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Capitulo 8 - Never impressed by me acing your tests

TAYLOR SWIFT POINT OF VIEW

Nova York, EUA

September 27, 2022

O trânsito em Nova York estava uma verdadeira selva. Eu já estava tão frustrada que quase podia ouvir o som da minha própria impaciência pulsando dentro de mim. Cada farol que mudava e cada carro que não saía do lugar me fazia questionar o nível de incompetência de algumas pessoas no volante. Eu buzinava mais do que eu gostaria de admitir, e minha cabeça já estava começando a doer com o barulho incessante que vinha da rua.

— Fala sério, né? Como é que pode... O sinal abriu e eles estão dormindo ainda? — resmunguei sozinha, sentindo minha paciência se esvair a cada segundo. O movimento à minha volta parecia estar em câmera lenta, e eu só queria avançar, chegar ao meu destino e parar de perder tempo. Era como se o dia já estivesse me pressionando desde o momento em que acordei.

Respirei fundo, tentando me acalmar. Vick tinha razão. Eu estava tensa, talvez até demais. O estresse de hoje era mais do que apenas o trânsito. Não era só o barulho das buzinas ou o engarrafamento infinito. Era o fato de que meu celular estava vibrando incessantemente na bolsa do banco do carona. Cada mensagem, uma nova notificação de Joe. E, como sempre, as mensagens estavam carregadas de expectativas, tentando me pressionar a tomar uma decisão sobre algo que eu não estava nem perto de estar pronta para decidir.

Eu não queria falar sobre isso agora. Não mesmo.

A sensação que eu tinha em relação a Joe, com sua insistência interminável, era a de um balde de água fria sendo jogado sobre mim. Como se cada mensagem, cada pergunta sobre casamento fosse um peso maior sobre os meus ombros. Eu sentia uma ansiedade crescente que não conseguia controlar, uma tensão que parecia se espalhar por todo o meu corpo. Ele queria uma resposta rápida, mas o problema era que eu não estava nem perto de ter uma. Na minha cabeça, isso tudo parecia irreal — como se ele estivesse tentando me forçar a tomar uma decisão sem me dar espaço para realmente pensar no que eu queria. Eu não conseguia entender essa pressa, e o pior de tudo, essa pressa só me deixava mais nervosa.

Meu olhar se fixou na estrada à minha frente. A luz da manhã entrava pelas janelas, aquecendo meus braços, mas mesmo a suavidade do sol parecia não conseguir aliviar a inquietação que se acumulava dentro de mim.

Eu não tinha tempo para mais nada. Eu tinha uma filha para cuidar, e com dezesseis anos, ela precisava de mais atenção do que nunca. Havia momentos em que sentia que o tempo estava fugindo de mim, como se eu não estivesse acompanhando o ritmo das mudanças que aconteciam ao meu redor. Vick crescia e se tornava uma jovem independente, mas eu ainda queria ser a mãe que estivesse por perto, que a guiava, que fosse seu apoio. As responsabilidades estavam se multiplicando, como se o universo tivesse decidido que eu precisava carregar todo o peso do mundo.

Além disso, meus pais. A empresa da família, que, em algum momento, eu e meu irmão deveríamos assumir, já estava me exigindo mais e mais. Não era mais uma questão de simplesmente ajudar. Eu sentia a pressão de que, em breve, seria minha responsabilidade. E, como sempre, eu sabia que meu irmão teria a vida mais fácil. Ele tinha a liberdade de escolher seus próprios caminhos. Eu? Eu estava presa, de alguma forma, a um destino que parecia ser escolhido por outros.

Eu quero fazer a faculdade.

Eu precisava disso. — Para mim. Não para provar nada a ninguém, mas porque eu sentia que merecia.

Eu sabia que, ao longo dos anos, havia colocado os meus próprios sonhos de lado, muitas vezes por conta da minha filha. — Não que isso fosse algo que eu me arrependesse. Claro que não. Eu amo ser mãe. Cada momento com Vick era precioso, cada risada dela, cada conversa, cada dificuldade que passamos juntas me faz sentir que era tudo o que eu precisava.

Mas eu também sabia que precisava de algo para mim mesma. Algo que fosse só meu. Eu precisei abrir mão de tanto, por tanto tempo. E, mesmo que não falasse sobre isso com a minha filha — porque nunca seria justo jogar essa carga sobre ela —, eu sentia a necessidade de realizar o sonho que ficou guardado por tanto tempo, lá no fundo do meu coração, como algo distante, quase inalcançável.

Eu só queria ter a chance de ser mais do que apenas mãe. Queria ser uma mulher com seus próprios objetivos, com sua própria identidade. — Não me entenda mal. Eu amo a minha menininha mais do que tudo, mas há momentos, especialmente quando o silêncio toma conta do carro enquanto eu dirigia, que eu pensava sobre mim mesma, sobre o que eu ainda poderia ser, sobre o que eu poderia alcançar se tivesse o espaço para fazer as minhas escolhas.

Eu só queria que Joseph pudesse me apoiar. Só queria que ele me entendesse, mesmo que por um segundo. Parece simples, mas não é. Ele insiste tanto em avançar, a cada mensagem, a cada conversa, que me sinto como se estivesse em um labirinto de expectativas, onde todas as saídas levam à mesma pergunta: "Quando vamos casar?". Sinto que estou sendo empurrada para uma decisão que não estou pronta para tomar.

Não quero que isso acabe. Não de forma alguma. Eu amo o que temos, e o último lugar onde eu quero chegar é no fim de tudo isso. Eu quero casar, mas não agora. Não nesse momento, quando ainda estou tentando me reencontrar, quando estou em uma fase de tantas mudanças e ajustes na minha vida.

E como se isso não fosse suficiente, tem a questão do jogo dos Chiefs. — Eu juro, se eu ouvir mais uma vez o nome desse time ou ver mais uma vez o logo deles na tela da TV, eu vou surtar. Vick... Vick não me dá descanso. Ela me arrasta para cada jogo, cada entrevista, e cada reexibição de jogos antigos. E, claro, a cada jogo, ela fica empolgada, fala mais do que devia e ri sozinha como se o mundo fosse perfeito.

Eu entendo que ela ame o time. Mas, por favor, alguém me ajude.

Isso tudo era como um peso na minha cabeça. Porque não é só o time. — É ele.

É como se ele estivesse sempre por perto, mas tão distante, como se sua presença pudesse me alcançar de algum jeito, mesmo a milhares de quilômetros de distância.

Toda vez que vejo aquela tela da TV mostrando sua cara de sorriso confiante, seu jeito imponente, aquela energia contagiante que ele tem... Eu sinto como se uma parte de mim fosse cortada. E a pior parte é que, mesmo estando tão longe, ele está tão perto. Cada vez que ele sorri para a câmera, é como se eu estivesse de volta a um lugar que eu não queria estar.

A coisa é que, de alguma forma, com tudo isso, temos algo em comum. Eu e ele. — E é Vick. Ela é o nosso "em comum". E, mesmo que nunca tenha sido minha escolha, essa conexão não se vai.

É como uma linha invisível entre nós, esticando-se e se esticando, mas nunca se quebrando. Como se o destino tivesse decidido que, de algum modo, nos conectaríamos. E mesmo que eu queira lutar contra isso, sei que será uma batalha perdida.

Desci do carro com um leve estalo do cinto de segurança, guardando as chaves na bolsa com a mão direita enquanto a esquerda já segurava meu celular, checando as mensagens não respondidas. Ao dar o último olhar para o retrovisor, respirei fundo, sentindo o peso das responsabilidades que eu carregava. A porta do carro se fechou com um clique suave, e, ao me virar, notei que o céu estava nublando, mas não queria pensar nisso agora.

A pressão de Joe, a pressão do trabalho, a pressão de fazer ou não a faculdade, tudo estava me esmagando de uma forma que me fazia questionar se algum dia eu conseguiria simplesmente... respirar.

Ao olhar para o relógio, houve uma sensação de alívio. Não estava atrasada. Isso era um consolo, uma pequena vitória no meio do caos. — O fato de não precisar enfrentar mais uma bronca sobre a pontualidade já era um pequeno respiro.

Com a chave em minha mão, fazendo um leve som de batida, dei os primeiros passos até a porta do prédio, e ao empurrá-la com a mão esquerda, entrei. O edifício estava silencioso, sem aquela pressa costumeira. O corredor, em contraste com os dias frenéticos de trabalho, parecia vazio, como se estivesse me aguardando. Ao longe, o som do elevador, ainda operando em ritmo lento, soava como uma música que preenchia o ambiente de forma mais profunda, mais... cansada.

Entrei no elevador com um suspiro baixo, que se perdeu no barulho contínuo das engrenagens antigas. O som de cada movimento da cabine me dava a impressão de estar carregando não apenas meu corpo, mas todos os pensamentos ansiosos que ainda dançavam na minha cabeça. As luzes do elevador piscaram um pouco, como se estivessem tão exaustas quanto eu. Subindo lentamente, eu me peguei refletindo mais uma vez sobre tudo. Mas o que me fazia ficar mais ansiosa ainda era a questão da faculdade. Eu tinha isso em mente há tanto tempo, mas nunca foi o momento certo. Agora, talvez fosse.

Além disso, ali estava a pressão da empresa, os planos que não paravam de me sobrecarregar. Eu sabia que deveria ser o foco, o que precisava de toda a minha atenção, mas como seguir em frente com tantas outras coisas me gritando na cabeça? O elevador parou com um leve estalo e a porta se abriu suavemente. O sétimo andar. O corredor, que normalmente estaria lotado de vozes e passos apressados, estava silencioso. O vazio do lugar, à primeira vista, era quase estranho, como se o edifício tivesse percebido que meu próprio estado de espírito precisava de silêncio.

Enquanto caminhava, meus saltos ecoaram no corredor vazio, o som deles quebrando a paz que se instalava ali.

— Bom dia, senhora Collins — falei, com um aceno de cabeça, passando pela recepção.

— Bom dia, senhorita! — ela respondeu com um tom educado, mas ao mesmo tempo, um pouco entediado, como se estivesse repetindo a mesma saudação de todos os dias.

Sem diminuir o ritmo, mantive meus passos rápidos, focada na necessidade de chegar ao meu escritório logo. Mas, ao ouvir a formalidade do "senhorita", algo dentro de mim estalou, um impulso para me desvincular daquele rótulo de "senhorita" que parecia vir com uma carga excessiva de formalidade.

Então, sem parar, lancei a resposta, tentando suavizar, mas ainda com a pressa à flor da pele:

— Apenas Taylor! — retruquei, sem perder tempo, e sem realmente olhar para ela, enquanto minha mão procurava a chave do escritório dentro da bolsa. Eu sabia que ela não tomaria isso de forma rude, mas apenas... automática, como a rotina demanda.

No fim do corredor, estava a porta do meu escritório, com a placa "Taylor Swift - Gerente de Estratégia e Desenvolvimento" brilhando suavemente.

Passei a mão pela minha blusa, ajeitando-me antes de atravessar a porta, sentindo que aquele era o meu espaço seguro, um lugar onde eu poderia controlar pelo menos uma parte do que acontecia na minha vida.

Meus pais tinham me dado esse espaço para que eu começasse a entender o funcionamento da empresa. Era mais uma forma de me prepararem para assumir as rédeas quando chegasse o momento. Mas, sinceramente, o tempo estava me apertando, e a pressão que vinha de todas as direções parecia crescer mais a cada dia.

Sentei-me na minha mesa, desliguei o celular — por mais que soubesse que Joe provavelmente já estaria me ligando em algum momento — e dei uma olhada na agenda do dia. Eu tinha várias reuniões agendadas, todas cruciais para o andamento de nossos planos de expansão. Havia também algumas questões financeiras que precisavam da minha atenção, já que, mesmo não sendo minha área principal, acabei sendo envolvida em várias decisões administrativas. Nesse momento, a única coisa que eu queria era encontrar um equilíbrio. Eu precisava respirar, sem ter que me preocupar com o que os outros esperavam de mim.

Respirei fundo, olhando pela janela que dava para a cidade. O movimento das ruas lá embaixo parecia tão distante, tão pequeno, em comparação ao turbilhão de coisas que estavam acontecendo dentro de mim. Eu sabia que não podia adiar mais as decisões, mas também sabia que não poderia tomar nenhuma delas com pressa.

— Certo, Taylor. — falei comigo mesma, analisando aquele monte de papéis sobre a minha mesa. — Por onde começar?

Fechei os olhos por um instante, tentando organizar os pensamentos que estavam se atropelando na minha cabeça. Cada papel sobre minha mesa parecia me olhar de volta, exigindo atenção, mas eu sabia que não poderia agir por impulso. Respirei fundo e peguei a primeira pasta. Era uma proposta de expansão que precisávamos revisar com urgência. O mercado imobiliário estava em uma fase delicada, e qualquer movimento que fizéssemos tinha que ser estratégico.

Comecei a passar os olhos pela proposta, analisando cada linha. Eu sabia que a empresa estava em um ponto crítico, com a necessidade de adaptação. Havia anos que o mercado imobiliário estava mudando, e eu sentia que minha visão sobre o futuro da empresa precisava ser não apenas inovadora, mas também sensível às novas realidades econômicas.

A porta do meu escritório se abriu suavemente, e antes que eu pudesse desviar os olhos dos papéis que estavam diante de mim, já ouvi a voz irônica e inconfundível do meu irmão.

— Ei, você já está aí? — ele disse, com aquele tom característico de quem se acha o centro das atenções. Era como se ele quisesse brincar com a minha concentração, já sabendo que não poderia me pegar desprevenida.

Levantei os olhos, só para dar um sorriso cansado, mas, ao mesmo tempo, curioso. Eu sabia que a visita dele era mais do que uma simples interrupção. Austin tinha esse dom de aparecer nos momentos exatos em que a pressão estava me consumindo, como se ele soubesse que eu precisava de algo mais do que apenas silêncio.

— Ah, já sei. Vai dizer que é um milagre que eu tenha chegado... — comentei, fazendo um gesto com a mão, como se o tempo estivesse de alguma forma me desafiando. Abaixei o olhar por um segundo, ligando a tela do meu celular para conferir o horário. — Com meia hora de antecedência. Estou errada?

O mais novo se acomodou na cadeira à minha frente, cruzando os braços de forma casual, mas com um olhar que, se eu fosse ser honesta, sabia exatamente o que significava. Seus olhos azuis, tão profundos e incisivos, estavam focados em mim de uma maneira que me fazia sentir como se ele fosse capaz de ler minha mente, de entender onde as coisas estavam apertando.

Ele nunca foi do tipo que se surpreendia com as decisões que eu tomava. Ao contrário, ele era aquele tipo de irmão que sempre parecia entender antes de qualquer outra pessoa o que estava se passando comigo. Mas, ao mesmo tempo, ele também sabia o que eu precisava ouvir, mesmo que eu não quisesse admitir. E, pelo seu olhar, eu sabia que ele ia me dizer algo que, no fundo, eu já sabia.

Austin esticou a perna para frente, apoiando-se na mesa, e seus olhos se suavizaram um pouco, como se ele estivesse tentando pesar as palavras antes de falar. Ele nunca gostou de me ver em um estado de incerteza, e eu sabia que, por mais que tentasse manter a calma, ele ia encontrar uma maneira de me dar o empurrãozinho necessário.

— Não. — deu de ombros, com aquele gesto irreverente que ele sempre usava quando queria simplificar as coisas. — Não tem graça zombar de você, se você já sabe que vou fazer isso.

Ele bufou dramaticamente, fazendo questão de exagerar os ombros caindo para trás, e eu não pude evitar uma risada. Era impossível ficar irritada por muito tempo com ele.

— E você está com cara de poucos amigos hoje.

Austin fez um gesto vago com as mãos, como se estivesse se livrando da conversa sem muito esforço.

— Isso, meu irmão, é resultado de todo o estresse que estou tendo por sua causa. — respondi, jogando o papel que estava em minhas mãos sobre a mesa, deixando escapar um suspiro pesado. Minha cabeça estava começando a pulsar de tanto tentar dar conta de tudo.

Ele arqueou uma sobrancelha e se recostou na cadeira, uma expressão de leve ofensa brincando em seus traços.

— Minha? — perguntou, apontando para si mesmo com uma cara de quem não podia acreditar no que estava ouvindo.

— Sim, sua. — assenti com firmeza, tentando manter o tom de seriedade, mas sem conseguir evitar a risada irônica que escapou. — Mas que merda de ideia foi aquela de me mostrar os ingressos para o jogo, hein?

Ele deu uma pequena risadinha, como se já soubesse que seria alvo do meu julgamento.

— Taffy, eu já pedi desculpas! Eu não pensei que Vick fosse uma torcedora tão... tão...

— Fanática? Ela é! — interrompi, massageando as têmporas com força, já sentindo a dor de cabeça começar a se intensificar. As palavras dele não ajudavam em nada a diminuir a tensão. — E mesmo que não fosse, Austin... você sabe sobre tudo. Eu não quero mais ter qualquer ligação com isso.

— Eu cometi um erro. Sinto muito. Mas não acha que algum dia vai ter que dizer a verdade? — indagou com uma sinceridade que, por mais que tentasse manter a distância, não passava despercebida. Ele parecia realmente se arrepender, mas logo seguiu com um raciocínio lógico, tão típico dele, que fez meus olhos rolarem sem que eu pudesse evitar. Mas o que me incomodou mais foi que, no fundo, ele estava certo. Meu estômago se revirou, desconfortável com a verdade nua e crua que ele acabara de jogar sobre a mesa. — Tay, a Vick vai crescer. E mesmo que ela não vá agora a um jogo, só porque você não está deixando, ela pode querer ir futuramente. Você não vai impedi-la para sempre.

Soltei um suspiro mais alto do que deveria, o som ecoando um pouco mais do que o normal na sala silenciosa. Eu queria ficar em silêncio, mas não conseguia escapar daquelas palavras. — Ele tinha razão, mais do que eu gostaria de admitir. Não dava para controlar tudo o tempo todo, especialmente quando se tratava de Vick e de sua própria independência crescendo com o tempo.

Me recostei na cadeira, tentando processar a pressão crescente em minha cabeça. Austin se aproximou mais, apoiando os cotovelos sobre minha mesa, criando aquele espaço pequeno e íntimo entre nós. O gesto dele era um convite para que a conversa continuasse, mas eu sabia que não queria dar a ele o prazer de ver meu conflito exposto.

— Não vou falar sobre isso agora. — minha voz soou mais seca do que eu pretendia, e percebi que minha garganta estava começando a secar. Era como se as palavras se acumulassem, e eu tivesse que engolir todas elas para manter a compostura. — Sei que você não fez por mal. Mas, sério, Tin, eu te juro que, se você cometer mais uma gafe dessas, não respondo por mim.

O olhar dele estava fixo em mim, mas eu podia ver que, no fundo, ele entendia. Ele piscou lentamente, com aquele sorriso travesso que fazia qualquer coisa parecer menos grave do que realmente era.

— Não vai acontecer. — garantiu com confiança.

Um breve silêncio se instalou entre nós, mas não era desconfortável. Era o tipo de silêncio que deixa espaço para pensamentos não ditos, e eu, inevitavelmente, mergulhei nos meus.

A ideia de tudo desmoronar, de Vick descobrir a verdade e me odiar por isso, fez meu peito apertar. Era um cenário que eu evitava a qualquer custo, mas, por mais que tentasse afastar essa possibilidade, ela parecia sempre à espreita, como uma sombra persistente.

Sacudi a cabeça, tentando afastar o peso do pensamento. Não era o momento para me afundar nesse tipo de reflexão. Respirei fundo e voltei minha atenção para Austin, que ainda estava ali, me observando com aquele olhar que misturava sarcasmo e curiosidade genuína. Ele parecia estar preparando algo, o que geralmente significava que eu deveria me preparar também.

— Teffy, vou te contar uma coisa... — começou, inclinando-se sobre a mesa, baixando a voz como se estivesse prestes a revelar o maior segredo do universo. A maneira como ele gesticulava e me olhava de canto fazia parecer que aquilo era, de fato, uma informação de extrema importância.

Eu, pateticamente, me inclinei também, como se a gravidade de sua postura fosse contagiante. Com Austin, nunca se sabe. — Ele podia estar prestes a fazer uma revelação séria ou simplesmente me jogar alguma piada ridícula. Era essa imprevisibilidade que tornava as conversas com ele tão... exaustivas e, ao mesmo tempo, divertidas.

— Fala logo, garoto! — sibilei, semicerrando os olhos, tentando decifrar sua expressão.

Ele fez uma pausa teatral, apenas para me irritar, como sempre fazia. Então, cruzou os braços sobre a mesa, como se estivesse prestes a soltar uma bomba.

— Você chegou cedo hoje, o que, devo admitir, é quase um milagre. — falou, com um tom provocador escapando em cada palavra. — Mas quer saber quem conseguiu te vencer nessa?

Arqueei as sobrancelhas, meu rosto uma mistura de descrença e impaciência. Ele estava falando sério ou era mais uma tentativa de me tirar do sério?

— Ah, vai. Não me deixa no suspense, Austin. — incentivei, cruzando os braços e me recostando na cadeira, embora minha curiosidade estivesse claramente estampada no rosto.

— É melhor eu não contar. — ele respondeu, apoiando o queixo na mão e balançando a cabeça como se fosse uma decisão difícil. — Você provavelmente não vai acreditar mesmo.

— Austin, pelo amor de Deus, eu tenho papéis para revisar. Fala logo ou vou te expulsar daqui. — ameacei, mas minha voz carregava um riso contido. Ele sabia que eu estava entrando no jogo dele, e isso apenas fazia com que ele prolongasse ainda mais a situação.

— Joseph. — Austin respondeu, recostando-se na cadeira com aquele jeito despreocupado, mas mantendo o olhar fixo em mim, como se esperasse minha reação. — Meu querido cunhado está aqui, conversando com nossos pais sobre o que ele chamou de uma "emergência".

Por um momento, minhas mãos congelaram sobre a pilha de papéis na mesa. Mas foi só um segundo. Depois disso, soltei uma risada que ecoou pelo escritório. — Uma risada sincera, daquelas que saem antes que você consiga processar o que realmente está acontecendo.

— Impossível. — rebati, ainda rindo. — Não, Austin. Joe não está aqui. Se ele estivesse, eu saberia.

Balancei a cabeça, tentando conter as risadas, mas a ideia era tão absurda que eu mal conseguia me levar a sério. — Joseph aparecendo assim, sem mais nem menos? Não fazia sentido.

— Ótima piada, cara. — falei, apontando para ele com a caneta que segurava. — Muito criativo, mas agora sério, dá o fora daqui. Eu tenho uma pilha de trabalho me esperando, e sua contribuição já foi mais do que suficiente por hoje.

Apontei para a porta, esperando que ele se levantasse e seguisse meu comando. Mas meu irmão não se mexeu. Nem um centímetro. Ele continuou exatamente onde estava, seu corpo relaxado, mas com uma expressão tão séria que fez minha risada morrer na garganta.

Foi naquele instante que algo mudou. Um alarme silencioso soou dentro de mim.

Minha testa franziu, e coloquei a caneta sobre a mesa com um movimento calculado, meus olhos fixos nele.

— Está falando sério? — perguntei, minha voz mais baixa e cautelosa, como se eu precisasse medir cada palavra antes de pronunciá-la.

Ele inclinou a cabeça levemente, cruzando os braços, como quem está se preparando para entregar uma notícia nada agradável. Não houve resposta imediata, o que me deixou ainda mais desconfiada. Meu coração começou a acelerar. — Não era possível. Não podia ser verdade. Joseph não aparecia assim, sem avisar. Ele era... metódico demais para algo tão impulsivo.

A sensação que tomou conta de mim quando meu irmão afirmou, com toda a calma do mundo, que Joe estava no escritório foi quase como um soco no estômago. Não era só a informação em si, mas a forma como ele disse: tão direto, tão sério, tão... sem graça. Meu coração deu um salto doloroso no peito, e um peso que eu não queria sentir começou a se formar, como se tivesse uma bomba-relógio prestes a explodir na sala ao lado.

— Você está falando sério? — minha voz saiu mais alta do que eu queria, carregada de uma urgência que não consegui disfarçar. O caos interno que eu tentava mascarar havia transbordado, e era óbvio que ele tinha percebido.

Ele se recostou ainda mais na cadeira, cruzando os braços de forma casual, e suspirou, como se estivesse se divertindo com a situação. Tin sempre adorava me ver perder o controle, mesmo que fosse por uma questão séria.

— Estou falando sério, Tay. — respondeu, como se quisesse acabar com o meu suspense, mas sem pressa alguma. — Não tô zoando. Ele está aqui. Na sala com nossos pais.

Minhas mãos começaram a formigar, e eu as fechei em punhos, tentando trazer de volta algum senso de realidade.
O que Joseph está fazendo aqui? Essa pergunta se repetia na minha cabeça como um alarme insistente, enquanto uma enxurrada de cenários absurdos e perguntas sem respostas começava a surgir. Nenhuma delas fazia sentido. Não era do feitio dele aparecer assim, do nada, sem aviso prévio, e certamente não sem que eu soubesse antes.

Droga.

Apertei meu dedos contra a borda da mesa, na esperança de me recompor antes que Austin percebesse qualquer sinal de fraqueza. Eu odiava dar esse tipo de satisfação para ele, ainda mais quando estava claramente se divertindo às minhas custas.

— Filho da p... — comecei, mas me interrompi, mordendo o interior da bochecha. Ótimo momento para perder a compostura, pensei comigo mesma, lembrando que ainda estava no escritório. Respirei fundo e tentei de novo, com mais controle. — Por que diabos você não me disse isso assim que entrou aqui, hein?

O idiota ergueu as sobrancelhas, como se eu fosse a pessoa mais insuportável do mundo, e deu de ombros com aquela despreocupação irritante que parecia parte de sua essência.

— Porque você estava ocupada me culpando por ser a causa de todo o seu estresse. — disse com um tom casual, quase inocente, mas o brilho divertido nos olhos o entregava.

Fechei os olhos por um breve momento, tentando decidir se respondia ou apenas jogava um objeto na cabeça dele. Escolhi a terceira opção: levantar e sair dali antes que ele conseguisse me irritar ainda mais.

Levantei-me devagar, ajustando minha saia e o blazer, como se fosse entrar em uma reunião importante. Cada movimento foi meticuloso, quase automático, enquanto minha mente ainda tentava processar o que estava prestes a enfrentar. Passei as mãos pela barra do tecido para garantir que não havia nenhum amassado. Não era sobre aparência; era sobre manter o controle em meio ao caos.

Enquanto caminhava até a porta, passei ao lado de Tin, que ainda estava jogado na cadeira como se fosse o dono do lugar, e, não consegui resistir à tentação. — Estiquei a mão e dei um leve tapa na parte de trás da cabeça dele, só o suficiente para mostrar meu descontentamento.

— Au! — ele exclamou, levando a mão ao local e me olhando com indignação exagerada, como se eu tivesse cometido um crime contra ele.

— Isso é por me fazer perder tempo com suas piadinhas inúteis. — respondi com um tom firme, mas sem esconder um pequeno sorriso de satisfação. Ele merecia.

Austin bufou, massageando a cabeça teatralmente, mas ainda assim parecia satisfeito consigo mesmo.

Senti meu corpo se mover com uma força que eu não sabia que ainda tinha. Não queria ver Joe agora. Não queria ter essa conversa. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que se eu não fosse até ele, ele viria até mim. E eu não sabia o que seria pior. Não queria, de forma alguma, enfrentar mais uma dessas conversas em que ele tentava forçar uma resposta, me pressionando sobre o nosso futuro.

Minha respiração ficou mais rápida à medida que me aproximava da porta, mas ao mesmo tempo, eu sentia como se estivesse em câmera lenta.

Quando coloquei a mão na maçaneta, algo dentro de mim cedeu. Eu queria desistir, voltar para minha mesa, sentar e simplesmente... respirar. Mas a sensação de que eu precisava saber o que estava acontecendo me impulsionou. Eu precisava de respostas. Eu precisava saber o que Joseph estava tentando fazer com minha vida agora.

Então, antes que pudesse mudar de ideia, abri a porta e dei um passo para fora. O corredor estava silencioso, exceto pelo som suave de vozes vindo do outro lado. A voz de meu pai era nítida, segura, como sempre, mas a de Joseph... ele tinha um tom mais grave, quase como se estivesse tentando convencer meu pai de algo.

Quando me aproximei da sala, notei que a porta estava apenas entreaberta, deixando uma fresta estreita de onde escapavam fragmentos de vozes. Por um momento, hesitei, parando no meio do corredor, como se aquele pequeno espaço entre mim e a porta fosse um abismo impossível de atravessar.

Inclinei-me ligeiramente para frente, apoiando a mão na parede próxima, enquanto tentava recuperar o minimo de paciênciae e controle. Não era como se eu estivesse correndo, mas a tensão que se acumulava no meu corpo era tão física quanto emocional. Passei os dedos pela minha testa, afastando um fio teimoso da minha franja, que insistia em cair sobre meus olhos, e então me obriguei a dar mais um passo.

— Estou falando sério, Scott. Isso é importante. Eu preciso de uma resposta dela. Não posso continuar assim. Eu... — Joseph pausou abruptamente ao me ver parada na porta. Seus olhos azuis encontraram os meus, carregados de uma mistura de surpresa e alívio, como se ele tivesse passado horas ensaiando aquele momento e, agora, o destino finalmente o tivesse entregado.

O silêncio na sala parecia ainda mais pesado depois disso. O ar carregava o aroma suave do chá que minha mãe segurava entre as mãos.
Era uma cena familiar para mim — aquela tradição boba de Joe e seu chá, se tornara uma consequência por ser noiva de um britânico. Às vezes, ele conseguia me convencer a participar, embora eu nunca tivesse entendido o fascínio.
Andrea estava sentada na poltrona de estofado bege, os olhos oscilando entre mim e Joseph, como se assistisse a um jogo de tênis silencioso.

Meu pai, Scott, estava de pé, encostado no parapeito da janela do outro lado da sala. Suas mãos repousavam nos bolsos da calça social cinza, e seu olhar estava fixo na estrada lá fora. Ele não parecia realmente observar nada em particular, mas o movimento lento do seu maxilar denunciava que ele estava processando tudo com uma intensidade que só ele tinha.

— O que está acontecendo? — perguntei firmemente, quebrando o silêncio. Dei um passo hesitante para dentro, sentindo o peso de todos os olhares recaírem sobre mim.

Alwyn limpou a garganta, ajeitando a postura como quem tenta reunir coragem para falar. Mas ele não disse nada. Em vez disso, olhou para meu pai, como se esperasse alguma permissão silenciosa.

O mais velho finalmente se virou para mim, o rosto parcialmente iluminado pela luz que vinha da janela, apesar da escuridão de um céu nublado naquela manhã. Ele parecia aborrecido, mas havia algo mais ali, escondido sob o semblante sério — uma preocupação que ele raramente demonstrava abertamente. Ele era o tipo de homem que preferia deixar suas expectativas claras sem usar palavras, e aquele olhar me dizia exatamente o que ele queria: que eu assumisse o controle, que eu fosse a adulta naquela sala.

Engoli em seco, meus dedos apertando involuntariamente o tecido da barra do meu casaco. O desconforto era palpável, como se todos os problemas não resolvidos entre nós tivessem se materializado ali, tornando o ambiente sufocante.

— Ah, Taylor, que bom que chegou! — minha mãe exclamou, com uma animação que me deixou um tanto intrigada. Geralmente eu era recebida com sermões e cara feia.

— O que está acontecendo, Joe? — repeti a pergunta, já impaciente.

— Seu pai e eu estávamos conversando com Joe. — mamãe respondeu, com um tom que parecia julgar minha forma de falar com meu noivo.

— Sua mãe estava. — papai corrigiu, servindo uma xicara de café, com uma expressão cansada.

Andrea lançou-lhe um olhar de advertência, e o homem suspirou.

Joe levantou-se de onde estava, puxando uma cadeira para que eu mesma sentasse — um ato de cavalheirismo que, quando estávamos a sós, não era usado por ele.
Recusei com um balançar de cabeça.

— Será que posso saber o que é que vocês estavam falando? — minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia, e eu podia sentir a tensão acumulando em meu peito. Não era apenas a conversa que me incomodava, mas a invasão do meu espaço.

O britânico, com seu olhar tranquilo e aquele sorriso quase forçado, se manteve em silêncio por um momento.

— Acalme-se, querida. — Andrea pediu, de forma quase exagerada, batendo as unhas contra a mesa de vidro como se estivesse marcando o ritmo de algo, talvez até tentando quebrar o silêncio constrangedor. Ela estava com aquele tom, que, não era nenhum pouco habitual para ela. Pelo menos não quando estava comigo.. — Ele veio com boas intenções.

A palavra "intenções" fez meus olhos se estreitarem. Eu já sabia que isso era um pretexto para algo mais. Eu podia sentir no ar.

Quais boas intenções? — cruzei os braços com uma leve impaciência.

Mamãe não se abalou. Ela parecia confortável demais com a situação. Como se, de algum modo, tudo estivesse sob controle para ela.

— Bem, ele nos explicou que... você anda um pouco atarefada — ela pausou, talvez querendo encontrar as palavras mais exatas, mas também querendo garantir que fosse dito da maneira mais suave possível. — Com a Vick, a empresa... Não lhe sobra tempo para que vocês possam falar sobre o casamento.

Eu engoli em seco. O estômago revirou, uma sensação amarga subindo pela minha garganta. Isso não estava acontecendo. Não ali, não agora. Não de novo.

Meu olhar se desviou para Joe, que estava parado ao meu lado. Terno azul impecável, o cabelo bem penteado, e a barba feita — algo que sempre me irritava profundamente. Odeio quando elr faz a barba. —  e um sorriso irritante. Não consigo acreditar que ele apelou para os meus pais. — Minha mãe, mais especificamente.

— Isso não diz respeito a vocês. — as palavras soaram de mim de forma rude. E era pra soar! Não era apenas uma simples recusa. Era a sensação de que estavam invadindo algo que eu já tentava manter sob controle há tanto tempo. — Somos adultos, e podemos resolver nossos próprios problemas sozinhos.

Andrea pareceu não se abalar, continuou com o olhar fixo em mim, sua expressão carregada de uma paciência que eu começava a achar insuportável. Ela nunca entendeu a necessidade de espaço, de autonomia. Era como se, de algum modo, ela achasse que o papel de mãe fosse interferir em cada mínimo detalhe da minha vida.

— Taylor, nós só queremos ajudar. — insistiu, a voz um pouco mais suave agora, tentando parecer conciliadora, como se tentasse puxar a conversa de um lugar mais tranquilo.

Eu revirei os olhos involuntariamente, meu corpo automaticamente buscando alguma forma de resistência ao que parecia ser um jogo ensaiado de manipulação. E, no meio desse movimento, meu olhar encontrou o de meu pai. Ele estava atrás dela, em pé, mais silencioso do que o habitual, mas seus olhos estavam fixos em mim. Eu podia sentir a pressão silenciosa que ele exercia, e a forma como ele parecia quase implorar para que aquela cena chegasse ao fim o mais rápido possível. Ele odiava esses confrontos, esse tipo de drama. Eu sabia disso, e sabia que ele não queria mais se envolver.

— Querida, seu pai e eu tomamos uma decisão. — mamãe continuou, sem se importar com o que eu pensava.

Ela tomou. — Scott interrompeu, mas não era com raiva. Era mais uma constatação, uma forma dele tentar dar um toque de realismo à coisa toda, como se dissesse "não sou eu quem está mandando aqui."

Nós. — a mais velha enfatizou, um pouco mais firme, mas também de um jeito que só ela poderia fazer. Ela o encarou com um olhar tão duro que parecia capaz de cortar vidro. A tensão entre os dois foi quase palpável, como se estivessem competindo por quem falaria a última palavra. Ele suspirou, sem saber muito o que fazer, e ela continuou, sem se dar por vencida. — Seu pai e eu decidimos que você pode tirar uma folga.

— O quê? — descruzei os braços abruptamente, como se a reação automática do meu corpo fosse uma maneira de me distanciar daquela situação. Minhas sobrancelhas se franziam, meu rosto se contorcendo em confusão e incredulidade. Eu não podia acreditar naquilo. — Eu não quero folga. Não pedi por nada disso.

— É para que possamos ter tempo de organizar nosso casamento. — Joseph disse, com uma persistência que não me agradava. — Amor, olha pra mim. — ele tentou, colocando a mão no meu ombro, mas, sem pensar, dei um leve empurrão em seu peito. Não era algo agressivo, mas era um sinal claro de que eu não estava disposta a ser tocada ou acalmada daquela maneira. Eu não precisava de mais um toque forçado de preocupação. Precisava de espaço. — Taylor, você disse que não tinha tempo. Agora tem.

Aquelas palavras bateram em mim como uma onda forte. Eu fechei os olhos por um momento, tentando encontrar alguma paciência dentro de mim. Minhas mãos se moveram até o cabelo, e eu passei os dedos pelos fios em um gesto nervoso, a frustração tomando conta de cada célula do meu corpo.

— Eu não vou interromper meu trabalho por algo que pode esperar! — declarei, a raiva tomando conta da minha voz. — Mãe, pai, vocês precisam de mim aqui. Nós ainda temos muitas reuniões para fazer, muitos compromissos. Eu não posso simplesmente parar tudo para organizar um casamento!

— Podemos manter tudo sob controle. — Andrea insistiu, tentando acalmar a situação, como se suas palavras fossem a solução. Como se de alguma forma ela estivesse dizendo que tudo ficaria bem, mas eu não acreditava nisso. — Será somente o tempo para que vocês se casem, Taylor.

Eu estava sentindo uma mistura de frustração, raiva e desespero. Não era apenas sobre o casamento, nem sobre as reuniões de trabalho que eles achavam que eu poderia abandonar. Era sobre o controle. O controle que eles pensavam que tinham sobre minha vida.

— Vocês não... era para resolvermos isso só... uurg! Vocês são impossíveis! — deixei escapar, a raiva se tornando mais evidente em cada palavra. Já não conseguia mais me controlar, e, sem pensar, empurrei meu irmão ao passar pela porta.

Era uma sensação insuportável. Como se a vida, minha vida, estivesse sendo invadida de todas as direções possíveis. E o pior de tudo era que, apesar de ser uma adulta, com responsabilidades, um lar e uma filha que dependia de mim, ainda parecia que meus pais tinham uma maneira de se meter em cada detalhe, como se eu fosse incapaz de seguir meu próprio caminho sem o controle deles.

Ouvi o som dos passos rápidos de Joe atrás de mim e senti minha paciência se esvaindo a cada segundo. Acelerei o ritmo, minha mente, completamente focada em fugir da situação, buscando algum tipo de refúgio.

Para minha surpresa, meu noivo não estava disposto a me deixar em paz tão facilmente. Quando entrei na sala e tentei fechar a porta com rapidez, a mão dele se colocou entre a madeira e o batente, impedindo o movimento. A porta parou no meio do caminho, e eu vi seus olhos, fixos em mim, com uma mistura de frustração e uma pitada de desdém.

— Eu não quero conversar! — falei, a raiva estava pulsando em cada sílaba. Empurrei a porta, tentando a todo custo criar um espaço entre nós.

— Isso é muito imaturo da sua parte. — Joe debochou, a calma dele contrastando com minha tensão crescente. Ele estava parado ali, segurando a porta com uma mão, seu corpo imóvel como se fosse uma parede. — É sério que você quer fazer esse show aqui?

Parei, deixando os músculos do meu corpo relaxarem, e, por um momento, não sabia o que fazer. Meu braço que estava tentando empurrar a porta caiu ao longo do corpo, e a única coisa que consegui fazer foi deixar meus ombros caírem em resignação. Eu estava exausta. Sim, tudo era ridículo. Cada segundo daquela situação parecia uma ridiculo.

Tudo é ridiculo.
O fato de eu ser alguém que, de certa forma, ainda depende dos pais; alguém que não tem uma carreira sólida, alguém que ainda estava presa a uma relação onde nunca saíra da fase de noivos.

E, de certa forma, eu me sentia culpada por ainda estarmos nessa situação. — porque ele estava aqui, tentando de tudo para que nos tornassemos marido e mulher.

Mas eu sempre fugia. Como uma covarde.

Eu me odiava por tudo isso.

O fato de que minha independência era uma miragem distante, algo que eu achava que poderia alcançar, mas que sempre parecia escorregar pelas minhas mãos.
O fato de eu não ser capaz de ser quem eu queria ser, de viver a vida que eu planejei.

Era como se eu estivesse constantemente lutando contra um espelho, tentando ver quem eu realmente era, mas o reflexo que via sempre me devolvia uma versão diluída de mim mesma.

Eu via aquela mesma adolescente cheia de sonhos. — Aquela antes dele, aquela antes de Vick.

Eu me sentia um desastre completo. Uma confusão de emoções que parecia ter transbordado para a minha vida profissional, pessoal e, aparentemente, até para dentro da minha sala.

Antes que eu pudesse reagir, Joseph já tinha passado pela porta. Ele a fechou com cuidado, mas o som do clique da chave parecia mais um eco ensurdecedor em meio ao caos que ele mesmo tinha ajudado a criar.

Eu o observei por alguns segundos, a postura dele era incrivelmente casual para alguém que acabava de invadir meu espaço de trabalho. Ele se encostou na borda da minha mesa, o maxilar travado, como se estivesse segurando palavras que queria despejar, mas que, por algum motivo, ainda mantinha contidas. Era irritante. Essa calma controlada dele me dava nos nervos.

— Você não me ama? — ele perguntou de repente, a voz baixa, mas firme. A pergunta soou como um golpe, inesperada e direta. Era o tipo de frase que ele sabia que me desarmava.

Revirei os olhos, cruzando os braços enquanto tentava manter o controle das minhas próprias emoções.

— Não seja ridículo. — murmurei, me movendo para o outro lado da mesa. Eu precisava de distância. Precisava de ar. Mas Joe era rápido. Antes que eu pudesse dar mais um passo, ele segurou meu braço, o toque firme, mas sem força suficiente para machucar.

— Isso não é uma resposta, Taylor. — rebateu, a tensão visível em seu rosto, mesmo enquanto tentava manter a expressão neutra. O que ele realmente queria era me fazer ceder, como sempre fazia.

Soltei um suspiro pesado, minha frustração vazando em cada palavra enquanto eu respondia, olhando diretamente para ele:

— Você sabe que te amo. — respondi, quase em um sussurro. Coloquei minha mão sobre a dele, tentando criar alguma ponte entre nós, mas o que eu realmente queria era fazê-lo soltar. — Mas foi imbecil da sua parte vir falar com eles. Joseph, eu não vou parar de trabalhar.

Ele balançou a cabeça, soltando um riso seco e cansado.

O homem me puxou com firmeza para mais perto, como se estivesse tentando capturar toda a minha atenção, prender-me em sua órbita. Sua expressão era uma mistura de desespero e frustração, seus olhos vasculhavam os meus em busca de uma resposta. — A proximidade era sufocante. Ele prendeu uma perna entre as minhas, criando uma barreira física que parecia simbolizar tudo o que nos mantinha presos naquele ciclo vicioso.

— Então me diga, Taylor — ele começou, sua voz grave, carregada de um tom que oscilava entre súplica e exasperação. — O que eu deveria fazer para finalmente começarmos a organizar nosso casamento? — sua mão apertou levemente minha cintura, como se precisasse daquele contato para se ancorar. — Eu te amo como um louco, ao ponto de recorrer aos seus pais para isso. E mesmo assim, sou chamado de imbecil. O que tem de errado comigo?

Fechei os olhos por um segundo, tentando processar o peso de suas palavras enquanto minha mente corria em mil direções. O som da respiração dele era quase ensurdecedor naquele silêncio tenso. Abri os olhos, encarando-o diretamente, recusando-me a recuar mesmo que meu instinto me dissesse para fugir.

— É muito mais do que uma questão de tempo. — minha voz saiu firme, mas com um tom cansado que eu sabia que ele iria notar. — Como espera que eu não te ache um imbecil, quando você recorre justo às pessoas que sabe que eu não quero que se envolvam mais na minha vida do que já são envolvidos?

O loiro balançou a cabeça, como se minha resposta fosse mais uma barreira do que uma explicação. Seus olhos se estreitaram, o semblante ficando mais duro enquanto sua paciência começava a se esgotar.

— E é questão de quê, então? — rebateu, as palavras cortantes, mas sem perder o controle completo. Ele era bom em equilibrar sua raiva, mas naquele momento eu podia sentir que estava andando em uma corda bamba.

— A Vick, Joe. Você sabe que eu quero que ela se sinta segura com o fato de nos casarmos. Que isso seja algo bom para ela também.

Ele inclinou a cabeça, soltando um suspiro pesado que carregava o peso da sua frustração. Passou a mão pelo cabelo loiro, desalinhando-o pela segunda vez naquela manhã. Seus olhos encontraram os meus, carregados de determinação misturada com impaciência.

— Eu posso resolver isso.  —garantiu, o tom arrogante demais para o meu gosto. — Ela tem uma personalidade forte, eu sei disso. Mas eu posso ser amigo dela. Me dê essa chance.

— Não sou eu que não estou te dando chances, Joe. — respondi, sustentando seu olhar. — A Vick tem a própria opinião sobre as coisas. Ela não é uma criança que pode ser convencida com presentes ou gestos vazios. Você precisa conquistar a confiança dela, e isso... leva tempo.

Joe passou a língua pelos lábios, claramente escolhendo suas palavras com cuidado, algo que não era exatamente o seu ponto forte. Mas dessa vez, em vez de responder imediatamente, ele  me puxou levemente para frente, nossos quadris se encontrando de uma maneira que parecia tanto um gesto de proximidade quanto um apelo silencioso.

— Por favor, Taylor. — Alwyn implorou, e eu odiei a forma como meu coração deu um salto ao ouvir aquele tom vulnerável em sua voz. Os mesmos olhos que tinham me conquistado anos atrás estavam agora suplicantes, cheios de uma mistura de amor e desespero. — Eu estou aqui, fazendo de tudo para que a gente se case. Só quero ter você ao meu lado.

Respirei fundo, tentando manter a clareza. O peso das emoções dele pressionava contra mim, mas, ao mesmo tempo, minha mente estava cheia de dúvidas.

— E acha que forçar as coisas assim vai ajudar? — perguntei, baixinho, quase um sussurro. — Joe, eu nunca duvidei do seu amor por mim. — admiti, porque, apesar de nossas diferenças, e das constantes implicâncias entre ele e Vick, ele sempre se preocupava em saber sobre mim. As vezes, tanto, que poderia ser um pouco sufocante.

— Mas você não me apoiou quando eu disse que queria fazer a faculdade. — minhas palavras saíram de mim como um estilhaço. Havia mágoa, mas também um tom acusatório que eu nem me preocupei em esconder.

Ele passou as mãos pelo rosto, apertando os olhos por um momento antes de deixar escapar um suspiro longo e frustrado.

— Porque você quer pôr isso acima do nosso amor... — ele calouse-se imediatamente, e balançou a cabeça, como se aquilo fosse um conceito impossível de aceitar. Por fim levantou as mãos no ar, como quem desiste de uma discussão. — Tudo bem.

Houve uma pausa. Ele forçou um sorriso, um daqueles que nunca alcançam os olhos e só servem para mascarar o desconforto. Seus lábios curvaram-se levemente, mas eu sabia que aquele gesto era mais uma rendição do que uma aceitação genuína.

— Faça a faculdade. — disse, o tom quase resignado. — Você tem meu apoio. Mas... — Joe ergueu uma sobrancelha, como se estivesse deixando claro que havia uma condição. — Vamos conciliar isso com os preparativos do nosso casamento.

Ele bateu as mãos sobre as próprias pernas, como se encerrasse ali o tópico, satisfeito com sua solução prática. Mas para mim, aquilo soava como mais uma tentativa de controlar a situação do jeito dele. Cruzei os braços, inclinando a cabeça levemente enquanto avaliava sua expressão.

— É adorável da sua parte. Eu acho. — murmurei, ainda um pouco confusa com a súbita mudança de atitude. Havia sarcasmo nas minhas palavras, mas também um traço de hesitação.

Ele percebeu minha incerteza e, pela primeira vez na conversa, seus olhos suavizaram.

— Taylor, eu só quero que você seja feliz. — usou um tom de sinceridade que me desarmou por um instante. — E se a faculdade é o que você realmente quer... então tudo bem. Mas eu também quero que a gente siga em frente com isso. Quero que a gente construa nossa vida juntos.

Pensei em argumentar, mas, ele não me deu chance.

— Nós podemos fazer algo mais simples, o que acha? — sugeriu, com uma pontinha de urgência. Como se estivesse tentando me convencer antes mesmo de ouvir minha resposta.

Tentei dar um passo para trás, desprender da perna que ele havia interposto entre as minhas, para colocar alguma distância entre nós, mas ele não deixou. Sua mão manteve-se firme na minha cintura, me puxando levemente para frente. Revirei os olhos, deixando escapar um suspiro exasperado.

— Por favor. — disse com a voz carregada de ironia. — Você acabou de fazer um convite para que a minha mãe organize nosso casamento. Ela vai querer se meter em tudo.

— O quê? — franziu as sobrancelhas, claramente confuso, mas com um toque de indignação. — Eu só pedi a eles que te dessem uma folga para organizarmos as coisas. Só isso.

Soltei uma risada seca, cruzando os braços enquanto o encarava.

— Joe, você realmente acha que minha mãe ouviu "folga"? — usei um tom quase didático, como se estivesse explicando algo óbvio demais. — Não. O que ela ouviu foi: "Por favor, me ajude a organizar o casamento mais grandioso de todos".

Ele abriu a boca para retrucar, mas fechou-a rapidamente. Passou uma mão pelo cabelo, claramente frustrado, mas sem saber como argumentar.

— Eu conheço a minha mãe. Ela vai aparecer amanhã com revistas de noiva, um planner cheio de anotações e, se duvidar, até uma lista preliminar de convidados.

— Talvez seja bom ter ajuda. — falou, sendo convencido rapido demais, de que, a ajuda da minha mãe seria boa.

— Eu não quero um casamento que pareça um desfile de moda ou um evento corporativo. — minhas palavras saíram firmes, cada sílaba carregada de uma sinceridade quase palpável. Meu olhar encontrou o dele, desafiador, esperando que finalmente entendesse o que eu queria dizer. — Eu quero algo nosso, entende? Algo que seja íntimo, real, e que não seja controlado por mais ninguém além de nós dois.

Joseph permaneceu em silêncio por um momento, seus olhos analisando cada detalhe do meu rosto. Seus ombros relaxaram levemente, e ele soltou minha cintura, deixando que o ar entre nós finalmente respirasse.

— Certo. — disse quase como um suspiro, enquanto assentia lentamente. Mas então, seu olhar vacilou, e eu vi algo surgir nele, algo hesitante, mas persistente. — Mas... não seria legal ter algo grandioso? Algo que fizesse as pessoas falarem sobre nós? — fez uma pausa, dando de ombros de forma quase casual, mas seus olhos denunciavam que aquilo não era tão casual assim. — Você sabe, sair nas revistas, aparecer como o casal do ano. Vocês são muito conhecidos, Tay.

Revirei os olhos, me afastando mais alguns passos. Senti

— Você está me ouvindo? — indaguei, o timbre saiu mais agudo do que eu queria, mas não me importei. — Não é sobre como as pessoas vão ver nosso casamento. Não é sobre manchetes ou fotos no Instagram. É sobre nós dois. Sobre o que isso significa pra gente.

— Eu sei disso. — rebateu, mas seu tom de soou defensivo. — Só acho que... você sabe, somos quem somos. As pessoas esperam isso.

Dei uma risada curta, sem humor.

— As pessoas? — repeti, arqueando uma sobrancelha. — Joe, desde quando o nosso casamento é sobre as pessoas? Você quer casar comigo ou com a ideia como finalmente "a primogênita dos Swift casou-se"?

Ele piscou algumas vezes, como se minhas palavras tivessem o atingido de surpresa. Respirou fundo e desviou o olhar por um instante, esfregando a nuca em um gesto que eu já conhecia bem demais — era o que ele fazia quando se sentia encurralado.

— Não é isso. Só... só quero que isso seja especial. Que todo mundo veja o quanto você é importante pra mim.

— Algo simples pode ser especial. — retruquei mais calma agora. — Não precisa de grandiosidade, de câmeras ou de capas de revista pra mostrar que a gente se ama. A gente só precisa ser verdadeiro um com o outro.

O loiro ficou em silêncio por alguns segundos, seus olhos mergulhados nos meus como se estivesse tentando encontrar alguma resposta ali. Por fim, suspirou e deu um pequeno sorriso.

— Então... nós vamos casar? — perguntou, sua voz carregada de uma mistura de alívio e cautela, como alguém que está prestes a pisar em terreno desconhecido.

Descruzei os braços, deixando um sorriso irônico, enquanto dava a volta na mesa, para sentar-me em minha cadeira.

— Acho que é o que parece. — respondi de forma leve, mas não sem uma pitada de sarcasmo, porque, claro, isso era tipico de mim quando me rendia a algo por insistencia demais.

Ele soltou uma risada curta, virando-se para mim, e, caminhando até estar à minha frente.

— Parece? — arqueou as sobrancelhas em uma mistura de incredulidade e irritação, como se minhas palavras fossem um enigma que ele não queria resolver. Olhei para cima, sem entender seu tom. Ele segurou meu rosto entre as mãos quentes, forçando-me a encontrar seu olhar fixo. — Isso não é a resposta que eu esperava. — suas mãos apertaram levemente minhas bochechas entre os dedos, não o suficiente para machucar, mas o suficiente para me deixar desconfortável.

Fiquei estática por um momento, meus olhos se fixando nos dele, buscando alguma explicação para aquela reação.

— Joe... que isso? — questionei, a voz abafada pela forma como minhas bochechas estavam sendo apertadas. Levantei a mão, afastando a dele do meu rosto com cuidado, mas firmeza suficiente para mostrar que não gostei do gesto.

Ele deu um passo para trás, cruzando os braços, mas não desviou o olhar.

— Eu só estava brincando. — acrescentei, minha confusão se transformando em uma ponta de irritação. — Sim, Joe. Vamos casar.

Ele passou a mão pelos cabelos loiros, os dedos bagunçando os fios que ele tinha ajeitado pouco antes, e deu uma risada breve, mas sem humor.

— Taylor, você sabe como isso é importante para mim. — disse mais calmo, mas ainda carregado de uma seriedade que parecia fora de lugar para o momento. — Não brinque com isso, okay? Não comigo.

Fiquei em silêncio por um instante, tentando decifrar a tensão no ar. Ele não costumava reagir dessa forma, não tão impulsivamente. Talvez fosse o acúmulo de tudo — as discussões, a falta de tempo, a pressão dos dois lados.

— Okay, joseph. — falei, soltando o ar que nem percebi que estava segurando. — Não foi minha intenção... eu só... estava descontraindo.

Meu noivo inclinou-se com aquela expressão confiante que ele sabia muito bem usar, e os olhos mais suavizados, que me faziam render-me. Suas mãos firmes se apoiaram nos braços da minha cadeira, como se ele estivesse me cercando, e antes que eu pudesse reagir, ele tomou meus lábios em um beijo. Não foi apressado, mas também não deu tempo para protestos.

Quando ele finalmente se afastou, deixando apenas um selinho como despedida, sorriu de canto, satisfeito consigo mesmo.

— Vamos começar logo.

— Começar o quê? — perguntei, franzindo o cenho, ainda tentando entender a mudança repentina de humor. Inclinei-me ligeiramente para trás, na tentativa de recuperar algum espaço pessoal.

— A planejar. — ele disse com simplicidade, como se fosse a coisa mais evidente do mundo, e se endireitou, cruzando os braços enquanto me observava, esperando alguma reação.

Eu inclinei a cabeça para o lado, olhando para ele com um misto de dúvida e ceticismo. Era engraçado — e um pouco frustrante — como ele parecia mudar de assunto tão rapidamente, como se nossa discussão anterior tivesse desaparecido com o toque de seus lábios.

— Planejar? Agora ? — cruzei os braços também, imitando sua postura.

— A gente tem que começar em algum momento, Taylor. Então, por que não agora?

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