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«Cauda»

Já era o quinto dia de férias do loiro, ou seja, conhecera o tritão há cinco dias e dúvidas tremendas circulavam por sua mente. Não esperava que fosse respondido, e provavelmente não importava se fossem saciadas, nem iria mais ver o ruivo quando julho acabasse.
Este fato não lhe incomodava, por enquanto, contudo, já haviam resquícios de mágoa lá no fundo.

Era uma tarde ensolarada e estava novamente na sua rotina de conversar com o ruivo enquanto tentava pescar alguma coisa. Não entendia nada de pesca, e nem se importava mais com aquela idiotice, mas mantinha aquela como uma desculpa de ir à praia e não receber visitas inesperadas devido a sua necessidade de concentrar-se na tarefa.

Em dado momento, seu olhar fixou-se na cauda avermelhada e vibrante que aquele rapaz possuía. Era tão bela, ainda mais quando seu dono a balançava de um lado para o outro enquanto contava alguma coisa todo empolgado.

Então inconscientemente, perguntou:

— Posso tocar nela?

— Nela quem? - indagou confuso.

— Na sua cauda, oras! - rosnou.

— Hã? — afastou-se incrédulo com aquela pergunta — Não sabia que era tão tarado assim, moço... — suas bochechas estavam coradas em irritação, como aquele rapaz poderia ser tão ousado em um momento tão trivial?

— Como assim? — ficou confuso, levando um choque de realidade ao parar para raciocinar — Oh, caralho — resmungou, não sabendo como desculpar-se pela inconveniência, deixando um silêncio extremamente desconfortável instaurar-se entre os dois.

Katsuki se sentiu mal. Eijirou exibia um semblante tristonho, estando claramente desconfortável com a situação e ofendido com a perversão repentina do outro.
Queria apenas ajuda-lo e conhecê-lo, mas não imaginava que este fosse descaradamente pedir para tocá-lo como se as conversas que estivessem tendo agora de nada importassem.
Era aquele leve sentimento de estar sendo reduzido apenas ao seu corpo e nada mais. Doía, e experienciara isto tantas vezes que simplesmente desistiu de ter um parceiro.
Não serviria para eles, igual não serviu para salvar sua mãe e sua irmã.

Aquele tarde encerrou-se com ambos em um silêncio desconfortável, contudo, Kirishima tratou de abandonar o local antes do horário normal.

Katsuki jamais admitiria, mas aquela ação o deixou magoado.

*

No dia seguinte, tratou de ir à praia logo após acordar, passou a noite inteira se remoendo em culpa e sentiu que deveria jogar um pouco o orgulho fora e se desculpar com o tritão.

Ao avistar o ruivo com aquela mesma expressão tristonha, seu peito apertou, fazendo-o correr rapidamente.

— Não falei naquele sentido – explicou-se ao chegar — Bom, não que eu não quisesse tocá-lo naquele sentido, mas não falei nele, eu apenas fiquei curioso e suas escamas são realmente bonitas, sabe? — sentiu o nervosismo consumi-lo — Não parei para pensar em como seu corpo funciona, f-foi mal — fechou os olhos pensando no que havia acabado de dizer e sentindo aquela pequena vergonha de ter que pedir desculpas.

O ruivo, por sua vez, estava imensamente envergonhado. Ainda sim, o loiro admitiu querer tocá-lo daquela forma, mas isso estranhamente não o incomodou.
Ficou arrependido com o tratamento que havia dado ao loiro, e procurou algo que o agradesse. O problema era que, mal o conhecia, e ele mal revelou detalhes de si, então depois de buscas inúteis, desistiu.

— Tá tudo bem — formou-se um sorriso bobo em seus lábios, mas ainda estava envergonhado pela forma qual julgara o outro.

Bakugou notou esse desconforto, então, começou a indagar coisas sobre a vida do outro a fim de incentivá-lo - mesmo soando rude vez ou outra. Havia aprendido que o ruivo adorava contar histórias de sua vida.

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