022
˖࣪ ❛ COMÉRCIO NÃO TÃO JUSTO
— 22 —
NICOLE ESTAVA SENTADA na sala vazia com as pernas puxadas contra o peito. Olhando pela janela para as ruas iluminadas de LA Lights dançando ao longe, quase lembrando-a de um oceano. A cidade oceânica que era seu lar.
Uma casa por enquanto...
Pensamentos sobre Tyler invadem sua mente mais uma vez. A cara dele antes de Gisele levá-lo para o hospital a quebrou. A única parte boa disso era que ele ficaria bem se ela o levasse lá rápido o suficiente. Tyler era um cara durão. Provavelmente um dos poucos mais fortes que ela conhecia.
Ele tinha feito tantas coisas, algumas delas ela nunca ouviria, mas tudo o que ela esperava é que ele aprendesse com elas. De tudo isso hoje. Que depois disso ele a esqueceria e seria feliz, vivendo sua vida como deveria e cuidando da melhor amiga dela.
Gia, Nicole ficou com o coração partido quando o rosto de sua melhor amiga ruiva dançou em sua mente. Sua amiga ficaria com os nervos em frangalhos, mas pelo menos Nicole sabia que eles estavam seguros, todos estariam seguros. O que quer que acontecesse com ela, se Braga a mandasse embora para aquele homem, não importava. Por mais que ela quisesse acreditar que Dom e talvez até mesmo Brian iriam encontrá-la, que eles iriam de alguma forma resgatá-la.
Por que parte dela só esperava que Braga acabasse com seu sofrimento? Que talvez uma bala a levasse e ela não precisasse mais carregar tanta dor.
A dor de Letty a transformou em uma pessoa que sua mãe não ousaria reconhecer.
Grande parte de sua família se foi e tudo o que ela tinha...
Ela tinha Mia.
Então ela ainda tinha o pai.
Não ouvi-lo é um dos motivos pelos quais ela se sentou nas mãos da última pessoa que queria. Dom a avisou sobre jogar um jogo adulto para o qual ela não estava preparada. Nada poderia prepará-la para isso... Nada.
Uma batida na porta traz seus pensamentos de volta ao cofre.
Nicole levanta a cabeça da janela.
Gisele entra com sacolas na mão.
Nicole fica mais alerta, tirando uma perna do parapeito.
— Sou só eu. — Gisele fecha a porta atrás de si, acendendo a pequena luminária que iluminava o quarto em um tom fraco. Nicole abre a boca. — Ele deveria estar bem. — fechando os lábios, o olhar de Nicole se inclina para o chão. — Eu o levei lá antes que houvesse mais danos. Os médicos disseram que ele deveria estar bem.
— Bom. — Nicole deixa o alívio lavá-la, ela balança a cabeça e percebe a bolsa na mão de Gisele. — O que é aquilo?
— Adivinhei seus tamanhos. Acho que não estou errada, mas veremos. — Gisele coloca a bolsa na pequena cama de solteiro lá dentro. — Pensei que você poderia usar algumas roupas limpas para poder tomar um banho. — os olhos de Nicole viajam para a porta. — Nenhum deles tem permissão para voltar aqui. Só eu ou Braga.
— Não significa que um deles não o fará. — enganaram-na uma vez, mas Nicole não estava disposta a correr nenhum risco com ninguém, não mais. Nicole volta os olhos para Gisele. — Por que você me comprou roupas em primeiro lugar? Eu não pedi.
— Você quer ficar com metade desses caras com meia camisa? — sua sobrancelha levantou. — Também posso presumir que você não gosta de sujeira.
Nicole zomba, mas Gisele tem um argumento convincente. — Você tem um ponto. — ela respira. — Mesmo assim, não confio em ninguém aqui. Nem mesmo em você.
Gisele não podia culpá-la, mas um pouco dela sentia orgulho. — Acho que você está aprendendo com os erros.
Nicole encara. — Não fale como se você me conhecesse.
— Você está certa, eu não conheço. Estou falando por experiência própria, Nicole. — a voz de Gisele era suave. — Você não foi a única que teve que aprender as coisas da maneira mais difícil. Posso admitir em primeira mão que você pode estar em mãos terríveis.
— Não pensei que fosse a Disneylândia, aparentemente não sou tão observadora.
Gisele lutou contra o sorriso diante da atitude da garota. — Só estou dizendo para ser grata por onde você está. Nem todas as garotas nesta vida têm essa sorte.
— Duvido que as mãos para as quais ele está me enviando sejam consideradas sortudas. — Nicole diz que Gisele só conseguia olhar para ela. — Você conhece ele?
— Não, na verdade não. Já ouvi falar dele. — Gisele balança a cabeça. — Tudo o que sei dele é que está sempre um passo à frente. Tudo o que ele faz tem uma razão e nunca deixa de saber de nada. Braga falava com um pouco de medo próprio com o nome. — Nicole usou o cabelo para esconder o breve choque. — Você ir até ele não é uma escolha escolhida de Braga.
— Então por que estou indo?
— Braga não vai me dizer isso.
— Então você está me dizendo que esse cara me escolheu porque quer carregar uma criança com ele? — Nicole não acreditou nem por um segundo. — Isso soa como um molestador. No entanto, você diz que eu deveria contar com minhas bênçãos porque poderia ser pior.
— Ele não quer você para algo assim.
— Então por que? — a voz de Nicole aumenta.
Gisele respira fundo. — Braga não vai me contar tudo isso, eu contaria se soubesse. A única coisa que ele disse é que queria alguém que pudesse usar desde o início.
— Ele parece um canalha assassino. — Nicole murmura. — Eu não vou a lugar nenhum com esse homem.
— Nico...
— Eu não vou. — Nicole olha de volta para a janela. — Meu pai virá me buscar quando descobrir o que aconteceu.
Gisele queria amar sua determinação, mas até ela sabia a verdade. Dom não chegaria até ela a tempo e mesmo que fosse atrás dela, seria suicídio ir atrás de Braga.
— Nicole. — ela fala. — Se Dom conseguisse falar com você, não duraria muito. Braga conhece muitos contatos, tem muitos homens. Você não conseguiria nem descer a rua.
— Bem, estou feliz que minha família viva para tornar as pessoas mentirosas. — Nicole espia pela janela.
Gisele queria dizer mais, mas sentia que qualquer coisa que dissesse à garota poderia ser uma mina terrestre prestes a explodir.
Dor.
Essa garota estava com muita dor, assim como ela mesma estava todos aqueles anos atrás.
— Eu ficarei aqui enquanto você toma banho. — Nicole vira a cabeça por cima do ombro, os olhos firmes e arregalados. — Isso vai limpar você. Eu sei que você quer, então estou lhe dando essa chance.
— Essa será a única chance que você me dará? — Nicole pergunta a ela
Gisele a encara por um breve momento.
— Acho que é. — Nicole desliza as pernas pela janela, deixando-as cair no chão. Pegando a bolsa da cama, ela vai para o banheiro - mas não antes de parar e olhar por cima do ombro para Gisele. — Obrigada.
— São apenas roupas.
— Eu não disse que era pelas roupas. — Nicole se vira e desaparece no banheiro.
Depois de um banho muito necessário, ela se sentou no quarto. As águas não fizeram nada além de lavar a sujeira, porém aquelas profundas cicatrizes mentais... Nenhuma quantidade de tempo poderia limpá-las.
Nicole deixou seu cabelo secar naturalmente, deixando-o em seu estado normal de poodle enrolado.
Usando a faixa preta que Gisele pegou para ela, ela foi capaz de manter tudo afastado do rosto. Jeans skinny azul com alguns rasgos abraçando seus quadris, com ele, uma camiseta preta justa com decote em V e um par de tênis. Uma jaqueta rasgada combinando estava na parte inferior da cama.
Nicole lembrou-se de agradecer à mulher pelas roupas. Eles ficavam mais confortáveis. Gisele não precisava fazer nenhuma dessas coisas extras por ela. Não para ganhar sua confiança ou algo mais. Gisele fez isso por simples gentileza.
Rastejando na cama ela usou os cobertores e travesseiros que Gisele lhe deu. Mesmo que a mulher não pudesse evitar sua fuga, Nicole não poderia se sentir mais grata a Gisele. Parte de seu desejo era ter reprimido a raiva de antes em sua voz. As frustrações estavam começando a tomar conta dela, mas Gisele devia ser a última pessoa que merecia isso.
Nicole se deita, ficando confortável. Enfiando o rosto sob o cobertor, ela fecha os olhos, não para dormir, mas para algum tipo de paz, uma pausa. Algo para acalmar sua mente, mesmo que apenas por um segundo.
— O que é isto? — Letty aponta para a foto do livro. Nicole, de cinco anos, sentada em seu colo, apoiada na mãe como um travesseiro. — Vamos. O que é isso?
— Eu sou uma criança, mãe. Preciso tirar uma soneca.
— Você tirou três sonecas. Agora, você só está sendo preguiçosa... Como seu tio Leon! — Letty joga por cima do ombro. Leon levanta a mão do sofá para zombar dela. Olhando para baixo, ela aponta. — Vamos, menina. O que é isso?
— Seguro. Dois significados. Um para manter coisas secretas e o segundo seguro, é algo que você me mantém. — Nicole olha para cima.
Letty dá uma risadinha curta. — Sim. Quem mais?
Leon sorri. — Seu tio adorável.
— Eu não disse isso. — a cabeça de Nicole se inclina.
Letty bufa.
Leon encara. — Disse isso com seus olhos.
— Não, uh.
— Sim-huh.
Letty levanta a sobrancelha.
— Não, uh.
— Sim...
— Leon. Quantos anos você tem? Cinco? — Letty levanta a mão. — Por que você está discutindo com minha filha?
Ele aponta para uma Nicole rindo. — Ela começou.
— Você respondeu às minhas duas perguntas. — Letty acena com a cabeça e olha para Nicole. — Quem mais mantém você segura?
— Papai faz. — Nicole sorri para o livro. — Como ele prometeu.
— Eu também nunca pretendo quebrá-lo. — Dom entra na sala. Tirando os pés de Leon do sofá ao passar, o jovem quase caiu na risada da garota.
— Papai! — Nicole sai correndo do colo de Letty.
Dom sorri, curvando-se e pega-a no ar com um abraço.
— O que eu sinto falta? — ele pergunta.
— Nada. — Letty balança a cabeça. — Apenas ensinando.
Leon zomba. — Crianças chatas. Vocês sabem como nossa garota fica desanimada. — Letty jogou o livro de volta. — Ai. — sentindo-se satisfeita, ela sorri.
— Pelo menos você sabe que tem boas pessoas mantendo você seguro. — o olhar divertido de Dom se volta para Nicole. — Tenha sorte que sua mãe esteja do nosso lado. — ele balança a cabeça.
— Estou sempre do seu lado. — Letty se recosta, olhando para eles. — Nem um dia eu não estarei.
Nicole faz beicinho. — E se você não for um dia?
— Duvidoso. — Letty sorri para a filha enquanto ela inclina a cabeça. — Se sim, então terei que encontrar meu próprio caminho de volta, hein?
— Isso, ou eu vou buscar você. — os olhos de Dom piscam para ela, Letty não escondeu o rubor, mas olhou para outro lugar.
— Você iria buscar a mamãe?
Dom olha de volta para Nicole. — Eu iria a qualquer lugar por vocês duas. — Nicole o abraça, deixando Dom rindo e pressionando os lábios contra sua têmpora. — Em qualquer lugar. — ele murmura.
Nicole aperta o travesseiro sob a cabeça. Abrindo os olhos, ela luta contra as lágrimas, os sentimentos de seu coração apertando seu peito.
Dom...
O único pai que lhe restava. Ela nunca quis perdê-lo. Embora uma parte dela lutasse para permanecer viva, a outra metade queria fazê-lo por sua família. Para Dom, para Mia. Para lutar da melhor maneira que seus pais lhe ensinaram.
O medo queria consumi-la de dentro para fora, ela queria tanto lutar contra isso.
Algo mais fácil de dizer do que fazer quando ela estava presa aqui.
Não há saída, nada além de um pedaço de propriedade esperando para ser vendida a alguém de posição superior.
Tudo o que ela queria era seu pai. Aquele que prometeu protegê-la, ela precisava dele como sempre precisou. A conversa deles naquela noite no galpão a fez sentir que finalmente ficariam juntos novamente. Mesmo que fossem só eles, ela ainda o tinha e era disso que ela precisava...
Deixando as lágrimas caírem dos olhos, Nicole enterra o choro no travesseiro. Amarga como a dor em seu coração, ela não conseguia mais escondê-los.
As noites de Los Angeles sendo as únicas a ouvir uma garota Toretto chorar...
★
Brian estava sentado no escritório do agente principal Penning, com Stasiak. A caneca quebrada do agente fica à mostra enquanto ele se apoia na parede atrás da mesa. Igualmente chateado junto com o agente Penning com o que Brian fez ontem com o Braga.
Apoiando as mãos na mesa, Penning lança seu olhar furioso para Brian. — É melhor você ter uma explicação incrível. Você desobedeceu a uma ordem direta. Onde está a remessa?
— É seguro. — Brian coloca de forma simples.
— É seguro? — ele repete, subindo ao máximo.
— Olha, poderíamos usar o carregamento para desfilar diante da mídia. Conseguir algumas centenas de quilos de heroína nas ruas. — Penning olha para ele. — Mas Braga vai enviar outra remessa na próxima semana e na semana seguinte. — ambos os homens continuaram a ouvir. — Vamos usar o carregamento para atrair o Braga. — faz um gesto. — E decepar a cabeça de um cartel multibilionário.
Ninguém queria mais a cabeça de Braga do que ele e alguns outros, sendo um desses homens Dom.
Penning está sentado na frente de sua mesa. — E como você sugere que façamos isso? — ele estava honestamente curioso.
— Uma troca corpo a corpo com o Braga. — Brian disse.
— Ele nunca vai aparecer. — Stasiak destruiu a ideia balançando a cabeça.
Brian dá uma olhada nele. — Ele não pode se dar ao luxo de não fazer isso.
Penning encara Brian por um momento profundo, as mãos enfiadas no bolso enquanto ele anda ao redor da mesa.
Finalmente olhando para Brian, ele pergunta a ele. — Você tem um plano?
Brian assente. — Há um preço.
Ele desvia o olhar por um breve momento, sabendo que tinha que colocá-lo sobre a mesa.
Nicole não precisava perder outro pai e queria ver uma pessoa que ele quase considerava um irmão... Ter sua vida de volta. Brian sabia que a maior parte disso era culpa dele - ele queria consertar, não por sua culpa, mas por aquela garotinha de sete anos e pela família que conheceu anos atrás. O primeiro grupo de pessoas que lhe mostrou novamente o que era uma família e para uma mulher ele teve que se forçar a viver sem, depois de não ter feito nada além de traí-la.
— Nós capturamos Braga... Você deixa Toretto ir embora. — Brian diz, e não foi em tom de pergunta. — Aceite ou não. Mas esse é o preço...
Os dois agentes trocam breves olhares.
★
Mia coloca as compras na mesa. Uma parte dela estava feliz por ter tirado Nicole de casa ontem, ela sabia que sua sobrinha voltaria esta manhã. Era mais ou menos nessa hora que ela e Gia se levantavam e voltavam, quando ela deixava Nicole ficar na casa. Mia se preparou mentalmente para as perguntas que Nicole faria a ela. Nenhum que ela estivesse pronta para dar no momento.
Uma batida na porta dos fundos a impede de desempacotar.
— Quem é?
— Gia!
Mia franziu as sobrancelhas. — Entre!
Gia abre a porta. — Olá, Sra. Toretto.
— Gia. — Mia a cumprimenta, levantando uma leve sobrancelha. — Onde está Nicole? Ela está atrás de você? — a garota inquieta não passou pelos olhos errantes de Mia. As lentas sensações de medo tomam conta dela. — Gia? Onde ela está?
— E-eu não sei. — Gia admite.
Mia coloca as mãos no balcão, confusa. — O que você quer dizer com você não sabe? Eu mandei você aqui para buscar Nicole ontem à noite. Ela não estava com você ontem à noite?
— Sim, não! — Gia morde o lábio. — Quando cheguei aqui não obtive resposta. Liguei para Tyler e descobri que ela estava com ele, mas ele não me disse por quê. — Gia conteve as lágrimas durante suas divagações, mas isso não as impediu de crescer. — Ele não soou bem, mas pensei que talvez fosse só eu, que meus sentimentos estavam errados. — os olhos de Mia começam a se arregalar. — Isso foi ontem à noite. Agora o telefone dele está desligado e não consigo contatá-lo. Sinto muito! Eu não sabia a quem mais contar, estou com medo de ir à polícia, então voltei aqui! Me desculpe!
Mia abraça a jovem calando seus gritos. — Está tudo bem, está tudo bem. — ela esfrega as costas.
— Não, não, e se eles estiverem feridos? Eu deveria ter dito algo antes, mas não queria que Nico...
— Eu sei. — Mia recua tentando aliviar seus próprios medos. — Eu sei que você não queria que ela tivesse problemas. Gia, preciso que você vá para casa. Tranque a porta e mantenha-a trancada. Você me ouviu?
Os olhos de Gia estavam arregalados de medo. — Nada aconteceu com eles, certo? Tyler...
— Vou descobrir sobre Tyler, preciso que você volte para casa, onde é seguro. Agora. — Mia agarra seus ombros. — Vá.
Gia acena com a cabeça e desta vez sai pela porta da frente.
Mia pega o telefone e liga para Dom, mas não obtém resposta.
— Merda!
Batendo com força, Mia pega as chaves e vai até o carro para ir onde ela sabia que seu irmão estaria agora.
Isso não poderia estar acontecendo com a família dela... Não com Nicole.
★
Nicole se levantou da cama quando Gisele disse que Braga queria conversar com ela.
Vestindo a jaqueta, ela segue Gisele pelo local.
Levando-a para um quarto diferente da noite passada. Parecia mais um escritório bem decorado.
Dinheiro nas mesas, o cheiro de charutos fumados iluminava a sala. Uma pintura de bom gosto ao longo das paredes marrons ocas e escuras. Dois sofás antigos de couro ocupavam o centro, separados apenas por uma mesa de centro.
Nicole viu apenas Braga lá dentro.
Com mais gosto, ele se encostou na beirada manuseando alguns papéis.
Ele só levanta os olhos quando Gisele chega com Nicole.
— A bela adormecida finalmente acordou. — Braga sorri. — Como você descansou? — Nicole encara. — Não é bom então. — ele concorda.
Gisele pega as algemas. — Sinto muito, Nicole, eu...
— Não há necessidade disso. — Braga demite. Gisele o encara um pouco chocada. — Tenho certeza de que Nicole não fará nada de que se arrependa. — ele pega uma bolsa e se senta no sofá. — Não é mesmo?
Nicole apenas sentou-se no sofá em frente a ele. Com as costas afundando na almofada, ela olha para ele com seus olhos ardentes.
— Você e sua mãe realmente têm olhares infernais. — Braga ri.
Nicole não demonstrou emoção em sua conversa fiada. Tudo o que ela pôde fazer foi evitar fazer exatamente o que ele disse, e isso é algo estúpido.
Gisele voltou para seu posto e começou a carregar suas diversas armas sobre a mesa.
Nicole olha para a mesa de armas que Gisele tinha à sua frente. Como ela poderia usar isso? Então, novamente, ela teve que lembrar quem era sua própria mãe. Eles podem não ter contado a ela sobre os empregos, mas Nicole tinha certeza de uma coisa: sua mãe poderia usar uma arma e usar uma em qualquer coisa.
Braga deu uma olhada para onde os olhos curiosos de Nicole pousaram e sorriu. — Interessada? — Nicole afasta a cabeça na hora certa e ele ri. — Não há nada de errado em aprender a se defender, Angel. Embora eu ache que você aprendeu a se sair muito bem quando encurralado. — ele empurrou uma sacola para ela. — Você está com fome?
— Eu não quero nada de você.
Ao olhar para ele, ela ainda não conseguia acreditar. Campos era Braga. Escondendo-se sob os ruídos de todos, vendo os movimentos de todos antes mesmo de realizá-los. O lobo que brincava bem com as ovelhas e o homem para quem ele a estava enviando era ainda mais inteligente. Temia que ela só de pensar nisso.
Braga se inclina para frente. — Venha agora, Nicole. Ouvi dizer que Tyler está bem e vivo. — Nicole olha para Gisele que só continua trabalhando. — Eu não perguntei a ela também, mas não iria impedi-la de ver como ele estava hoje para você. Embora Tyler não deva ser uma razão para você morrer de fome. Eu prometo que não há veneno aí. — sua sobrancelha se ergueu divertida e agora Nicole realmente não confiava nisso. — Eu não vou machucar você. — Nicole zomba. — A menos que você me dê um motivo para estalar os dedos, não há ameaça para você enquanto estiver aqui. Preciso de você viva e ilesa. Lembra?
Abrindo a sacola, ele deslizou a comida e bebida chinesa para ela.
— Todo esse dinheiro e você não pode se dar ao luxo de ter alguém cozinhando para você? Você recorre a comida ruim?
Braga ri, mas Nicole não.
Gisele não escondeu o leve sorriso na boca de Nicole, a garota tinha razão.
— Eu não perco meu tempo com coisas sem sentido.
— Claramente. — Nicole murmura.
— Tudo o que estou fazendo é tentar ser legal com você, Nicole. — Braga estende as mãos. — Isso é tudo.
— Então me deixe ir para casa. — Nicole diz severamente.
— Não é mais minha escolha fazer. Ou a sua.
A diversão de Gisele cai toda junto.
As sobrancelhas de Nicole se unem. — Você está me dizendo que não tenho escolhas? — Braga olha para ela e isso só a irrita ainda mais. — Não sou propriedade de ninguém. Tenho opções mais que suficientes para ir aonde quero.
— Correção, anjo. Você teve essas escolhas.
— Eu ainda faço.
— Não, você não tem. — Braga conta a ela calmamente. Ele sorri com a emoção abalada nos olhos dela e pode vê-la à beira do choro, mas ela os conteve para não mostrar sua fraqueza. — Você deveria se considerar sortuda. Poucas garotas recebem esse tipo de tratamento como você, Nicole. — parte dela começou a zombar até lembrar que eram quase as mesmas palavras de Gisele. — Eu não sou um homem mau, mas com certeza posso ser.
Nicole baixa o olhar brevemente, nada nela duvidava disso.
— Se eu quisesse, eu poderia ter matado você. Poderia ter dado você aos meus rapazes e deixá-los decidir o que fazer com você... Ou vendê-la para o pior lance mais alto que eu pudesse encontrar. Um onde você levaria sua própria vida para fugir. — os olhos de Nicole se arregalaram de horror. Gisele desvia seu leve olhar para Braga pelas palavras dele para a garota. — Eu chamei sua atenção agora, não é? — Nicole mantém a boca fechada, mas o medo que a invade não para de rasgar suas paredes. — O cara de quem falei é aquele a quem você responderá. Ele está realmente ansioso para conhecê-lo também e fazer com que você trabalhe para ele.
— Trabalhar para ele? — a voz de Nicole caiu. — O que você está falando?
— Calma. Não é nada disso. — Braga logo dá de ombros. — Contanto que você demonstre ser útil, você ficará bem. Não tenho dúvidas de que você fará isso. Especialmente considerando certos assuntos. — as sobrancelhas de Nicole se uniram. — Se eu fosse você, me basearia nessa pequena atitude que você tem aí. Ele não hesita em se livrar de ninguém. Até mesmo garotas gostam de você.
Nicole se esconde mais no couro, abaixando a cabeça pensativa. Deixando o medo encher seu estômago.
Braga se levanta rindo enquanto volta para sua mesa. — Como eu disse. Se eu quisesse você morta, você estaria. Então coma alguma coisa.
Pela primeira vez, Gisele viu algo diferente na garota. Um olhar de puro pavor de sequer responder a Braga. Ele não a ameaçou, mas poderia muito bem ter feito isso depois disso.
Depois de ficar sentada lá por um tempo. Nicole se viu comendo alguma coisa para não desmaiar, mas nada mais, e se manteve bem para permanecer sentada.
O telefone de Gisele toca em cima da mesa. Nicole observou a mulher lançar um breve olhar para ela enquanto falava com a pessoa do outro lado da linha.
Sem mais palavras vai até Braga e entrega-lhe o telefone.
— São eles. — Gisele simplesmente diz.
Braga pegou o telefone, os olhos voltados para Nicole que não escondia o olhar dele. — Uh-huh. — ele responde.
— É assim que Braga inspira lealdade. — a voz de Dom veio do outro lado da linha. — Matando seus motoristas?
Braga dá de ombros. — Sempre é possível encontrar mais motoristas, é apenas um bom negócio.
Gisele sentou-se no sofá em frente a Nicole, servindo-se de uma bebida. Os olhos da jovem se estreitaram para Gisele que com um aceno de cabeça confirmou quem Nicole pensava que era.
— Eu quero negociar. — Dom fala ao telefone novamente.
— Braga não negocia. — caminhando pela sala, ele vai até o sofá onde Nicole sentou.
— Tudo bem, então, você explica a ele como de repente um produto no valor de US$ 60 milhões desaparece... Eu sei que isso não pode ser bom para os negócios.
— O que você quer? — Braga lhe pergunta.
— Seis milhões em dinheiro entregues pelo próprio Braga. — Dom diz, Braga começou a rir. — Não gosto de levar tiros. Não vou arriscar de novo, a menos que ele também tenha algo a perder.
— Ele nunca aceitará isso. — Braga joga junto.
— Ou eu negocio com Braga, ou você negocia. — Dom retruca.
Braga olha para Nicole. — Você tem razão. Embora Braga também diga que você pode perder algo mais.
— O que você está falando? — a diversão diminuindo lentamente.
— Você não é o único que estava ocupado pegando algo que não pertence a você. — Braga sorri para Nicole, que estreita os olhos para ele. — Braga provavelmente vai se perguntar o que você quer mais. O dinheiro. Ou a sua filha? — Dom ficou em silêncio, fazendo-o apenas rir em resposta. — Não acredita em mim? — com um aceno de cabeça, Braga pega o telefone e o pressiona na orelha de Nicole. — Diga oi para o seu pai para que ele saiba que não estou blefando... — Nicole treme e as lágrimas escorrem pelo seu rosto, deixando Gisele apenas desviar o olhar. — Prossiga....
Nicole conteve seus gritos. — Papai.
— Nicole? — a voz de Dom se elevou, mas não com raiva dela. — Nicole, você está bem? — ele a ouviu lutar por palavras. — Nicole! Fale comigo.
— Papai, sinto muito. — Nicole desaba. — Eu deveria ter ouvido você, eles machucaram Tyler! E Campos é...
Braga cobre a boca ignorando sua luta enquanto usa o braço para aplicar pressão e prendê-la de volta no sofá.
— Campos é o que... Nicole! — Dom grita por ela do outro lado da linha, um chamado desesperado. — Nicky!
Braga leva o telefone de volta ao ouvido. — Acho que agora você e Braga têm coisas que não podem perder?
— Você a machucou e eu vou queimar todo esse maldito cartel. — Dom prometeu a ele. — Tudo isso, começando por você e Braga. — ele a ouviu lutando. — Coloque-a de volta no telefone.
— Vou deixar você dizer o que precisa também, para fazê-la se acalmar. — Braga se sentiu generoso ao colocar o telefone de volta no ouvido de Nicole. — É melhor ser rápido, Toretto.
— Nicole? — a voz de Dom ressoa. Sua respiração era a única resposta que ela poderia dar com a mão de Braga ainda apertada sobre sua boca. — Eu não sei como e não me importo, mas eu vou te pegar, ok? Eu sei que você está com medo e está tudo bem. — as lágrimas de Nicole só caíram mais ao ouvir sua promessa. — Estou indo pegar você. Então fique viva. Pelo menos, você fique viva. — querendo acenar com a cabeça, Nicole apenas fecha os olhos. — Eu vou te encontrar, Nicky. Eu juro que vou...
Braga tira o telefone do ouvido, divertido. — Espero que você não tenha gritado com ela. A pobre menina está chorando, mas está calma.
— Se ela estiver machucada...
— Relaxe... Estou cuidando bem dela. — diz Braga. — Ninguém tem permissão para tocá-la. Eu me lembraria, porém, se algo estiver errado com aquela remessa. O dinheiro e sua filhinha desaparecem. — ouvir aquela ameaça de silêncio só fez seu sorriso lupino crescer. — Agora, que tal você me dizer quando e onde quer fazer esse Toretto?
★
Dom desligou o telefone com força.
— Braga tem Nicole? — Brian questiona ainda em estado de choque. Ele esteve lá com Dom e ouviu o inferno para todos os ouvidos. — Como diabos ele a pegou?
— Ele não me deixou chegar tão longe com essas perguntas. — Dom apoia as mãos na mesa. — Nicole disse algo sobre eles machucarem Tyler e ia dizer algo sobre Campos até que ele a tirou do telefone. — ele abre caminho para a porta.
— Dom, o que você está fazendo?
— Eu vou buscá-la.
Brian caminha atrás dele. — Você nem sabe onde ela está.
— Não importa! — Dom se vira para ele.
— Isso importa! Você não está pensando! — Brian responde de volta. — Mesmo se você encontrasse um caminho até lá, Dom, eles matariam você! É isso que você quer que Nicole veja? — Dom desvia o olhar tentando ignorar o quanto Brian estava certo.
— Esse é minha filha Brian. — Dom murmura. — Aquela menininha é a única coisa que me resta. A única coisa que me mantém aqui. Perdi Letty para ele, não vou perdê-la em seguida!
— Você não vai! — Brian promete. — Eu prometo que você não vai. — Dom reprime sua raiva enquanto Brian apenas balança a cabeça. — Eu quero trazê-la de volta e nós o faremos. Mas se isso vai acontecer, temos que seguir nosso plano. Não se trata apenas de drogas ou de vingança. Um movimento errado e nós a perdemos, não podemos apenas pensar com raiva agora. Não mais.
Dom se afasta até a mesa arrumada, ele bate em algumas coisas tentando conter a raiva crescente que cresce em seu peito. A única coisa que ele implorou para não acontecer... Foi.
Mia corre para dentro do galpão. — Dom! Nicole é...
— Braga está com ela. — Dom impede sua irmã.
Os olhos de Mia se arregalaram ao sentir o mundo sendo arrancado de seus pés. — O-O quê? Como você...
— Acabamos de falar ao telefone com eles. — Brian queria ir confortar Mia, mas até ele sabia que ela não deixaria. — Ela pelo menos parecia bem? — ele pergunta a ele.
Dom coloca as mãos sobre a mesa. — Ela está com medo, eu posso dizer. Não sei o que nenhum deles fez com ela.
— Não. — Mia aponta, contendo as lágrimas. — Não pense assim.
Brian assente. — Mia está certa. Ainda temos a maior coisa que ele quer. O que significa que Nicole está bem, por enquanto.
Pegando a corrente que Nicole deu a ele ontem de manhã. Aquele que ele guardou quando eles estavam separados e que ele prometeu devolver a ela. Ele fecha o punho.
— O que nós vamos fazer? — Mia pergunta a ele, contendo suas emoções o melhor que pode. — Dom?
— Vou recuperá-la. — diz Dom em voz baixa. — E vou colocar uma bala nele e em qualquer um que ficar no meu caminho.
— Não, você não. — Brian diz. Mia olha para ele enquanto Dom estreita o olhar em seu ombro. — Nós vamos.
Mia deixou transparecer o choque com as palavras de Brian.
— Tem certeza que quer quebrar mais aquelas regras policiais, O'Conner? — Dom pergunta a ele.
Brian assente, olhando brevemente para baixo. — Eu quis dizer o que disse. Eu me importo com ela, Dom - e eu não gostaria de vê-la machucada por ninguém. Eu a machuquei há alguns anos e ela sempre me lembra como eu gostaria de nunca ter feito isso. Ela não é a única também. — Brian dá uma breve olhada em Mia. — Então vamos nos preparar para esta noite. Pegamos Nicole e derrotamos Braga.
— Braga não é o seu objetivo principal? — Dom pergunta a ele.
— Não mais. — Brian diz.
Dom balança a cabeça lentamente, voltando os olhos para a corrente em sua mão.
— Papai, sinto muito!
O medo de Nicole lhe deu arrepios na espinha. Ele sabia que ela era forte, mas sua filha ainda era uma criança e as mãos de Braga eram o último lugar a que ela pertencia. Toda a sua fuga das coisas o levou direto para o seu próprio pesadelo.
Agora não havia mais corrida, ele não iria a lugar nenhum.
Não sem ela...
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