Evelyn em Perigo
Oeste...
A lua cheia e um céu estrelado deixam a noite bela, e, o clima ameno do Oeste deixa a noite tranquila e límpida. E, no Castelo Volkmer, lar dos Kasnier, a grande mesa da sala de jantar já está posta, só esperando pelos Kasnier para o jantar.
A primeira a chegar a sala de jantar é Lady Cameryn, e, ela olha para a cadeira na cabeceira da mesa, hoje ocupada por seu falecido marido e, não deixa de sentir a dor da perda em seu coração.
Já fazem seis meses que seu amado partiu e, desde então, sente um grande vazio em seu coração, que não é preenchido por ninguém. Se pudesse, teria partido no mesmo dia em que o deus da morte levou seu marido, mas, por seus filhos, conseguiu segui em frente.
E agora, com a notícia de que a princesa Evelyn sofreu um acidente misterioso no Norte, terá de ir até lá, assim como todos os protetores das outras regiões, a fim de prestar apoio e solidariedade para a família.
E, quanto a ela, aproveitará a viagem para ver o seu caçula, Brady, de quem sente tanta falta.
Como mãe, sente uma grande falta do filho, mas, entende que Brady tem de tomar as próprias decisões e, se ele decidiu ficar no Norte após o falecimento do pai, ela não pode fazer nada a não ser respeitar a decisão de Brady, pois, o filho já está quase atingindo a sua maioridade e, é capaz de tomar as próprias decisões.
Cameryn está tão distraída, perdida em seus próprios pensamentos que, nem percebe a chegada de Seth, que adentra a sala de jantar, ficando frente a frente com a cunhada.
― Boa noite, minha cara Cameryn. – a voz de Seth se faz ouvir.
― Boa noite, Seth. – responde a Lady – Perdão, eu estava distraída e, não notei a sua chegada.
― Não tem o que se desculpar, Cameryn. – Seth volta a falar – E, ficar olhando para você, sempre tão linda, é uma visão dos deuses, minha cara.
Ao ouvir as palavras de Seth, a expressão de Cameryn se fecha e, ela encara o cunhado com um olhar frio.
― Não deve se dirigir a mim desta forma, Seth.
― E por que não, minha cara?
― Fui casada com seu irmão, e, pelo laço do casamento, nós somos irmãos. Há anos eu venho lhe dizendo, mas, parece que você não ouve, ou finge que não ouve.
― Minha bela Cameryn, eu só tenho dois irmãos e, como um deles está morto, só me resta uma irmã. E você, nunca entrou na conta dos irmãos. Eu sempre a vi como muito mais, e, não posso deixar de dizer o quanto o meu falecido irmão teve sorte ao se casar com uma mulher tão encantadora quanto você.
Cameryn não gosta nem um pouco das palavras de Seth e, está prestes a responder o cunhado, quando chegam Olivier e Inara, já para o jantar. Com a família reunida, todos ocupam seus lugares a mesa, e, Cameryn toca uma pequena sineta, para que os criados comecem a servir o jantar.
E, enquanto comem, Olivier não deixa de notar o semblante pensativo de seu tio Seth e estranha, pois, este semblante, preocupado e pensativo, em nada se parece com o semblante do homem que conhece desde que se entende por gente, forte e destemido.
― Qual é o problema, tio Seth? – pergunta Olivier, preocupado com o tio.
― E por que haveria um problema, meu caro sobrinho? – questiona Seth.
― É que o senhor está estranho, meu tio. Como se estivesse preocupado com algo e, mais cedo, vi o senhor escrevendo uma carta.
Ao ouvir as palavras de seu sobrinho, Seth resolve deixar as ironias de lado. Até porque, as preocupações em seu coração dão querem dar espaço para qualquer tipo de ironia.
― Escrevi uma carta para Jade. – a voz de Seth se faz ouvir – Não posso negar que estou muito preocupado com a minha irmã, além de minha sobrinha também. E, não vou ficar sossegado enquanto não ver as duas e entender exatamente o que aconteceu.
― Posso compreender o que está se passando em seu coração, tio Seth. – comenta Inara – Mas, não precisa se preocupar sozinho. Somos uma família e, estamos aqui para nos apoiarmos uns aos outros. Sei que a viagem para o Norte é longa, mas, se preocupar em demasia não vai adiantar nada, ainda mais sozinho. Portanto, pode contar conosco para dividir as suas preocupações, meu tio, afinal de contas, o fardo dividido é melhor carregado.
Ao ouvir as palavras de sua sobrinha, Seth não consegue deixar de sorrir, pois, apesar de tudo, ali está o núcleo familiar com quem sempre pode contar. E, mesmo que esteja preocupado com a imã e com a sua sobrinha, no momento, o que tem de fazer é relaxar, para estar bem tranquilo no momento em que for se reencontrar com a sua irmã, para dar a ela todo o apoio que ela precisa.
Leste...
Sarah está em seus aposentos no castelo Sehn, seu lar, onde vive com o pai, Lorde Deric Turner, e, o mais poderoso dos vassalos de Lorde Saad Masshar.
A jovem está em frente ao espelho, olhando para o seu corpo enquanto espera a criada chegar do seu quarto de vestir, com o vestido que ela vai usar no jantar, pois Lorde Saad finalmente vai pedir a sua mão ao senhor seu pai, e, deve estar simplesmente radiante quando este momento chegar.
Não demora muito e, a criada adentra o aposento, com o vestido em suas mãos. Ela coloca o vestido na cama, um lindo e elegante modelo azul bebê, com um corpete em um tom um pouco mais escuro de azul, bordado com rosas douradas, um decote bem revelador e, as costas completamente desnudas, deixando-o levemente sensual.
― Ande logo Marrie. – a voz de Sarah se faz ouvir, de forma impaciente – Lorde Saad está me esperando com o senhor meu pai, e, preciso estar simplesmente divina quando o Lorde Saad for pedir minha mão.
― Se milady me permite dar uma opinião, não acha que este vestido está muito ousado para esta noite? – pergunta a criada.
― Acontece que eu não pedi a sua opinião. – Sarah fala, dando uma bronca na criada – Você é meramente uma criada e está aqui unicamente para me servir, e não para dar opiniões que não foram solicitadas. E se não quiser que eu peça ao senhor meu pai que te expulse do castelo, trate de cumprir sua missão de boca fechada!
― Sim, milady. Perdoe-me pela intromissão.
― Agora pare de falar bobagens e venha me ajudar a vestir para o jantar. Preciso estar simplesmente linda esta noite. E tenho que aproveitar, pois amanhã vou para o Norte e lá não poderei me vestir como eu gosto.
Marrie nada responde, só se aproxima da Lady, ajudando-a a tirar o vestido que ela está usando, para então vesti-la com o belo vestido azul escolhido pela Lady. Após vesti-la, Sarah se senta, para que a criada comece a pentear seus belos e sedosos cabelos cor de âmbar, deixando seus cachos bem definidos.
Após terminar de arrumar sua Lady, Marrie se retira, e, ao se ver sozinha, Sarah se levanta, olhando sua imagem no espelho e sorrindo para si mesma, pois está realmente linda.
E, esta noite, ela não quer estar somente linda, tem que estar simplesmente deslumbrante, pois a sua mão será pedida em casamento. Dá uma volta ao redor do espelho, a saia rodando e, para olhando para as suas costas, desnudas, mas, com seus belos cachos cobrindo-as, e, a deixando divina. Lorde Saad não vai resistir a tanta beleza, e, ela fará dele o homem mais feliz do mundo. E, se ele por um acaso ainda sente algo pela falecida esposa, fará com que se esqueça dela rapidamente, dando a ele todo o seu ser, e, sendo uma ótima esposa, como aprendeu com a falecida mãe.
Sem deixar de sorrir, a jovem Lady deixa os seus aposentos e, se dirige até a sala, onde o senhor seu pai está tomando uma taça de vinho com Lorde Saad e seu filho Fabian. Ao chegar à sala, as atenções dos três homens imediatamente se voltam para ela.
― Perdoem-me pela demora. – a voz de Sarah se faz ouvir, repleta de doçura – Mas eu estava me arrumando.
― Chegou bem na hora, minha filha. – fala Lorde Deric Turner, sorrindo de forma afetuosa para a filha – E, sei que como pai sou suspeito de falar, mas, você está linda esta noite.
Lorde Saad se levanta, e, caminha até onde Sarah está parada na porta, a jovem Lady estende a mão para que ele a beije, o que ele o faz imediatamente e em seguida, Lorde Saad estende o seu braço de forma cavalheira para a Lady e, ela o aceita, para seguirem juntos a sala de jantar, acompanhados de Lorde Deric e Fabian.
Chegam a sala de jantar e tomam seus lugares a mesa, para que os criados comecem a servir o jantar. Durante toda a refeição, a conversa dos presentes é sobre a viagem do dia seguinte, e, Sarah, não consegue tirar os olhos de Saad, que, vez ou outra retribui o olhar da bela dama.
Após o jantar e a sobremesa, os nobres voltam para a sala de jantar, onde, se sentam nos sofás, com criados voltando a servir vinho para os presentes. Saad então aproveita o momento e se levanta, voltando a sua atenção para o Lorde Deric Turner.
― Lorde Turner. – a voz de Deric se faz ouvir – Sei que já deve imaginar o motivo de eu estar aqui esta noite e, por isso não quero mais adiar o momento.
Saad então se levanta, olhando discretamente para Sarah, para então voltar a sua atenção para o pai da jovem Lady.
― Lorde Turner, já faz alguns meses que milorde vem me permitindo fazer a corte a sua filha e, durante estes meses, minha afeição por Lady Sarah só vem aumentado. Sei que sou muito mais velho do que ela e, mas posso garantir que darei a minha vida para fazê-la feliz. Milorde, me daria a grande honra de conceder a mão de sua filha em casamento?
Ao ouvir as palavras de Saad, um sorriso de pura satisfação estampa o belo rosto de Sarah e, ela troca um olhar de cumplicidade com seu pai, que, sorri para ela. Em seguida, a atenção do Lorde Turner se volta para o seu suserano e, a sua voz se faz ouvir:
― Lorde Masshar, para mim, é uma grande honra saber que escolheste minha filha para se unir no laço sagrado do matrimônio e, é com grande prazer e grande alegria que lhe concedo a mão de minha filha, meu maior tesouro. Que os deuses abençoem a união de nossas casas, e que milorde possa fazer Sarah muito feliz.
― Pode ter certeza, Lorde Turner que, farei Lady Sarah a mulher mais feliz de nosso mundo.
E, após dizer estas palavras, Saad se aproxima de Sarah e, delicadamente beija a palma de mão de sua noiva, em um gesto de profundo carinho. A jovem Lady sorri com satisfação, por estar comprometida com o homem mais poderoso do leste e, volta a sorrir para o pai, que devolve o sorriso satisfeito e orgulhoso de sua única filha.
Deric, Sarah e Fabian se levantam e, criados servem taças de vinhos para todos, e, todos brindam a mais nova união de duas casas poderosas do Leste. Deric, Saad e Sarah tem sorrisos satisfeitos em seus rostos, e, o único que não sorri é Fabian, que encara a noiva do pai com uma grande desconfiança.
Sarah vendo nos olhos de Fabian que ele não está satisfeito com seu novado, sorri para ele de forma vitoriosa, antes de voltar sua atenção para Saad e o pai e, comemorar a grande vitória que acaba de conseguir. Um casamento com um Lorde poderoso e que fará o impossível para fazê-la feliz.
Sul...
Enquanto os Ravenot estão na elegante sala de jantar do Castelo Kadletz fazendo a última refeição do dia, Misaki está em um dos galpões de treino, com o seu arco e flecha em mãos, treinando.
E, enquanto sua visão está na mira, que é simplesmente perfeita, os seus pensamentos estão fixos em Lance, pois, não imagina o motivo do futuro Protetor do Sul a ter escolhido a dedo para servir sua noiva.
Porém, isso agora pouco importa, pois, ela quer aproveitar esta viagem para começar a mostrar o seu valor, já que é isto que ela sonhou a sua vida inteira. Desde que era apenas uma garotinha, sente, no mais íntimo de seu coração, que nasceu para ser algo mito maior do que uma simples criada dos Ravenot e, por isso mesmo, treina dia após dia com seu arco e flecha a fim de melhorar as suas habilidades.
Mais uma vez, tira uma flecha de sua aljava e mira, atirando em seguida com uma grande velocidade e, acertando o alvo com precisão. Sorri para si mesma, pois, quando o momento de mostrar as suas habilidades finalmente chegar, ela sente que está pronta para mostrar não apenas aos Ravenot, mas também ao Rei Madakki todo o seu valor e do que é capaz, e que, se a oportunidade lhe for dada, ela pode sim, ser algo muito além do que uma mera criada.
Volta a se concentrar em seu treinamento, esvaziando a sua mente e, tudo o que consegue pensar é na flecha em sua mão, que, mais uma vez, cruza o céu em uma grande velocidade até alcançar o seu objetivo.
Dez vezes atira flechas e, por dez vezes ela não erra o seu alvo, fazendo com que fique satisfeita consigo mesma pelo resultado de seus treinamentos.
E, se sua intuição estiver certa, quando chegar ao Norte, poderá lutar e mostrar as suas verdadeiras habilidades e ajudar a solucionar o mistério do Norte e, até mesmo, se for preciso, lutar contra o tal Necromante, pois, graças as conversas que andou escutando atrás das portas, ela sabe que, ao que tudo indica, foi um Necromante que atacou e machucou a princesa Evelyn.
Não tem medo de lutar! Não tem medo de arriscar a sua vida junto a cavaleiros valentes e, quando chegar o momento, irá lutar, não importa o que aconteça e irá demonstrar as suas habilidades!
Sente em seu sangue que é algo muito além do que uma simples criada e, o seu coração lhe diz claramente que o momento de mostrar isso está cada vez mais próximo. E, só de pensar nesta possibilidade, um sorriso se forma em sua bela face.
Suada, afasta um pouco de seus cachos selvagens de seu rosto, e, coloca o seu arco no chão, para então pegar o seu cantil e beber um pouco de água e se refrescar um pouco, pois, com o ritmo de seu treinamento, o seu rosto está completamente molhado de suor.
Após beber bastante água, Misaki guarda o cantil, volta a pegar o seu arco e, volta toda a sua atenção para o seu treinamento.
Após o jantar, Erein resolve chamar Laila para uma conversa particular e, as duas vão para os aposentos particulares da Laila, ficando na antessala dos aposentos. Laila indica uma poltrona para que Erein se sente e, após ela fazer isso, Laila se senta em uma poltrona em frente a jovem.
― O que quer falar comigo, Erein? – questiona Laila.
― Em primeiro lugar, gostaria que me desculpar, Lady Laila, por incomodá-la a noite com bobagens.
― Querida, não há o que se desculpar. – Laila sorri – O senhor meu pai a aceitou aqui no castelo e, como uma Ravenot, eu tenho o dever de tratar bem e ser acolhedora e hospitaleira para com os convidados do senhor meu pai. Agora me diga, querida, o que posso fazer por você?
Ao ouvir as palavras de Laila, Erein sorri de forma inocente para ela, enquanto, no mais íntimo de seu coração, vem a satisfação por estar conseguindo exatamente o que quer, que é ganhar a confiança desta mulher idiota.
― Bem, milady, como deve saber, mais cedo, Lorde Lance me encontrou perto de uma floresta e, parecia furioso, depois me disse que eu poderia estar ali e, sinceramente, eu não entendi nada do que ele estava tentando dizer.
― São ordens do rei Madakki, Erein. Ninguém pode colocar os pés naquela floresta e, o motivo para isso, é totalmente desconhecido. Suponho que o único que conheça os motivos para tal proibição é o senhor meu pai. E, se me permite um conselho, não volte aquele lugar, ou, você ganhará a inimizade dos Ravenot, e, suponho que não queira a inimizade daqueles que a acolheram quando não tinha para onde ir.
― E não quero, Lady Laila. Muito obrigada por suas explicações e, agora, se me permite, vou me recolher, estou cansada e, preciso de uma boa noite de sono.
Laila acompanha Erein até a porta de seus aposentos, e, assim que a jovem saí, Laila fecha a porta. Ao se ver sozinha no corredor, um sorriso de pura satisfação surge nos lábios de Erein, pois, conseguira a informação da qual precisava de maneira muito mais fácil do que ela poderia imaginar.
Caminha pelo corredor do castelo e, olha pela janela, onde, uma criada está servindo uma bebida para alguns dos cavaleiros que estão de guarda e sorri, pois, o seu showzinho particular está prestes a começar!
Com pressa, começa a correr pelos corredores do castelo, descendo as grandes escadarias que dão acesso a ala de hóspedes, chega a seus aposentos e fecha a porta, para que ninguém desconfie dela.
Lance está com Bella na antessala dos aposentos da jovem e, ela sorri de forma radiante para ele.
― Lorde lance, sabe que não deveria estar em meus aposentos. – Bella sente seu rosto enrubescer – O que acha que nossos pais vão fazer quando souberem?
― Você quer a verdade? – pergunta Lance, com um sorriso de puro divertimento em seus lábios.
Ao invés de responder, Bella faz um sinal de afirmação com a cabeça.
― Pouco me importa o que nossos pais farão se por um acaso souberem que nós estamos sozinhos em seus aposentos. Eu a respeito, minha Lady, e, jamais faria algo que a desonrasse, disso você não duvide.
― Eu não duvido, meu Lorde, porque esta sua sinceridade é uma das coisas que mais me atraem em você. Poucas Ladies podem dizer que tem sorte, com casamentos arranjados mas, eu posso dizer que o tenho, pois milorde é muito mais do que eu sempre sonhei!
Em retribuição as doces palavras de Bella, Lance segura gentilmente a palma da delicada mão feminina e a beija, para, em seguida, deixar os aposentos de sua prometida, soprando um beijo carinhoso para ela e lhe desejando boa noite.
Bella fecha a porta de seus aposentos e, vai para o quarto principal, onde se senta na cama, esperando pela criada que vai ajudá-la a colocar a camisola para dormir.
Lance se dirige para o escritório particular de seu pai, e, o encontra ali, ao lado da mãe, os dois olhando para um pergaminho.
― Algum problema? – pergunta Lance, olhando para a expressão dos pais.
― Nenhum, meu filho. – responde Lady Perrie – Seu pai apenas estava me mostrando uma carta do rei Madakki, agradecendo a solidariedade de nossa Casa, ante os últimos acontecimentos.
― Compreendo. – responde Lance.
― Espero que você já esteja preparado para a nossa viagem de amanhã, meu filho. – a voz de Lorde Kaid se faz ouvir.
― Sim, meu pai. – responde Lance – E, lamento não estar com o senhor ajudando nos preparativos, mas, com Lady Bella conosco, é meu dever estar com ela.
Antes que Kaid ou Perrie possam responder a seu filho, os três escutam barulho de espadas sendo sacadas e de lutas que parecem estar acontecendo neste momento dentro do castelo.
― Invasão?! – questiona Lady Perrie, sem esconder o medo em sua voz.
― Possivelmente. – responde Kaid, com severidade em sua voz – Fique aqui, minha querida, tranque a porta e só abra para mim ou para Lance.
Ao ouvir as palavras de seu marido, Perrie faz um sinal afirmativo com a cabeça. Kaid beija delicadamente a testa de sua esposa, para em seguida, deixar o escritório ao lado de Lance e, pai e filho sacam as suas espadas, a fim de descobrirem o que está acontecendo e, Perrie, se tranca no escritório, com seu coração na mão.
Kaid e Lance correm pelos corredores do castelo e, não demora muito para eles verem que, não se trata de uma invasão, mas sim de cavaleiros da própria guarda Ravenot que lutam uns contra os outros. E, mesmo com toda esta confusão, Lance não deixa de notar que alguns dos cavaleiros estão com os olhos vermelhos.
― Meu pai! – fala Lance, já preparado para lutar – Preste bem atenção nos olhos de alguns destes cavaleiros.
― Já notei! – Kaid responde a seu filho – Não os mate, apenas os incapacite!
― Pode deixar! – Lance fala a seu pai.
E, após dizer estas palavras, pai e filho partem para o ataque, com as espadas em mãos e, lutando contra os cavaleiros com os olhos avermelhados. Pai e filho lutam com agilidade, controlando a situação rapidamente, e, após verem seus Lordes lutando, os cavaleiros que não estão com seus olhos vermelhos se enchem de coragem e continuam a lutar com garra, a fim de controlarem a situação.
Misaki ainda está no pátio de treino, e, começa a escutar o barulho de espadas sendo brandidas e do aço sendo usado um contra o outro. Sem perder tempo, a jovem de cachos alaranjados pega o seu arco, sua aljava e corre em direção ao interior do castelo, a fim de descobrir o que está acontecendo.
Nos corredores do castelo, ela vê uma grande confusão, soldados lutando uns contra os outros e não entende nada do que está acontecendo. Tira uma flecha de sua aljava e a coloca em seu arco, se preparando para atirar a flecha para se proteger, se for necessário.
A jovem escuta um grito feminino, vindos do segundo andar e, corre em disparada, a fim de ajudar do que for necessário. Sobe as escadas em disparada e, escuta outro grito de dor.
Misaki então entra nos aposentos de Bella, atravessa a antessala chegando ao quarto principal e, vê o corpo da noiva de Lance Ravenot desfalecido no chão, sob uma poça de sangue e, um cavaleiro de olhos vermelhos com espada em mãos, pronto para cravá-la no coração da jovem.
Sem perder tempo, Misaki atira a flecha, que acerta o braço do cavaleiro, fazendo com que ele solte a espada e, rapidamente, ela atira outra flecha, desta vez atingindo a região abdominal do cavaleiro. Uma terceira flecha atinge o coração do cavaleiro, que caí sem vida no chão. Misaki então se aproxima do corpo desfalecido de Bella e, para seu espanto, percebe um profundo ferimento na jovem Lady, na região diafragmática.
Lance escuta um grito feminino, reconhece a voz de Erein. O jovem Ravenot corre para o segundo andar e adentra os aposentos da Jovem, para ver um cavaleiro de espada nas mãos pronto para avançar contra a jovem.
O Jovem Lorde então avança contra o cavaleiro, cravando a sua espada contra a dele e, totalmente concentrado, não percebe Erein estática, com os olhos lacrimejando. Com grande maestria, Lance desarma o cavaleiro, e, em seguida, crava sua espada no ombro do cavaleiro, incapacitando-o e, fazendo com que ele caia no chão, inconsciente.
Lance então se aproxima de Erein e, ao vê-lo, ela se joga sobre ele, abraçando-o com o corpo totalmente trêmulo.
― Calma, Lady Erein. – Lance retribui o abraço da jovem – Calma, já passou. Eu estou aqui. Você não está ferida.
― Eu fiquei com tanto medo...! – Erein fala com a voz um pouco trêmula – Achei que eu fosse morrer...!
― Calma, já passou, você está segura.
Ainda abraçada ao Lorde Lance, Erein sorri de forma satisfeita, vendo que conseguiu exatamente o que queria conseguir.
Capital Rahssar...
― Maia, o que você está fazendo aqui com o meu filho?
Ao ouvir, novamente, a pergunta do Príncipe Damian, Maia sente o seu rosto corar, pois, simplesmente, não pode responder a ele a verdade. Sente que, seu rosto vai passando por todas as cores possíveis, e, tudo o que queria era que a terra se abrisse para que ela pudesse ser enterrada nela e se livrar de um momento tão constrangedor quanto este.
Céus, como ela consegue se meter em situações embaraçosas como essa?
― Maia, eu estou esperando a sua resposta. – Damian volta a falar.
E, após dizer estas palavras, o príncipe se aproxima da criada, tirando dela o bebê de um ano de idade. E, no momento em que Maia sente toque do príncipe, ela sente uma grande dor o coração de Damian. Ela olha nos olhos do príncipe e consegue ver nitidamente uma mulher deitada em uma cama totalmente ensanguentada, seus olhos se fechando pela última vez.
Maia então trata de soltar a criança e desvia seu olhar do príncipe, pois não quer invadir as lembranças dele. Fora apenas por alguns minutos, mas, ela conseguiu ver nitidamente o quanto o príncipe Damian amou uma mulher e, o que restou para ele, o anjinho que está em seus braços.
― Maia. – Damian volta a falar – Não me faça perguntar pela terceira vez.
― Perdoe-me, meu príncipe. – Maia consegue sair do transe em que está – Mas o bebê estava chorando muito e, eu estava passando... Vi que ele estava com febre então dei um banho com água fria, apenas para baixar a temperatura. Juro que não tive a intenção de desobedecer suas ordens.
― Você é uma criada das cozinhas, não tem permissão para estar aqui.
― Eu sei, meu príncipe, e sei também que eu não mereço, mas, mesmo assim, peço que me perdoe mais uma vez.
Damian volta sua atenção para o filho em seus braços e, o percebe um pouco quente. Ele precisa de um curandeiro imediatamente e, não pode mais perder tempo com esta menina. Está prestes a ordenas que a menina deixe os aposentos de seu filho quando Davie chega ali e, encara o irmão e a criada de forma totalmente confusa.
― O que está acontecendo aqui? – pergunta Davie.
― Acabo de pegar esta menina aqui com Samir. – responde Damian – Quando obviamente ela não deveria estar aqui.
Davie está pronto para questionar a jovem criada quando percebe que ela está totalmente estática, lágrimas caindo por seu rosto infantil e os olhos totalmente desfocados.
― O que está acontecendo com ela? – questiona Davie.
― Não faço a mínima ideia. – responde Damian.
Maia, mesmo ali, não consegue parar de chorar, pois sua mente está sendo bombardeada com imagens que ela não gostaria de ver. Vê uma bela mulher em uma cama ensanguentada, morrendo após dar à luz a um menininho de cabelos lorio platinados. Ela vê também as montanhas congeladas do Norte, e, uma criatura das trevas com uma espada em mãos, pronta para cravá-la no coração de uma jovem adormecida, que tem belos e longos cabelos loiro platinados.
― Maia! – a voz de Davie faz a jovem voltar de seu transe – Maia o que está acontecendo?
Os olhos de Maia voltam a ganhar foco e ela, completamente desesperada, se lança contra o corpo de Davie, abraçando-o e esquecendo-se por alguns minutos de quem ela é, e, de quem ele é. O medo estampado em seu olhar ao mesmo tempo em que seus olhos não deixam de verter lágrimas da mais profunda das dores.
― Por favor... – a voz de maia soa completamente desesperada – Por favor... Por favor... salvem a princesa... Ela está em perigo... Vão matá-la... Aquela criatura das trevas irá matá-la...!
― Do que você está falando? – pergunta Davie, totalmente confuso e, sacudindo a jovem criada – Maia, do que você está falando?! Responda!
― Por favor...! – implora Maia, em meio as lágrimas – Por favor... Não me faça perguntas...! Mas avisem ao rei...! A princesa está em perigo...! A princesa está em perigo...!
Antes que os dois príncipes possam voltar a questionar a jovem, ela perde os sentidos e, só não caí no chão porque Davie a segura.
― Chame um curandeiro para ela. – a voz de Damian se faz ouvir – Eu vou falar com nosso pai, pedirei que ele escreva ao Lorde Lysander imediatamente! Não sei o que está acontecendo, mas, não dá para ignorar um apelo tão desesperado e sincero como o desta jovem.
― Não sei porque estou dizendo isto, mas, você está certo. Vá, e não se preocupe com a Maia, eu vou cuidar dela.
Elemir caminha pelos corredores do palácio, rumo ao escritório particular da Rainha Jade, pois, sabe que ela está ali. Enquanto caminha, não para de pensar na ordem dada por seu rei, e, fica imaginando como a rainha reagirá a esta notícia, e, algo no mais íntimo de seu coração lhe diz que, ela gostará desta notícia tanto quanto ele gostou.
Nunca se dera muito bem com a rainha, e, desde que fora consagrado como um cavaleiro da Guarda Real, os dois sempre tiveram os seus atritos. Mas, uma ordem real é uma ordem e, não pode questionar, e, se o Rei Madakki ordenou que ele protegerá a rainha, ele assim o fará, quer ela goste ou não.
O cavaleiro chega a portão do escritório particular da rainha, e como encontra a mesma entreaberta, resolve entrar em bater, e, ao ver a rainha, dobra os seus joelhos em uma genuflexão, em reverência, para em seguida dizer:
― Sua Graça, podemos conversar?
Ao ouvir a voz de Elemir, Jade tira os olhos da carta que está lendo para voltar a sua atenção para o cavaleiro, que se levanta e a encara com orgulho. Ela devolve o olhar com indiferença para em seguida dizer:
― Seja breve, pois não tenho muito do meu tempo para perder com você!
― Não sei se Sua Majestade já sabe, mas, Sua Graça, o Rei Madakki me escolheu para fazer a sua guarda durante nossa viagem para o Norte.
― O senhor meu marido já me informou a respeito. E, se era só isso que você queria, perdeu seu tempo, pode se retirar. Preciso ficar sozinha.
― Sua Graça, se me permite...
― Não permito nada, Elemir! Sei que esta situação será difícil tanto para mim quanto para você, mas, não pense que pode chegar e me dizer qualquer coisa. Você cumprirá seu dever como Membro da Guarda Real, nada além disso e, para me proteger, não precisa tentar conversar comigo, apenas cumpra o seu papel.
― Se Sua Graça colaborasse, acho que a situação seria bem mais fácil, para nós dois.
― É mesmo? Meu caro Elemir, sua opinião não me interessa nem um pouco e, durante este longo mês de viagem, falará comigo apenas o necessário, como sempre fizemos. Fui clara?
― Clara como cristal, Sua Graça.
― Ótimo. Agora retire-se, preciso responder uma carta que acabei de receber de meu irmão e, sua presença está tirando a minha concentração.
Bruna está em seus aposentos, se preparando para o jantar. A jovem se olha no espelho, ficando satisfeita com o vestido que escolhera para a noite, pois, o clima no palácio não está para comemorações e, por isso mesmo ela escolheu algo bem simples para vestir. Um belo vestido azul, uma de suas cores favoritas.
Olha para o seu baú de viagem, satisfeita por poder ajudar de alguma forma e, para a roupa que escolheu para o início de sua viagem, que está por cima do baú. Sorri consigo mesma, pois, esta viagem será uma oportunidade rara de mostrar seus dons e, está disposta a tudo para tentar salvar a vida da princesa, e, só pede aos deuses para que a princesa sobreviva ao longo deste mês em que estarão na estrada.
Sabendo que já está na hora do jantar, Bruna deixa os seus aposentos e começa a caminhar rumo a sala de jantar. No caminho, encontra-se com o príncipe Davie que, oferece gentilmente o braço para a jovem.
― Me daria a grande honra, Lady Bruna? – pergunta Davie, voz carregada de gentilezas.
― A honra é minha, meu príncipe. – responde Bruna, aceitando a mão que lhe é oferecida.
Os dos caminham juntos para a sala de jantar e, quando chegam, percebem que ainda faltam chegar o Rei Madakki junto com o príncipe Damian. Davie puxa a cadeira para que Lady Bruna se sente e, em seguida, toma o seu lugar a mesa.
― Onde estão o rei Madakki e o Príncipe Damian? – questiona Bruna.
― Eles estão com Sor Malik, Lorde Haider e Lorde Laison, milady. – responde a rainha Jade – Ouve um incidente com uma criada, pelo que soube.
― Deixa eu adivinhar. – brinca Bruna – A tal da Maia outra vez?
― Exatamente. – Davie responde Bruna com um sorriso – Só que agora, até eu estou começando a me convencer de que aquela menina esconde algum tipo de segredo e que nada tem a ver com a forma como ela olha para Damian.
No escritório particular do Rei Madakki, acaba de chegar Sor Malik, que, adentra o aposento e faz uma reverência, para em seguida dizer:
― Sua Graça, acabo de enviar nossa águia mais veloz para o Norte, com sua carta para Lorde Lysander.
― Eu agradeço, Sor Malik. – a voz de Madakki se faz ouvir.
― Sua Graça. – Lorde Laison toma a palavra – Tem certeza de que isso foi prudente? Posso estar errado, mas, acho que não dá para confiar nas palavras de uma criada que parece ter algum tipo problema mental.
― Lorde Laison, peço que não fale assim de Maia. – fala Damian – Sei que ela é uma jovem um pouco estranha, mas, ela não tem um coração ruim. Eu vi desespero nos olhos dela, e, todo aquele desespero não era fingimento!
― Perdoe-me, meu príncipe. – fala Lorde Laison – Não foi minha intenção ofender.
― Não há o que perdoar, milorde. – Damian volta a falar – Só peço que dê tempo ao tempo e, vamos esperar pela resposta de Lorde Lysander, para saber se Maia está certa ou não.
― De qualquer forma, pelo que soube, esta menina conseguiu baixar a febre do pequeno Príncipe Samir. – é a vez de Lorde Haider falar – Sua Alteza, se me permite, diga a esta jovem que ela será aia do pequeno príncipe, assim, todos nós poderemos ficar de olho nela com mais facilidade.
― O que acha, meu pai? – questiona Damian.
― Acho válida a sugestão de Lorde Haider. – Madakki responde ao filho.
― Falarei com Maia tão logo quanto o possível. – Damian volta a falar.
Madakki apenas escuta a discussão dos presentes, pois, ele não mandara aquela carta a Lorde Lysander apenas para atender aos caprichos de seu filho mais velho, mas também por conta de um estranho mau pressentimento que tomou conta de seu coração.
Sente que, nas longínquas terras do Norte, sua filha pode estar correndo um perigo muito maior do que ele é capaz de imaginar.
O jantar da família real transcorre normalmente, e, por conta das notícias do Norte, em um grande silêncio, pois a preocupação para com a Princesa é muito grande e, por conta disso, quase não se conversa durante a refeição noturna, e, a pouca conversa que e ouvida é somente referente a viagem da manhã seguinte.
Bruna não deixa de notar o semblante preocupado não apenas do rei, mas também da rainha e dos dois príncipes e, se sente o seu coração se apertar, pois, se tivesse como, ela certamente daria um jeito de aplacar a dor no coração da família real.
A jovem está tão distraída que, não percebe a chegada do Curandeiro Steve, um homem idoso, com seus setenta anos de idade. O curandeiro faz a reverência de qualquer forma e, em seguida, encara o seu rei com um grande ressentimento para, em seguida dizer:
― Sua Graça, lamento interromper vosso jantar e da família real, mas acabo de saber algo que muito me desagradou!
― Se está se referindo a Lady Bruna, saiba que não mudarei de ideia, Cuarndeeiro Steve. – a voz de Madakki se faz ouvir – E, não adianta nada tentar me dizer o contrário, pois, somente as habilidades de Lady Bruna é que serão capazes de salvar minha filha, se a história do Necromante se mostrar verdadeira.
― Sua Graça não pode colocar a vida da princesa Evelyn nas mãos de uma criança inexperiente!
― Curandeiro Steve, preste bem atenção em suas palavras, ou, acaso esqueceu com quem está falando?
― Não, Sua Graça, perdoe-me.
― Ótimo. Se eu disse que Lady Bruna cuidará de minha filha, ela assim o fará e você, como qualquer outra pessoa de Arkhalya, não deve questionar uma ordem minha. Fui claro?
― Claro como cristal, Sua Graça, e, perdoe-me, o modo como acabo de agir.
― Apenas retire-se, Conselheiro, e deixe-nos terminar o nosso jantar!
Norte...
Isabella caminha pela floresta, de volta ao castelo Follmann, com um pouco de pressa, pois, ela quer chegar em casa antes que o Senhor seu pai descubra que ela saiu escondida e, se isso acontecer, ela sabe que levará uma bronca daquelas.
Enquanto caminha, vai pensando no que aquela jovem, Jess lhe falou e, acha tudo isso muito estranho. Por alguma razão, ela sente que há forças que ela não compreende envolvidas em tudo isso e, sente, no mais íntimo de seu ser que deve tentar ajudar a solucionar este estranho mistério.
Vê, ao longe, os muros do castelo e, apressa os passos, pois, ainda terá de trocar suas vestes por roupas limpas e apropriadas para o jantar, antes que alguém perceba a sua saída e vá contar ao seu pai, e, não está a fim de levar uma bronca do Protetor do Norte.
Chegando aos muros do castelo, Isabella decide entrar pelo portão dos fundos, pois, é o local em que está com poucos cavaleiros vigiando. Ela pula um dos muros e chega ao interior do palácio, correndo em direção aos seus aposentos o mais rápido que as suas pernas permitem, pois, se atrasar não está em seus objetivos, ela não pode ser descoberta!
Brady caminha por uma aldeia, a procura de Lady Isabella. Vira o momento que ela pulou os muros do castelo e, gostaria muito de descobrir o que tem na cabeça dela para sair escondido assim.
Andando por uma aldeia, ele vê um jovem senhor carregando algumas lenhas e, decide abordar o velhinho.
― Senhor, meu nome é Brady da casa Kasnier e, sou protegido de Lorde Lysander da casa Arkauss. Poderia me dar uns minutinhos de sua atenção.
― Certamente, meu senhor. – responde o aldeão, colocando as suas lenhas no chão.
Brady se aproxima do aldeão e, o segura pelo colarinho, para em seguida dizer:
― Sei que Isabella da Casa Arkauss, passou por aqui, por acaso a viu e, se a resposta for sim, quero saber para onde ela foi!
― Meu senhor... – fala o aldeão, com a voz completamente trêmulas.
― Responda-me!!! – fala Brady, com a voz completamente furiosa.
― Vi Lady Isabelle voltando ao castelo Follmann, meu senhor...! Agora por piedade, me solte, eu... Eu não fiz nada...!
Brady solta o aldeão, para, em seguida, sacar a sua espada e dar uma estocada na barriga do homem, olhando bem no fundo dos olhos dele e, com um sorriso de pura satisfação em seus lábios.
Ao tirar a espada, ele sussurra, bem no ouvido do aldeão:
― Você é tão inútil e sem valor que não merece nem mesmo pisar na neve do Norte.
E, após dizer estas palavras, Brady solta o corpo sem vida do aldeão que, cai no chão. Em seguida, ele limpa a sua espada e volta a guardá-la na bainha, para em seguida voltar ao castelo Follmann.
Guinevere se olha no espelho, e, se achando estranha, pois, a mulher que está diante do espelho não se parece com ela mesma. Não apenas pelos cabelos, que estão em um tom de vermelho bem vivo, mas, as vestes que está usando, tão diferentes do que ela costuma usar.
Para combinar com o vermelho de seus cabelos, escolhera um elegante vestido, da mesma cor. Tirou o colar que sempre tem em seu pescoço, pois ele pertence a Guinevere e, se quer ter sucesso em tentar ser outra pessoa, precisa se desapegar de tudo o que possa fazer com qualquer pessoa possa reconhecê-la.
Sente uma estranha sensação em seu coração e, por isso mesmo, resolve esconder uma adaga, amarrando-a em seu tornozelo e, em seguida, abaixando as grossas saias de seu vestido
Guinevere deixa os seus aposentos, se dirigindo com passos tranquilos até o escritório de Lorde Arkauss, para ter com ele e Lady Arkauss, e, ver se eles aprovam a sua transformação.
Chega ao escritório e, encontra a porta fechada, dá algumas batidinhas leves na porta e, ao ouvir a voz de Lady Brandi, adentra o aposento, encontrando não apenas Lorde Lysander e Lady Brandi, como também Rhett e Isabelle.
Brandi encara Guinevere com atenção sorrindo de satisfação e aprovação para o visual da jovem e, em seguida, a sua voz se faz ouvir:
― Guinevere, está de parabéns, você está irreconhecível.
― Agradeço, milady. – fala Guinevere – E, saber da aprovação de Milady é um alívio para mim.
― Guinevere, você já pensou em qual nome usará na presença das outras pessoas? – pergunta Lorde Lysander.
― Sim, milorde. – responde Guinevere – E, a partir de agora, podem me chamar de Catriona Hurley.
Lysander sorri satisfeito, vendo que a jovem não ofereceu nenhuma resistência a sua ideia e, em seguida, sua atenção se volta para os filhos e, a sua voz se faz ouvir:
― Rhett, Isabella, a partir deste momento devem se referir a Guinevere pelo nome que ela escolheu, e, para todos os efeitos, ela é minha protegida, o que não deixa de ser verdade. Sua verdadeira identidade deve ser mantida em segredo.
― E assim será, meu pai. – garante Rhett – Agora, se me permite, vou ver como está Evelyn, pois, não a vi a tarde inteira.
― Isabelle, Guinevere, acompanhem Rhett, preciso ficar a sós com minha esposa.
Não é preciso que Lorde Lysander fale duas vezes e, os três deixam o escritório do Protetor do Norte. Ao se ver sozinho com sua esposa, Lysander entrega a ela um pequeno pergaminho.
― Acabei de receber esta carta da Capital. – Lysander fala a sua esposa – O Rei Madakki pede para que fiquemos de olho na princesa.
― Entendo a preocupação do rei. Mas, pelas palavras que estou lendo aqui, tenho a impressão de que Sua Majestade sabe de algo que nenhum de nós sabe.
― É passado de geração a geração na família Arkauss, desde o início dos tempos que, a Floresta Negra é um lugar amaldiçoado e que há coisas lá que deveriam ser esquecidas. Me pergunto se o Necromante é uma delas.
― Parece que nós iremos enfrentar tempos sombrios, meu amor.
― É o que parece, e, precisamos estar juntos e unidos, agora mais do que nunca. Assim que Tamien retornar, falarei com ele, para que passe a noite guardando a princesa.
― Faça isso, é o mais sensato.
Alyssa está nos aposentos da princesinha, olhando para aquele rosto tão angelical e, ardendo em febre sem conseguir conter um sorriso de mais pura satisfação em seus lábios. Se tivesse como, certamente ela a mataria, só para que Rhett seja seu, mas, se tudo continuar assim, o deus da morte irá levar essa princesinha chata muito antes do que ela sequer poderia imaginar.
Toca o rosto escaldante da princesinha e, sorri de satisfação. Se tivesse uma faca, certamente iria gostar de fazer um corte no rosto tão perfeito e angelical. Mas, já que não a tem, o que pode fazer é evitar que o Curandeiro Abel chegue aos aposentos dela, para que a febre a mate mais depressa.
Olha para o pescoço da jovem e percebe a marca negra se tornando maior, ao mesmo tempo em que a expressão da princesinha se contorce em dor.
― Morra logo, garotinha! – sussurra Alyssa para a princesa – Você não fará falta nenhuma!
Em seguida, a Lady deixa os aposentos da princesa e, na porta, encontra-se com Rhett, Isabella e uma ruiva que ela nunca viu antes.
― Lady Alyssa, como está a Evelyn? – pergunta Rhett, sem esconder o tom de preocupação em sua voz.
― Está estável, Rhett. – responde Alyssa, com um sorriso em seus lábios – Não há motivos para se preocupar com ela!
― Vou vê-la. – Rhett volta a falar.
― Não faça isso! – Alyssa tenta fazer com que ele desista da ideia – Rhett, não é bom que se torture assim. Deixe que a princesa descanse, e, é melhor irmos para a sala de jantar.
Guinevere apenas observa a mulher e, não gosta nem um pouco do que vê, como se ela estivesse tentando convencer Rhett de todas as formas possíveis a não ir ver sua noiva. E, a primeira impressão que tem da dama de companhia da princesa, é das piores possíveis.
Se tivesse coragem, certamente adentraria os aposentos da princesa, mas, o medo a impede, então, tudo o que pode fazer é observar esta mulher, sem gostar nem um pouco das atitudes dela.
― Saia da minha frente, Alyssa, pois eu vou ver a minha noiva! Não me obrigue a esquecer as etiquetas e tratar uma Lady com grosseria!
Sem alternativa, Alyssa abre passagem para que Rhett adentre os aposentos da princesa e, começa a pensar em uma boa desculpa para a febre da princesa e, porque ela não chamou o Curandeiro Abel quando percebeu a febre da menina.
Tamien cavalga sozinho pela floresta, passara grande parte da tarde com cavaleiros, procurando pelo Necromante, mas, não achara nem sinal dele. E agora, está cavalgando de volta ao castelo.
Outros cavaleiros ficaram na procura, mas ele, como um cavaleiro da guarda real, e, protetor da princesa Evelyn, resolvera voltar. Por mais que queira matar quem machucou a sua princesa, o seu lugar é ao lado dela, e, é para ela que voltará.
Jurou dar a sua vida pela dela e, se for preciso, é exatamente isso que ele irá fazer! Pede a todos os deuses de Arkhalya que salvem a vida da princesa, ou, ele jamais será capaz de se perdoar, pois não conseguiu cumprir com seu dever de proteger a princesa, e, terá de viver o resto de sua existência com o peso da culpa em seu coração.
Sempre teve um carinho muito grande pela princesa, a protege desde que ela tinha cinco anos de idade e, nunca falhara, como aconteceu agora. Sente que falhou não apenas com ela, mas também com seu rei e consigo mesmo, com seu juramento de protegê-la!
Ao longe, Tamien começa a ver os grandes e imponentes muros do castelo Follmann e, faz com que seu cavalo ande mais depressa, pois quer tomar um banho e se aquecer um pouco antes do jantar. Mas, algo ao longe chama a sua atenção: ele vê várias tochas se movimentando em direção ao castelo e, em uma velocidade muito grande e, tem certeza de que coisa ruim vem por aí.
Sem perder tempo, o cavaleiro da Guarda Real apressa os passos, pois precisa chegar ao castelo antes e contar a Lorde Arkauss o que ele acabou de ver!
Caminhando ao lado de um grande exército de criaturas mortas, Alpha se pergunta como conseguiu se meter com um Necromante. As criaturas são pessoas, com a carne completamente em decomposição e, sem qualquer brilho no olhar, verdadeiros zumbis controlados pela vontade de Souless, uma centena deles.
É claro que ele ainda precisa de dinheiro para a sua viagem, e, não pode negar que o necromante lhe ofereceu muito, mas, ainda lá no fundo de seu ser, pensa no que acontecerá se o plano do necromante falhar e ele for pego por Lorde Arkauss, se isso vier a acontecer, certamente ele estará em maus lençóis.
Mas, de tudo, esta situação não é tão ruim, pois, graças a Souless, ele conseguira aço bom, e, nunca antes em toda a sua vida, conseguira uma espada tão boa quanto esta que tem em mãos, e, com toda a prata que conseguiu, tem certeza de que poderá chegar a seu destino.
Graças a Souless, a sua vida no Norte está prestes a chegar ao fim e, ele finalmente irá poder ir para onde está o seu destino.
Começa a ver os imponentes e grandes muros do castelo Follmann, e, apressa os seus passos, até se encontrar com Souless que, ao lado de seus dois subordinados, apenas observa os muros do castelo em silêncio.
― Parece que chegamos. – fala Alpha, com um sorriso de puro sarcasmo em seus lábios.
― Sim. – responde Souless, de forma séria – Já sabe o que fazer. E, Alpha, eu não admito falhas!
― Não terá nenhuma. Não com um exército de criaturas mortas ao seu lado.
Souless encara Alpha com um olhar demasiado frio e, em seguida, o dispensa com um sinal de mão, pois ele sabe que parte do castelo deve atacar. E, enquanto Alpha distraí os Arkauss, ele invade o castelo furtivamente, atrás de seu alvo, pois, foi assim que seu mestre lhe ordenou.
A sombra de Souless começa a se mover e a ganhar vida, se transformando em uma cópia fiel do Necromante, que, sorri de forma orgulhosa para a sombra, pois, agora, o show está para começar.
― Femur! Bone! – chama Souless.
― Sim, mestre! – as duas criaturas respondem ao mesmo tempo.
― Vocês, junto com a minha sombra liderarão o exército de mortos! Agora vão, pois o show está prestes a começar!
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