Capítulo 15 | Juramento
Você acha que eu sou uma piada?
Porque pessoas como você sempre querem de volta o que não podem ter
Mas eu já superei isso e você sabe
Então, você deveria voltar para o seu bando de rato, dizer a eles que eu sou lixo
(Maniac — Conan Gray)
Saio do imponente edifício adentrando a rua movimentada, e à medida que percorro o caminho, as pessoas lançam olhares em minha direção. Meu rosto coberto de lágrimas chama a atenção, despertando curiosidade, porém ninguém se atreve a se aproximar para falar comigo.
Não faço ideia para onde estou indo, até que, por um impulso, paro em frente ao local onde minha mãe costumava trabalhar durante minha adolescência. O lugar não funciona mais como bordel, transformou-se em um restaurante refinado, com uma extensa fila de espera na porta.
Nunca entrei aqui antes, evito passar em frente a algumas ruas, mas entendo o motivo de ter ido até ali nesse momento. O sofrimento parece buscar mais sofrimento, e ali, as lembranças me invadem, provocando uma dor indescritível.
Passaram-se 10 anos desde que meu coração foi partido pela primeira vez, quando eu tinha apenas 15 anos, e era perdidamente apaixonada pelo mesmo rapaz havia quase seis anos.
Eu nunca fui exatamente popular na escola, as garotas torciam o nariz quando olhavam para mim e mantinham uma distância segura, como se eu fosse portadora de alguma doença contagiosa. Já os rapazes tentavam se aproveitar de mim, fazendo comentários vulgares e tocando-me inconvenientemente.
Tudo mudou quando ele se sentou ao meu lado pela primeira vez. Seu rosto exibia uma suavidade encantadora, e ele era novo na escola, com cabelos dourados, pele bronzeada pelo sol e olhos verdes cativantes.
— Não deveria se sentar aqui. — Digo quando nossos olhos se cruzam.
— Já tem alguém nesse lugar?
— Não, mas vai acabar com sua reputação.
— Isso não importa, eu não tenho uma reputação a zelar. — Respondeu ele com um sorriso que fez meu coração disparar no peito.
Nos tornamos inseparáveis, passando todo o tempo, juntos na escola e trocando mensagens incessantemente fora dela. Eu não tinha coragem de levá-lo até a minha casa, e ele nunca me convidou para conhecer a sua, mas isso nunca foi um problema.
Eu o considerava meu melhor e único amigo, no entanto, com o tempo, os sentimentos foram crescendo e se transformando em algo mais profundo. Ansiava por algo além de amizade, mas estava satisfeita com qualquer tipo de atenção que ele me oferecesse.
Eu o via com outras garotas e sentia inveja, ele compartilhava comigo suas paixões e interesses românticos, e isso me corroía por dentro. Eu queria muito mais, mas não tinha coragem de demonstrar.
Até o dia do meu aniversário de 15 anos, quando ele segurou minha mão e me puxou para um beijo. Nunca havia beijado alguém antes, e aquele momento foi desajeitado e excessivamente molhado. Meu coração batia tão forte que parecia prestes a saltar pela boca, eu estava em êxtase.
Em questão de dois meses, estávamos nos beijando sem parar, na escola, nas ruas, em todos os lugares… exceto em casa.
— Vou estar sozinho em casa amanhã a tarde, minha mãe passará o dia na casa da minha vó. Quer ir até lá? — Ele me perguntou num dia depois da aula, enquanto nos beijávamos em uma praça.
— Claro. — Respondi, nervosa.
Me arrumei mais que qualquer outro dia, era um grande passo, conhecer sua casa. E bem, não era ingênua em achar que não aconteceria nada ali.
Perdi minha virgindade naquele dia, achei que seria finalmente pedida em namoro, mas não aconteceu, pelo contrário ele me pediu para sair rápido que sua mãe voltaria logo.
Ele não respondeu às minhas mensagens, não falou comigo até o dia seguinte, e passei a maldita noite inteira acordada, questionando o que eu havia feito de errado.
No outro dia, na escola, procuro-o assim que chego e o encontro com outros amigos. Pessoas que não sabia que ele andava, meninos que faziam piadinhas e passavam a mão em mim.
Não criei uma cena, apenas sorri e fingi costume quando o cumprimentei. Nunca me esquecerei o sorriso de lado na sua cara, morrendo naquele momento os olhos que eu tanto amava frios como gelo.
— O que você quer? — Ele me perguntou.
— Falar com você, somos amigos afinal. — Respondi envergonhada.
Vejo os amigos dele rir e dar cotoveladas uns nos outros enquanto sussurravam coisas e olhavam para mim.
— Não somos mais amigos Abigail.
— O que quer dizer? — Respondi com lágrimas nos olhos, nada fazia sentido.
— Você realmente achou que eu faria algo mais do que levar você para a cama? Você é só uma putinha fácil igual sua mãe.
Fiquei ali, olhando para ele mais alguns segundos esperando que ele caísse na gargalhada, me abraçasse e confortasse dizendo estar brincando, mas tudo o que ele fez foi se virar de volta para os amigos, que jogaram notas de um dólar em mim.
Sai correndo, fugi da escola nesse dia, sem saber para onde ir ou o que fazer. Com quem eu poderia desabafar meu coração partido, sendo que quem o partiu foi meu único amigo?
Ninguém me consolou enquanto eu chorava sozinha. Ninguém me abraçou e disse que ia ficar tudo bem conforme eu me encaminhava até o bordel que minha mãe trabalhava, jurando que nunca mais me deixaria cair nas ciladas do coração.
Sofri e chorei, faltei às aulas por uma semana, depois mudei meu visual, vesti uma calça justa e ressurgi das cinzas. Não falei com ele novamente, até três anos atrás.
Eu já trabalhava com Pierre na época, mas era nova ali, tinha um show, mas meu nome sequer era falado. Ele estava na plateia, com alguns amigos. Mesmo depois de tanto tempo, reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar.
Ele também me reconheceu, me esperou até a noite acabar e eu sair do clube. Pediu desculpas pela atitude de anos atrás. Explicou que ficou comigo devido a uma aposta — o que não foi a melhor coisa que ele poderia dizer.
Suas mãos seguraram as minhas e ele me puxou pela cintura, dizendo o quanto eu estava linda, como o tempo tinha me feito bem. Eu sorri e acenei, incapaz de dizer o mesmo.
— Pensei muito em você. — Ele falou.
E me perguntei por que ele nunca me mandou uma mensagem se aquilo era verdade. Por que nunca me procurou ou tentou falar comigo? A verdade é que aquilo só era verdade ali, naquele momento em que ele desejava me reconquistar.
— Também pensei em você. — Respondi com um sorriso de olhos brilhantes.
— Quer… — Ele começou, mas logo o interrompi.
— Pensei em como você me fez um favor. Se não tivesse me humilhado, eu poderia realmente estar com um cara como você, feio e ruim de cama. — Eu disse antes de me afastar dele pela última vez.
A lembrança ainda é boa hoje e assim como no dia em que fui humilhada e jurei não me apaixonar mais, aqui nesse mesmo lugar, eu juro que não cairei nunca mais na conversa de Christopher Park.
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