Capítulo 40.
POV Brunna Gonçalves
4 meses depois.
Sexta-feira, 3 de novembro de 2015 - Apartamento da Brunna, Nova Iorque - EUA.
Se existe algo que eu admiro é a incrível a habilidade do tempo de voar por entre dias, transformando-se em semanas, que por sua vez viram meses.
As últimas dezesseis semanas haviam se passado como um piscar de olhos.
Em um instante estávamos em julho, comemorando o feriado da Independência, e no segundo seguinte já era novembro, o que significava que não faltava muito para a Ação de Graças e, consequentemente, o Natal.
Para mim, o final do ano sempre foi a melhor parte de todos os nossos 365 dias anuais.
As pessoas se unem, as famílias se juntam, as crianças se animam com a chegada do Papai Noel e a neve chega para deixar tudo mais encantador.
E o que aconteceu durante todo esse tempo?
Bom...
Certamente muita coisa.
Em relação ao trabalho, consegui a promoção dos sonhos. Ainda trabalhando no setor de fotojornalismo, agora eu não era mais apenas uma mera fotógrafa.
Desenvolvi um mini projeto com a ajuda de Hailee durante esse tempo, o que me garantiu a vaga como vice-diretora do departamento.
Além disso também consegui fazer com que Juliana viesse trabalhar comigo.
Decidimos alugar o estúdio no centro da cidade, afinal, o movimento havia caído drasticamente, e nós estávamos bem atarefadas com nossos trabalhos adjacentes.
Sofia estava chegando no meio de sua graduação de Gastronomia e, ao mesmo tempo, enlouquecendo meus pais com suas receitas e trabalhos, que felizmente estavam dando certo.
A cafeteria dos meus pais, que já era consideravelmente conhecida no bairro, teve um grande ganho de clientes graças a uma das receitas doces de Sofia, tornando-se referência e indo parar até mesmo no Instagram com uma página dedicada somente para propagandas das gostosuras vendidas no estabelecimento.
A loja de vestidos continuava com seu movimento usual, e os vestidos que Ludmilla criava ficavam a cada modelo mais brilhosos e deslumbrantes, garantindo a felicidade de muitas noivas que visitavam a loja.
Silvana e Renato viraram praticamente melhores amigos dos meus pais, já que passamos a nos encontrar todos os finais de semana, revezando a casa das famílias, que a essa altura já haviam se tornado uma só.
Sofia e Luane assumiram seu relacionamento para nossos pais, que as apoiaram assim como haviam feito comigo e Ludmilla. Nós começamos a passar mais tempos juntas. Éramos as irmãs Gonçalves e Oliveira, que agora além de irmãs, também eram cunhadas umas das outras.
Era engraçado perceber como tudo estava em família.
E quanto a mim e Ludmilla...
Eu continuava a me apaixonar por ela a cada dia que passava.
Às vezes brigávamos, mas tudo rapidamente se resolvia com uma oferta de sorvete ou carinhos enquanto assistíamos a algum filme bobo.
Ludmilla conseguiu um contrato praticamente milionário com a Vogue, tornando-se a estilista oficial deles.
Nossas carreiras estavam crescendo ao mesmo tempo, e, caminhando lado a lado, nós duas estávamos ali uma pela outra, comemorando cada vitória e juntando as pecinhas para fazer funcionar quando algo não saía como queríamos.
Durante esse tempo eu acabei voltando a correr no parque sempre que encontrava um tempinho livre em minha agenda, conseguindo arrastar Lauren junto comigo sempre que possível.
Eu finalmente havia encontrado a paz e tranquilidade que só o amor é capaz de proporcionar a alguém.
Minha saúde estava impecável, minha carreira decolando, meu redor cercado por amor e energias positivas...
Não havia mais nada que eu poderia pedir.
A não ser uma coisa.
— Amor, o que vamos fazer agora a noite? — Ludmilla perguntou assim que me aproximei do sofá onde ela estava sentada. — Estava pensando em pedir algo enquanto assistimos filme.
— É uma ótima ideia, vida! — falei animada. — Mas...
Eu tinha outros planos em mente.
— Mas...? — ela estreitou os olhos na minha direção.
— Digamos que talvez eu tenha pensado em algo diferente para essa noite. — respondi.
— Hmmm, jura? — ela perguntou.
— Uhum. — concordei com a cabeça enquanto levava meu indicador até a ponta de seu nariz. — Vamos nos arrumar? — perguntei. — Eu só tenho que ligar pra minha mãe rapidinho. Prometi que ia retornar a ligação dela aquela hora e só lembrei agora.
— Brunna! Não deixe minha sogra esperando por tanto tempo! — ela falou séria, o que me fez rir.
— Desculpe! Eu estava ocupada com uma morena linda de olhos castanhos e acabei me distraindo. — brinquei.
— Vou tomar um banho rapidinho, então. — ela se aproximou e selou nossos lábios. — Alguma sugestão de roupa?
— A que você se sentir o mais confortável possível. — sorri.
— Isso inclui suas roupas também? — ela balançou as sobrancelhas.
— Você gosta de usar minhas roupas, não gosta? — empurrei-a com o ombro. — Pode pegar o que quiser. O que é meu, é seu.
— Você é a melhor do mundo. — ela me deu outro selinho. — Já volto, amor.
Observei-a se afastar, entrando em meu quarto e sumindo do meu campo de visão.
Assim que ouvi o barulho da porta se fechar, saí correndo em direção ao meu quarto e praticamente colei meu ouvido na madeira da porta, ansiando pelo barulho do chuveiro, que não demorou muito para soar pelo pequeno ambiente.
Peguei meu celular e saí dali, indo até o cômodo mais distante do meu quarto.
A lavanderia.
Deslizei por entre os nomes na minha agenda de contatos até encontrar o apelido de Juliana, e assim que o encontrei, disquei o número.
Senti meu coração acelerar assim como minhas mãos começarem a tremer enquanto eu esperava a resposta de minha amiga.
— Porra, CheeChee! O que eu falei sobre deixar o celular perto de você? — falei brava assim que ela atendeu à chamada.
— Desculpa, Chancho! Eu me distraí aqui, mas prometo que não vai voltar acontecer.
— Por favor, amiga!
— Ela já foi se arrumar? — Juliana perguntou.
— Sim! — respondi.
— E como você está se sentindo?
— Como uma vara verde. Estou tremendo tanto que sinto que posso desmaiar a qualquer momento. — respondi de forma sincera.
— Brunna! Pelo amor de Deus, não morra antes da hora!
— Vou tentar. Vocês já estão aí? — perguntei assim que ouvi alguns barulhos de fundo.
— Estamos sim. Só aguardando as ordens da senhorita. — ela respondeu.
— E lá? Foi fácil pra terminar de prender as fotos?
— Se fácil significa quase deixar a Júlia sair rolando de cima daquele morro, foi super fácil! — ela riu.
— Ai meu Deus! A Ju está bem? — perguntei preocupada.
— Está sim! Foi só um susto, Bru.
— Peça desculpas pra ela por mim, ok?
— Pode deixar!
— Ai, CheeChee... — falei.
— O que foi? — ela perguntou. — Não está pensando em desistir, está?
— Claro que não! É só que... Parecia bem mais fácil na minha cabeça, e agora eu estou prestes a ter um ataque de pânico. E se der tudo errado?
— Chancho, você planejou isso pelos últimos quatro meses! Todos os detalhes, todos os possíveis erros e acertos. Você calculou tudo milimetricamente. Nada vai dar errado. Confie em mim. — ela respondeu de forma calma.
— Você é a melhor amiga do mundo, sabia? — falei tentando acalmar minha respiração.
— É claro que eu sei.
— AMOR! — ouvi a voz de Lauren gritar.
— AI MEU DEUS, JULIANA! ELA ESTÁ ME CHAMANDO! — gritei sussurrando.
— ENTÃO VAI VER O QUE ELA QUER, MULHER! — Juliana gritou do outro lado da linha.
— OK, EU VOU! — gritei de volta, ainda sussurrando. — E fique atenta a esse celular. Vou mandar mensagem a qualquer momento.
— BRU? — a voz de Ludmilla voltou a me chamar.
— ESTOU INDO, AMOR! — gritei para que ela pudesse escutar.
— Sim, senhora, senhora. Estamos apostos aqui. — ela falou. — Agora vai ver o que a escandalosa quer. Beijos!
Encerrei a chamada e refiz meu caminho até meu quarto, respirando fundo na tentativa de acalmar meus nervos antes de me aproximar do banheiro.
— Me chamou? — abri a porta e inclinei meu corpo para dentro.
— Sim... — Ludmilla respondeu.
Eu podia ver apenas seu rosto e pescoço, já que o resto de seu corpo estava coberto pela porta fosca do box.
Seus cabelos estavam molhados e as gotículas de água escorriam por entre seu rosto, descendo para o seu pescoço e provavelmente continuando a descer pelo seu tronco.
— Eu esqueci a toalha. — ela sorriu fraco.
— Oh, meu Deus! — ri.
Encostei a porta e rapidamente fui até meu guarda-roupa, tirando de lá uma toalha limpa e passada.
Voltei até o banheiro e entrei no ambiente, abrindo a toalha e parando em frente ao box com o tecido estendido.
— Pronto, gatinha. — estendi o objeto fofo para a mulher do lado de dentro do box.
Assim que ela segurou a toalha, levei minhas mãos até a barra da camiseta que eu vestia e a puxei para fora do meu corpo, começando a me despir.
— O que você está fazendo? — ela perguntou enquanto enxugava os fios molhados de seu cabelo.
— Tirando a roupa. — respondi.
— Mas... Por quê? — ela desviou o olhar.
Olhei para ela e notei suas bochechas corando.
Linda.
— Eu também vou tomar banho, baby. — sorri.
[...]
Não demorou muito para terminarmos de nos arrumar.
Assim que saí do banho, percebi que Ludmilla estava me esperando no sofá enquanto assistia a algum programa na televisão.
— Podemos ir? — perguntei enquanto pegava as chaves do carro.
— Uau! — ela me olhou de cima a baixo assim que entrei em seu campo de visão. — Você está muito linda!
— Gostou? — girei sobre meus calcanhares, terminando de mostrar a roupa que eu usava.
— Eu amei! — ela se levantou e selou nossos lábios. — Me lembra a roupa que você estava usando no nosso primeiro encontro.
— E você se lembra disso? — perguntei surpresa.
— Claro que eu lembro! — ela respondeu enquanto caminhava até a porta do apartamento.
— Então acho que você vai gostar da nossa noite... — sussurrei pra mim mesma.
— O que você falou? — ela perguntou.
— Que você está muito linda essa noite. — sorri.
Caminhei até a porta, apagando as luzes do apartamento durante o percurso, e no instante seguinte, já do lado de fora do ambiente, fechei a porta, trancando-a.
Ludmilla apertou o botão do elevador e em poucos segundos ele chegou ao nosso andar.
— Você conseguiu falar com a sua mãe? — ela me perguntou enquanto adentrávamos o pequeno cubículo de metal.
— Minha mãe? — franzi o cenho.
— Sim, amor. Você não ia ligar pra ela?
— Ah, sim! Minha mãe! — sorri nervosa. — Consegui sim!
— E como ela está?
— Com saudades. — inventei. — Mas bem.
— Podemos visitá-los esse final de semana, o que acha?
— Acho uma ótima ideia! — sorri.
Descemos juntas até a garagem, no subsolo.
— Para onde vamos? — ela perguntou assim que a porta do elevador se abriu.
— Hmmm... — falei enquanto saía do cubículo metálico, caminhando até a vaga onde meu carro estava estacionado. — Digamos que seja surpresa.
— Ah, Bru! Só uma dica, vai. — ela pediu, empurrando-me pelo ombro.
— Você acha que me empurrando vai conseguir me fazer falar? — cerrei os olhos em sua direção enquanto destrancava a porta do carro.
— Eu acho. — ela sorriu.
Entrei no veículo e ajeitei-me no banco, afivelando o cinto em seu compartimento e dando partida no carro.
— Nós vamos comer. — fui breve.
— E todo esse mistério por que nós vamos sair pra comer? — ela me observava enquanto afivelava seu cinto.
— Sim. — olhei-a e pisquei.
— Aí tem coisa. — seus braços se cruzaram embaixo de seus seios.
— Você confia em mim? — perguntei.
— Muito.
— Então confie que essa noite será especial. — sorri.
Assim que saímos do prédio, comecei a fazer o trajeto até o local onde levaria Ludmilla.
— Amor... — ela me chamou.
— Oi, princesa. — olhei-a rapidamente.
— Eu posso ligar o rádio?
— Claro que pode!
Ludmilla se inclinou para alcançar o botão de ligar do pequeno aparelho e assim que o fez, a melodia se espalhou pelo interior do veículo.
(Inicie: Marry You - Bruno Mars)
Não pude deixar de sorrir quando identifiquei qual era a música.
A ironia do destino às vezes me assustava.
— Eu amo essa música! — ela falou ao meu lado, começando a bater os dedos em seus joelhos conforme as batidas da canção.
— Que coincidência! — olhei-a. — Eu também!
Rimos juntas enquanto deixávamos a letra da música sair livremente por entre nossos lábios.
— It's a beautiful night... — comecei.
— We're looking for something dumb to do... — ela completou.
— Hey, baby... — falamos juntas.
— I think I wanna marry you! — apontei para Ludmilla e assim que o fiz percebi que ela também havia apontado para mim.
Senti meu coração disparar.
Continuamos cantando a música enquanto passávamos por entre as ruas iluminadas de Nova Iorque.
Em um determinado momento, me permiti observar a mulher ao meu lado.
Seus cabelos ainda estavam úmidos, rebeldes, com algumas ondas e pequenos cachos naturais.
Seus olhos, cobertos por uma fina camada de maquiagem acompanhada do traço do delineado, refletiam a cada vez que passávamos embaixo de algum poste de luz.
Seus lábios se abriam e fechavam, cantarolando a música que ainda soava pelo carro.
Suas mãos agitadas encontravam com a pele de seus joelhos, já que a calça preta que ela usava era rasgada no local.
A jaqueta preta, a qual eu havia a presenteado, refletia conforme a luz batia.
E o seu cheiro...
Me atingia em cheio devido ao vento que entrava pela janela aberta do carro.
— Eu consigo sentir você me olhando, sabia? — ela riu.
— Você é linda, Ludmilla. — falei. — Entenda.
Suas mãos foram de encontro ao seu rosto enquanto ela desviava o olhar do meu, fitando a paisagem do lado de fora da janela.
— Eu tenho uma reputação a manter, Brunna. Não me faça ficar tímida com seus elogios. — ela brincou.
Levei minha mão direita até sua coxa e ali a deixei.
— Já estamos chegando. — falei.
Depois de virar em mais algumas avenidas, estacionei meu carro próximo à calçada da rua pouco movimentada.
Desliguei o rádio e soltei o cinto, abrindo a porta e finalmente saindo do veículo.
Ludmilla me acompanhou em todos os gestos.
— Onde estamos? — ela se apoiou sobre o teto do carro.
— Você já vai descobrir. — sorri.
— Chata. — ela falou.
Tranquei o carro e contornei-o, juntando-me a Ludmilla no instante seguinte.
Caminhamos em silêncio pela calçada até começarmos a ouvir vozes e risadas de pessoas conversando junto com uma música animada ao fundo.
Não demorou muito para Ludmilla perceber onde eu havia a levado.
— MENTIRA! — ela falou animada assim que chegamos ao local.
— Gostou? — sorri tímida.
— Brunna! — ela me abraçou. — Foi a melhor surpresa que você poderia ter feito, ok? Estava com saudades daqui!
— Vem, vamos comer! Ainda vamos em outro lugar. — puxei-a pela mão até uma das tendas brancas da direita.
Eu havia a levado até a feira gastronômica a qual ela me levou em nosso primeiro encontro.
O lugar continuava igual à última vez que eu havia vindo aqui.
As lâmpadas amarelas presas em um fio em ziguezague, as tendas brancas com diversas culinárias que davam água na boca, as pessoas rindo e conversando entre si, sentadas ao redor das mesinhas espalhadas pela rua, e ali, do lado direito, entre todas as tendas, o lugar onde havíamos comido pizza juntas.
World of Pizza.
— O que você vai querer? — perguntei.
— Quero uma de calabresa sem cebola, por favor. — ela respondeu.
— Duas fatias de calabresa sem cebola e duas havaianas, por favor. — falei o pedido para a atendente.
— Ei, eu não pedi pizza havaiana. — Ludmilla me empurrou.
— Hoje sou eu quem faço as regras, baby. — pisquei.
Ludmilla revirou os olhos e caminhou até o lado da tenda, evitando ficar na fila e aumentar o número de pessoas.
Aproveitei seu distanciamento para pegar o celular e enviar mensagem para Juliana.
Eu: Já estamos aqui. Acabei de pagar a pizza.
CheeChee: Ok, bunduda. Estou a postos aqui.
Bloqueei meu celular e o coloquei no bolso da jaqueta que eu usava.
— Já, já fica pronto. — sorri ao me aproximar de Ludmilla.
— Estava pensando em pegar uma garrafa de vinho também, o que acha? — ela sugeriu.
— Eu pensei nisso também! — ri.
— Quer ficar aqui esperando as pizzas? Eu busco o vinho.
— NÃO! — falei mais alto do que eu esperava. — Quer dizer... Não, amor. — sorri. — Nós podemos ir juntas.
— Você está bem, Bru? Estou te achando um pouco estranha. — ela riu enquanto levava sua mão para a lateral do meu braço.
— Eu? — perguntei. — Eu estou ótima! Deve ser a fome.
Ludmilla riu alto.
— Deve ser, baby. Mas logo, logo ela passa, ok? — ela olhou para a tenda. — Olha ali, não disse? É o número do nosso pedido. Vou buscar!
Observei-a se afastar de mim enquanto se aproximava da tenda.
A moça entregou a sacolinha com as embalagens para Ludmilla, que sorriu e agradeceu.
— Amor! Olha que legal! — ela falou voltando até onde eu estava. — Eu acho que eles estão com alguma promoção de frases.
— Frases? — franzi o cenho.
— Sim! Olha! — ela apontou para a embalagem dentro da sacolinha. — It's a beautiful night... — ela leu. — Mas falta o resto. Será que se eu comprar outro pedaço de pizza vem a continuação?
Sorri ao ver a caligrafia de Juliana na embalagem de isopor.
— Talvez sim, amor! Mas eu não aguento mais que dois pedaços de pizza. — fiz uma carinha triste, na tentativa de convencê-la a não comprar nada.
— Pior que eu também não. — ela concordou. — Vamos comprar a garrafa de vinho, então.
— Vamos!
Caminhamos lado a lado até chegarmos à tenda dos vinhos.
Com muita insistência, deixei que Ludmilla fizesse o pedido, porém fiz questão de ficar ao lado dela, de forma que o dono da loja conseguisse me ver.
Poucos minutos depois o senhor de cabelos grisalhos voltou com a garrafa de vinho que ela havia pedido.
— As senhoritas têm algo para abrir a garrafa? — ele perguntou.
Olhei para Ludmilla, que também me olhou.
— Na verdade não, senhor. — respondi.
— Só um instante, então. — ele pediu enquanto se afastava do balcão.
— O que será que ele vai fazer? — Ludmilla me perguntou.
— É uma ótima pergunta. — ri.
— Aqui está, meninas. — ele voltou com um chaveiro nas mãos. — É um saca-rolhas. Vai ficar mais fácil na hora de abrir.
— Muito obrigada! — agradeci enquanto pegava o chaveiro da mão do senhor. — Salvou nossa noite!
O homem sorriu e se despediu de nós.
— Que simpático! — Ludmilla comentou assim que saímos da tenda e voltamos a caminhar por entre as pessoas.
— Um fofo! — ri.
— O que é aquilo ali? — ela apontou para uma pequena aglomeração de pessoas.
Olhei na direção onde ela apontava e vi que algumas pessoas estavam distribuindo rosas.
— Oh meu Deus, Ludmilla! Estão entregando rosas! — falei animada. — Vou entrar na fila para conseguir uma pra você.
Saí correndo em direção à fila de pessoas, onde esperei ansiosa até que chegasse a minha vez.
Assim que me aproximei, vi Juliana parada próxima às pessoas que estavam distribuindo rosas.
Acenei com a cabeça pra ela, que vestiu seu capuz e se infiltrou entre a multidão.
— Bru! Me espera! — Ludmilla chegou ofegante ao meu lado.
— Desculpa, amor. Acabei me empolgando. — sorri nervosa.
A fila de pessoas começou a andar e nossa vez foi se aproximando cada vez mais.
— É muito nobre da parte de vocês estarem distribuindo rosas para as pessoas. — Ludmilla comentou com a senhora que estava entregando as flores.
— Oh, minha querida! Nobre foi esse lindo pedido que recebemos. — a senhora riu.
— Pedido? — perguntei curiosa.
— Nós trabalhamos naquela floricultura ali próxima à loja de vestidos famosa, conhecem? A Oliveira Wedding. — a senhora perguntou.
— Conhecemos sim! — Ludmilla sorriu.
— Há mais ou menos um mês nós recebemos uma encomenda anônima de 900 rosas. A pessoa pagou adiantado e disse que a única coisa que gostaria em troca era que as flores fossem distribuídas na feira gastronômica aqui do bairro, na data de hoje, como forma de demonstrar que o amor ainda existe e só está esperando a oportunidade para aparecer para nós. — a senhora explicou.
— Nossa! Que lindo! — falei.
— E forte! — Ludmilla completou.
— E vocês não fazem ideia de quem foi essa pessoa? — perguntei.
— Provavelmente alguém muito apaixonado. — a senhora brincou. — Mas não, querida, o pedido foi feito por e-mail.
— É realmente um gesto muito lindo. — foi a vez de Ludmilla comentar.
— De qualquer forma, aqui estão as rosas de vocês, meninas! — a senhora estendeu as flores para nós.
— Muito obrigada, senhora! Tenha uma ótima noite! — Ludmilla falou.
Saímos da fila e voltamos a caminhar entre as pessoas.
— É bom acreditar que ainda existem pessoas boas no mundo. — Ludmilla falou. — Esse é o tipo de coisa que eu definitivamente faria se tivesse pensado antes.
Olhei-a e sorri.
— Eu também! — ri.
— E agora, para onde vamos? — ela perguntou. — Já temos o vinho e as pizzas.
— Agora vamos para a parte dois da surpresa! — respondi.
— Você realmente não vai me contar nad... — Ludmilla começou a falar, porém foi bruscamente interrompida por alguém esbarrando em seu ombro, fazendo-a derrubar a rosa que segurava em suas mãos no chão.
— Me perdoe! — a pessoa encapuzada falou antes de recolher a rosa do chão e entregar de volta para Ludmilla.
— Tudo bem, só tome cuidado! — Ludmilla olhou para trás, provavelmente na tentativa de ver quem era. — Eu, hein, cada gente doida que aparece. — ela me olhou.
— Pois é... — concordei. — Você está bem?
— Estou sim! Foi só um susto. — ela me abraçou.
Enquanto caminhávamos de volta ao carro, percebi que Ludmilla começou a observar a rosa em suas mãos.
— O que foi, amor? — perguntei.
— Parece que tem algo escrito no caule da minha flor. — ela respondeu.
— Como assim?
— Espera aí. — ela falou assim que chegamos ao carro.
Observei-a tirar o celular de seu bolso traseiro, trazendo-o para frente e ligando a lanterna.
— Hey, baby... — ela leu.
— Oi, vida. — respondi.
— Não, Bru! — sua risada alta ressoou pela rua parcialmente iluminada. — É o que está escrito aqui.
— O quê? Deixa eu ver. — entrei no carro e Ludmilla fez o mesmo.
Acionei a luz interna do veículo e peguei a rosa de Ludmilla, onde li perfeitamente as palavras que ela havia dito anteriormente.
— Quem esse anônimo acha que é pra cantar a namorada dos outros? — perguntei brava.
— Amor! — Ludmilla riu. — Cadê a sua rosa? Vai ver tem algo escrito nela também.
— Bem pensado. — falei.
Peguei a rosa que eu havia deixado na sacola do vinho e a trouxe para a luz, desembalando-a da pequena embalagem plástica a qual ela estava envolta.
Girei-a em todos os sentidos, mas não encontrei nada.
— Acho que o anônimo não gosta de mim.
— Mas eu gosto, ok? — Ludmilla segurou minha mão e a levou até seu rosto, beijando a parte de cima dela.
— Você é perfeita, amor. — sorri. — Mas e aí, pronta pra segunda parte?
— Prontíssima. — ela respondeu.
☂️
POV Ludmilla Oliveira
Brunna estava estranha.
Eu havia percebido sua agitação desde manhã, mas agora a noite tudo estava mais intenso.
O que será que estava acontecendo?
Decidi dar espaço para ela. Às vezes poderia ser algo no trabalho ou com a família.
Mas ainda assim eu sentia algo diferente no ar.
Estávamos agora há quase vinte minutos em uma das milhares estradas norte-americanas.
— Acho que sei para onde vamos. — brinquei.
— Ah, é? — ela perguntou. — Onde?
Eu não tinha noção de para onde estávamos indo.
— Se eu acertar você me fala? — perguntei tentando ganhar tempo para pensar em algum lugar.
— Falo. — ela riu.
— Hmmm... — tentei pensar em algo e o primeiro lugar que me veio à mente foi o morro onde eu havia a levado em nosso primeiro encontro. — Para o nosso morrinho? — arrisquei.
— Eu sabia que deveria ter feito outro caminho. — ela respondeu. — Mas ele era maior, ia demorar mais.
Arregalei os olhos.
— Eu acertei? — perguntei surpresa.
— Acertou, meu amor. — ela me olhou.
— Meu Deus! — comecei a rir.
— O que foi? — ela começou a rir também.
— Eu chutei total. Não tinha ideia de para onde estávamos indo. — expliquei.
— Não creio que entreguei tão fácil assim. — ela balançou a cabeça negativamente.
— Poxa, realmente uma pena.
— Você é muito boba, Ludmilla m. Vou comer todas as fatias de pizza sozinha só de raiva. — ela falou.
Ri alto de seu comentário.
— Eu duvido.
Brunna me olhou e revirou os olhos.
Poucos minutos depois observei-a virar o carro para a pequena e estreita estradinha de terra, a qual permanecemos por alguns minutos até avistarmos a enorme árvore no final da trilha.
Brunna estacionou o carro próximo à árvore, deixando os faróis ligados para termos uma iluminação.
— Vem. — ela falou já saindo do carro.
Soltei o cinto e a acompanhei.
Vi que ela pegou algo no porta-malas do carro e logo se aproximou de mim. Caminhamos até embaixo da árvore.
— Me ajuda? — ela pediu, apontando para uma toalha quadriculada em suas mãos.
— Olha, dessa vez nós temos uma toalha! — brinquei.
— Bobona. — ela respondeu me entregando a ponta do tecido, que em poucos segundos já estava estendido sobre a grama.
— Vou pegar nossas coisas. — ela falou.
— Ok, princesa. Quer ajuda?
— Não precisa, amor. Fique em paz.
Observei-a se afastar indo em direção ao carro. Voltei minha visão para a cidade abaixo de mim.
Era impressionante como dali era possível enxergar cada pontinho de luz, cada farol de carro se movendo por entre as ruas, cada casinha e prédio.
A selva de concreto apesar de estressante e barulhenta, quando vista do alto trazia certa paz.
Depois de alguns minutos Brunna retornou com as sacolinhas da pizza e do vinho.
Ajudei-a organizar as coisas sobre a toalha enquanto ela se sentava. Ela ficou responsável pelas pizzas, enquanto eu me atentei à sacola onde o vinho estava.
Assim que me inclinei sobre o pedaço de papel para poder retirar de lá a garrafa de vidro, notei a presença de duas taças de vidros, que estavam sendo seguradas pela Srta. camren.
— Eu posso saber o que ela está fazendo aqui? — perguntei segurando o riso enquanto tirava a pelúcia de banana para fora da sacola.
— Ah, isso... — Brunna riu. — Eu não queria que as taças quebrassem com o atrito do carro, então a primeira coisa fofa que me veio na cabeça foi ela. Além disso, agora ela pode conhecer o alto da cidade com a gente.
— Ai, Brunna. — ri. — Às vezes eu tenho vontade de apertar você.
— Ora, não passe vontade. — ela sorriu.
— Vem cá. — estiquei meu braço em sua direção.
— Só um segundo. — ela falou enquanto colocava as fatias de pizza em pratinhos. — Pronto.
Encostei minhas costas no tronco da árvore e abri minhas pernas, deixando espaço suficiente para Brunna se colocar ali.
Após me entregar o pratinho com a minha fatia de calabresa, ela se aconchegou entre minhas pernas e se deitou contra meu peito.
O cheiro cítrico e levemente adocicado de seu cabelo me atingiu em cheio.
— Você está cheirosa. — falei.
— Tudo pra você, princesa. — ela respondeu enquanto levava o pedaço de pizza até a boca.
Começamos a comer nossas pizzas enquanto desfrutávamos da companhia uma da outra acompanhada da linda visão das luzes da cidade abaixo de nós.
— Eu adoro esse lugar. — ela falou depois de algum tempo. — Me dá paz.
— É uma delícia, não é? Eu também gosto muito daqui.
— Obrigada por me mostrar aqui. — ela me olhou. — Já acabou sua pizza?
— Já sim. — respondi.
— Agora você vai comer a havaiana. — ela sorriu enquanto se levantava.
— Ah não, amor! — segurei em sua cintura impedindo-a de se levantar enquanto gemia em reprovação.
— É tão bom! Não sei como você não gosta. — ela voltou a se encostar em mim.
— Vem cá, vai. Vamos tomar vinho.
Deixei-a se afastar para que eu pudesse pegar a garrafa.
— Você ficou com o saca-rolhas? — perguntei.
— Fiquei, amor. — ela respondeu enquanto procurava o objeto em seu bolso. — Aqui.
Peguei o objeto de sua mão e o abri, aproximando-o da garrafa, porém algo acabou me chamando atenção.
— O que foi? — ela perguntou.
Rodei o objeto em minhas mãos, direcionando-o para a luz provinda dos faróis do carro e observei a caligrafia prateada sobre a parte metálica do saca-rolhas.
— We're looking for... — li o que estava escrito.
Olhei para Brunna com o cenho franzido.
O que estava acontecendo?
— Está escrito isso aí? — ela perguntou.
— Sim. — respondi enquanto começava a rosqueá-lo na rolha da garrafa.
— Que estranho. — Brunna continuou.
Me concentrei em abrir a garrafa e, assim que o fiz, coloquei a rolha sobre a toalha. Porém, da forma que eu a coloquei, percebi que além da marca do vinho sobre a cortiça, havia também mais escritos, o que me fez pegá-la novamente em minhas mãos.
— Something dumb to do... — li.
— Por que você está cantando a música do Bruno Mars, amor? — ela me perguntou.
— Porque é o que está escrito aqui, baby. — olhei-a e vi que ela segurava o riso. — O que está acontecendo?
— Ok, acho que chegou a hora. — ela falou enquanto se aproximava de mim e pegava a garrafa das minhas mãos, virando o líquido escuro em uma das taças. — Eu só preciso de um pouco de vinho antes.
Observei-a virar de uma só vez a bebida e arregalei os olhos surpresa com sua reação.
Brunna se levantou e foi até a parte de trás da árvore, apertando algo que fez um estalo para logo em seguida iluminar a árvore inteira.
Olhei para cima e notei que havia piscas-piscas amarelos enrolados na maioria dos galhos, e que em cada um deles, pendurados por barbantes, estavam algumas polaroids, que logo reconheci como sendo fotos minhas e de Brunna.
— Bru... — sussurrei sentindo meu coração começar a acelerar.
— Amor, eu preciso falar tudo que estou sentindo antes que a adrenalina pare de circular pelo meu corpo. — ela me interrompeu. — Desculpa.
— Não precisa se desculpar, amor. Eu estou te ouvindo. — respondi.
(Inicie: The One - Kodaline)
— Faz quatro meses que eu venho preparando esse discurso. Eu já o repassei incontáveis vezes na minha cabeça, ensaiei de frente para o espelho enquanto você não estava em casa e até no banho para os nossos cremes e shampoos eu falei, mas ainda assim eu tenho certeza que irei acabar esquecendo alguma coisa ou falar algo que nem sequer cogitei falar. — ela respirou fundo. — Mas aqui vou eu.
Mil cenários diferentes se formavam em minha mente a cada nova palavra que saía de sua boca.
Desviei meu olhar do seu por alguns segundos para que eu pudesse segurar a Srta. Camren, a nossa bananinha, enquanto ela falava.
Deixei a pelúcia em meu colo e ora ou outra eu a apertava, sentindo o formato fofo de suas mãozinhas.
— Eu amo você, Ludmilla. — seus olhos já marejados voltaram a encontrar os meus. — Eu amo você de uma forma que eu nunca amei ninguém na minha vida. Ter te conhecido foi a melhor coisa que me aconteceu esse ano. — fitei suas mãos e notei que ambas estavam trêmulas. — É engraçado pensar que logo eu, que sempre tive tudo organizado e planejado, tive minha vida revirada de uma hora para a outra, o que me deixou sem saber o que fazer ou para onde ir. Você me tirou totalmente da minha zona de conforto e me mostrou coisas que eu sequer imaginei que um dia poderia conhecer ou sentir. — ela sorriu. — Cada momento ao seu lado me tira o fôlego. Cada vez que você me toca eu sinto a mesma corrente elétrica que senti quando você segurou minha mão pela primeira vez. Cada vez que você me beija as borboletas fazem a festa dentro de mim.
Senti meus olhos começarem a marejar.
— Aqui... — ela apontou pra cima. — Nessa árvore... Eu coloquei todas as polaroids que eu tenho ao seu lado. Algumas você nem sabe que existe. — ela riu. — Presos nesses galhos estão todos os momentos que vivemos juntas nos últimos meses. Ao menos os que nós fizemos registros, pelo menos. Nossas viagens, nossas brincadeiras, nossos detalhes. Tudo aquilo que me fez apaixonar por você. — a essa altura ela já não se importava com as lágrimas escorrendo de seus olhos e molhando suas bochechas. — Eu não sei se estou indo rápido demais, mas acredito muito no que um velho amigo meu me disse há um tempo atrás: quando o assunto é amor, eu não acho que exista um tempo politicamente correto para começar a sentir. A vida é um sopro, Ludmilla. Estamos aqui hoje embaixo dessa árvore, comigo me debulhando em lágrimas e tentando transformar em palavras tudo aquilo que eu sinto por você, mas nós não sabemos o que pode acontecer amanhã, ou depois do amanhã. E é por isso que eu escolho o hoje. O agora. O presente. — ela respirou fundo. — Eu tive muito medo de falar tudo o que sinto e ser rejeitada, mas eu acho que é exatamente isso que é o amor, não? Um grito no escuro. Um grito no vazio. Você não sabe o que te espera. Você não sabe se vão gritar de volta. Não tem como saber. Você apenas grita e se entrega, esperando que haja algo ali esperando por você. E é isso que estou fazendo aqui. Estou gritando com todo o fôlego que ainda me resta tudo o que eu sinto, tudo aquilo que eu guardei para alguém. E esse alguém é você.
Meu coração martelava dentro do meu peito enquanto meus pulmões pareciam ter se esquecido como respirar.
As lágrimas escorriam corridas, uma atrás da outra, molhando minha bochecha e escorrendo até se transformarem em pequenas gotas, que pingavam sobre a bananinha ainda repousada em meu colo, encharcando-a pouco a pouco.
Observei quando Brunna se aproximou um pouco de mim e me contive o máximo para não pular em cima dela, esperando que seu discurso se encerrasse para que então eu pudesse reagir a tudo aquilo.
Sua mãos geladas tocaram as minhas, entrelaçando nossos dedos no instante seguinte.
— Eu quero você, Ludmilla. Quero chegar em casa e ter você comigo. Quero compartilhar minha vida com você. Quero deitar no seu peito e dormir a noite inteira envolta pelos seus braços. Quero acordar ao seu lado e ser observada pelos seus olhos castanhos. Quero te entregar todos os beijos que ainda não te dei. Quero conhecer ao seu lado cada um daqueles lugarzinhos do mapa de lugares que ainda precisamos conhecer antes de deixarmos essa vida. Eu quero ser sua. — senti suas mãos segurarem a bananinha em meu colo e abaixei meu olhar.
Brunna virou a bananinha de cabeça para baixo e só então percebi que ali havia um zíper, o qual ela rapidamente abriu, tirando de lá uma caixinha azul de veludo.
Fechei os olhos e sorri, ansiando cada vez mais pelo que viria em seguida.
— Então... — ela falou.
Brunna abriu a caixinha, me fazendo olhar para o lindo anel dourado com uma pedra azul, que rapidamente julguei ser uma pedra de safira.
Logo acima do anel, fixado na tampa da caixinha, havia um pequeno papel com os dizeres:
I think I wanna marry you.
— Você quer casar comigo, Ludmilla? — seus olhos encontraram os meus.
Senti meu coração subir até minha boca, batendo descompassadamente em minha garganta.
Meus olhos ainda não haviam encontrado um meio de deter minhas lágrimas e minhas mãos do nada começaram a tremer.
— É claro que eu quero casar com você, Brunna! — praticamente voei sobre seu corpo, fazendo-a deitar sobre a grama forrada com a toalha. — Eu te amo tanto! Caralho!
Senti seus braços envolverem minhas costas em um abraço completamente torto e desengonçado, mas não me importei.
— Você é perfeita, sabia? — perguntei enquanto apoiava meu peso em minhas mãos espalmadas ao lado de sua cabeça.
— Não sabia. — ela sorriu tímida.
Abaixei meu rosto até o seu e a enchi de beijos, parando sobre seus lábios e unindo-os aos meus, iniciando um beijo lento carregado de paixão.
Nos beijamos por tempo suficiente até o ar começar a faltar, e assim que nos afastamos tive vontade de voltar a beijá-la, vendo seus lábios avermelhados e levemente inchados.
— Eu te amo. — ela sussurrou.
— Eu te amo mais. — sussurrei de volta.
Seu sorriso me atingiu em cheio.
— Posso colocar a aliança em você? — ela pediu.
— Deve! — respondi me ajeitando e voltando a me sentar.
Brunna se ajeitou, cruzando as pernas e se inclinando para pegar a caixinha que havia rolado um pouco para o lado quando me joguei em cima de seu corpo.
— Então agora é oficial. — ela falou assim que encaixou a aliança em meu anelar direito. — Eu tenho a noiva mais linda de todo o mundo.
— Que mentira! — falei. — A minha noiva é a mais linda do mundo.
— Elas dividem o pódio, ok?
— Ok. — aceitei.
Deitei-me na toalha e fitei a árvore acima de nós, observando os galhos iluminados e as fotos suspensas.
Brunna repetiu o gesto, porém ao contrário, deitando-se de cabeça para baixo, o que permitiu que seu rosto ficasse colado ao meu.
— Posso te perguntar uma coisa? — falei.
— Qualquer coisa. — ela respondeu.
— Você realmente andou planejando a noite de hoje por quatro meses?
— Sim, senhorita. — ela concordou depois de rir da minha pergunta.
— E ela saiu como esperado?
— Não. — ela respondeu. — A noite de hoje foi muito melhor do que eu jamais seria capaz de imaginar.
Inclinei meu rosto para o lado, olhando diretamente para as orbes castanhas.
— Todos os detalhes... A letra da música... A nossa bananinha... Esse encontro! Sua roupa! Os lugares! — conforme eu falava as peças finalmente começavam a se encaixar. — Oh, meu Deus, Brunna! Você realmente pensou em tudo! — falei. — Agora tudo faz sentido! Você recriou nosso primeiro encontro!
— Você gostou? — ela perguntou.
— Eu não tenho palavras para expressar o quanto eu amei. — respondi da forma mais sincera que pude. — Você é perfeita!
— É muito bom saber disso. Foi tudo pensado para você. — ela sorriu.
— Então quer dizer que o pedido anônimo de rosas... — falei.
— Culpada! — ela riu enquanto levanta a mão.
— Mas por que novecentas rosas?
— Março, Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto, Setembro, Outubro, Novembro. — ela contou nos dedos da mão levantada. — Nos conhecemos há nove meses. Novecentas rosas. Novecentas pessoas com a esperança de encontrar o amor renovada.
— Se o amor as encontrar da mesma forma que nos encontramos... — respirei fundo. — Serão mil e oitocentas pessoas extremamente felizes nos próximos dias, semanas ou meses.
Brunna me olhou e sorriu.
— Eu tive uma ideia. — falei me colocando de pé. — Vem cá.
Ela se colocou de pé e me seguiu até o pequeno banquinho de madeira próximo a onde estávamos deitadas.
Subi no banquinho, ficando alguns palmos ainda mais alta diante do morro.
— Uma vez você gritou meu nome enquanto estávamos passando pelo túnel, lembra? — olhei para baixo e a observei concordar com a cabeça. — Pois bem. — cocei minha garganta e engoli a saliva que havia se formado ali. — Agora é a minha vez.
Respirei fundo e enchi meus pulmões com todo o ar que consegui.
— EU AMO VOCÊ, BRUNNAAAAAAAAAAA! — gritei até o ar acabar.
Sua risada se espalhou pelo ar, misturando-se ao meu grito.
Estendi a mão para ela, que prontamente aceitou, subindo no banco e ficando ao meu lado.
— Sua vez. — falei.
Ela estralou os dedos da mão e alongou os ombros, respirando fundo antes de finalmente abrir a boca e gritar.
— EU AMO VOCÊ, LUDMILLAAAAAAAAA!
E ali, em cima daquele banquinho, voltamos a gritar, declarando nosso amor uma pela outra de forma que a cidade toda soubesse o quão apaixonadas estávamos.
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