beijo?- Anne perguntou, usando o mesmo tom de brincadeira que Gilbert usara no dia anterior quando falaram daquele assunto.
-Não. Eu vim tomar o que é meu. - ele respondeu com seu olhar queimando o dela, e ao mesmo tempo em que sua boca tomava a dela com fúria. Foi um beijo longo e sensual, suas línguas brigando por espaço, seus corpos queimando em um desejo ainda não satisfeito. Anne se agarrou a Gilbert, sentindo seu corpo responder ao dele de todas as formas possíveis. Ele estava lentamente tornando-a escrava daquelas sensações, e fazendo-a ansiar mais e mais pelo dia em que seria só dele, e ele seria só seu.
-Cenourinha, você está me deixando louco.- ele disse em seu ouvido, enquanto suas mãos viajavam pelo corpo dela em um apelo mudo à satisfação dos seus sentidos.
-Você também me deixa louca. - Anne respondeu, deixando vários beijos no pescoço dele.- Mas não devíamos estar fazendo isso aqui.- ela afirmou, sentindo as mãos de Gilbert apertarem sua cintura de leve.
-Você é minha namorada, e vou te beijar onde e quando eu quiser. - ele disse com a voz rouca, roubando-lhe mais um beijo.
-Nós combinamos de não deixar ninguém saber por enquanto. - ela o lembrou, engolindo em seco quando Gilbert distribuiu beijos por seu colo, indo em direção aos seus seios.
-Eu sei, e pretendo cumprir o que combinamos, mas não sei por quanto tempo vou aguentar esconder de todo mundo que você é minha.- ele respondeu, mudando a direção de seus lábios que encontraram a lateral do rosto de Anne, beijando cada parte dele, fazendo-a se sentir aliviada, pois Gilbert tinha desviado da zona de perigo para onde ele os estava levando antes.
-Não será por muito tempo, eu prometo. - Anne afirmou, acariciando os cabelos de Gilbert.
-Eu quero poder sair com você, andar de mãos dadas, te levar para jantar, dançar ou qualquer outra coisa que você queira fazer sem ter que esconder nada de ninguém. - Gilbert disse, encostando a testa na de Anne.
-Eu também quero fazer tudo isso com você, mas o que lhe peço é que tenha um pouco de paciência.- Anne respondeu, conseguindo imaginar as coisas mais loucas sobre os dois juntos enquanto ele falava. De repente, Anne entendeu que era assim que queria viver com Gilbert, estar sempre junto dele, apoiá-lo em suas conquistas, consolá-lo em suas derrotas e construir um tipo de futuro onde seriam a felicidade um do outro.
Ao mesmo tempo ela tinha medo de acreditar demais nesses sonhos e no final descobrir que eram apenas desejos de uma garota solitária, que um dia ousara querer coisas demais para si. Ao perceber onde sua mente a estava levando, Anne tratou de interromper seus pensamentos. Ela e Gilbert tinham acabado de iniciar seu relacionamento, e por isso desejava ir devagar, sem criar expectativas demais sobre algo que poderia não dar certo, e levando-se em conta o lado explosivo dia dois, o fracasso poderia ser mais certo que a vitória.
-Acho melhor eu sair daqui, antes que alguém perceba minha ausência. - ele deu um último beijo em Anne, e disse:- Vou reunir minhas coisas e te espero lá embaixo .
-Estarei pronta em dez minutos. - Anne afirmou e assim o rapaz a deixou para que pudesse se organizar antes de partirem.
Em poucos minutos, Anne arrumou todas as suas coisas e quando estava verificando o quarto pela última vez para se certificar que não estava esquecendo nada, Ruby entrou e perguntou sem nenhuma cerimônia:
-Você e o primo Gilbert estão juntos?
-Por que está me perguntando isso?- Anne disse, tentando desviar do assunto.
-Porque eu o vi saindo daqui agora a pouco, e não perdi nenhum olhar entre vocês no café da manhã. - Anne olhou para a irmã surpresa por ela ter percebido algo que tentara disfarçar tão bem.
-Não sei do que está falando. - Anne tentou mais uma vez desconversar.
-Eu quero que saiba que não precisa mentir para mim, pois se vocês estiverem juntos, ficarei muito feliz. - Ruby disse, dando um passo à frente e segurando na mão da irmã mais velha.
-Por que quer tanto que eu fique com o Gilbert? - Anne perguntou, sentindo que havia mais naquela fala da menina do que ela queria revelar.
-Porque assim você não ia mais querer ir embora e me deixar sozinha nessa fazenda. - Ruby respondeu com a voz sentida.
-E quem disse que eu vou te deixar?- Anne perguntou, sentindo pena da irmã. Ela já tinha perdido tanta coisa, e era natural que se sentisse temerosa de perder Anne também.
-Você está aqui obrigada e sei que faz isso por minha causa. Eu não quero te ver infeliz, Anne, mas também detesto pensar que minha única irmã queira ir para longe de mim.
-Eu nunca vou te deixar Ruby. Talvez não moremos na mesma casa, mas estarei sempre por perto.
-Você promete?- Ruby disse com um pouco mais de animação.
-Prometo. Agora vamos descer, ou seu primo virá nos buscar a laço. - ela disse rindo, aliviada por Ruby não tocar mais no nome de Gilbert. Ainda não podia contar à sua irmã mais nova o que estava acontecendo entre ela e o seu tutor, pois não queria que ela criasse falsas esperanças para depois se decepcionar. Ela era ainda jovem demais para entender a complexidade daquela situação.
Como no outro dia, elas voltariam para Terracota no helicóptero de Gilbert. A única coisa que não agradou Anne foi saber que Winnie voltaria com eles. Entretanto, não fez nenhum comentário, pois já estava irritada o suficiente para se envolver em uma discussão sem sentido com a loira fútil.
O problema foi que Winnie não parecia querer pegar leve, e sentada ao lado de Gilbert, ela fazia de tudo para tocá-lo a todo instante, e Anne não podia fazer nada a não ser observar a loira se jogando para cima de seu tutor sem nenhum pudor. Quando chegaram à Terracota, Anne estava quase espumando de raiva, e a gota d'água foi quando Winnie se pendurou no pescoço do rapaz, impedindo-o de sair do helicóptero, sugerindo uma intimidade entre os dois , que Anne odiava imaginar que eles tinham.
Sem esperar mais um segundo, ela ajudou Ruby a sair do helicóptero e entrou em casa louca para ficar sozinha e arrancar da cabeça a cena de Gilbert com Winnie. Trinta minutos tinham se passado desde que Anne entrara em seu quarto, e uma batida na porta interrompeu a leitura da ruivinha que tentava se concentrar no livro, sem conseguir de fato avançar para a página seguinte.
Ao abrir a porta, ela viu Gilbert e disse:
-Ficou maluco? O que está fazendo aqui?
-Eu queria falar com você. - ele respondeu, entrando no quarto e tentando abraçá-la, mas Anne fugiu do rapaz dizendo:
-Mas eu não quero falar com você. - ele a segurou pelo pulso e perguntou:
-O que foi que eu fiz?
-Essa é a pergunta errada. Você deveria me perguntar o que foi que você não fez.- ela tentou fugir novamente, mas naturalmente, Gilbert a fez se deitar na cama, em seguida se juntou a ela, prendendo-a com seu corpo a fim de que Anne não conseguisse escapar.
-Agora me explique suas últimas palavras. - ele pediu, enquanto Anne se debatia, tentando se livrar dele.
-Você é mesmo cínico. Winnie deu em cima de você desde a hora em que saímos da casa de Diana, e quando chegamos aqui, ela se pendurou no seu pescoço e você não fez nada para evitar.- Um enorme sorriso se desenhou nos lábios de Gilbert, fazendo Anne perguntar:
-Por que está rindo?
-Você está com ciúmes.
-Não estou não. - Anne tentou negar, mas Gilbert insistiu:
-Está sim. Olha esse biquinho que está fazendo. Eu tinha me esquecido desse detalhe adorável sobre você. Lembro-me que costumava fazer esse mesmo biquinho quando era criança, e eu me recusava a levar você no meu cavalo quando saía para cavalgar pela fazenda. A diferença é que esse detalhe agora te deixa ainda mais linda e sexy. Sinto tanto ter perdido sua adolescência. Eu imagino o quanto seria incrível ver minha garotinha crescer e se tornar essa mulher maravilhosa que me deixa cada vez mais louco por ela. - Gilbert acariciou o rosto de Anne com o polegar, enquanto ela o xingava mentalmente pela capacidade que ele tinha de derretê-la com suas palavras. Sua raiva tinha ido embora no momento em que ele a levara de volta ao passado, e a fizera se lembrar do quanto era bom ser parte daquele lugar e da família Blythe.- Se tivesse ficado mais um pouco no helicóptero antes de entrar, teria visto que eu dispensei Winnie e a mandei para casa no mesmo instante. Que parte você não entendeu quando eu te disse que quero ficar com você?
Suas bocas se colaram, e Anne abandonou qualquer raciocínio quando a língua de Gilbert se enroscou na sua. Ela precisava mais dele, por isso aprofundou o beijo até que ambos tivessem dificuldade para respirar, e tiveram que se separar.
-Se fazer as pazes com você sempre terminar desse jeito, eu vou brigar com você mais vezes.- Gilbert disse, fazendo Anne rir.
-O que queria falar comigo? - ela perguntou, ajeitando os cachinhos dos cabelos de Gilbert que caiam desordenados em sua testa.
-Meu pai me enviou uma mensagem enquanto estávamos voltando para cá, dizendo que teve que viajar às pressas para resolver um assunto de negócios urgente, por isso teremos a casa para nós por uma semana. Então, eu queria aproveitar esse golpe de sorte, e te convidar para sair comigo depois do jantar.- Gilbert explicou, deitando-se ao lado dela.
-Eu aceito, mas onde vai me levar?- ela perguntou cheia de curiosidade.
-Vou te levar para um lugar que é especial para mim. Esteja pronta às oito. - Gilbert ressaltou assim que se levantou da cama, deu um selinho em Anne e saiu do quarto deixando-a com uma expressão sonhadora no rosto.
Logo após o jantar, Anne foi se encontrar com Gilbert no jardim. Ela vestia uma calça jeans confortável, botas de montaria, e uma blusa azul sem mangas e aderente ao corpo que modelava suas curvas de forma graciosa, enquanto seu tutor apresentava seu melhor estilo em jeans desbotado e justo, camisa também jeans, porém em um tom mais escuro, cujas mangas foram dobradas até o cotovelo como ele gostava e botas de couro clássicas.
-Pronta?- ele perguntou, assim que Anne se aproximou dele, pegando na mão dela e deixando um beijo suave na palma.
-Sim. - ela respondeu.
Deste modo, ele abriu a porta do carro, esperou que ela se acomodasse no banco do carona, e só depois tomou seu lugar atrás do volante. A viagem durou cerca de dez minutos, e quando Anne olhou para fora o cenário apesar de ser em sua maioria parecida com um grande deserto, suas formas rochosas davam um certo ar solitário e romântico ao local. Ambos desceram do carro, e entrelaçando seus dedos nos de Anne, o rapaz a levou para uma rocha, de onde Anne pôde perceber o quão alto eles estavam.
Lá embaixo dava para ver a imensa extensão de terra que exibia Terracota em toda a sua plenitude, com suas plantações, casas e estábulos de forma quase surreal.
-Isso tudo é lindo.- Anne disse, admirando a paisagem a sua frente, e tentando absorver toda aquela beleza selvagem da qual quase tinha se esquecido.
-Este é o meu lugar favorito. Sempre venho aqui quando quero me lembrar do porquê amo tanto essas terras.
-Por que me trouxe aqui?- Anne perguntou, encarando os olhos verdes de Gilbert.
-Porque eu tenho esperanças de que você volte a se apaixonar por Terracota assim como eu. - Anne o olhou espantada, e assim ele continuou:- Eu me lembro quando você tinha dez anos e me dizia que queria morar aqui para sempre. Eu sei que muita coisa mudou, e que você e sua família foram muito maltratadas no tempo em que viveram aqui. Mas quero que se lembre que mesmo que tenha ido embora e demorado anos para voltar, aqui é seu lugar Anne, ao meu lado, ao lado de sua irmã. Você pode ter deixado de amar Terracota, mas ela nunca deixou de amar você.
Anne não disse nada, pois preferiu ficar calada, porque as palavras de Gilbert a atingiram mais do que ele podia imaginar. A questão maior era que ela não teria dificuldade nenhuma de amar aquelas terras novamente, uma vez que as lembranças da vida que tivera ali nunca a abandonaram de fato. No entanto, tudo o que desejava era proteger seu coração de um novo golpe caso um dia tivesse mesmo que partir.
Contudo, sentindo os braços de Gilbert ao seu redor e olhando juntos para todas as maravilhas que conseguiam enxergar dali, ela descobriu que havia um único lugar que seria sempre o seu lar, e era no coração daquele rapaz onde ela queria com todas as forças morar para sempre.
Olá, pessoal. Mais um capítulo postado. Me deixem seus comentários e votos de o desejarem. Muito obrigada por lerem. Beijos.
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