0. Prólogo
Hallooooooooooo.
Eu prometi que faria mini fics e aqui estou com a mais votada por vocês.
Para quem não está entendendo nada: The Seminarian partiu de uma oneshot de mesmo título que está dentro da coletânea The Sex Book (disponível no meu perfil).
Por isso, esse primeiro capítulo trará aquilo que foi escrito lá, apenas para que possamos relembrar o que aconteceu e assim dar continuidade a estória.
De princípio já aviso: The Seminarian é uma mini-fic e terá no máximo 10 capítulos.
Aproveitem :)
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POV Lauren Jauregui
Boston - Massachusetts - 20h21
Sentada no sofá pequeno em meio a sala lotada de pessoas eu tento me aconchegar em meus casacos que tentam, em vão, me proteger do frio que faz na cidade gelada de Boston.
Quando me mudei de Londres para desbravar o EUA, não achei que iria continuar sentindo tamanho frio. Com a fama das cidades da Costa Leste, onde os turista aproveitam para surfar nas praias de águas cristalinas, eu achei que poderia, quem sabe, pegar um bronzeado.
Mas tudo que conheci foi o gelado estado deMassachusetts, cujo o frio muito se assemelha àquele que sempre enfrentei na minha terra natal, em Londres.
Apesar que eu realmente não tento reclamar sobre isso, aos meus 19 anos tive a minha primeira oportunidade de sair da Inglaterra, e o melhor, sem gastar um mísero centavo. Até porque, se eu fosse depender disso passaria o resto da vida no Reino Unido.
Venho de uma família simples, minha mãe me criou sozinha, batalhando todos os dias para sustentar a mim e a minha irmã mais nova, Taylor. Meu pai morreu quando eu era muito nova, nem sequer me lembro de seu rosto. Meu padrasto, pai de Taylor, passa mais tempo fora de casa do que com a família, fazendo com que eu praticamente não tenha criado laços com o homem.
Todo nosso sustento vem de Clara Jauregui, a mulher que é minha grande inspiração desde muito nova. Isso e é claro, a ajuda de nossa pequena igreja local, ao qual sempre frequentei religiosamente todos os domingos, desde muito pequena.
Minha mãe fazia parte da equipe, então eu cresci em meio a todas aquelas pessoas, almoçando na casa dos pastores, participando da escolinha dominical, dentre várias outras coisas.
Portanto não foi surpresa para ninguém quando eu entrei para o seminário, seguindo o desejo de minha mãe de me tornar pastora. Você pode até achar estranho que uma mulher possa alcançar esse cargo, mas muitos cometem esses erro. Aqui, qualquer um pode se tornar pastor, desde que tenha o chamado, ou seja, vocação para isso. Usualmente as mulheres se tornam pastoras dos mais novos, liderando as crianças desde o início, até que elas cresçam o suficiente para frequentar o culto de domingo, ministrado por um pastor.
É por isso, pelo meu chamado para me tornar pastora, que eu vim parar na gelada cidade de Boston. Aliás, não exatamente em Boston, a igreja a qual eu farei parte enquanto estou aqui é uma pequena em uma cidade quase tão pequena quanto chamada Framingham, no interior de Massachusetts.
Porém, após dois dias da minha chegada, hoje finalmente serei apresentada ao pastor que está a frente do ministério no Estado, me reunindo com outros seminaristas na casa Ally Brooke, uma das líderes da capital de Boston, enquanto esperamos o pastor e sua família chegarem.
Todos trocamos conversas agitadas, cantamos alguns louvores e comemos, muito.
- Como é a Inglaterra? - A menina loira que eu conheci há pouco me pergunta.
- Hm, nada parecido com Harry Potter. - Respondo sorrindo.
- MEU DEUS SEU SOTAQUE É TÃO FOFO! - Ela diz e então aperta minhas bochechas me fazendo rir, tudo bem, já me lembrei quem ela é, Dinah Jane. - Parece que tem uma batata quente na sua boca.
- Vocês americanos, vivem falando isso, nunca entendi porque, nós falamos normal. - Respondo e Dinah sorri abertamente, tenho certeza que ela está pronta para me imitar, pois faz um barulho com a garganta, mas Ally a interrompe.
- Meninas, o pastor Cabello está aqui. - Diz se aproximando então nós duas nos levantamos para recebê-lo, tenho que dizer que estou muito animada, conhecer esse homem depois de tudo que ouvi sobre o mesmo na Inglaterra é empolgante.
Pelo que sei de sua história, ele fez seminário em Cuba, e então cresceu rapidamente sendo enviado para diversas missões ao redor do mundo. Foi para o África, Ásia e até mesmo Oceania, até chegar com sua família à Inglaterra, onde passou uns 3 anos e construiu 5 igrejas, inclusive a que eu minha mãe frequentamos.
Me aproximo da sala timidamente atrás de Dinah que, com toda sua altura, encobre minha visão, apenas ouço os outros seminaristas cumprimentando alguém animados, até que Dinah sai da minha visão e eu vejo o homem, rapidamente sei quem ele é, seria difícil não enxergar sua luz há quarteirões de distância.
- E você deve ser Lauren Jauregui. - O homem de cabelos grisalhos e sorriso bonito diz olhando para mim, aceno positivamente e dou minha mão para cumprimentá-lo, mas ele apenas nega com um sorriso e me puxa para um abraço de urso. - Deixe a formalidade para lado de fora pequena Lauren, eu segurei você em meu colo quando era apenas um bebê recém-nascido, para mim só interessam abraços.
- Obrigada Sr. Cabello, é um prazer encontrá-lo. - Respondo quando ele me solta, o homem apenas faz um gesto com a mão como se não quisesse que eu o tratasse dessa forma e sorri.
- Alejandro, Lauren, apenas Alejandro. - Diz e então me abraça pelos ombros, me girando ela sala e me fazendo chegar até uma mulher de óculos com aparência simpática. - Sinuhe, lembra-se de Lauren?
- Mas é claro! - A mulher de cabelos loiros diz e então se aproxima para me abraçar também, me fazendo sentir até um pouco sufocada com tanta demonstração de carinho. - Pequena Jauregui me deixava de cabelos em pé quando começava a chorar no berçário, como se alguém estivesse dando uma surra nela, atrapalhando o culto. - Coro fortemente por suas palavras e a mulher aperta minhas bochechas.
- Mama você vai arrancar as bochechas dela desse jeito. - Ouço uma voz fina dizer ao nosso lado e me viro em sua direção, vendo uma pequena garotinha que ri da minha situação com sua mãe. - Sofia Cabello, muito prazer. - Diz toda adulta me dando a mão para cumprimentá-la, é estranho dizer que ela é a única que eu gostaria de abraçar até esmagar?
- Olá Sofia, me chamo Lauren. - Digo apertando sua pequena mão gordinha e quentinha. - Você é muito bonita. - Falo e a menina cora olhando para baixo, sinto vontade de apertar suas bochechas pela fofura no gesto, mas me contenho.
Alejandro me chama novamente e então me leva até o centro da sala para conversarmos sobre como estou me sentindo nos EUA, como foi minha recepção e se estou animada com o seminário, respondo tudo alegremente, a ansiedade para começar meus estudos tomando conta do meu corpo. Conversamos por um bom tempo até que algo que capto no canto dos olhos me chama atenção.
Uma menina, que deve ter aproximadamente a minha idade, vem do corredor que da nos quartos do apartamento conversando animadamente com Ally vindo em direção a sala. Seus cabelos castanhos caem ondulados por seus ombros, seu pequeno corpo é abraçado por um moletom com uma estampa que eu reconheço ser de O Pequeno Príncipe, há algo nela que chama tanta atenção que a conversa com Alejandro cai rapidamente para segundo plano, sua voz entra no mudo conforme eu entro em transe.
Quando seus olhos castanhos percebem o meu olhar e se voltam para mim eu sinto como se um choque percorresse meu corpo, ela me olha e parece parar no meio do caminho, deixando Ally falando sozinha tanto quanto eu deixo o Pastor, nossa troca de olhares parece durar horas, mas em questão de segundos sou puxada para a realidade novamente.
- Camila, hija! Venha até aqui para eu te apresentar Lauren. - Alejandro diz ao meu lado chamando a menina com a mão, ela se aproxima sorrindo e então o homem a abraça pelos ombros olhando para mim. - Lauren, essa é Camila, minha filha mais velha.
Sinto o suor tomar conta de minhas mãos de repente, olho para a menina seguramente protegida pelos grandes braços do pai e prendo a respiração por um momento, seus olhos castanhos me observam com certa curiosidade, balanço a cabeça minimamente e então estendo minha mão para ela, torcendo para que não seja uma abraçadora igual a seus pais.
- Lauren Jauregui. - Falo em um sorriso que provavelmente parece uma careta, ela apenas leva sua mão até a minha, me fazendo sentir a quentura de sua pele e sorri com a língua entre os dentes.
- Camila Cabello, gostei da sua blusa. - Responde e eu automaticamente olho para meu corpo para verificar com que roupa estou, sorrio para ela ao perceber que meu casaco tem uma raposa desenhada, enquanto a dela tem uma ilustração do pequeno príncipe, irônico não?
Depois da curta apresentação, Alejandro chama a todos para nos reunirmos no centro da sala, devemos estar em umas 10 pessoas naquela pequeno apartamento, mas surpreendentemente ninguém fica apertado demais. O homem inicia um discurso de boas vindas aos outros 3 seminaristas que chegaram ali comigo, cujos nesse momento não consigo lembrar o nome e então puxa uma oração.
No meio de suas palavras eu acabo abrindo meus olhos, quando uma sensação estranha de estar sendo observada percorre meu corpo. Não leva um segundo até que eu note os brilhantes olhos castanhos em cima de mim do outro lado da roda, quando vejo-a me observando sinto algo se agitar dentro de mim e rapidamente fecho os olhos novamente, me repreendendo internamente por aquilo, o que está acontecendo comigo?
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- Hey gringa, você tá quieta. - Dinah fala se sentando ao meu lado no trem que parte para Framingham, mesmo após Ally insistir para ficarmos, decidimos que seria melhor irmos embora, já que nossas obrigações de seminaristas se iniciariam logo no dia seguinte.
- Nada não, só pensando. - Respondo olhando pela janela e lembrando de Camila, nós não nos falamos mais durante o resto da noite, eu apenas a observei de longe, por vezes trocamos alguns olhares mas nada demais.
- Quer uma fofoca? - A seminarista mais velha pergunta me fazendo olha-la, seus olhos castanhos estão brilhando e um sorriso travesso toma conta de sua boca. Dinah já está aqui há 1 ano e meio fazendo seu seminário, e ficou encarregada de meio que tomar conta de mim enquanto estivesse aqui, sendo uma espécie de anjo da guarda.
- Você provavelmente vai contar mesmo que eu diga que não. - A loira ri ao meu lado me fazendo negar com a cabeça, Dinah pode ser um tanto espalhafatosa.
- Certo. - Diz apenas e então esfrega uma mão na outra em uma tentativa de esquentá-las, olha rapidamente ao nosso redor se certificando de que ninguém ouve nossa conversa e então volta a me olhar. - Sabe a Camila, filha do pastor? - Pergunta.
- O que tem? - Suspiro, será possível que tudo irá girar em torno dessa menina para mim hoje?
- Ela está, como posso dizer, em um período de vigia. - Fala e eu franzo a testa sem compreender. - Digamos que ela tem uma fama meio ruim por aqui.
- Por quê?
- Ela dá muito trabalho ao Sr. Cabello. - Responde e eu fico imaginando como uma menina como ela poderia dar trabalho. - Ah sim, ela tem uma carinha de anjo mesmo, mas não se deixe enganar.
- Dinah, vá direto ao ponto, eu não to entendendo nem um pouco direito o que você tá falando. - Falo me virando para ela no banco, a loira sorri triunfante ao perceber que tem minha total atenção.
- Há mais ou menos uns 3 meses, pegaram Camila com uma outra menina no centro de Boston, foi o maior escândalo, mas o pastor conseguiu encobrir tudo. - Fala e eu arregalo os olhos quase engasgando com minha própria saliva. - É claro que as pessoas comentam muito, dizem que essa não foi a primeira vez que a primogênita dos Cabello cometeu esse pecado, aliás, há rumores que ela já esteve de caso com outra seminarista, e por isso mandaram a menina para uma missão no interior da Nigéria.
Abro minha boca algumas vezes para tentar respondê-la mas não consigo, apenas fecho os olhos e me recosto no meu banco, imagens dos olhares de Camila percorrem a minha mente na velocidade da luz, junto com algumas outras de um passado não muito distante.
Ao perceber que o assunto acabou sinto Dinah apenas se acomodar ao meu lado e puxar conversa com um dos novos seminaristas que senta no banco ao lado do seu, do outro lado do trem, enquanto eu me deixo levar por meus pensamentos, há milhares de quilômetros dali.
Antes de entrar para o seminário minha vida estava uma merda, eu havia perdido uma das minha melhores amigas que acabou saindo da Igreja, o motivo eu nunca soube qual. Eu sei que acabei perdendo uma irmã, pois nós éramos grudadas uma a outra desde muito novas, ela sabia todos os meus segredos e eu os dela. Inclusive aqueles que ninguém mais sabia.
Junto com ela outras pessoas foram saindo, mas eu sempre me mantive firme, formando novos amigos e tentando seguir em frente. Cerca de 2 semanas antes de viajar eu decidi ir a um pub em Londres, para me despedir da galera, eu estava desanimada com a viagem, não sabia se aquilo era o que eu queria para minha vida ou se só estava cumprindo pela milionésima vez uma vontade da minha mãe.
Eu acabei bebendo um pouco, mas mesmo que tenha sido somente um gole o álcool rapidamente subiu para minha cabeça, me deixando extremamente alegre. A garçonete que nos atendia já havia várias vezes flertado comigo naquela noite, mas eu sempre desviava de suas tentativas e me repreendia por meus pensamentos, só que tudo isso mudou quando eu bebi.
Não sei como aconteceu direito, mas eu me vi me despedindo dos meus amigos e ficando do lado de fora do pub esperando a mulher, quando ela chegou lá e me viu parada no estacionamento não levou nem 10 segundos até estarmos nos beijando no meio do tempo gelado.
Foram apenas alguns momentos entre um amasso e outro, e logo eu parti dali. No outro dia acordei me lembrando de tudo e me senti terrivelmente mal. Eu havia pecado e estava me sentindo imunda, chorei por horas enquanto me ajoelhava no chão e pedia perdão por ser pateticamente fraca, aquela sensação perdurou por dias.
Faltando apenas uns 3 dias para meu embarque para os EUA eu decidi ir até o endereço da minha antiga amiga, toquei o interfone e torci para que ela me atendesse, quando ouvi sua voz através do aparelho quase chorei, a saudade me preenchendo forte. Pedi para que ela descesse para me ver mas a menina foi irredutível, disse que desejava toda a sorte do mundo para mim no outro Continente mas que acreditava que nós já não tínhamos mais nada para conversar.
Fui embora me sentindo quebrada, eu sabia o porque dela ter se negado a descer, pois ela sabia que eu tentaria a todo custo levá-la de volta a Igreja, que eu sentaria em um lugar com ela e a tentaria convencer de que ela estava seguindo a vida errada e seu lugar era dentro da Igreja, servindo a Deus.
Eu sabia que ela não estava errada, mas aquilo não me impediu de ficar chateada, junte isso a como eu estava me sentindo desde o que aconteceu naquele estacionamento e você ganha uma Lauren que seguiu com a ideia do seminário, disposta mais do que nunca a fazer aquilo, o trabalho de Deus como diria minha mãe, eu queria me limpar do pecado, e me dedicar a isso me daria exatamente o que eu queria.
Por isso parti para os EUA determinada, eu me redimiria e provaria a mim mesma que aquilo fora apenas um erro, algo que eu fiz quando não estava completamente ciente das minhas ações, me convenci disso e entrei no avião.
Eu só não esperava encontrar Camila Cabello por aqui.
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1 mês se passa rapidamente quando você anda para cima e para baixo fazendo as tarefas pela igreja, entre meus estudos, lendo milhares de livros, e o cumprimento de algumas coisas como limpeza e manutenção do antigo e pequeno prédio, não tive tempo para quase nada.
Dinah se tornou uma grande amiga e tem cumprido bem o seu papel de me auxiliar, é reconfortante ter alguém para contar em um lugar completamente estranho. Apesar que as pessoas da igreja sabem ser acolhedoras, em pouco tempo já nos portamos todos como uma família, é muito bom se sentir amada dessa forma, sentir como se você fizesse a diferença.
Quanto a mais velha da irmãs Cabello...bem, eu não a vi muitas vezes. Apenas em um culto em que fomos para Boston e ela estava lá, trocamos algumas palavras dentro de uma roda de amigos depois de culto mas foi só isso. Até porque eu evitava a todo custo ficar perto demais dela.
Meus dias se resumiam a ficar em Framingham estudando e me fazendo útil, mas, depois de 1 mês eu e os outros seminaristas decidimos que seria uma boa hora para conhecermos um pouco mais da capital, entrando em um trem em uma segunda, dia da nossa folga, para desbravar Boston.
Dinah, Ariana, Louis, Austin e eu nos encontramos com Ally ainda na estação, a mulher mais velha estava disposta a nos apresentar a cidade, nos recepcionando como sempre com um sorriso no rosto. Me aconcheguei em seu abraço e me senti leve, a pequena mulher transmitia amor em cada poro de sua pele, mas a sensação reconfortante de seu abraço logo morreu quando eu percebi quem estava junto com ela.
Camila, vestindo um casaco enorme com pelinhos, uma calça jeans branca e uma daquelas bostas ugg estava ali, com um sorriso no rosto e os cabelos caindo em cascata ao lado de seu rosto, a toca em sua cabeça a deixava adorável, foi difícil não sorrir ao vê-la.
- Hey seminaristas! - Outra voz ao lado de Camila disse, e então eu vi uma linda morena se revelar, ela tinha um sorriso lindo e foi logo abraçando Dinah que gritou ao vê-la, as duas iniciaram uma dancinha especial arrancando risadas de todo mundo. - Prontos para conhecer a gigante Boston que na verdade nem é tão grande e só tem neve? - Perguntou se virando para nós.
- Normani, assim você vai desanimá-los. - Ally disse e a negra revirou os olhos quando a mais velha virou para cumprimentar o restante do pessoal, fazendo com que eu e Camila, as únicas que prestavam atenção na mulher, rissemos, foi então que a filha do pastor se aproximou de mim.
- Bom vê-la de novo Lauren. - Disse sorrindo para mim, o maldito sorriso com a língua entre os dentes que trazia sensações estranhas por todo meu corpo.
- Digo o mesmo Camila. - Respondi e logo me agarrei ao braço de Dinah tentando manter distância da menina de cabelos castanhos.
Percorremos a cidade inteira durante a tarde, indo inclusive a grande biblioteca que havia na cidade, onde me diverti no meio dos livros querendo levar o maior número dentro da mochila enquanto Dinah dizia que estava cansada de andar entre as prateleiras. Percebi que Camila pegou um exemplar de O Pequeno Príncipe e sorri lembrando da primeira vez que nos vimos, ela realmente gostava do livro.
Quando começou a anoitecer nós fomos até uma hamburgueria e decidimos que era hora de comer, afinal estávamos todos famintos e Ally disse que não aguentava mais ouvir as reclamações de Camila, fizemos nossos pedidos e nos empanturramos até ficarmos literalmente tristes por tanto comer.
Me levantei da mesa e segui para o banheiro, eliminando a absurda quantidade de refrigerante que acabei consumindo, Deus abençoe o refil gratuito.
Quando sai do banheiro para lavar minhas mãos estanquei ainda na porta ao ver Camila calmamente retocando a maquiagem em frente ao espelho, fiquei perdida por tempo demais olhando para ela. Por dentro do restaurante estar um pouco mais quente, a filha do pastor havia tirado seu grande casaco, ficando apenas com uma blusa fina de mangas compridas na cor preta na parte de cima, meus olhos desceram por seu corpo abraçando cada curva, até que eu percebi o que fazia e me xinguei, fechando os olhos e indo até a pia ao seu lado para lavar as mãos.
- E ai, o que achou de Boston? - Ela quebrou o silêncio entre nós ao perguntar, desliguei a torneira e balancei um pouco as mãos dentro da pia antes de respondê-la.
- Gelada. - Falei e ambas rimos.
- Achei que você estivesse acostumada, papa diz que Londres também é fria. - Respondeu e eu me virei para pegar um papel e secar minha mãos, jogando-o no lixo em seguida.
- Sim, é. Você não chegou a conhecer Londres com seus pais? - Perguntei curiosa.
- Não, eles me tiveram quando meu pai teve que voltar para Cuba, minha mãe engravidou em Londres, mas não me teve lá. - Responde. - Já Sofi nasceu aqui nos EUA.
- Ela é muito fofa. - Falo me referindo a sua irmã mais nova, Camila sorri orgulhosa acenando com a cabeça. - Quantos anos você tem?
- Completei 18 há alguns meses, você tem 19, certo? - Pergunta e eu afirmo.
- Como sabe?
- Papa falou para quem quisesse ouvir que tinha te carregado no colo quando recém-nascida, foi só fazer as contas. - Diz dando de ombros. - Você tem cara de mais experiente mesmo...
O jeito que ela diz a última frase me faz estancar no meio do banheiro, muito ciente de cada terminação nervosa do meu corpo, o sorriso no canto de seus lábios e a forma como seus cílios batem inocentemente me arrepiam inteira, fazendo com que toda a leveza da conversa se perca em alguns segundos.
- Eu...eu...é melhor irmos, estão nos esperando para ir embora. - Falo recuperando a consciência, Camila apenas sorri divertida e se movendo para o lado para me dar passagem.
- Você não precisa fugir toda vez que está comigo Lauren. - Sussurra quando passo ao seu lado, me fazendo travar e olha-la com o canto dos olhos, não digo nada, apenas fecho os olhos com força e saio dali antes que eu cometa um erro irreparável. Me perguntando como ela tem a capacidade de mudar tudo com algumas palavras.
Saímos da lanchonete e fazemos nosso caminho até uma locadora de filmes ali perto, o tempo todo meu cérebro trabalha como um louco para perturbar a minha mente. Como Camila percebeu que eu fugi dela nas raras ocasiões em que estivemos juntas e, o mais importante, como é possível que ela saiba o motivo por trás disso?
Fico revendo minhas ações tentando descobrir em que momento eu fui de alguma forma óbvia em relação ao quão perturbada ela me deixava e de repente me pego pensando se eu causo o mesmo efeito nela.
Caminho errado Jauregui, não vá nessa direção, concentre-se, você está aqui para se limpar do pecado, está cumprindo seu propósito, não se deixe levar pelos desejos da sua carne fraca.
Percorro os corredores da loja enquanto olho distraidamente os títulos dos filmes a minha frente, estou perto dos filmes de romance quando percebo Camila ao meu lado, solto um longo suspiro ao vê-la.
- Esse aqui é ótimo. - Ela diz fazendo questão de se por a minha frente para pegar o dvd nas mãos, roçando seu corpo ao meu e me deixando paralisada, tão perto que eu poderia facilmente por minha mãos em sua cintura e cheirar seu pescoço.
- Hm, é sim, mas eu odeio filme que alguém morre no final. - Digo me afastando dela e vendo o filme que ela segura em mãos, Camila apenas sorri e o devolve para a prateleira.
- Você tem cara de quem chora assistindo romance. - Diz sorrindo aquele sorriso maldito.
- Como se você não fosse uma manteiga derretida também. - Respondo lembrando do quanto Normani zoou a latina na vinda até a loja, falando sobre como ela chora todas as vezes que assiste Uma Linda Mulher.
- Hey, me respeita! - Ela diz divertida me empurrando pelo ombro e me fazendo sorrir, o movimento faz com que ela fique perto de mim, perto demais. Então rapidamente me viro para a outra prateleira fingindo me concentrar nos filmes ali e tentando recuperar minha respiração.
Fico alguns minutos analisando os títulos, ou melhor, fingindo, pois Camila decide ficar ao meu lado encostando nossos braços enquanto também analisa os filmes, apesar de eu ter total consciência de que ela faz aquilo apenas para ficar próxima de mim.
- OH ESSE AQUI! - Diz passando a minha frente e encostando sua bunda no meu quadril, fazendo com que eu tenha que apertar minhas unhas na palma da mão ao lado do corpo. - Segundas Intenções, já assistiu esse Lauren? - Pergunta se virando para mim.
- Nã-ã-o. - Respondo meio engasgada, ela sorri triunfante ao perceber que o nome do filme me atingiu em cheio.
- Hm, olha esse, Mata-me de Prazer, já assistiu? - Pergunta com um meio sorriso nos lábios, chegando bem perto de mim, fecho meus olhos na mesma hora e direciono minha cabeça para cima, contando até 10 e pedindo ajuda para Deus.
- Camila... - Falo quando sinto seu corpo bem próximo do meu, abro o olho direito apenas para vê-la novamente com a bunda encostada ao meu corpo enquanto se abaixa levemente para pegar um filme em uma prateleira mais abaixo.
- Ligadas Pelo Desejo...esse parece ótimo. - Diz sem se importar com meu pedido silencioso de misericórdia, continuando a roçar em meu quadril e me deixando louca.
- Tem aquele ali...Diabo no Corpo. - Falo e sinto a risada de Camila reverberar por todo meu corpo pela sua proximidade.
- O que você tem Lolo? Por quê está toda encolhida desse jeito? - Ouço-a perguntar e então abro os olhos encarando-a dessa vez de frente para mim, porém ainda perigosamente próxima. Um brilho percorre seus olhos castanhos me fazendo gelar, ela passa a língua nos lábios enquanto me olha e eu sinto como se pudesse me desfazer, tão perto...
- Ei vocês duas! Estamos indo embora. - Ambas nos viramos para Ally que nos olha da ponta do corredor e nos afastamos mais do que depressa, no canto da loja consigo ver uma Dinah encostada a uma parede enquanto parece observar muito atentamente nossa situação, me fazendo engolir em seco.
Eu preciso me controlar, ou isso não vai acabar nada bem.
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- Dá pra acreditar que o pastor Alejandro está vindo até Framingham para dar o culto de hoje? - Dinah diz animada ao meu lado, me limito a sorrir timidamente, já que isso significa que não apenas ele virá, mas sim sua família inteira. - Hey, você não parece animada.
- Eu estou, só um pouco cansada. - Falo coçando meus olhos um momento e parando de organizar os bancos da igreja, Dinah aproveita o momento para se sentar em uma das cadeiras, ou melhor, se jogar.
- Tem razão, esse negócio de preparar a igreja não tá dando certo. - Fala e eu dou risada de seu jeito, estamos há umas boas horas organizando para que esteja perfeito, é claro que sempre fazemos isso, para todos os cultos, mas a presença do pastor Alejandro ali faz com que nos esforcemos um pouco mais para pequena igreja parecer o mais perfeita possível.
- Onde estão aqueles garotos ein? Deixando todo o trabalho pesado para nós. - Me jogo ao seu lado descansando um pouco.
- Ah, o pastor Miles chamou os dois para fazer algo, aparentemente eles cantarão junto com a banda durante o louvor. - Responde e eu apenas sussurro concordando, ficamos ali um tempo até ver Ariana chegar até nós com uma garrafa de água para cada.
- Meu Deus você é um anjo menina. - Dinah diz pegando sua garrafinha e matando metade em uma golada só, tomo alguns goles da minha e agradeço Ariana com um sorriso.
- Ainda temos que verificar se os microfones estão bons. - A menina de cabelos castanhos diz e então eu e Dinah nos levantamos para ir até o palco, testando os instrumentos e zoando um pouco enquanto arriscamos algumas notas.
Logo subimos para o pequeno apartamento que ocupamos para nos arrumar para o culto, quando voltamos a igreja a encontramos quase lotada, e com mais pessoas passando pela porta a todo tempo, começo a cumprimentar toda a congregação me posicionando na parte do fundo da igreja enquanto as pessoas ocupam os bancos a minha frente.
Os outros seminaristas ficam um de cada lado do pequeno local, de maneira que nenhum de nós fica junto. Quando começa a louvou vejo Alejandro chegar direcionando um sorriso a mim ao caminhar até a primeira fileira, esperando enquanto as músicas não acabam para então começar sua ministração.
Me sinto mais leve ao ver apenas Sinu e Sofi acompanhando-o, mas ao mesmo tempo fico decepcionada, mesmo que Camila me perturbe ao extremo, é bom pelo menos poder localiza-la com meus olhos, como se observa-la de longe aplacasse um pouco do meu desejo.
Quando Alejandro começa a falar a igreja inteira para e o escuta atentamente, vários "Amém" são ouvidos vez ou outra, meu foco está completamente no homem em cima do palco, observando a maneira que ele se move, como suas palavras são fortes e como ele cativa a atenção de cada um ali.
Não percebo exatamente a hora que alguém se posiciona ao meu lado, mas quando decido virar-me para ver quem é quase pulo para longe na mesma hora.
- Oi Lolo. - Camila diz sorrindo para minha reação. - Achou mesmo que se livraria de mim hoje? - Pergunta e então eu passo um bom tempo tentando respondê-la propriamente, sem conseguir.
- Oi Camz. - Falo e a menina de olhos castanhos olha para mim com um sorriso gigante nos lábios.
- Ora ora ganhei um apelido também. - Diz brincalhona me empurrando pelo ombro.
- Nada mais justo, já que você me deu um na...na locadora. - Travo ao me lembrar daquele dia, quase conseguindo sentir a sensação de seu corpo grudado ao meu. Camila parece poder ler meus pensamento, pois seu sorriso se torna cada vez mais cínico.
- Boas lembranças desse dia. - Morde o lábio inferior e eu me forço a olhar para frente, tentando a todo custo prestar atenção nas palavras de Alejandro e não em sua filha ao meu lado, após uns 5 minutos ouço a risada de Camila.
- O que é tão engraçado? - Pergunto olhando para ela que tem seus olhos presos no palco.
- Seu jeito todo inocente perto de mim, ficando corada tão fácil... - Fala e então olha para mim se aproximando para falar em meu ouvido. - Estou louca para te ver se libertar dessa pose e me agarrar de verdade Lauren, passo todas as noite sonhando com isso. - Engulo em seco fechando os olhos com força e negando com a cabeça, Camila se afasta novamente e então volta sua atenção para frente como se tivesse apenas compartilhado um versículo da bíblia comigo.
- Você é impossível Camila. - Falo meio estrangulada posicionando meus braços firmemente atrás das minhas costas, apertando meu pulso direito com a mão esquerda, contendo a vontade urgente que tenho de tocá-la.
- Ah não, eu sou facinha facinha, principalmente pra você. - Diz e então logo em seguida fala um amém junto com o resto da igreja, olhando para mim e sorrindo de lado. - Você que é impossível, mas por pouco tempo.
- Pare de falar esse tipo de coisa Camila. - Suplico olhando-a, sentindo meu auto controle cada vez mais no limite.
- Me dê seu número. - Pede.
- O que?
- Seu número de celular Lauren, me dê ele. - Pede novamente parecendo ligeiramente impaciente, penso algum tempo se devo ou não. - Qual é, eu não posso te atacar através de mensagens, apenas quero conversas quando estivermos longe, prometo.
Lanço um olhar desconfiado para ela que mantém seu rosto neutro e inocente, decido dar-lhe meu número apenas para que possamos cessar a conversa, antes que ela continue me provocando e eu sucumba aos desejos da carne.
O restante do culto passa impressionantemente em paz, Camila para de me perturbar e perto do final se dirige para perto do palco, juntando-se a mãe e a irmã. Me sinto relaxada, talvez ela atenda meu pedido e pare afinal de contas.
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Camila: Oi
Camila:
Eu: Camila...eu estou no meio da aula.
Respondo a mensagem da latina no meu celular depois de ficar encarando sua foto por vários segundos e querer arrancar meus cabelos com quão linda ela parece. Decido guardar o aparelho no bolso da minha calça e voltar minha atenção a aula de estudos bíblicos mas logo sinto-o vibrar na minha perna.
Não consigo me contar e pego o celular de novo, vendo que é mais uma mensagem da garota que tem roubado meus pensamentos.
Camila: Quem é? Pastor Dwight? Ele me dá sono.
Eu: Segundo todas as conversas que tivemos até hoje enquanto eu estava em aula, não existe um pastor no mundo que não te dê sono.
Camila: Realmente.
Camila: Mas tem uma quase pastora que me faz perder rapidinho.
Suspiro fortemente tentando espantar os pensamentos que tomam minha mente ao ler suas palavras, sendo chamada de volta pelo celular vibrando em minha mão.
Camila: Adoro o jeito que te deixo sem graça com tão pouco, aposto que vc fechou os olhos e mordeu os lábios agora.
Camila: Daria tudo para estar fazendo isso por vc.
Lauren: Vc vai me deixar louca desse jeito garota.
Lauren: Preciso prestar atenção na aula.
Camila: Tá tão frio aqui, queria um abraço seu.
Eu: CAMILA!
Camila: Que foi? Quem ta com o celular na mão sem prestar atenção na aula é vc, não eu.
Lauren: Se torna muito difícil com ele vibrando o tempo todo.
Camila: Engraçado, vc diz isso há quase 3 semanas já.
Camila: Mas nunca faz nada a respeito.
Camila: Acho que vc tá viciada em mim Jauregui.
Eu: Vc quem disse q eu te faço perder o sono.
Camila: Oxi..quem disse q eu me referi a vc? Se eu me lembro bem falei "quase pastora", até ai Ariana, por exemplo, tbm é.
Eu: Não me provoque Cabello.
Eu: Odeio quando vc fala dela assim.
Camila: Ciúmes?
Eu: Não.
Eu. Argh.
Eu: Só me deixe prestar atenção na aula ok?
Suspiro pesadamente deixando o celular de lado e olhando para minha companheira de apartamento sentada um pouco mais a frente, Ariana está concentradíssima na aula, mas então suas mãos procuram algo no corpo e ela sorri olhando para o celular.
Oh não, ela não fez isso.
Eu: Vc não acabou de mandar mensagem pra Ariana não é Camila?
Eu: Camila?
Eu: Camz vc tá online eu to vendo aqui.
Camila: Desculpa, estava conversando com alguém que realmente aprecia minha atenção.
Eu: Eu só quero prestar atenção na aula.
Eu: Camz...
Eu: Para de visualizar e não responder.
Olho para cima e vejo Ariana super entretida no celular com um sorriso rasgando sua cara.
Eu: C
Eu: A
Eu: M
Eu: I
Eu: L
Eu: A
Eu: Fala comigo por favor :(
Camila: Agora vc quer?
Eu: Não faz isso.
Eu: Vc sabe que eu adoro conversar com vc.
Camila: Não parece.
Camila: Fica mais tentando se livrar de mim do que qualquer outra coisa.
Camila: Sabe Lauren, se vc não quer...
Camila: Tem quem queira.
E com isso Camila me deixa falando sozinha, sem responder nenhuma mensagem e me fazendo sentir péssima.
É incrível que com poucas semanas conversando todos os dias com a latina eu já sinta uma falta absurda dela se passamos algumas horas sem nenhum tipo de contato.
Com as três semanas que se passaram eu passei a conhecê-la muito melhor, seus gostos, seus sonhos, sua personalidade. E cada detalhe me fez ficar cada vez mais balançada e menos resistente, ainda que o alarme apite na minha cabeça todas as vezes que ela tenciona nossa conversa para algo mais...picante.
Camila está certa, eu vivo fugindo dela, quando vejo que estamos passando tempo demais conversando simplesmente desligo meu celular em uma tentativa de cessar as coisas e me acalmar, de voltar aos eixos com minha mente. E ainda tem Dinah, que fica de olho em tudo que eu faço como se soubesse exatamente o que anda se passando.
O pior é que por mais que eu tente me afastar mais eu falho, conversando com ela até altas horas e até mesmo arriscando algumas ligações que me fazem dar voltas e mais voltas ao redor do quarteirão para que ninguém me pegue conversando com ela.
De certa forma eu sinto como se todo mundo soubesse, sinto os olhares julgadores pressionando minhas costas por onde vou, por mais que eu saiba que é loucura devido todo o cuidado que tomo. Até porque nada demais chegou a acontecer.
Há alguns dias atrás Ariana teve que ir a Boston e voltou de lá falando super bem de Camila, fazendo com que meu coração se retorcesse dentro do peito e eu fosse falar com a latina sobre quase que na mesma hora, ela deu risada quando percebeu que tudo aquilo era ciúmes, mas desde então tem usado essa proximidade com a outra seminarista para me enlouquecer.
Como acabou de fazer, me ignorando e aparentemente tendo uma conversa super interessante com ela. A aula acaba e somos dispensados para o almoço, fico seguindo Ariana com o olhar enquanto ela segura firmemente o celular nas mãos e sorri o tempo todo, olho para a tela do meu e suspiro ao não ver nenhuma notificação.
Eu: Camz, fala comigo, por favor.
Camila: Que foi?
Eu: Finalmente.
Eu: Odeio quando vc me ignora.
Camila: Hm.
Eu: Camz...podemos apenas conversar normalmente por favor?
Camila: To normal.
Eu: Não tá não.
Eu: Se tivesse normal eu estaria sorrindo feito idiota para o celular igual Ariana.
Eu: Mas adivinha?
Eu: Eu não to.
Camila: Não sou palhaça que é paga pra te entreter.
Eu: Camzzzzi
Eu: Me desculpa ok?
Camila: Pelo que?
Camila: Por jogar um balde de água fria em mim o tempo todo?
Camila: Por ficar horas sem me responder quando bem entende?
Camila: E então ter uma crise idiota de ciúmes?
Camila: Se decide Lauren.
Eu: Eu estou confusa.
Eu: Não sei o que fazer ou como agir.
Camila: Faça o que vc quiser fazer.
Camila: Se vc agir de acordo com o seu coração nada do que fizer pode ser errado.
Eu: Meu coração quer vc.
Eu: Mas eu não posso.
Eu: Nós não podemos.
Camila: Uma pena que vc pense assim.
Bloqueio o meu celular sem saber o que responder, um furacão de emoções tomando conta de mim. Me dirijo ao apartamento para almoçar com os outros seminaristas mas mal presto atenção no que eles dizem, cutucando a comida com o garfo sem um pingo de vontade de comê-la.
Eu queria tanto poder me entregar de cabeça para o sentimento que começa a crescer em mim, mas então aquela sensação sufocante toma conta e eu me vejo fugindo para o mais longe que consigo, queria poder não sentir culpa, poder fazer o que eu quero como Camila diz.
Mas é tão complicado, será que ela não consegue entender? Eu cresci a vida inteira aprendendo que isso era errado, que tudo que reserva a quem pratica esse tipo de coisa é um lugar no inferno, fui ensinada a agir dessa maneira desde sempre, a não aceitar esse tipo de comportamento.
E então chega ela e muda tudo, me fazendo duvidar daquilo que eu acredito, me confundindo, me tentando...eu não sei o que fazer. Tento me obrigar a ver que o que eu sinto é errado mas não consigo.
Em que mundo gostar de alguém pode ser errado?
Mais tarde naquele dia Dinah me surpreende me arrastando até Boston, só de saber que estou na mesma cidade que Camila sinto meu coração bater como um louco no peito, a possibilidade de vê-la me faz ficar nervosa, as minhas mãos soando mesmo com o frio que assola a cidade.
Vamos em algumas lojas de roupa pois a loira diz que precisa renovar seu guarda roupa, e então quando sentimos fome decidimos ir até uma lanchonete por ali, quando entramos no lugar ouço Dinah soltar um gritinho e olho em direção a mesa que ela corre.
É claro, Camila está ali, acompanhada de Ally.
Me aproximo aos poucos e então abraço a mulher mais velha, quando chega a hora de cumprimentar a latina não sei muito bem como agir, principalmente da maneira que nossa conversa terminou mais cedo.
Ela revira os olhos e então se levanta deixando um beijo em meu rosto, o contato é rápido mas suficiente para fazer meu estômago se revirar dentro de mim.
Tento não me atentar a isso e me sento junto as três mulheres, um tempo depois Normani se junta a nós e todas começamos a rir com a conversa dela junto com Dinah, fazendo o tempo passar tão rápido que quase não percebemos.
Camila parece tentar me ignorar o tempo todo enquanto lanço olhares suplicantes para ela do outro lado da mesa, quando ela finalmente me olha eu guio meu olhar para o banheiro e então peço licença me retirando da li.
Entro no local e fico torcendo para que ela tenha percebido o que eu quis dizer, me encostando na pia e esperando que ela entre pela mesma porta que eu. Longos minutos se passam e eu estou para desistir, sentindo meu coração sufocado dentro do peito e minha garganta se fechando, mas então Camila entra no banheiro e se posiciona na pia ao meu lado.
- O que você... - Não a deixo terminar, levo minhas mãos até sua nuca e choco nossos lábios, sinto-a sobressaltar pelo susto mas logo ela retribui minha boca apressada, retribuindo o beijo e segurando em meus ombros, apertando-os entre seus dedos, minha mão direita se infiltra em seu cabelo enquanto a outra se apossa de sua cintura enquanto minha língua ganha o caminho para dentro de sua boca.
O choque que ocorre lá dentro percorre todo meu corpo, guio-a pelo banheiro até uma das portas dos toaletes e entro ali esbarrando pelo local, pressionando-a contra a parede conforme nosso beijo se torna ainda mais rápido, o desejo escorrendo por cada poro meu e se transformando em cada toque meu pelo seu corpo.
- Uau. - Ela diz quando nos separamos para recuperar nossa respiração, não dou tempo para palavras, apenas ataco seus lábios carnudos novamente, beijando-a como se o mundo fosse acabar. Nossas línguas se exploram, minhas mãos apertam sua cintura enquanto ela puxa os cabelos da minha nuca me deixando louca, quando desço minhas mãos para sua bunda ouço-a gemer em meus lábios.
Estou para me fundir junto a ela, me deixar levar pelo desejo quando Camila para nosso beijo encostando nossas testas, é quando minha ficha começa a cair, mas antes que eu vá longe demais ela agarra as golas da minha blusa e morde meu lábio inferior com força.
- Vem, vamos sair daqui. - Fala e então me puxa pela mão, me levando para saída do banheiro e se certificando que as outras três mulheres continuam entretidas na conversa. Camila me guia para a saída dos fundos do restaurante que dá em um estacionamento fechado, me levando para trás de uma coluna qualquer e me atirando contra parede, sem me dar tempo de falar qualquer coisa antes sentir seus lábios me pressionando novamente.
Nos beijamos com todo desejo contido dentro das duas, mesmo estando contra parede eu tento a todo custo comandar as ações, minhas mãos apertando sua bunda com gosto enquanto devoro sua boca, sentindo seus mamilos duros contra os meus próprios, Camila separa nossas bocas e beija meu pescoço me fazendo suspirar alto e prender um gemido, quando vai chegando perto da minha clavícula eu a giro fazendo-a ficar contra a parede.
Ela sorri ao ter suas costas contra a parede, me fazendo aproximar novamente e chupar seu lábio inferior, e então chupando cada pedaço de pele que encontro até chegar aos seus seios por cima da blusa, mordendo o mamilo com apenas aquele tecido separando da minha boca, sem nem me lembrar do momento em que me livrei de seu grosso casaco.
- Lauren... - Ela geme arrastado e eu volto a sua boca, beijando-a e explorando seus lábios, guio minha mão direita por entre nossos corpos, chegando ao cós de sua calça jeans, olho em seus olhos e os vejo escuros de desejo, não desvio o olhar enquanto abro seu zíper o suficiente para colocar minha mão ali, ultrapassando sua calcinha e sentindo seu sexo molhado entre meus dedos, vendo o exato momento que ela fecha os olhos e morde o lábio inferior.
- Eu daria tudo pra te chupar, mas isso terá que ser suficiente por enquanto. - Ela abre os olhos e então me puxa pela nuca até que estamos nos beijando novamente, circulo dois dedos meus em seu clítoris duro e então desço por toda sua boceta, capturando toda a excitação que sai por sua fenda para então voltar a masturbá-la, seus gemidos se tornam cada vez mais desesperados em minha boca, me fazendo aumentar o ritmo dos meus movimentos.
- Porra. - Ela diz baixinho e eu sinto uma pontada em minha própria boceta por ouvir o palavrão saindo de sua boca, pressiono seu nervo com os dois dedos e desço novamente, ameaçando penetra-la diversas vezes e ouvindo seu resmungo impaciente.
- O que você quer? - Pergunto beijando seu pescoço e circulando sua entrada, Camila apenas geme acima de mim enquanto aplico chupões em sua clavícula. - Diga o que você quer Camila.
- Você...dentro. - Fala e eu não demoro muito a penetra-la com dois dedos, estocando tanto quanto o limite do tecido de sua calça me permite mover-me ali dentro, com os joelhos eu afasto suas pernas, deixando-a mais aberta para mim e facilitando um pouco meus movimentos, indo e vindo dentro de seu interior quente e macio, que se dilata para acomodar meus dedos famintos por senti-la inteira. - Eu vou gozar.
Ela anuncia como se precisasse, como se seu corpo inteiro já não me comunicassem a mesma mensagem, como se o aperto de seu sexo se contraindo contra meus dedos não me avisasse de seu prazer eminente. Me concentro em estocar cada vez mais rápido, levando minha boca a sua em uma tentativa de impedir que seus gemidos sejam ouvidos por quem quer passe por ali.
Camila aperta os dedos e meus ombros e então sinto sua boceta se contrair mais uma vez antes de seu líquido molhar meus dedos por completo, seguro seu corpo trêmulo com o meu próprio conforme entro e saio preguiçosamente de dentro dela, apenas para prolongar seu orgasmo.
- Meu Deus. - Ela diz após um tempo, retiro meus dedos de dentro dela e fecho sua calça, pegando seu casaco no chão e vestindo-a com ele, Camila parece fora de órbita, mas quando termino de subir o zíper ela segura minha mão me olhando com seus castanhos brilhantes. - Por favor não haja como se tivesse sido um erro, não me evite, não se afaste, eu não vou suportar.
Nego com a cabeça e pego seu rosto com ambas as mãos, aproximando meus lábios dos seus e iniciando um beijo lento e calmo, tentando passar todo meu sentimento por ali, sentimento esse que é inexplicável mas que apenas aconteceu, não importa se alguém ache que foi rápido demais, ele existe e eu não posso fazer nada para fugir.
- Eu não vou. - Falo beijando seu rosto, me afasto apenas para vê-la sorrir e aplico mais um selinho em seus lábios para então voltarmos ao restaurante, torcendo para que ninguém faça perguntas demais sobre nossa demora.
~~~~~~~~•~~~~~~~~
Mais 2 meses se passam no seminário, contabilizando quase 4 que estou nos EUA. Nesse tempo eu não consegui mais ver Camila, na verdade, não consegui ficar a sós com ela, mesmo que nos encontrássemos em saídas junto com nossos amigos.
É difícil vê-la e não poder tocá-la da maneira que quero, não poder nem sequer abraça-la por tempo demais sem ter Dinah me encarando. Aliás, se tornou muito mais comum do que eu gostaria esse tipo de olhar, não apenas da loira, mas de algumas outras pessoas.
Quando estamos todos juntos sinto como se as pessoas ficassem observando cada movimento meu e de Camila, a espreita prontos para nos pegar no flagra, me fazendo sentir péssima, apesar de não o suficiente para que eu fuja dela, fazendo de tudo para manter minha promessa feita naquele estacionamento.
Agora tenho até mesmo que apagar nossas mensagens, com medo de que leiam quando eu não estiver próxima o suficiente do celular para impedir, sei que a "fama" de Camila é culpada disso, todos sabem que ela de seu passado e por isso a marcação é cerrada. Ainda mais quando saímos juntas e tiram fotos nossas, quando não fazemos isso "supervisionadas" por Dinah ou Ally, indo em passeios com outras pessoas que não envolvem as duas.
Sufocada não chega nem perto de como me sinto, mas eu tento ser forte, as conversas com a filha do pastor acalmam meu coração. Nosso sentimento cresceu em uma proporção inimaginável, por mais que não tenhamos sido capazes de trocar um beijo sequer nesses 2 meses. As conversas se estendem pela madrugada, as ligações que me fazem andar no meio da noite continuam.
E meu coração pertence cada vez menos a mim e cada vez mais a ela. Ouvir sua risada faz ele bater mais forte, ligar para ela perto de adormecer e ouvir sua respiração se estabilizar em meu ouvido indicando uma Camila adormecida é quase demais para mim, por noites e noites eu choro por não poder vivenciar isso da maneira certa, por não saber o que o futuro reserva para nós.
Ando pelos corredores do hotel em que irá acontecer a conferência de Boston me certificando de que está tudo certo. A conferência é um grande acontecimento, as centenas de fiéis de nossa igreja espalhadas por todo os EUA se encontra no mesmo local para ouvir ministrações de todos os pastores líderes no país.
O hotel está praticamente fechado para nos receber e eu tenho trabalhado constantemente há pelo menos 3 dias nos preparativos. Sei que Camila e sua família estão hospedados por aqui em algum lugar mas mal tive tempo de parar para respirar, quem dirá procurá-la.
Mas conforme as pessoas vão chegando e se acomodando devidamente eu sou cada vez menos exigida, fico no saguão do hotel para direcioná-los para onde o evento irá ocorrer, até que a última pessoa passe pela porta. Quando olho em direção a entrada do auditório encontro uma Camila encostada na parede, vestida com um vestido branco extramente comportado, mas que não deixa de me deixar nervosa por quão bela ela está nele, namorando seu corpo com meus olhos e vendo-a sorrir satisfeita ao chegar ao seu rosto.
Me aproximo dela olhando para os lados me certificando de que ninguém pode nos ver, seu sorriso se torna cada vez maior conforme eu chego mais perto.
- Você é a mulher mais linda desse hotel inteiro, aliás, do mundo inteiro. - Falo quando estou perto o suficiente, ela me presenteia com um sorriso entre os dentes e deixa um beijo casto em minha bochecha.
- Já se olhou no espelho hoje? - Pergunta e eu sorrio satisfeita com o que escolhi usar hoje. Assim como ela também uso um vestido branco, complementado por uma jaqueta de couro da mesma cor, mesmo que o aquecedor do hotel não me deixe sentir frio.
- To loca pra fugir com você daqui. - Digo próxima o suficiente para sentir seu perfume, Camila morde o lábio inferior olhando para os lados e então pega minha mão, me arrastando para um lugar qualquer. - Onde estamos indo Camz?
Pergunto mas ela não me responde, entramos em um elevador e ela aperta o 6º andar e fica em silêncio o caminho inteiro, quando as portas se abrem ela sai rapidamente e me leva até as escadas, me fazendo franzir o cenho em dúvida, quando chegamos lá subimos alguns lances ficando exatamente no meio, Camila me encosta na parede e percebe minha dúvida.
- Estamos hospedados no 16º andar, todos os outros pastores estão em andares mais acima, ou seja, mesmo que houvesse algum perdido por lá, nós conseguiríamos ouvi-los descendo de muito longe, além de que aqui não é próximo o suficiente do térreo para que alguém queira subir a pé. - Fala e eu sorrio pegando em sua cintura e a aproximando de mim, Camila posiciona as mãos em meus ombros e eu levo meu nariz ao seu pescoço para sentir seu cheiro.
- Tão esperta, você me deixa louca. - Falo em seu ouvido e vejo sua pele inteira se arrepiar, ela leva as mãos aos meus cabelos e em segundos nossas bocas se chocam em um beijo gostoso e repleto de saudade, aperto-a contra meu corpo querendo sentir cada pedaço de seu corpo, me deliciando com sua língua.
- Senti sua falta, meu amor. - Ela diz quando separamos nossas bocas me fazendo sorrir e meu coração disparar em meu peito pelo modo que me chama.
- Eu senti mais. - Respondo puxando-a para outro beijo e me encostando a parede, posicionando-a entre minhas pernas e passeando com minhas mãos pelo seu corpo. Em pouco tempo o beijo que era carinhoso se torna afobado, o desejo que nós sentimos uma pela outra transbordando. Camila puxa meus cabelos como se quisesse arranca-los, deixando uma dorzinha gostosa perto da minha nuca.
- Eu quero você. - Fala contra meus lábios me fazendo abrir os olhos para encará-la. - Eu preciso de você Lauren, agora.
Volto a colar nossas bocas puxando-a pela nuca e virando nossos corpos para colocá-la contra a parede, minha mão em sua cintura aperta sua carne a fazendo gemer gostosamente em meu ouvido, fazendo minha pele inteira se arrepiar.
- Eu vou te chupar, mas você não pode gritar. - Falo e vou me abaixando aos poucos beijando seu corpo, olho para cima e vejo-a com os olhos arregalados, surpresa com minhas palavras. Viro seu corpo fazendo-a ficar com o peito contra parede da escada e minhas mãos alcançam o zíper do vestido, descendo-o lentamente e notando que ela não usa sutiã. - Sempre sem sutiã Camila, você faz de propósito para me enlouquecer não é?
Seu gemido quando minhas unhas arranham a pele de suas costas é a única resposta que ganho, minhas mãos a livram do vestido fazendo-o se acumular em seus pés, uma pequena calcinha branca é a única coisa que cobre seu corpo, me ajoelho e beijo cada lado de sua bunda durinha, para então aplicar uma mordida que a faz gritar.
- Shhh, se não eu paro. - Falo e vejo virar a cabeça para trás me olhando por cima do ombro, sorrio para ela descendo sua calcinha pelas alças finas, com muita vontade de apenas rasgar o tecido mas me controlando. Me coloco um pouco para trás e trago suas pernas juntos, levando minha mão a base de sua coluna para fazê-la se inclinar a minha frente, expondo seu sexo e me fazendo salivar. - Tão molhada.
- Me chupa logo Lauren, não temos o tempo todo. - Ela diz impaciente me fazendo aplicar leves beijos em sua bunda e fazendo-a remexer inquieta.
- Isso não significa que eu não farei isso do jeito certo, sentindo você inteira na minha boca como se tivesse o tempo todo do mundo, quero que você se lembre que eu estive aqui por dias Camila, que ninguém mais te chupe do jeito que eu vou fazer, nada vai te fazer sentir tão bem quanto minha língua aqui. - Pressiono seu clítoris com meu dedão e a sinto se contrair inteira, remexendo seu quadril em busca de mais contato.
Quando está pronta para reclamar mais uma vez eu a aproximo o suficiente de minha boca para passar minha língua de cima abaixo em sua boceta, sentindo seu gosto delicioso na ponta da minha língua e fechando os olhos para aprecia-la melhor.
- Deliciosa. - Falo estalando minha língua para então voltar minha boca ao seu sexo, capturando seu nervo entre meus lábios e chupando-o para dentro de minha boca, Camila é só gemidos acima de mim. Levo minhas mãos a sua bunda, separando suas nádegas e expondo-a mais para mim, vendo seu sexo se contrair contra o nada quando me afasto.
Uso meus dedos da mão direita para separar seus lábios e passo a língua por ali, pressionando com a força certa, logo descendo para sua entrada e capturando mais ainda de sua excitação, gemendo em aprovação por ela ser tão deliciosa, quando volto para cima colocando seus pequenos lábios em minha boca e mordendo um deles levemente Camila geme alto e eu dou um tapa leve em sua bunda.
- Quer que eu pare? - Pergunto séria e a vejo virar para trás para me olhar.
- Não, por favor. - Pede me fazendo sorrir.
- Então controle seus gemidos. - Peço e volto a me concentrar em chupa-la, dessa vez acelero meus movimentos, pois sei que temos pouco tempo até que alguém sinta nossa falta, chupo seu clítoris com gosto e então desço para penetra-la com a língua, sentindo seu sexo se contorcer e me apertar, meus dedos vão até seu nervo e começam a estimula-la conforme eu faço um vai e vem para dentro e fora dela, percebo que Camila morde a mão para não gemer muito alto e sorrio ainda mais.
Combino os movimentos de minha língua e meus dedos conforme seu corpo vai me mostrando os sinais de que ela está cada vez mais próxima, desço e subo me deliciando com seu gosto e então decido penetra-la com dois dedos enquanto chupo seu clítoris, seu grito é abafado pela sua mão e seu sexo se contrai em meus dedos.
Estoco com força, fazendo-a pular para cima conforme dito meus movimentos, seu clítoris sensível vibra em minha língua, e quando percebo que ela está próxima o suficiente decido melhor as coisas, subindo o dedão de minha mão livre e pressionando sua entrada apertada, dessa vez Camila geme alto sem se impedir, pressiono ali sem realmente entrar, sentindo o quão apertado é aquele local que eu suponho ser intocado, mais algumas estocadas e lambidas são os suficiente para faze-la gozar.
Rapidamente desço minha boca até sua entrada e capturo todo o líquido que saí por ali, bebendo do seu gozo e matando minha sede dela, vejo-a encostar sua testa a parede e então subo meu corpo para encostar no seu, tirando minha calcinha e inclinando-a para me posicionar em cima de sua bunda.
Quando sente meu sexo molhado em sua pele Camila olha para trás e sorri para mim mordendo o lábio inferior, começando a mexer seu quadril conforme eu roço meu sexo em sua carne macia, me segurando como posso para não desabar escada abaixo.
- Bunda gostosa do caralho. - Falo distribuindo beijos em suas costas e tornando a massagem em meu clítoris cada vez mais rápida, tão estimulada pela chupada que eu dei a ela que não demora muito até que eu esteja próxima de gozar, levo uma mão até o meio de suas pernas. - Goza nos meus dedos enquanto eu me esfrego em você amor.
- Oh porra. - Camila geme me fazendo delirar, minha massagem em seu nervo é rápida e precisa, e quando estou próxima a explodir sinto-a começar a se contrair, deixo-me levar antes dela, não sendo capaz de aguentar mais antes de melar sua bunda com meu gozo, gemendo em seu ouvido e tendo-a gozando para mim mais uma vez ao sentir que eu cheguei ao meu ápice.
Acalmamos nossos corpos e então nos vestimos, quando Camila começa a descer as escadas eu puxo-a de volta para meus braços, beijando-a mais uma vez.
- Eu acho que amo você. - Falo contra seus lábios, abro meus olhos e encontro seus olhos transbordando de lágrimas. - Ei, não...
- Eu...eu tenho tanto medo do que pode acontecer. - Ela começa a dizer e então uma lágrima cai de seu olho direito, me fazendo mover meu dedão para limpá-la. - Talvez nós devêssemos parar com isso antes que descubram, eu não quero te prejudicar, se te...se te mandarem pra longe de mim eu não vou suportar Laur.
- Ninguém vai fazer isso Camz, ninguém vai me tirar de você. - Falo beijando suas lágrimas que caem livremente por seu rosto.
- Eles vão, fizeram isso da outra vez e farão de novo. - Diz me fazendo olha-la. - Eu me envolvi com uma seminarista e então eles mandaram ela para longe, cortaram qualquer tipo de ligação que nós tínhamos. Mas eu superei, superei porque nunca nutri sentimentos por ela, nunca me envolvi de verdade. Mas com você. - Começa e então suas lágrimas retornam mais fortes do que nunca, seu peito balança por seu choro. - Eu amo você, se te mandarem embora eu não sei o que faço.
- Eu amo você, aqui ou do outro lado do mundo, nada nunca vai ser capaz de mudar isso. - Respondo e então dou um selinho em seus lábios puxando-a para um abraço, sentindo seu corpo tremer contra o meu e me permitindo derramar algumas lágrimas. Por mais que eu diga que tudo irá ficar bem, nosso futuro é incerto, eu tenho pouco mais de um mês até que meu visto nos EUA termine, e já sei que estar no seminário não é o que eu quero, a única coisa que me prende ali é Camila, mas não sei se isso será o suficiente para que me deixem ficar, com toda desconfiança que nos cerca, é como se nossos dias estivessem contados.
~~~~~~~~•~~~~~~~~
- Você tem certeza disso Lauren? - Pergunta o homem de meia idade a minha frente, me fazendo respirar fundo e olhar para janela atrás de seu corpo, observando a paisagem que se resume a flocos de neve caindo.
- Sim. - Respondo simples, o homem apenas acena com a cabeça e então diz que providenciará todos os preparativos para minha viagem de volta à Londres, saio de sua sala sentindo meu coração pesado, ao pensar que acabei de selar um destino que me separará de Camila por tempo indeterminado, talvez para sempre.
É provável que você esteja me chamando de louca ao fazer isso. Como pode alguém encontrar um amor como o que eu encontrei nessa terra e simplesmente decidir andar para longe disso?
O problema é, o amor não foi a única coisa que eu encontrei nos EUA. Eu também descobri uma Lauren completamente diferente, tive uma experiência em que passei a conhecer a mim mesma como nunca havia sido capaz em longos 19 anos. E o melhor de tudo, eu passei a amar a pessoa que eu conheci.
Sabe aqueles dias em que você se olha no espelho e pode se sentir um pouco orgulhosa da pessoa que te olha de volta? Foi isso que eu ganhei aqui. Se antes eu vivia me escondendo pelas sombras, sem poder aceitar quem realmente era, hoje eu posso olhar o meu reflexo e sorrir para mim mesma.
Posso me encarar e dizer: Lauren, você é lésbica. Sem me sentir imunda, sem me sentir errada. Apenas me sentindo eu pela primeira vez. Eu nunca poderei explicar o quanto essa é uma experiência poderosa.
E demorou para chegar até aqui, demorou para que a ideia ultrapassasse as teias da minha mente antiquada e se instalasse no meu coração, criando raízes mais profundas do que qualquer outra coisa. Foi um caminho tortuoso, noites passadas em claro, mas tudo valeu a pena. Porque além de aceitar a mim mesma, eu me dei a oportunidade de viver um amor sem igual.
É por ter me encontrado é que eu não posso continuar aqui, não posso prosseguir vivendo na pele de uma pessoa que já não mais me representa, vivendo uma vida que não é minha, me sentindo sufocada o tempo todo. E é isso que esse seminário representa.
Ficar nos EUA nesse momento significaria que todo o progresso que eu fiz em todos esses meses foi em vão, jogados no lixo. Significaria que mesmo que eu sentisse orgulho da pessoa que me encara de volta no espelho, ela não sentiria orgulho de mim.
Essa não é uma decisão fácil de se tomar. Por ela, e unicamente por ela. Apenas de pensar que perderei Camila dali há uma semana, que não terei seus olhares escondidos, seus sorrisos tímidos, sua pose provocante, um pouco mais dos raros beijos que trocamos, seu perfume preenchendo meus pulmões...me faz morrer um pouco.
Porém, se eu ficasse eu não estaria sendo honesta com ela, nós viveríamos por tempo indeterminado na clandestinidade, pois vivemos em um círculo de pessoas que não está preparado para nos aceitar como nós fizemos. Viveríamos com medo de ser descobertas, Camila passaria noites em claro temendo que eu fosse levada a força dela, sei que nesse momento ir embora parece o mesmo que isso, mas tenho certeza que ela sabe que não é.
E é exatamente isso que ela me diz quando conversamos pelo telefone naquela noite, enquanto eu sinto pela última vez o vento cortante do horário congelando minha pele enquanto conversamos. Pelo seu tom eu sei que ela está triste, por saber o que isso significa, mas nós adiamos falar sobre coisas ruins, e ela se esforça mais do que tudo para manter-se feliz, orgulhosa de minha decisão.
Principalmente quando eu digo que assim que pisar em Londres a vida dentro da igreja estará no passado. Não me leve a mal, eu não tenho nada contra isso, inclusive minha saída não significa que eu deixarei de acreditar em Deus. Não.
Eu simplesmente deixarei de acreditar no Deus que não aceita o amor em todas as suas formas, que pune e castiga as pessoas por simplesmente serem elas mesmas. Desse Deus eu quero nada mais do que distância. O Deus que eu acredito é aquele que diz "ame ao próximo como a si mesmo", é nEle que eu acredito.
Meus dias se passam enquanto acerto os detalhes de minha viagem, arrumando as malas, empacotando presentes para familiares e amigos, saindo aqui e ali com o grupo que tem me acompanhado, trocando experiências, fazendo memórias.
Conforme o dia vai se aproximando meu coração fica cada vez mais apertado, e eu temo não poder ver Camila nem sequer uma última vez antes de deixar a América. A possibilidade me sufoca e me faz chorar durante a noite, nos faz trocar mensagens até altas horas pois ambas tememos que isso possa acontecer, mesmo que a latina me diga que dará um jeito nem que tenha que fugir para o aeroporto antes do meu embarque.
Na terça-feira, 3 dias antes da minha viagem, uma Dinah com um semblante triste me aborda. Se eu e Camila temos sofrido com a distância que nos será imposta, a menina de cabelos loiros tem mostrado que sofrerá tanto quanto, afinal, nossa amizade foi uma das melhores coisas que me aconteceu.
- Tudo bem, eu preciso falar algumas coisas. - Ela diz quando se senta na cama ao meu lado. - Eu sei sobre o que está acontecendo entre você e Camila. - Completa me fazendo estancar no lugar, temendo pelo que pode acontecer a outra menina, mas Dinah me interrompe antes que eu possa falar qualquer coisa. - Eu não posso dizer que acho certo, pois fui criada para abominar tal coisa, mas... - Suspira olhando para as mãos. - A maneira que vocês se olham, como ficam felizes por estar apenas perto uma da outra, eu...não consigo pensar em um mundo onde isso é errado Laur.
Sinto lágrimas em meus olhos conforme ela fala, a loira sorri e limpa uma delas que cai livremente pela minha bochecha.
- Eu não posso dizer que aceito esse relacionamento, não agora, pois eu preciso pensar, pensar em como me sinto sobre isso, sobre o que aprendi, sobre tanta coisa que eu nem sei. - Diz rindo no final fazendo uma careta. - Mas nesse momento eu posso te dizer uma coisa, não importa quem você seja, o que você faça, você sempre será a Lauren que se tornou minha amiga durante esse tempo, a resmungona, que me faz rir, que assiste filmes comigo até altas horas e massageia meus pés para ganhar sorvete de baunilha. - Ambas rimos, nesse ponto minhas lágrimas caem livremente e Dinah tem seus olhos molhados. - Nada pode mudar essa garota que eu conheci, e nada pode mudar o amor de irmã que eu sinto por ela, então Lauren Jauregui, eu te aceito como você é, pois para mim cabe apenas a missão de te amar e de te apoiar não importa o que aconteça.
- Dinah...eu...meu Deus. - Digo entre soluços e a abraço pelo pescoço, molhando todo seu casaco e tremendo em seu corpo, sinto que ela também chora ao me abraçar de volta, entendo que dizer isso deve ser extremamente difícil para ela, tanto quanto foi difícil para mim me aceitar dessa forma.
- Shh, eu ainda não acabei. - Fala me fazendo desencostar dela, ela coloca a mão no bolso da calça de moletom e tira de lá uma chave. - Pedi a Ally que viesse até Framingham e ficasse até o final de semana pois estava precisando de aconselhamento, com isso, o apartamento dela ficará vazio e, por sorte, eu tenho uma cópia da chave. - Balança o objeto em minha direção. - Você tem que estar aqui na quinta-feira até o horário de almoço Laur, até lá eu enrolarei o máximo possível para que ninguém te procure.
- O que? - Pergunto sem entender o que ela está dizendo, na verdade, eu entendo o que suas palavras implicam, mas não consigo acreditar que ela esteja fazendo isso por mim.
- Passe um tempo com a sua garota, os pais dela viajaram para Flórida e Camila ficou para estudar, vocês terão 1 dia inteiro para se despedir, espero que faça bom proveito. - Completa seu pensamento e eu a encaro atônita.
- Eu, eu não sei o que dizer. - Falo quando consigo recuperar minha voz. - Obrigada, obrigada! Eu amo você DJ.
- Eu também amo você branquela, agora faça-me um favor e suma da minha frente, arrume uma mochila e combine tudo com Camila. - Ela se levanta e deixa um beijo em minha testa, colocando a chave da casa de Ally na palma da minha mão. - Viva Lauren, como se não houvesse amanhã.
E com essa frase ela sai do meu quarto, me fazendo suspirar e sorrir entre as lágrimas, não demoro muito para mandar uma mensagem para Camila, combinando de encontra-la amanhã na estação de trem de Boston. Em minha cama durante a madrugada começo a programar cada detalhe daquele dia, o último com ela, pelo menos por enquanto.
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Quando saio do trem enfrentando a movimentada estação de Boston, aperto meu casaco em meu corpo andando por entre as pessoas procurando o par de olhos castanhos que me tira o chão. Não demora até que eu consiga identifica-la, usando seu blusão do pequeno príncipe assim como eu a vi no nosso primeiro encontro.
O sorriso que rasga meu rosto é automático, e apenas alguns segundos depois de eu localiza-la, Camila prende seus olhos ao meu, fazendo o sorriso do meu rosto ser replicado em seu próprio. Caminhamos em direção uma outra até que paramos quando estamos suficientemente próximas, analiso cada traço do seu rosto, respiro seu perfume e me permito fechar os olhos ao sentir cada poro de minha pele exalar o amor que eu sinto por ela.
- Oi meu amor. - Ela diz enquanto ainda tenho meus olhos fechados, abro-os sorrindo ainda mais pela sua fala, encontrando seus castanhos brilhantes me observando.
- Oi vida. - Respondo e então ficamos em um troca de olhares intensa até que percebemos que estamos perdendo tempo demais paradas ali.
É automático que nos separemos nesse momento, andando lado a lado mas sem realmente nos tocarmos, estamos acostumadas a ter que agir dessa forma, tendo que nos distanciar mesmo que nossos corpos implorem por contato. Quando percebo isso, paro na frente da saída para a rua.
- Lo, tudo bem? - Camila pergunta quando percebe que eu não ando mais ao seu lado, se virando para mim. Não respondo, apenas corto a distância entre nós e colo minha boca na sua, ali mesmo em meio a uma multidão de pessoas, sinto Camila suspirar em meus lábios antes de levar suas mãos aos meus ombros, nosso beijo é apenas um encostar de lábios, mas é suficiente para que eu me sinta completa.
- Não precisamos nos esconder hoje Camz. - Falo quando separo nossas bocas, olhando em seus olhos e acariciando sua bochecha com minha mão direita. - Não precisamos ser Lauren a seminarista nem Camila a filha do pastor, podemos ser apenas Lauren e Camila.
- Karla e Michelle. - Ela diz sorrindo quando abre os olhos.
- Karla e Michelle. - Confirmo também sorrindo, unimos nossos lábios mais uma vez em um toque simples, sem nos importar com quem quer que esteja nos observando. Quando nos separamos eu me posiciono ao seu lado e estico minha mão para que ela a pegue. - Vamos?
- Vamos. - Ela responde antes de unir sua mão a minha e sairmos dali caminhando de mão dadas como qualquer outro casal de apaixonados, o toque de sua pele quente faz meu corpo inteiro reverberar e eu me sinto viva, ouvindo as palavras de Dinah ecoarem em minha mente.
"Viva Lauren, como se não houvesse amanhã."
O dia passa rapidamente, andamos a cidade inteira rindo, conversando, abraçadas sem desgrudar uma da outra um segundo sequer. Passamos pela biblioteca e lemos o livro favorito de Camila quase inteiro juntas, na verdade, a latina me faz ler, mesmo que ela repita cada fala conhecida antes mesmo que eu possa narra-la.
Comemos em qualquer canto e decidimos apenas passear por aí, aproveitando a liberdade de podermos ser carinhosas e vivermos um dia de casal pelo menos uma vez na vida. Não economizamos na troca de carinhos, beijos e abraços. Afinal não sabemos quando isso poderá se repetir.
Nenhuma de nós toca no assunto inevitável, o mesmo é proibido, assim como a tristeza que vem com ele, entre nós há apenas a alegria de podermos compartilhar da companhia uma da outra.
Quando a noite chega, decidimos ir até o apartamento de Ally, encontrando-o impecavelmente arrumado. Enquanto Camila prepara uma comida rápida para nós, que consiste em lasanha congelada esquentada no forno, eu decido tomar banho e arrumar o quarto com as coisas que trouxe em minha bolsa.
Jantamos em um clima divertido, trocando lembranças de nossa infância e rindo das experiências uma da outra, quando terminamos sentamos no sofá, sem nem mesmo ligar a televisão. Camila se senta de lado em meu colo e passa o braço esquerdo em meu pescoço, pego sua mão direita com a minha e faço pequenas carícias enquanto o silêncio preenche toda o apartamento. Pela primeira vez me permito notar o relógio em seu pulso fino.
- É lindo. - Digo vendo que ele tem um desenho do pequeno príncipe junto com a raposa, tão delicado quanto a menina-mulher em meus braços. Quando olho para cima vejo que ela me observa um bom tempo, e então tira-o de seu pulso colocando no meu.
- Quero que fique com ele. - Diz, me preparo para protestar mas Camila posiciona o dedo em meus lábios. - Quero que tenha algo meu com você o tempo todo, quero que cada vez que olhe as horas descubra que para mim não há tempo no mundo em que eu deixarei de te amar.
Sorrio sentindo meus olhos arderem, mas me estico no sofá para pegar o casaco de raposa que eu vesti o dia inteiro.
- Então fique com esse, para te esquentar todas as noites quando eu não puder, para te abraçar e para que você nunca esqueça que não importa o frio que esteja, o nosso amor permanecerá quente, como uma chama que nunca se apaga. - Camila sorri e então cheira o casaco, inalando profundamente antes de voltar a me olhar.
Não são necessárias palavras antes que nossos lábios se toquem, nossas bocas se explorando e encontrando conforto uma na outra, se reconhecendo, se gravando uma última vez e então outra e outra até que me levanto do sofá com ela no colo, nos guiando até o quarto.
Chegando lá, separo meu corpo de Camila apenas para deixa-la no centro do quarto, me afastando para posicionar meu celular em um aparelho de alto falante e selecionando uma música e colocando-a em loop para dar o tom a nossa despedida.
Play: Free Fallin' - John Mayer
https://youtu.be/20Ov0cDPZy8
Quando volto a olhar Camila, encontro-a admirando minha pequena obra de arte. O quarto iluminado por algumas velas, deixando o ambiente aconchegante e íntimo.
- Não tive tempo de comprar rosas. - Falo abraçando-a por trás, Camila nega se virando de frente para mim.
- Está lindo, perfeito. - Responde me abraçando pelo pescoço e aplicando alguns selinhos em minha boca.
- Como você. - Encosto nossas testas começando a balançar de um lado para o outro, deixando a música guiar nossos movimentos.
- Como nós. - Abro meus olhos apenas para encontrar o amor me encarando de volta, seus olhos transbordam o sentimento, e ele é tão grande que eu paro de sentir o chão abaixo dos meus pés, como se eu flutuasse. Colo nossos lábios com todo os desejo que há dentro de mim, e me deixo perder em seu corpo e nas sensações que apenas ela é capaz de me trazer.
Caminhamos pelo quarto até que eu a deito na cama, me posicionando por cima para poder ama-la da maneira correta, daquela que eu sempre quis desde o primeiro dia em que a vi. Retiro sua roupa lentamente, admirando cada centímetro de pele que me é exposto, namorando sua pele macia com meus olhos e gravando cada segundo em minha memória, como uma impressão em meu cérebro que tempo nenhum será capaz de apagar.
Amo-a, com toda a vontade que há dentro de mim, beijo-a e faço-a minha, completa e plenamente minha pela primeira e última vez, minhas mãos e boca não conhecem destino certo, querem se apossar dela de uma só vez, seus suspiros e gemidos são a minha perdição. Nossas peles coladas juntas me levando ao céu.
Nessa madruga não há espaço para apenas sexo, para uma foda, para uma ação carnal. Não, aqui há apenas dois seres humanos que se amam completamente e se fundem até o ponto que não começam nem acabam, são apenas um.
Nos deixamos levar pelo prazer, pelo que nossos dedos e corpos podem fazer um ao outro, não me canso até ouvi-la gritando meu nome uma, duas, três...centenas de vezes na mesma noite, me parece que não podemos ter o suficiente uma da outra, pois quando finalmente nossos corpos chegam ao seu limite já consigo ver a luz do sol penetrando a janela.
Me deito por trás dela, abraçando seu corpo junto ao meu e entrelaçando nossos dedos em frente sua barriga, fico acariciando a palma de sua mão por um bom tempo, tanto que sou levada a acreditar que ela já dormiu, porém sua voz me desperta de meus devaneios.
- Obrigada Lauren. - Ela diz e então se vira para mim. - Obrigada por me amar e por me dar a chance te amar, obrigada pela sua coragem, pela sua força de vontade e pela pessoa incrível que você é, um dia eu espero poder ser metade da mulher que você é.
- Você já muito melhor do que eu. - Respondo e vejo-a sorrir negando, uma lágrima escorre do canto de seu olho e eu me preocupo, mas mais uma vez Camila me impede de falar.
- Não sou. - Sussurra. - Sou eu quem irei continuar aqui, fingindo ser a filha perfeita enquanto você pega um avião disposta a enfrentar o mundo para ser quem é, de peito aberto sem medo do que virá pela frente. Sei que vai enfrentar olhares decepcionados, palavras de ódio, mas eu também sei que irá sobreviver a tudo isso, porque você é forte, como eu nunca serei.
- Venha comigo. - Peço, já arquitetando maneiras de fazer aquilo dar certo, Camila apenas ri negando com a cabeça.
- Como eu gostaria de poder fazer isso meu amor, de fugir com você e poder ficar ao seu lado para sempre, mas eu não posso, não agora, nem sei se um dia poderei. - Camila passa o polegar pelo meu rosto acariciando. - Um dia, quem sabe um dia, nós nos reencontraremos e conseguiremos viver tudo que temos destinado para nós.
- Quero três filhos, duas meninas e um garotinho. - Falo fazendo-a rir, tentando descontrair o clima que de repente se torna pesado, a dor começando a me sufocar.
- E nós teremos, quantos você quiser. - Aplica um longo selinho em meus lábios. - Eu amo você. Muito. Mais do que um dia pensei que amaria alguém. - Sua pausa me diz que ainda não é o momento para que eu fale. - Eu não sei como será a minha vida sem você, mas eu sei que sou grata por ter tido a chance de viver um pedaço dela ao seu lado. Eu vou sentir tanto a sua falta Lo. - Fala e então começa a chorar em meus braços, puxo-a para que se agarre a mim, e nesse momento não sou forte o suficiente para me segurar e me deixo levar pelas lágrimas também.
- Nós vamos ficar juntas, você vai ver Camz, um dia vamos olhar para trás e rir de tudo isso, sabe por quê? Porque o amor sempre persiste e o que eu sinto por você é eterno. - Ela tira seu rosto de meu pescoço e me encara com os olhos vermelhos e inchados.
- Para sempre? - Pergunta e eu aceno com a cabeça.
- Sempre.
O tempo parece ir contra nós, passando depressa demais sem que nós possamos fazer tudo que queremos, quando damos por nós mesmas, já está na hora de eu partir para estação pegar o trem que me aguardando.
Andamos o caminho todo abraçadas, sem trocar uma palavra sequer, tudo que tinha que ser dito já foi, mesmo as coisas que não precisam ser colocadas para fora. O simples calor de sua pele contra a minha já é suficiente para me reconfortar, mesmo que eu saiba que a dor de me separar dela será irreparável.
Quando chegamos a plataforma eu me viro para olha-la, me aproximo e então a beijo uma última vez, depositando todo meu amor em uma única ação, sentindo seu corpo magro contra o meu, seu gosto, seus suspiros conforme nossas cabeças se movem, suas mãos em meus cabelos e a forma como ela morde meu lábio inferior, quando nos separamos é apenas para trocar um longo abraço, tão longo quanto o tempo nos permite.
Me separo dela e olho para o relógio que sinaliza que eu preciso sair dali nesse exato momento senão perderei o trem, volto meu olhar para o dela e vejo seus olhos marejados, beijo sua testa e sinto meus lábios tremerem, anunciando o choro que tenta mais uma vez tomar conta de mim.
- Lauren, eu... - Corto-a.
- Eu sei. - Falo me afastando. - Eu também. - Deposito um último selinho em seus lábios e então me afasto, indo em direção ao trem que dá seu último aviso na plataforma, me permito olhar uma última vez para trás, encontrando uma Camila de olhos molhados abraçando seu próprio corpo coberto pelo meu casaco. Seguro em meu pulso esquerdo e sinto seu relógio ali, me lembrando de que onde quer que eu for ela estará comigo, assim como eu deixo um pedaço meu com ela, nessa fria estação de trem em Boston.
Talvez a vida nos reserve um futuro, talvez nós nos perderemos uma da outra por motivos estúpidos, nos apaixonaremos por outras pessoas e seguiremos em frente com apenas uma lembrança daquilo que vivemos juntas. Esse é problema das histórias da vida real, elas não garantem um final feliz para cada um de nós, pelo menos não aquele que imaginamos.
O final feliz que você imagina hoje, nem sempre é o mesmo que você desejará a si mesmo amanhã, no final de tudo, a vida nos presenteia com uma surpresa pela qual nem sempre pedimos, mas aquela que sempre esperamos, mesmo sem saber. Talvez a minha seja Camila, talvez não seja, isso é algo que apenas o tempo irá dizer, e eu farei questão de acompanha-lo junto com o pequeno príncipe e a raposa impressas em meu relógio.
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Até aqui a maioria de vcs já conhecia, agora quero saber o que vcs acham que aconteceu daqui pra frente!
Fiquei pensando que, assim como tenho uma pra TSB pra achá-los no twitter, gostaria que vcs comentassem The Seminarian por lá com #TheSeminarianFic, assim eu sempre posso encontrar meus leitores lindos e maravilhousers.
Vejo vcs em breve,
Thate.
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