3. Sober
Hola cariños!
E aí, como vcs estão nesse belo sábado? Eu to puta pq meu irmão apagou os dados do meu vídeo game e eu perdi todas as minhas paradas salvas. ayeeeeeeeeeeeeeeeee!
Anyway, mais um cap e agora faltam 7 :)
Boa leitura <3
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POV Lauren Jauregui
Caminho pelo local já conhecido sentindo os olhos das outras pessoas sobre mim, a cada passo que dou em direção ao centro da sala os meus nervos parecem ficar a flor da pele, minhas mãos soam, meu coração bate acelerado dentro do peito e eu tento, e falho, em manter minha respiração calma.
Cada passo que dou me lembra do quão difícil foi chegar até aqui, das batalhas que tive que enfrentar, das derrotas que sofri, mas acima de tudo, de cada minúscula vitória que me trouxe onde estou hoje.
Me viro ficando de frente para os olhos ansiosos e solto um suspiro audível, aos poucos vejo sorrisos se abrirem e antes que eu tenha a capacidade de falar sequer um A, uma salva de palmas começa, logo se transformando em uma pequena comemoração repleta de assobios e gritos de viva.
Minha garganta se fecha e eu sinto meus olhos arderem, mas pela primeira vez em muito tempo eu não me importo de chorar, não quando esse choro é de felicidade.
- Obrigada, obrigada! – Levanto a voz em meio àquela algazarra tentando chamar a atenção dos meus colegas que aos poucos vão se sentando novamente e se silenciando. – Existem inúmeras coisas que eu gostaria de dizer hoje, tantas que passar uma noite em claro tentando escrever um pequeno discurso pareceu brincadeira de criança, principalmente quando as bolinhas arremessadas no meu cesto de lixo começaram a se multiplicar até tomar o chão por completo. – Alguns ali riem, cientes da minha mania de escrever tudo. – Mas acho que acima de tudo, quero começar com a primeira frase que eu falei assim que eu entrei por aquela porta marrom que todos nós eventualmente tivemos que enfrentar. – Respiro fundo e olho para cada um ali dentro, sorrindo logo em seguida. – Meu nome é Lauren Jauregui, tenho 25 anos e sou alcoólatra.
- Era! – Ouço um dos meus colegas dizer e logo os outros o acompanham, me fazendo sorrir orgulhosa de mim mesma.
- Oh sim, era! – Exclamo e alguns deles riem. – A primeira vez que eu entrei aqui, vim arrastada, como provavelmente a maioria de vocês. – Observo muitas das pessoas a minha frente trocarem olhares e alguns até mesmo afirmam com a cabeça, concordando comigo. – Eu nunca achei que "essa baboseira", como eu costumava dizer, seria capaz de mudar algo porque, em primeiro lugar, eu nunca tinha admitido para mim mesma que a bebida era um problema, não, para mim ela significava apenas um passatempo, uma válvula de escape, mesmo quando eu passei a escapar da vida mais vezes do que vive-la. – Aperto entre meus dedos a madeira do pequeno palanque no qual eu falo, organizando meus pensamentos antes de continuar falando. – Eu só vim até aqui pois alguém que eu gosto muito insistiu, porque ela se preocupava e prezava pela minha vida mais do que eu mesma. – Encontro os olhos castanhos de Vero ali no meio e sorrio para ela que me retribui com os olhos molhados pelas lágrimas. – Eu dei tanto trabalho.
As pessoas começam a rir e até mesmo minha melhor amiga se permite fazer o mesmo, ainda que seus olhos vermelhos denunciem o quão emocionada ela está, sou obrigada a olhar para o outro lado para conseguir me manter firme.
- Eu perdi as contas de quantas vezes minha melhor amiga tentou me trazer até aqui, e de quantas promessas eu quebrei dizendo que viria. Era sempre a mesma rotina, ela me encontrava largada em algum lugar e me fazia prometer que seria a última vez, o que eu fazia, e a minha sobriedade durava cerca de dois dias até que eu sucumbisse ao vício de novo. – Suspiro me lembrando das tantas vezes que a mesma cena se repetiu. – Até que, um ano após ser encontrada na rua pela primeira vez, minha irmã-amiga decidiu que não estava mais em tempo para conversa, ela teria que me trazer até aqui mesmo que a força. E eu vim, a muito contra gosto, sentei em um canto dessa sala e fiquei ouvindo pessoas iguais a mim contarem suas histórias, compartilharem suas lutas, agonias, e, mesmo que muito lentamente, fui absorvendo tudo até chegar ao ponto em que eu fui capaz de me enxergar em meio a essas pessoas, em que eu admiti que tinha um problema. – As pessoas me olham atentamente, prestando atenção em cada palavra que eu digo. – Não foi um caminho fácil, Vero teve trabalho, minha querida madrinha teve o dobro...mas eu consegui, eu segui os 12 passos e passei por cima de cada barreira, cada pedra no meio do caminho até chegar a esse lugar hoje e poder dizer em frente a todos vocês que eu estou sóbria há 1 ano. – Sinto um sorriso rasgar meu rosto e então vejo Emilia se aproximar de mim com um sorriso tão grande quanto o meu. – Obrigada família AA por ouvir minhas reclamações, secar minhas lágrimas e, principalmente, por me manter firme e forte.
Como um piscar de olhos vejo todos se levantarem e aplaudirem, Emilia chega até mim e então me abraça forte, deixando um beijo em minha bochecha esquerda antes de me entregar minha nova ficha.
- Verde como seus olhos. – A morena diz e então pisca para mim sorrindo. – Feliz um ano de sobriedade Jauregui!
- Obrigada Clarke. – Respondo e então giro a pequena ficha verde entre meus dedos, o símbolo dos alcoólicos anônimos vem impresso logo acima da marca de "1 ano", sinto meu coração bater freneticamente dentro do peito me inundando de orgulho de mim mesma, eu nem consigo acreditar.
- Aeeee porra! – Sou despertada de meus devaneios por uma Vero que pula em cima de mim quase levando nós duas ao chão, dou risada de sua reação e então a abraço forte, sentindo seu cheiro familiar que me leva de volta à segurança, a minha casa. – Eu to tão orgulhosa de você!
- Obrigada Vero, você sabe que nada disso seria possível sem você. – Falo encarando-a que faz um sinal com a mão de quem despensa meu comentário e arruma meu cabelo, tirando uma mecha do meu rosto.
- Sem viadagem, eu sou sua irmã, não tem o que agradecer. – Então ela me abraça de novo e eu sei que não adianta contraria-la, ela não me deixará agradecer mais uma vez, deve estar cansada dos meus "obrigadas" depois de todo esse tempo. – Gosto do seu cabelo assim. – Aponta para o mesmo e passa a mão pelas pontas, indicando meu cabelo agora bem mais curto, batendo na altura do meu maxilar. (N/A: Look da Lauren para toda a minific aqui embaixo)
- Algumas mudanças são necessárias, eu me sinto livre assim. – Vero apenas sorri em resposta e então deixa os meus colegas virem me cumprimentar, distribuindo abraços e congratulações, brindamos com suco de laranja e comemos algumas besteiras trocando alguns depoimentos, ainda que poucos, já que o dia ali é de comemoração tendo em vista que alguns outros participantes também ganharam suas fichas, de cores diferentes, simbolizando cada uma o tempo em que eles estão sóbrios.
Me perco em pensamentos dentro daquele ambiente e então me sento no sofá para fazer uma das coisas que mais gosto: observar. Vou olhando cada um dentro daquela sala, relembrando suas histórias compartilhadas diariamente nesse lugar, suas lutas, derrotas, os momentos de fraqueza em que o vício falou mais alto do que a força de vontade.
Aqui temos pais, filhos, maridos e esposas, cada um com a sua cruz para carregar. Um deles, um senhor de cabelos bem ralos e brancos, acabou perdendo a família inteira por conta da bebida, a mulher e os filhos não aguentaram e acabaram partindo. Outra, uma mulher de meia idade, acabou causando um acidente por dirigir embriagada, matando um casal de recém-casados no caminho.
Tantas histórias, tanto sofrimento, tudo isso porque nenhum de nós foi capaz de admitir que tínhamos um problema até que fosse tarde demais. Nós fomos teimosos, resistentes, afinal quem é que não bebe de vez em quando?
Essa é a mentira que contamos a nós mesmos a cada novo gole.
Sou despertada dos meus pensamentos por uma Emilia sorridente que se senta ao meu lado no sofá, ela nada diz, apenas passa a observar as pessoas junto comigo desfrutando do silêncio gostoso que fica entre nós.
Devo muito a Vero por ter conseguido chegar até aqui hoje, mas também devo muito a mulher ao meu lado. Quando eu cheguei aqui não queria admitir que tinha um problema e vinha basicamente obrigada pela minha melhor amiga, mas mesmo assim o AA tinha que indicar alguém para me acompanhar e essa árdua tarefa ficou nas mãos de Emilia Clarke.
Ela não me pressionou em nenhum momento, muito pelo contrário, por incontáveis vezes nós nos sentamos desse mesmo jeito, lado a lado e completamente em silêncio e ficamos apenas observando o resto do grupo interagir. Ela me irritava, eu sempre esperava que fosse me cobrar algo, me botar contra a parede e me dizer o que eu tinha que fazer.
Mas ela apenas ficava ali se deixando estar presente, esperando e esperando e esperando, até que eu finalmente falei algo. Na verdade eu gritei com ela e ela apenas me olhou e ouviu todo o meu desabafo atentamente, quando eu acabei ela apenas sorriu, se levantou e me disse "até a próxima". Eu fiquei completamente estática sem saber muito bem o que tinha acontecido.
Foi com essa tática que ela conseguiu se aproximar de mim e quando eu menos percebi estava desabafando com ela, me abrindo como há muito não fazia com ninguém, e Emilia estava ali, me apoiando, me aconselhando. Dessa forma ela conseguiu ser exatamente a pessoa que eu precisava para me ajudar, me guiando durante todo esse tempo.
- Por que vocês nunca se pegaram? – Vero diz se sentando entre nós duas e então eu e Emilia apenas nos olhamos antes de começarmos a gargalhar. – É sério, a Lauren é mais rodada que bolsinha de puta e tu é uma mulherona da porra, não sei como ela nunca tentou.
- Ah, mas ela tentou. – Emilia responde me fazendo revirar os olhos e Vero me olhar completamente espantada.
- Em minha defesa, eu estava completamente bêbada naquele dia. – Respondo e é a vez de Emilia revirar os olhos.
- E quando você não estava bêbada naquela época, Lauren Pudim de Cachaça? – A morena responde me fazendo levar minha mão ao peito em falso espanto.
- Gente, to shook. – Vero diz e nós três começamos a rir. – E ai, baladinha hoje? Para comemorar? Eu bebo, vocês olham.
- Você é uma pessoa horrível Verônica. – Falo para minha melhor amiga que apenas me dá a língua e se levanta em um pulo, então ela se coloca a frente de Emilia e estende a mão para a mesma fazendo uma reverência.
- My queen. – Diz oferecendo a mão para que a outra se apoie na hora de levantar, Emilia apenas ri e aceita, fazendo uma reverência em seguida para Vero.
- My lady. – Ela responde, reviro os olhos para as duas e me dirijo a saída dando tchau para algumas pessoas.
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- O que você tem contra transar em banheiros ou estacionamentos como pessoas normais fariam no meio da balada? – Vero pergunta conforme me aproximo dela novamente.
- Você sabe que eu não consigo. – Respondo simplesmente e então me sento no balcão ao seu lado, a loira com quem eu estava aos poucos finalmente sai de trás da coluna gigante que fica no meio do estabelecimento enquanto tenta arrumar a barra de seu vestido.
- Nem escadas? – Minha melhor amiga me pergunta fazendo com que eu revire os olhos e me vire para pedir uma garrafa de água ao bartender, é a cara de Vero fazer esse tipo de pergunta inoportuna para me encher o saco.
- Não Vero, você já sabe disso há anos. – A mulher ao meu lado apenas me abraça pelo pescoço e deixa um pequeno beijo em minha bochecha, como em um pedido de desculpas. Ela sabe muito bem o motivo de eu não conseguir de maneira nenhuma ter relações em nenhum desses lugares, tudo porque da última vez...bem, são lembranças que eu não quero substituir por nenhuma outra.
- Como você consegue? – Emilia pergunta se aproximando de nós duas e eu a encaro em dúvida e ela aponta para onde eu acabei de vir. – Isso, ficar com tantas pessoas desse jeito e não se apegar.
- Sei lá, acho que relacionamentos não são para mim. – Dou de ombros. – Eu apenas não consigo transar com a mesma pessoa mais de uma vez, enjoo muito fácil de qualquer um que se grude demais em mim.
- Rainha do gelo essa aí. – Vero diz e Emilia sorri. – Lauren já deve ter pegado todas as solteiras entre 20 e 40 anos no Reino Unido. – Complementa fazendo a outra rir, a empurro pelo ombro e ela quase se desequilibra. – Aí sua puta.
- Com muito orgulho. – Respondo e pisco para ela que revira os olhos enquanto Emilia apenas ri de nós duas.
- Você acha mesmo que não conseguiria? Sabe, se apegar a alguém, ficar com essa pessoa pro resto da vida, casar, ter filhos e todo o resto? – Minha madrinha de AA pergunta, penso por um breve minuto, mas é muito breve, pois dentro de mim sei que ninguém nunca conseguiria despertar esse desejo em mim, pelo menos não alguém que seja alcançável.
- Não, já foram tantas e nunca aconteceu então eu meio que desisti.
- Você não desistiu, só está a espera da pessoa certa, por mais que você saiba exatamente quem é. – Vero diz e eu termino de tomar minha água em um gole, me afastando das duas rapidamente.
- Esse papo tá meio ruim e tem uma negra me comendo com os olhos ali do lado, com licença meninas, o dever me chama. – Faço uma reverência para as duas e então saio dali, me enfiando em um canto escuro da balada e gastando minha energia durante a noite para não me lembrar daquilo que venho tentando me esquecer há anos.
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Acordo no outro dia ouvindo um burburinho do lado de fora do meu quarto que indica que Vero já está acordada e, pelo jeito, fala com alguém no telefone. Decido me levantar quando vejo que o relógio já marca mais de 11 horas, mesmo que seja um sábado, tenho algumas coisas para fazer e prefiro não enrolar na cama antes de começar.
Abro a porta e atravesso o corredor indo em direção ao banheiro, lá faço minha higiene matinal tranquilamente, ainda em meio a bocejos, quando termino vou para a cozinha sentindo meu estômago implorar por um café da manhã reforçado.
- Bom dia. – Digo quando vejo Vero e então me dirijo ao bule de chá, despejo uma boa quantidade em minha xícara de Sherlock e me apoio no balcão encarando a mulher pela primeira vez e a encontrando parada no centro da cozinha batendo um pé no chão e me encarando enquanto morde o lábio inferior, percebo no mesmo instante que ela está nervosa. – O que aconteceu?
- Eu...hm...eu...fiz algo. – Ela diz e então começa a andar de um lado para o outro e a falar extremamente rápido. – Eu sei que te disse para esquecer, deixar de lado, porque você tinha que seguir em frente com a sua vida e coisa e tal, mas eu sabia que não poderia fazer isso mesmo que você desistisse eu tinha que continuar porque sou sua melhor amiga e é isso que melhores amigos, ou melhor, é isso que a família faz, não é? É, é claro que é. – Ela responde a própria pergunta enquanto continua me deixando tonta tanto pelo ritmo de sua fala quanto pelos movimentos de seu corpo. – Aí eu fiz isso, mas eu não achava que ia dar certo, quer dizer...nem eu achei que fosse tão boa assim e coisa e tal, mas daí hoje de manhã aconteceu isso e aí agora eu sei que sou realmente boa, talvez...
- Vero! – Grito chamando sua atenção, a hispânica para no centro da cozinha com os olhos arregalados olhando para mim. – Se acalma mulher, eu não to entendo nada do que você tá falando.
- Você se lembra daquela vez que eu pedi para você esquecer sua ex senão nunca seria capaz de ficar sóbria? Que você tinha que tirar ela da sua vida definitivamente para poder viver, parar de ficar escorada pelos cantos como um cão abandonado e coisa e tal? – Afirmo com a cabeça sentindo um gosto amargo na boca, nunca me esquecerei daquele dia, eu e Vero gritamos tanto uma com a outra que eu honestamente pensei que voltaria às ruas.
- Foi o que eu fiz. – Respondo, ela nega com a cabeça e então se aproxima de mim me pegando pela mão direita e caminhando comigo até a sala, onde me faz parar na frente de seu notebook.
- Você nunca fez isso Laur, você pode até fingir para mim, para você mesma que conseguiu, mas nós duas sabemos que você não conseguiria isso nem que quisesse muito. – Ela diz e então me senta na cadeira colocando a tela de frente para mim, pelo que consigo ver é uma página do Tumblr com várias fotografias de pessoas e lugares, elas são todas lindas e muito profissionais. – Mas eu sei que você pelo menos parou de tentar, de procurar. – Ela puxa uma cadeira para perto de mim e então me olha com um sorriso de lado. – Só que eu nunca parei de fazer isso.
- Do que você tá falando Verônica? – Pergunto e sinto meu coração dar um pequeno solavanco dentro do peito, a mulher ao meu lado apenas aponta para o computador e me pede silenciosamente para continuar olhando. Encontro cada vez mais fotos, uma mais bela que a outra, muitas delas são visivelmente de lugares e pessoas realmente simples, sem nenhum enfeite, apenas o trabalho do fotografo ou fotografa em capturar aquele exato momento perfeito. – Essas fotos são lindas, mas ainda não consigo entender o que significa.
- Eu encontrei esse Tumblr há algum tempo, foi completamente por acaso, mas eu me apaixonei pelas fotografias, de verdade, achava a pessoa que as tirava um gênio completo. – Ela diz se apoiando na cadeira. – Eu passei a seguir apenas para poder admirar de vez em quando e então entrei em contato não apenas com a foto, mas alguns pensamentos aleatórios dessa pessoa, algumas coisas realmente bonitas...inspiradoras. – Ela pausa e então me olha. – Foi então que vi uma citação de O Pequeno Príncipe e na mesma hora me lembrei da sua...história.
- Vero, me desculpa, mas você não está fazendo o menor sentido. – Bufo impaciente, me sentindo completamente agoniada pelas palavras da minha melhor amiga, ainda que eu não tenha a menor ideia do porquê.
- Desculpa, eu estou enrolando, ok. – Ela diz e então suspira. – Laur, na hora que eu vi aquela frase algo despertou em mim então eu não sei porque motivo eu fui procurar cada vez mais sobre essa pessoa, fiz perguntas anônimas, procurei pelo nome em outros lugares, mas algo sempre me disse, aquela sensação estranha de que poderia ser...ela. – Me levanto da cadeira na mesma hora e nego com a cabeça.
- Vero, não, não! Por favor, eu não quero começar isso de novo, você sabe o quanto me fez mal, eu não posso, e se for outro beco sem saída? Isso vai me destruir, logo agora que eu estou tão bem...
- Lauren, me escuta! – Ela se levanta e segura em meus ombros. – Eu passei muito tempo observando tudo ok? Muito mesmo, até que um houve um vídeo, eu não sei, parece até ter sido meio sem querer, mas aconteceu. E nesse vídeo eu ouvi alguém falando um nome, parecia ser distante então a pessoa estava falando com quem estava gravando e, meu deus, eu até pedi pra um cara que eu conheço limpar o áudio para ter certeza, o nome era Camila, Lauren! – Vero fala sorrindo e eu fecho os olhos, sentindo uma súbita falta de ar.
- Existem milhões de Camilas no mundo Vero, pode ser qualquer uma. – Respondo tentando manter meu controle, ela nega veementemente com a cabeça e volta a sorrir.
- Eu pensei a mesma coisa e foi por isso que eu apenas continuei, juntando alguns pedacinhos de coisa aqui e ali, eu procurei as primeiras publicações e, acredite, deu um mega trabalho pois ela posta todos os dias. Foi ai eu achei um link que dava diretamente em um flickr, com milhares de outras fotos, fucei e fucei até achar isso, olhe para essa foto e me diga que esse não seu moletom, aquele que eu implorei para minha mãe te comprar de aniversário quando tínhamos 15 anos. – Vero diz e então abre as páginas, me fazendo encarar a tela por vários segundos.
A primeira coisa que reconheço é o moletom. A estampa é exatamente a mesma daquele que Vero me deu de aniversário quando éramos mais novas, mas meu cérebro rapidamente tenta afundar essa ideia, me alertando que existem milhares de moletons iguais a esse no mundo.
Mas não é isso que faz meu coração acelerar e minha respiração falhar. É apenas quando eu começo a perceber os detalhes em quem veste que o mundo a minha volta gira, o cabelo castanho comprido, a boca carnuda em um tom vermelho, a pontinha do nariz...É como montar um quebra cabeça aos poucos, encaixando cada pequeno pedaço na imagem que eu levo guardada no fundo da minha mente.
Quando eu olho mais para trás e percebo a janela, sinto meus olhos se encherem de lágrimas no mesmo minuto, eu nunca esqueceria o lugar que me abrigou durante meses, o mesmo em que eu passei noites em claro pensando em Camila, a janela pela qual eu colocava a cabeça para fora para conversa com ela para que ninguém ouvisse.
Antes que eu possa me impedir, estou sentada novamente, as lágrimas escorrem livremente molhando meu rosto, Vero se aproxima e me abraça pelos ombros, esperando pacientemente até que eu consiga voltar a falar.
- É ela. – Constato como se já não fosse completamente óbvio. – Meu deus Vero, é ela mesma, a minha Camz.
- Eu sei. – Ela diz e então acaricia os fios curtos do meu cabelo, limpando o rastro de lágrimas pelas minhas bochechas.
- Vero, essa foto é antiga, Camila parece ter a mesma idade de quando eu a deixei, por mais que seja ela, eu não faço ideia de como isso me ajuda a encontra-la, eu não vi nenhuma foto que indique onde ela está atualmente. – Começo completamente desesperada, já vendo qualquer resquício de esperança se esvair.
- Que tal essa? – Minha melhor amiga pega no mouse e nos direciona para o Tumblr novamente, indo até um post de apenas três dias atrás.
- Esse não é o...?
- St James's Parks aqui em Londres? Sim, esse mesmo. – Ela responde. – Camila está aqui Lauren, na mesma cidade que nós, há apenas alguns minutos de distância.
- Eu...você...como? – Tento organizar meus pensamentos, uma enxurrada de emoções me preenchendo pouco a pouco. – E se ela já tiver ido embora?
- Não foi, eu joguei o nome dela em consultas de eventos aqui em Londres, porque afinal ela parece ser fotografa e poderia fazer isso para viver, e então achei a informação de que ela estava ontem mesmo fotografando um evento de gala, que pelo visto terminou bem tarde. Ela ainda está aqui Laur. – Me levanto novamente e começo a andar de um lado para o outro, tentando pensar em como encontra-la e onde.
- Vero, Londres é gigante, como eu possivelmente poderia saber onde Camila está? Como eu consigo acha-la aqui? É como procurar uma agulha em um palheiro. – Exclamo, por mais que as habilidades de minha melhor amiga tenham se mostrado excepcionais.
- Eu não sei se você percebeu, mas nos últimos dias ela tem postado sempre fotos do mesmo parque, o St. Jame's, o que significa que todos os dias ela vai até lá para fotografar, e se esse for o último dia dela aqui, então eu tenho certeza que ela estará lá novamente. – Vero soa convicta, começo a sorrir com a possibilidade, só de pensar em ver Camila após tanto tempo sinto meu coração pulando dentro do peito.
Faz anos que sonho com isso.
Anos.
- Mas, e se ela não se lembrar de mim? – Pergunto e Vero revira os olhos. – Eu estou falando sério Vero, e se ela não se lembrar? Se não me reconhecer? Se me tratar como uma desconhecida ou simplesmente não se importar?
- Se essa mulher um dia te amou um terço do que você a ama eu tenho certeza que ela nunca seria capaz de te esquecer Lauren. Nunca.
- Então o que eu faço?
- Vá atrás da sua garota. – Responde simplesmente.
- E se ela não aparecer? Ou melhor, e se ela aparecer em um lugar que eu não esteja? O St. Jame's não é exatamente pequeno. – Falo enquanto Vero me empurra até meu quarto.
- Existe um banco, ele fica próximo a um grande carvalho no centro do parque, Camila geralmente sempre tira suas fotos mirando nesse banco, vá até lá, sente-se nele e espere até que ela apareça, não importa até que horas, deuses, pode demorar meses, mas você não está autorizada a levantar a bunda daquele banco até ela aparecer ok? – Vero diz enquanto vai até meu armário e começa a procurar uma roupa para que eu vista, continuo atônita em meu lugar, pensando de quantas maneiras diferentes isso pode dar errado.
- Eu não sei se devo...
- Lauren Michelle Jauregui Morgado eu não te criei para ser uma maldita bunda mole! Você vai sim e vai ficar lá, e vocês vão se ver e vai ser igual nos filmes, uma musiquinha romântica e uma câmera lenta antes de vocês correrem até a outra e se beijarem loucamente. – Ela diz se virando para mim e jogando uma calça preta em minha direção. – Eu vou ficar aqui de olho nela, qualquer coisa te aviso.
- Vero, você tem certeza? Eu...
- NÃO! VOCÊ. VAI. ATRÁS. DELA. Eu não passei 7 anos da minha vida te ouvindo chorar por essa garota pra você pular fora quando tem finalmente a oportunidade de vê-la, não mesmo Lauren! Vai dar tudo certo, você não confia em mim?
- Mais do que qualquer coisa no mundo. – Respondo sem nem pensar duas vezes.
- Então vá até aquele parque e recupere o amor da sua vida, faça aquilo que você não teve a oportunidade de fazer antes, quando eram mais jovens, FIQUE COM ELA.
Dito isso, minha melhor amiga simplesmente sai do quarto me deixando com as peças de roupas em minhas mãos e no horizonte a oportunidade de rever o amor da minha vida.
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Uuuuuuuuuh, e agora ein?
FBI contrata a Vero.
Me digam o que vocês acham que vem aí no próximo capítulo? Será que a Camila mudou muito desde que tivemos um POV dela?
To louca pra saber seus palpites e o que estão achando da história até agora :)
Para os ansiosos de plantão: segura a peruca que o reencontro não está muito longe tá? Eu só preciso desse tempo para que vocês consigam ter noção de algumas coisas que aconteceram antes de fazer isso acontecer. Confiem na mama.
Comentem no tt com #TheSeminarianFic, conversem comigo no @lernkabeyo yay
Bye
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