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«Sinceridade»

Outros sete dias se passaram, fazendo-os chegar ao vigésimo dia.
Katsuki tentava superar aquelas memórias que vez ou outra insistiam em aparecer nos momentos mais importunos, buscando melhorar como pessoa enquanto lidava com Eijirou, que com o passar do tempo continuou sendo o idiota que era, contudo, prosseguiu com a merda daquele cuidado todo, quase sempre aceitando tudo que Katsuki proposse.
O que diabos estava acontecendo com ele? Era o que o loiro constantemente perguntava-se.

Eijirou, por sua vez, não conseguia despistar as paranoias que rondavam sua mente. Queria cumprir aquele objetivo de agradar o loiro a todo custo. Não gostaria, ou melhor, odiaria vê-lo falando que o mundo estaria melhor sem ele, simplesmente não suportava aquela ideia. Então, mesmo com os avisos implícitos do humano, ele continuava concordando com grande parte das coisas que Katsuki propunha, e acabou não notando que o loiro apenas ficava mais enfurecido com isso.

Bom, seria uma tremenda mentira se não admitisse que também não queria ser odiado e não queria que Katsuki fosse embora. Era como se fosse... sua última esperança? Certo, podemos colocar assim. Não tinha praticamente ninguém a não ser o loiro e, mesmo com toda aquela irritação que Bakugou emanava, o achava uma companhia agradável e divertida. Vendo que certas vezes o rapaz ficava envergonhado, o que considerava bem fofo.
Bakugou era um bom humano, apesar de não aparentar.

Não sabia o que sentia por ele, nem sabia se ao menos poderia definir algo para tal sentimento, mas estar ao seu lado era interessante. Foi o primeiro amigo que fez seu coração vibrar.

***

O ruivo estava curioso, e os assuntos estavam ficando escassos, visto que a grande maioria era concentrada em si mesmo, então por puro impulso fez o seguinte questionamento:

— O que acha de romance, Tsuki?

— Uma merda. — foi sua resposta automática. Eijirou sentiu uma pontada em seu peito, e uma porção de arrependimento atingiu Katsuki ao fitar aquela feição do outro, além de saber que não era exatamente isso que achava sobre romance. Apenas não tinha experiência com aquilo.

— Eu acho algo muito bonito — se recompôs, tentando trazer um ar agradável à conversa.

— Só foder pra mim já tá ótimo. — declarou sincero. Bom, de fato, aquilo era o que Katsuki pensava, visto que nunca teve tempo para pensar ou se apaixonar por quem estava em um relacionamento, apenas faziam sexo e ficava por isto, com um romance unilateral — Nunca gostei de ninguém de verdade. — aquele assunto realmente o incomodava, não gostava das lembranças que lhe trazia.

— É o contrário comigo — riu sem graça — Eu me apaixono e acabo sendo deixado de lado. — declarou meio sem jeito, sentindo uma estranha tristeza lhe invadindo.

Katsuki engoliu em seco. Era quase o tipo de pessoa com qual o ruivo ficara. Não que estivesse cogitando ficar com ele, mas agora tinha absolutamente certeza de que não deveria nem tentar, talvez não fosse se perdoar caso ferisse o tritão daquela maneira.

— São uns babacas — ouviu o ruivo concordar baixo.

E de repente, o silêncio retornou. Bom, nem tanto assim, visto que as músicas de Katsuki continuavam a soar no celular.

— Tá ficando tarde — Eijirou comentou depois de poucos minutos — Acho que vou voltar. — despediu-se meio aéreo.

— Vai logo, idiota.

Estava arrependido por ter sido tão sincero.

. . .

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