2. I Gotta Stay High
Após ameaças de morte por fazer vcs chorarem muito: estou de volta.
Pra fazer chorar mais.
Ou não (:
Vamos a mais um capítulo lindo e cheiroso? Vejo vcs lá embaixo.
---------------------------------------------------
POV Lauren Jauregui
As luzes coloridas e a fumaça fazem com que meus olhos percam a capacidade de se concentrar, os corpos dançando ao meu lado seguindo seu próprio ritmo, demonstra o quanto cada pessoa está perdida dentro de seu próprio universo.
Olhos fechados, risadas, música alta, copos sendo levantados, pessoas se beijando nos cantos pelas paredes, o cheiro de bebida misturado ao adocicado da fumaça artificial preenchendo todo ar.
Minha mente e pensamentos já estão completamente nublados, confusos pela quantidade de álcool ingerida e pela atmosfera ao meu redor. Mas nessa noite nada disso importa, nessa noite eu preciso não estar no controle pois se eu estiver significa que minha mente irá percorrer os caminhos mais tortuosos, me deixando com nada além de dor.
Quando a música troca eu solto um grito e pulo em meu lugar, essa definitivamente é a música da minha vida.
Play: Tove Lo – Habits
[Deveria haver um GIF ou vídeo aqui. Atualize a aplicação agora para ver.]
- I eat my dinner in my bathtub, then I go to sex clubs watching freaky people gettin' it on. – Canto junto erguendo minha garrafa para cima e fechando os olhos, deixando todas as sensações me invadirem pouco a pouco. - It doesn't make me nervous if anything I'm restless, yeah, I've been around and I've seen it all!
I get home, I got the munchies
Binge on all my twinkies
Throw up in the tub
Then I go to sleep
And I drank up all my money
Dazed and kinda lonely
(Eu chego em casa, estou com fome
Uma compulsão pela larica
Vomito na banheira
Então eu vou dormir
Gastei todo meu dinheiro em bebidas
Atordoada e meio solitária)
As pessoas ao meu lado cantam a plenos pulmões, parece que eu não sou a única que se identifica com uma música que fala um pouco sobre pessoas que bebem o tempo todo para esquecer da vida e dos problemas que ficam do lado de fora, mas o próximo verso é o que define tudo, me fazendo perguntar se aqueles ao meu redor se sentem da mesma forma quando o ouvem.
You're gone and I gotta stay
High all the time
To keep you off my mind
Uh, uh, uh, uh
High all the time
To keep you off my mind
(Você foi embora e eu tenho que ficar
Chapada o tempo todo
Para parar de pensar em você
Uh, uh, uh, uh
Chapada o tempo todo
Para parar de pensar em você)
Tento impedir que meu cérebro projete imagens de olhos castanhos e lábios carnudos, um nariz fino e levemente arrebitado, sorrisos com a língua entre os dentes...mas é completamente em vão, pois nesse momento eu estou totalmente fora do controle, totalmente a mercê dos meus pensamentos que sempre se voltam para o mesmo lugar...ela.
A música continua na mesma batida, me fazendo quase gritar cada verso, tentando expulsar de mim esse sentimento por mais que eu saiba que é impossível, já tentei vezes demais para me iludir achando que irá funcionar agora.
Abro os olhos sabendo exatamente do que eu preciso, mais álcool, mais bebida, mais distância entre mim e a consciência, preciso sentir o líquido descendo rasgando em minha garganta, provocando um ardor que me faça esquecer daquele que permanece resistente no centro do meu peito.
Quando chego ao bartender e bebo duas doses rápidas de tequila sinto que aquilo faz efeito, meu corpo se torna mais leve, meus pensamentos distantes. Tudo que eu preciso fazer é me deixar levar pelo momento.
- You're gone and I gotta stay high all the time to forget I'm missing you. – Murmuro junto com a cantora, sentindo em cada letra o quanto aquilo é verdadeiro para mim, o quanto aquele verso significa tendo em vista meu estado atual.
Levanto meus olhos para pista me encostando no bar e não demoro muito para encontrar um par de olhos azuis me olhando de volta, um sorriso e um aceno é a única coisa de que necessito para saber o que irá acontecer daí para frente.
Meus pés se movem automaticamente alcançando a mulher que parece estar tão louca quanto eu e procurando nosso próximo destino, mais uma tentativa de esquecer, de ignorar, de seguir em frente.
Me perco mais uma vez em sensações, mãos, bocas, corpos, bebidas. Transformo minha noite em um borrão, apenas mais uma para a conta interminável.
- Lauren. – Ouço uma voz me chamar ao longe. – Lauren! – Uma sacudida brusca em meu corpo e eu resmungo. – Caralho acorda.
Levanto o rosto e a luz do dia fere meus olhos me fazendo gemer em reprovação ao tentar abrir os mesmos, meu corpo inteiro dói, o gosto no fundo da minha boca é azedo e quando consigo me adaptar encontro o rosto da minha melhor amiga furioso me encarando de cima.
- Oi Vero, me deixa dormir. – Resmungo e logo fecho os olhos novamente, mas alguns segundos depois sinto seu pé atingir minha coxa em um chute. – Oh caralho!
- Te deixar dormir Lauren? No meio da porra da rua? – Ela grita e então eu abro os olhos verificando o espaço em volta, sentindo pela primeira vez o chão duro embaixo de mim, jogada em um beco enquanto as pessoas passam apressadamente na calçada ali próxima, algumas até mesmo direcionam seus olhares a nós duas, curiosas para saber o que está acontecendo, mas não o suficiente para parar e oferecer ajuda.
- Ah. – Solto simplesmente, fazendo Vero revirar os olhos e me esticar suas mãos para que eu me apoie nela e me levante, o que eu aceito de bom grado, mesmo que eu quase caia e ela tenha que me segurar. – Não fica brava. – Suplico e ela solta um suspiro ajeitando meu braço direito em volta do seu ombro pois aparentemente minhas pernas viraram gelatina.
- Já passei dessa fase há meses atrás quando te encontrei pela primeira vez nesse estado Lauren, eu não estou brava, estou triste. – Diz me carregando até seu carro estacionado no meio fio, me limito a ficar calada sentindo a decepção em sua voz me dilacerar por dentro.
- Desculpe. – Peço quando ela entra do lado do motorista após me acomodar no banco do passageiro e deixar uma garrafinha d'água comigo.
- Não quero desculpas Lauren, quero mudança, você não pode continuar fazendo essa merda consigo mesma. – Ela exclama e eu me encolho no banco assistindo-a dar partida no carro. – Hoje é quarta-feira Lauren, estamos no meio da semana e eu acabei de te encontrar bêbada dormindo no chão após passar a noite toda fora, você tem noção do que é isso?
- Eu precisava disso, você sabe. – Murmuro olhando pela janela, meu reflexo é assustador, meus cabelos estão uma completa bagunça, a maquiagem borrada mancha meu rosto de preto, as olheiras por baixo dos meus olhos denunciam meu hábito nada saudável.
- Não, não precisava. – Responde sem me olhar, concentrada na rua a sua frente, fecho meus olhos sentindo uma pontada em minha cabeça. – O que você precisa é de ajuda, arrumar um emprego, um belo banho e uma xícara de café forte e sem açúcar.
- Vero, ontem era... – Tento fechando os olhos, ela apenas nega com a cabeça.
- Sim, eu sei que dia foi ontem Laur, já faz 5 anos que passamos por ele juntas e, acredite, eu não me importaria se esse fosse o único dia do ano que você se embebedasse e sumisse dessa forma, mas ambas sabemos que deixou de ser assim há muito tempo. – Vero buzina e xinga um homem que a corta no meio trânsito, fazendo um resquício de seu sotaque latino sobressair ao britânico que ela adquiriu com o passar dos anos morando em Londres. – Eu sei que você sente falta dela, que fazem 5 anos desde a última vez que vocês se falaram, mas Deus, você precisa fazer algo da sua vida porra!
- Eu sou uma merda de amiga, eu vou sair da sua casa, eu só te dou trabalho e...
- Não! Não ouse falar isso Jauregui! – Ela me corta freando o carro e parando no meio fio. – Eu não quero que você saia de casa, você é minha irmã porra! Você vai ficar comigo, eu sou sua família e é por isso que eu saio do meu trabalho no meio do expediente para te procurar por aí, preocupada que algo tenha acontecido! – Suspira se virando para mim, forçando meu rosto em sua direção para que eu a olhe. – Eu não digo isso porque você é um incomodo Laur, eu digo isso porque quero o melhor para você, quero te ver bem, inteira, feliz.
- Eu nunca poderei ser inteira e nem feliz, não sem ela. – Murmuro e Vero me olha com pesar, alcançando minha mão entre as suas e entrelaçando nossos dedos, seu polegar inicia uma carícia para me acalmar, ela me conhece tão bem que sabe que estou no meu limite.
- Eu gostaria de poder mudar as coisas, gostaria de poder traze-la para você, gostaria de descobrir o que aconteceu quando ela parou subitamente de falar contigo, de trazer o seu amor como você merece, mas eu não posso fazer isso Laur, o que eu posso é cuidar de você agora, te deixar inteira para que se um dia ela voltar você possa estar forte o suficiente para recuperar sua garota. – Encaro seus olhos castanhos e sinto uma lágrima rolar por minha bochecha. – Eu não posso imaginar o seu sofrimento, eu nunca amei ninguém como você continua amando essa garota mesmo após todo esse tempo, mas eu amo você o suficiente para saber que se as coisas continuarem assim... - Ela pausa soltando um suspiro e por um momento desvia o olhar para a janela antes de vou a cabeça em minha direção e apertar meus dedos entre os seus. - Eu tenho medo do que pode acontecer.
Vejo os olhos da minha melhor amiga se encherem de lágrimas, sinto sua preocupação dominando todo meu corpo, a angústia em seu olhar e em todos os seus movimentos me deixam sem ação fazendo com que eu apenas afirme com a cabeça e solte sua mão para que ela volte a dirigir.
Conforme seguimos caminho prendo meu olhar à janela pensando em tudo que passei nos últimos tempos e como eu vim parar aqui, nesse momento, como eu transformei a minha vida naquilo que ela é hoje.
Lembro-me até hoje do último dia em que ouvi a voz de Camila no telefone, da forma como nos despedimos como sempre fazíamos, com palavras de amor e saudades. Lembro-me de tentar ligar para ela no dia seguinte e ela não atender, o mesmo se repetiu em todos os outros dias até que a mensagem de "esse número não existe" foi a única que eu consegui ouvir.
Até mesmo Dinah ficou incomunicável, eu não conseguia falar com ninguém, me vi perdida sem saber o que havia acontecido, apesar de sempre suspeitar que o pai de Camila de alguma forma havia descoberto sobre nós duas.
Os dias foram se passando e se transformaram em meses, anos. Eu tentei busca-la de todas as formas, até mesmo voltei em minha antiga igreja para conseguir alguma informação, mas tudo que recebi foram olhares atravessados e um pedido para que eu me retirasse.
Foi assim que fiquei, que a perdi...sem um adeus, uma explicação, nada. Apenas o vazio que ela deixou dentro de mim, o buraco que venho em vão tentando preencher a todo custo com bebidas e transas fúteis.
A minha sorte é essa que caminha comigo para dentro do apartamento. Vero.
Nós sempre fomos inseparáveis, mas quando o destino acabou apartando nossos caminhos eu achei que nunca mais fosse vê-la, até tentei fazer isso logo antes de embarcar para Boston, mas apenas recebi um "boa viagem" através do interfone.
Quando voltei para Londres decidida a mudar tudo em minha vida, a primeira coisa que tive de enfrentar foi minha mãe. Nossa briga foi horrorosa e ela decidiu que não me aceitaria mais dentro de casa, assim como a pequena igreja que havia me abrigado.
Eu me vi sem rumo, sem ter para onde ir, então mais uma vez recorri para a única pessoa que representava família para mim. Quando cheguei na porta de Vero a encontrei saindo de casa, não precisou mais do que um olhar para que ela entendesse o que havia acontecido, ela sempre me conheceu melhor do que eu mesma.
Minha melhor amiga me abrigou, cuidou de mim, me arrumou um emprego, esteve ao meu lado em cada noite em que eu chorava até dormir abraçada ao seu corpo. Secou minhas lágrimas, ajudou nas minhas buscas, se manteve firme mesmo quando eu desmoronava vez após outra ao seu lado.
O dia em que eu sabia que deveria ser entregue a última carta para minha latina foi o pior de todos, eu conseguia lembrar de todas as palavras que escrevi, das promessas que fiz, do quanto eu tinha certeza que estaria com ela. Não estar foi o que me destruiu, imaginá-la lendo aquilo sem estar ao seu lado me matou por dentro e por mais que Vero tenha tentado me ajudar, foi naquele dia que eu decidi buscar por algo que fizesse adormecer aquela dor, ainda que momentaneamente.
As bebidas, o sexo fácil com pessoas estranhas, o descompromisso com a vida e qualquer outra coisa se tornaram o meu estilo, fincaram-se em mim como parte da nova Lauren Jauregui, querendo ou não eu me tornei uma pessoa distante, fria, incapaz de manter relações duradouras com qualquer outra pessoa que não fosse Vero, até mesmo amizades.
O álcool vinha como uma válvula de escape, uma tentativa de fugir de mim mesma. O sexo fácil era para apaziguar a carência, buscar o prazer de todas as formas, me perder. Mas nunca se repetia por mais de uma vez com a mesma pessoa, não, eu logo me cansava e partia para outra, transando em baladas e bares.
Mas nunca em banheiros ou estacionamentos.
Ou escadas.
O fato é que eu me tornei uma versão muito pior de mim mesma, sem conseguir me reconhecer ao me olhar no espelho todas as manhãs.
Se o que Vero disse se realizasse, de encontrar Camila novamente, eu duvido que ela gostaria do que veria, provavelmente me dispensaria no mesmo segundo.
Se é que se lembraria de mim.
Após um banho gelado em que Vero me ajuda em cada etapa, me deito em minha cama e sou obrigada a tomar um chá horroroso feito por ela, quando termino o conteúdo da xícara me deito e rapidamente minhas pálpebras pesam.
- Laur. – Faço um som nasal para que ela prossiga. – Prometa-me que vai procurar ajuda, que vai parar com isso e melhorar. – A encaro e Vero suspira tirando uma mecha de cabelo do meu rosto. – Esqueça ela. – Pede e eu me preparo para protestar mas ela me cala. – Não para sempre, eu sei que não é possível, mas pelo menos até que você melhore...você não pode continuar vivendo para sempre na sombra de alguém que nunca te procurou, que você nem sabe quem é mais.
- Eu...
- Você consegue, eu sei que sim. Tanta coisa pode ter mudado Laur, ela pode ter encontrado outra pessoa, pode ter se dado conta de que não te queria. – Cada palavra sua me machuca como uma facada, me fazendo fechar os olhos na mesma hora. – Eu sei que ouvir isso dói, mas nós nunca soubemos o que realmente aconteceu, eu gostaria de acreditar na história da menina que foi impedida pelo pai de continuar esse relacionamento proibido, mas faz tanto tempo que tem se tornado impossível e vê-la dessa forma por causa dela é ainda pior, você se machuca cada vez mais.
- Camila é parte de mim, pedir para que eu a esqueça é o mesmo que pedir para que impeça meu coração de continuar batendo. – Vero sorri de lado e acaricia minha mão.
- Eu sei, mas você pode tentar, aliás, não esqueça dela apenas...se lembre de você. – Pede e então se levanta e deixa um beijo em minha testa. – Eu preciso volta ao trabalho, mas quero que me prometa que irá mudar, eu preciso disso Laur, preciso saber que você ficará bem, que não correrei riscos de te encontrar qualquer dia desses sem vida em um beco por aí, preciso ter a certeza de que você irá pelo menos tentar.
- Eu prometo, eu prometo a você que irei mudar. – Digo e ela sorri acariciando meus cabelos e então se despede me deixando sozinha debaixo dos cobertores.
Olho para o teto pensando em suas palavras, eu nunca quis esquecer Camila, nunca quis deixar esse sentimento que sinto por ela morrer, mas até que ponto isso tem me feito bem? Até que ponto vale a pena lutar por algo que parece estar morto há tanto tempo?
Vero tem razão, eu preciso mudar, preciso me concentrar em mim e voltar a ser aquela Lauren cheia de vida que corria sorridente por aí, a mesma pela qual Camila se apaixonou.
Afinal, nunca se sabe o que a vida pode reservar para nós, há sempre aquela grande pergunta rodando os nossos destinos:
E se?
--------------------------------------------------------------------
Um pouco do que aconteceu com a Lauren dessa vez, e ai?
Para não perdermos a contagem: o capítulo passado mostrou a Camila do presente quando fazia 1 ano desde que ela havia aberto a última carta da Lauren (3 anos após a última vez em que elas se viram), já nesse mostra a Lauren 5 anos desde a última vez em que elas se falaram (logo após a Camila abrir a terceira carta) o que significa que a Lauren do presente está falando 1 ano após a Camila do último capítulo.
Ou seja, são 5 anos desde o fatídico episódio de despedida na estação de trem!
Falando em idades acho que fica mais fácil, quando elas se conheceram tinham 17 (Camila) e 18 (Lauren), a Camila do capítulo passado já tinha 21 (e a Lauren 22), a Lauren desse já tem 23 (e a Camila 22). Confuso? Espero que não, pq se não eu tbm me perco haha.
Comentem lá no twitter com #TheSeminarianFic e compartilhem comigo suas teorias agora que vimos o lado da Lauren na história, o que vcs acham que vem daqui pra frente?
Até o próximo final de semana!
Beijos besitos, suaves suavecitos.
Thate.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro