Capítulo 30.
POV Ludmilla Oliveira
— É sua. — coloquei a chave na mão de Brunna. — Me surpreenda.
A morena em meu colo sorriu de orelha a orelha e se inclinou sobre meu corpo para poder alcançar minha boca, beijando-a por breves segundos antes de se levantar.
Brunna estendeu a mão para mim e eu aceitei, colocando-me de pé ao seu lado e seguindo em direção ao meu carro.
— Permita-me, senhorita. — ela falou antes de abrir a porta do passageiro para que eu pudesse entrar.
— Oh! Obrigada! — fiz uma reverência antes de entrar no carro, o que fez com que ela risse.
Ela fechou a porta do passageiro, contornou o carro e logo em seguida apareceu do outro lado, sentando-se no banco do motorista.
Observei-a ajustar os retrovisores bem como a distância do banco até os pedais.
Ela era tão linda.
— Colocou o cinto? — sua voz me chamou atenção.
Olhei para o meu lado esquerdo e puxei o cinto, passando-o pelo meu corpo e encaixando-o próximo ao freio de mão.
— Coloquei. — sorri.
— Engraçadinha.
— Você fica linda desse lado do banco. — falei.
Ela abaixou o olhar e colocou a chave na ignição do carro, ligando-o logo em seguida.
— É revoltante a forma como você consegue me deixar sem jeito tão facilmente. — ela me olhou e eu pude notar que suas bochechas estavam coradas.
— Eu gosto de te deixar assim. — falei.
— Vamos embora antes que eu perca o controle. — ela balançou a cabeça negativamente e engatou a marcha ré, apoiando-se no banco do passageiro e olhando para trás.
Já na rodovia, voltando para o centro de Nova Iorque e seguindo para o lugar misterioso onde Brunna estava me levando, aproveitei que sua atenção estava voltada para o trânsito e comecei a observá-la.
O vidro da janela ao seu lado estava aberto e com o auxílio da velocidade do carro, o vento se tornava presente, balançando os fios castanhos de seu cabelo e trazendo o maravilhoso cheiro do seu perfume até mim.
O céu ainda estava alaranjado por conta do pôr do sol e os poucos raios solares que ainda brilhavam refletiam no olhar castanho da latina, deixando-os em um tom que lembrava a cor do mel.
Ela segurava o rosto com a mão esquerda, que estava apoiada na janela do carro. Seu braço direito, coberto até a metade pela jaqueta jeans, estava completamente esticado e sua mão conduzia o volante.
Ela estava tão concentrada...
Percebi que suas bochechas ganharam um tom rosado e a mão que antes apoiava seu rosto encontrou seu cabelo, jogando-o para o lado oposto ao que estava.
Ela sorriu e tentou virar o rosto para a janela.
— Eu consigo sentir você me olhando, sabia? — ela perguntou rindo.
— Sim, porém eu não ligo. — respondi de forma sincera. — Sempre defendi que aquilo que é bonito deve ser apreciado, e é isso que eu estou fazendo desde que entramos nessa rodovia.
Brunna me olhou e pela primeira vez desde que estávamos sentadas lado a lado no banquinho de madeira nossos olhares se cruzaram.
— Você não existe. — ela balançou a cabeça de forma negativa.
— Existo sim. — peguei sua mão e coloquei-a sobre minha coxa. — Aqui. Sinta. Eu sou real.
Ela abaixou o olhar para minha perna e depois voltou a olhar para o meu rosto.
— Isso é um teste? — ela perguntou.
— Teste?
— Pra ver até onde eu aguento.
— Talvez seja. — pisquei.
— Certo. — ela balançou a cabeça positivamente e voltou a prestar atenção no trânsito. — Me aguarde, Ludmilla.
[...]
Brunna continuou dirigindo por mais alguns minutos até estarmos no centro de Nova Iorque, e sua mão permaneceu em cima da minha coxa durante todo o trajeto.
Notei quando entramos em um estacionamento coberto, no subsolo de algum lugar, como uma garagem.
— Onde estamos? — perguntei.
Ela não respondeu minha pergunta. Apenas se limitou a estacionar o carro em uma das poucas vagas livres, desligando-o em seguida.
— Você vem? — ela perguntou enquanto tirava o cinto e abria a porta do carro.
Repeti seu gesto, saindo de dentro do veículo e me apoiando sobre ele já do lado de fora.
— Eu não sabia que você tinha um lado misterioso, mas estou adorando. — falei.
Ela acionou o alarme do carro e se juntou a mim, segurando seu celular na mão esquerda e com a mão livre segurando a minha, caminhando ao meu lado em direção aos elevadores.
— Existem muitas coisas sobre mim que você não sabe. — ela respondeu.
— É mesmo? Tipo o quê? — perguntei apertando o botão do elevador e ficando de frente para ela.
— Hm... — ela pensou enquanto guardava o celular em seu bolso traseiro. — Tipo o porquê eu te trouxe aqui.
Senti um arrepio percorrer minha coluna.
Eu realmente não sabia porquê ela havia me levado até ali. Muito menos que lugar era aquele.
E o medo do desconhecido só me deixava com ainda mais vontade de descobrir.
O tilintar do elevador me tirou do transe e juntas entramos dentro do pequeno espaço.
A parte onde supostamente deveria conter um espelho era feita inteiramente de vidro, o que permitia ter uma visão de toda a engrenagem do elevador, e por alguns segundos me questionei se quando começássemos a subir, poderia ter a visão de boa parte da cidade.
Brunna apertou o último botão do painel do elevador e imediatamente eu a olhei.
— Bru...
O elevador começou a subir e assim que saímos do subsolo as engrenagens fixadas à parede foram substituídas por prédios enormes, ruas iluminadas e avenidas movimentadas, que brilhavam contra o céu já escuro de Nova Iorque.
— Oi. — ela sorriu.
A cidade atrás de nós parecia ficar cada vez menor a cada andar que subíamos.
Meu medo de altura me acertou em cheio.
— Está tudo bem. — ela falou, percebendo que eu havia ficado quieta. — Olha pra mim.
Senti sua mão subir até o meu queixo, onde ela segurou e puxou em direção ao seu rosto.
Fitei seus olhos castanhos de perto e desci meu olhar para sua boca. Ela fez o mesmo, aproximando seus lábios dos meus e roçando-os levemente.
Caminhei com ela por dentro do pequeno cubículo até suas costas encontrarem a parede do elevador e a beijei.
Seus lábios não demoraram para abrir, o que permitiu que minha língua deslizasse sobre a sua com facilidade.
Nos beijamos por alguns segundos até ouvirmos o tilintar do elevador, indicando que havíamos chegado ao nosso andar.
Me afastei de Brunna, arrumando minha roupa e me virando para a porta metálica, que continuava fechada. Ela começou a rir, repetindo meu gesto e se aproximando de mim.
— Passou o medo? — ela perguntou.
— Com certeza. — respondi.
As portas se abriram e revelaram o terraço do prédio, que estava completamente apagado.
— O que está acontecen... — tentei falar enquanto saía do pequeno cubículo e pisava do lado de fora.
— SURPRESA! — um grito coletivo soou em meio ao escuro.
Em poucos segundos o terraço completamente apagado se transformou em um show de luzes, com cores piscantes em diversos tons de neon e até mesmo fogos de artifício, que explodiram no céu escuro.
— Feliz aniversário, gatinha! — Brunna sussurrou no meu ouvido e caminhou até um grupo de pessoas, que percebi serem minhas amigas.
Emily, Lucy, Julia, Juliana, Keana e até mesmo Hayley estavam ali.
— Vocês não fizeram isso não, né? — perguntei rindo enquanto me aproximei delas.
— Claro que fizemos! Você achou mesmo que ficaríamos sem comemorar seu aniversário em grande estilo como em todos os anos? — Emily perguntou.
— Esse ano eu acabei comemorando de outro jeito. — olhei para Brunna e sorri maliciosamente.
Brunna começou a rir e afundou o rosto no braço de Juliana.
— Todas nós sabemos que vocês passaram a noite se comendo, não precisa ter vergonha, Chancho. — Juliana falou.
— O que eu perdi? — Keana perguntou boquiaberta.
— Muita coisa. — Júlia respondeu e começou a rir.
— Ok, e que tal se nós parássemos de falar sobre minha vida sexual e começássemos a beber? — sugeri.
— Ótima ideia! — Brunna respondeu enquanto segurava minha mão e me puxava em direção à uma mesa mais ao fundo do terraço. — Vocês pegam as bebidas, eu sou convidada da aniversariante.
As meninas começaram a rir e seguiram na direção oposta, entrando na parte coberta do terraço e indo até o bar.
Já sentada no sofá estofado, passei meu braço envolta de Brunna enquanto observava a enorme quantidade de pessoas comemorando no vasto espaço que o terraço oferecia.
— Quem são todas essas pessoas? — perguntei.
— Eu não faço ideia. — ela começou a rir. — A Juliana disse que pagaria uma rodada de bebidas para todos se eles deixassem o terraço escuro e gritassem surpresa quando você chegasse.
— A Juliana não existe! — brinquei. — E de quem foi a ideia de fazer uma festa surpresa pra mim?
Ela se remexeu no estofado, virando-se pra mim e segurando o riso.
— Sua? — comecei a rir enquanto ela balançava a cabeça confirmando minha pergunta. — Eu amei.
Aproximei nossos rostos e selei nossos lábios demoradamente até ouvir gritinhos e a voz de Emily tomando o ambiente.
— Será que as duas pombinhas podem nos ajudar aqui com as bebidas?
Olhei para as duas mulheres que seguravam algumas garrafas em mãos e enquanto eu ajudei Emily, Brunna ajudou Lucy, colocando as bebidas sobre a mesa.
— E onde estão as outras? — perguntei.
— Lá dentro conversando com o barman. Daqui a pouco vão trazer mais bebidas. — Lucy respondeu enquanto sentava ao nosso lado com Emily.
Peguei uma das garrafas de cerveja e entreguei para Brunna, que agradeceu levando-a até a boca e ingerindo um pouco do líquido amargo.
Juntas começamos a conversar com Emily e Lucy até as outras retornarem.
— Tem uma pista de dança lá dentro. — Emily comentou apontando para a parte fechada.
Alguma música eletrônica soava abafada do lado de fora e as luzes rosas e roxas tomavam conta do ambiente.
— Esse lugar é incrível! Mais tarde nós vamos conhecer a pista. — Brunna olhou pra mim. — Não vamos?
— Ai, Brunna... — levei a garrafa até meus lábios. — Ainda não estou suficientemente bêbada pra dançar.
— Mas com o tanto de bebida que as quatro loucas estão trazendo pra cá, você fica rapidinho. — Lucy falou apontando para a entrada da parte coberta.
Olhei para onde ela estava apontando e por alguns segundos me perguntei se minhas amigas haviam assaltado o bar.
A quantidade de bebidas que cada uma carregava era impressionante.
— Você não vai escapar de mim, Ludmilla. — senti a voz de Brunna sussurrar em meu ouvido e arrepiei no mesmo instante.
— Eu não acredito que as vadias começaram a beber sem nós! — Juliana falou enquanto se aproximava da mesa.
— Deixa de drama, CheeChee! Vamos ter a noite inteira para beber! — Brunna falou, erguendo a garrafa de cerveja para o alto.
Cada uma de nós escolheu uma garrafa e juntas brindamos.
— Feliz aniversário, bunduda! — elas falaram em uníssono.
[...]
Algumas rodadas de bebida depois e todas nós já estávamos alegres e descontraídas, conversando sobre tudo e todas as coisas, criando teorias da conspiração e revelando segredos constrangedores sem nos importar se lembraríamos ou não das confissões na manhã seguinte.
Acabamos fazendo amizade com as pessoas que estavam na mesa à frente da nossa. Eles estavam participando de uma despedida de solteiro e as risadas e jogos com bebidas logo chamaram a atenção das meninas, que se ofereceram para participar.
Eu ainda não havia bebido nada além de cerveja e algumas doses de vodka, mas só isso junto ao fato da mão de Brunna estar roçando contra a minha coxa pelos últimos vinte minutos já era o suficiente para me deixar queimando por dentro.
Ela ria e conversava tranquilamente com a maioria das pessoas ali presentes enquanto subia e descia a mão pela minha coxa embaixo da mesa.
— Você está bem, Oliveira? — Emily perguntou.
— Está tudo bem, amor? — Brunna perguntou com um tom preocupado enquanto olhava pra mim.
Cínica.
Ela arqueou a sobrancelha e apertou minha coxa com força, o que me fez arfar.
— Estou bem, Emily. Acho que foram as bebidas. — tentei disfarçar.
— Deixa de graça, Ludmilla. Todo mundo sabe que você é a mais forte de nós quando o assunto é bebida. — minha amiga rebateu.
— Tive uma ideia! — Juliana gritou e todos ao redor da mesa olharam para ela.
— Lá vem. — falei.
— Estamos em um bom número de pessoas aqui. O que vocês acham de jogarmos body shot? — Juliana sugeriu.
— Eu super topo! — Brunna respondeu animada.
— Ótima ideia! — Keana falou.
— A tequila, o sal e o limão já estão aqui. — Júlia falou. — Quem vai primeiro?
— A aniversariante. — Emily respondeu e me olhou.
Todos os olhares da mesa se voltaram para mim e eu senti meu rosto queimar por alguns segundos.
— Pode ficar de pé, bunduda. — Juliana falou.
Brunna lentamente tirou a mão de cima da minha coxa, permitindo com que eu levantasse. Olhei para ela, que apenas sorriu enquanto segurava o riso.
Assim que levantei pude sentir a umidade em meu centro aumentar drasticamente.
Caminhei até onde Juliana estava e percebi que ela junto com a ajuda das outras meninas, retiraram algumas das muitas garrafas de bebidas que ali estavam.
— Você vai deitar aí. — ela falou e apontou para a mesa.
— O quê? Por quê? — perguntei.
— Porque é assim que o body shot funciona, bunduda. — ela respondeu. — Quem se voluntaria para ser a primeira?
Todos da mesa olharam para Brunna.
— Você é muito disputada, Ludmilla. — ela falou e todos começaram a rir.
— Vem pra cá, bunduda. — Juliana a chamou.
Observei Brunna se levantar do lugar onde ela estava e se aproximar de mim.
— Pode deitar. — ela falou ao chegar perto de mim. — Eu não vou morder. — ela sussurrou a última frase.
Tirei minha jaqueta e entreguei para ela. Deitei-me sobre a mesa e assim que senti a superfície dura contra minhas costas gemi em desconforto.
— Vai ser rapidinho. — Júlia falou baixo.
— Eu espero que seja mesmo. — respondi e ela riu.
Olhei para Brunna e notei que ela já estava com a garrafa de tequila na mão e a rodela de limão na outra.
Ela se aproximou do meu rosto e colocou a rodela de limão na minha boca para em seguida puxar a camiseta que eu usava para cima, deixando minha barriga completamente à mostra.
— Só um segundo. — ela falou, tirando a jaqueta jeans que usava e entregando para Júlia.
Percebi que ela usava uma regata branca que ficava bem justa em seu corpo, marcando as curvas do quadril e dos seios. Seu cabelo até então solto foi preso em um coque frouxo, o que deixou sua clavícula e pescoço à mostra.
Ela colocou um pouco de sal na palma da mão e com a outra segurou a garrafa de tequila, se aproximando de mim.
— Prometo que serei rápida. — ela falou.
— Eu espero que seja. — respondi com um fio de voz.
Depois de lamber o sal em sua mão, Brunna despejou um pouco da bebida sobre minha barriga e eu acabei me remexendo em reflexo assim que senti o líquido frio entrando em contato com a minha pele quente.
Foi extremamente difícil segurar o gemido quando Brunna se inclinou sobre meu corpo, abrindo a boca para sugar o líquido que havia molhado minha barriga e usando a língua para pegar todos os resquícios da bebida.
Eu olhava a cena inebriada.
Sua língua estava quente e se movia circularmente por toda a extensão da minha barriga, deixando minha pele em combustão em todos os lugares onde tocava.
Assim que terminou de chupar todo o líquido despejado em mim, Brunna se levantou e veio em direção ao meu rosto.
Ela sorriu da forma mais sacana que pôde antes de selar seus lábios nos meus e sugar a rodela de limão, chupando-a em seguida com o auxílio de sua mão.
Quando ela finalmente voltou a se colocar de pé senti como se todos ali tivessem desaparecido.
Eu só conseguia olhar pra ela, que estava levemente rosada nas bochechas, provavelmente devido à bebida e ao fato de ter feito algo tão íntimo e sensual na frente de tantas pessoas.
Seus olhos castanhos não desgrudavam dos meus nem por um segundo.
Ela me olhava de forma tão intensa que por alguns segundos tive a sensação de estar nua.
— Jesus Cristo! Vocês também estão sentindo? — a voz de Keana me trouxe de volta à realidade, fazendo com que eu quebrasse a troca de olhares com Brunna.
— A áurea sexual que se instalou no ar de repente? Eu estou. — Juliana respondeu enquanto se abanava com as mãos.
— Não sei quem vai ter que tomar mais água depois dessas secadas. — Emily comentou e Juliana bateu em sua mão.
— E então, quem vai ser a próxima? — Lucy perguntou.
— Eu preciso de um shot. — falei.
Levantei-me da mesa e servi um shot de tequila em um dos copinhos soltos por ali. Coloquei um pouco de sal na mão e o lambi, ingerindo a bebida que desceu queimando pela minha garganta logo em seguida. Peguei uma rodela de limão e chupei, sentindo o azedo da fruta intensificar ainda mais o sabor da bebida.
Olhei para Brunna, que continuava a me observar atentamente, e caminhei até ela, segurando em sua mão e a puxando em direção à parte coberta do terraço.
Assim que entramos no ambiente uma nova música começou a tocar e as luzes trocaram de cor, tornando-se vermelhas e piscantes.
— Eu amo essa música. — Brunna sussurrou próxima ao meu ouvido. — Vem.
Ainda com a mão unida à minha, ela me puxou para o meio da pista de dança, onde nos misturamos com outras pessoas.
A música era lenta. Perfeita para ser dançada a dois.
Brunna ficou de frente pra mim e suas mãos subiram para minha nuca, enquanto as minhas foram de encontro com sua cintura, onde fiz questão de segurar com firmeza.
Puxei seu corpo, deixando-nos perigosamente próximas e encaixei minha perna direita entre as pernas de Brunna, que sorriu maliciosamente ao entender minha intenção.
Lentamente e acompanhando as batidas da música a latina na minha frente começou a dançar, rebolando devagar e roçando seu centro contra a minha perna.
Ela sabia exatamente o que estava fazendo e a prova disso era que enquanto dançava seus olhos não deixavam os meus.
Era como se ela quisesse ver o que estava causando em mim.
O calor em meio às minhas pernas aumentava a cada rebolada que Brunna dava, e o ambiente cheio, quente e abafado não contribuía muito para que eu deixasse de suar.
Ela se inclinou para perto, desviando o rosto para a curva do meu pescoço e se aproximando do meu ouvido.
— Dale lento. Tócamela más lento. — ela sussurrou com a voz rouca.
Ouvi-la falando em espanhol tão próxima a mim era tudo que eu precisava para perder o controle.
Sem tirar minha perna do meio das suas, virei-a de costas pra mim, colando seu corpo no meu e seguindo seus movimentos conforme a música tocava.
Sua bunda roçando contra a minha perna e consequentemente contra o meu centro estava me enlouquecendo.
Ainda de costas pra mim, Brunna ergueu os dois braços, e com as mãos viradas para trás brincou com meu cabelo, aumentando a velocidade das reboladas na minha perna.
Subi uma de minhas mãos até seu pescoço e joguei seu cabelo para o lado oposto ao que estava, tirando alguns fios que grudaram em sua pele devido ao suor e beijei a região, passando a ponta da língua bem lentamente para em seguida começar a chupar.
Apesar do gosto um pouco salgado de seu suor ainda conseguia sentir o cheiro do perfume doce aplicado sobre sua pele.
Apertei sua cintura com força quando ela parou os movimentos na minha perna.
— Continue. — falei.
Ao ouvir minha voz completamente rouca em seu ouvido pude senti-la arfando para em seguida começar a se mexer novamente, porém dessa vez de forma super lenta, chegando a ser torturante para o calor entre as minhas pernas.
Eu gostava do que ela causava em mim e procurando me torturar ainda mais aproximei minha boca de sua orelha, onde mordi e sussurrei:
— Un poquito más lento.
Com as mãos presas em sua cintura senti seus movimentos se tornarem ainda mais precisos. Em reflexo, puxei seu corpo contra o meu e pude senti-la rebolando ainda mais devagar na minha coxa, fazendo com que uma pontada atingisse meu centro em cheio.
Eu estava vergonhosamente molhada.
A música já estava se encaminhando para o fim e eu não sabia dizer se realmente queria que ela acabasse.
Estava gostando de ter Brunna rebolando em mim.
Senti seu corpo se afastar do meu e percebi que ela havia virado de frente pra mim.
Seu rosto marcado pelas luzes vermelhas e piscantes lentamente se aproximou do meu. Senti sua respiração bater contra meu pescoço e seu hálito quente sussurrando contra minha orelha:
— Precisamos sair daqui.
Afastei-me da morena e a olhei. Seu semblante era sério e seus olhos castanhos já não tinham o tom de mel como antes.
— Agora. — ela falou suficientemente alto para que eu pudesse ouvir.
Segurei sua mão e olhei ao meu redor procurando por algum lugar onde teríamos privacidade suficiente para quem sabe trocar mais que apenas alguns beijos quentes.
Olhei para o bar e logo ao lado dele pude enxergar duas placas iluminadas por um neon azul.
Na hora meu cérebro deu um estalo e eu nunca fiquei tão agradecida por Brunna também ser mulher e poder frequentar os mesmos ambientes que eu.
Puxei-a em direção às luzes azuis que indicavam o caminho para onde iríamos.
O banheiro.
☂️
POV Brunna Gonçalves
Segui Ludmilla sem saber exatamente para onde estávamos indo, porém ao avistar as placas envoltas pelo neon azul entendi o que ela tinha em mente.
Não havia fila do lado de fora, o que de certa forma foi um alívio.
Eu precisava de Ludmilla e não aguentaria esperar muito tempo para tê-la.
Entretanto, assim que entramos no banheiro feminino percebemos que as duas cabines estavam ocupadas.
Algumas mulheres estavam disputando espaço entre si para se olharem no espelho e retocar a maquiagem enquanto Ludmilla e eu olhávamos atentas para as cabines, esperando que uma delas fosse aberta o mais rápido possível.
(Inicie: River - Bishop Briggs)
Uma música conhecida começou a tocar nos alto-falantes da pista de dança, porém como estávamos dentro do banheiro todas as batidas e letras ficavam abafadas.
Olhei para Ludmilla que estava apoiada contra a parede do banheiro e abaixei meu olhar para o seu corpo, fitando-a de baixo pra cima.
Os coturnos pretos que a deixavam um pouco maior que o usual, a calça jeans rasgada e completamente ajustada em seu corpo e por fim a regata soltinha, também preta, presa por dentro da calça.
Tudo a deixava ainda mais atraente.
Por ser aberta dos lados, a regata que Ludmilla usava me dava a visão perfeita de seu sutiã rendado, o que não contribuía em nada para o meu estado efervescente.
As mulheres que estavam se maquiando finalmente terminaram o que faziam e sem pedir licença passaram por onde Ludmilla e eu estávamos, o que atrapalhou minha visão.
Ouvimos o barulho da tranca do banheiro ser aberta e olhamos atentas para as portas feitas de madeira, ansiando por qual delas abriria primeiro.
A porta da direita foi a premiada.
De lá saiu uma garota de cabelo cacheado que aparentava não ter mais que vinte anos de idade.
Assim que ela seguiu em direção à pia, senti Ludmilla segurar em minha mão e me puxar apressadamente para dentro do banheiro.
Ela entrou primeiro e eu logo em seguida, virando-me para o trinco de metal e trancando-o o mais rápido que consegui.
Voltei meu olhar para Ludmilla e sem pensar duas vezes avancei sobre ela, prensando-a contra a parede de azulejos enquanto unia minha boca à sua.
As mãos precisas da mulher de olhos claros encontraram minha cintura, onde ela fez questão de apertar com força.
Minhas mãos começaram em sua nuca, brincando com os cabelos daquela região, porém aos poucos comecei a explorar outras partes de seu corpo, descendo para os braços completamente desnudos, onde arranhei com força, e em seguida descendo ainda mais, alcançando sua cintura.
Sua língua deslizava sobre a minha com maestria, latejando desejo e queimando como a mais ardida das chamas.
Sem dúvidas era um dos beijos mais quentes que já havíamos trocado.
O gosto ainda presente do álcool em ambas as nossas bocas só tornava tudo ainda mais intenso e quente.
De alguma forma suas mãos encontraram um caminho para dentro da minha regata e assim que as senti apertando com força a carne da minha cintura, quebrei o beijo, gemendo baixo contra os lábios avermelhados da mulher.
— Porra... — ela falou.
Aproveitando que havia quebrado o beijo, inclinei minha cabeça até encontrar seu pescoço, onde distribuí beijos molhados e mordidas fracas.
Minhas mãos desceram para sua bunda, onde apertei com vontade, sem deixar de beijar e chupar seu pescoço.
Ela soltou um suspiro baixo e puxou a parte de trás do meu cabelo, me fazendo olhar para ela e voltar a beijá-la.
A pegada junto ao beijo que encaixava perfeitamente me deixavam cada vez mais próxima de perder o juízo.
Ouvimos o barulho da porta abrindo, trazendo a música alta do lado de fora para dentro e rapidamente nos afastamos, ficando encostadas nas paredes opostas, de frente uma para outra.
Observei o peitoral de Ludmilla subindo e descendo rapidamente e olhei para seu rosto, que estava levemente corado e suado.
Os olhos castanhos e transbordantes de desejo encontraram com os meus e por alguns segundos senti minhas pernas ficarem fracas.
Era completamente excitante tê-la olhando pra mim daquele jeito.
A porta abriu novamente e as poucas falas que ouvíamos se cessaram.
Ludmilla puxou-me para ela e voltou a me beijar, mordendo meu lábio inferior com o necessário de força para me enlouquecer.
Tentei colocar minha perna entre as suas, mas fui surpreendida com sua mão descendo até o meu centro e esfregando-o com certa precisão por cima da calça que eu usava.
Foi impossível não gemer.
Sem me dar tempo para me recuperar, senti a mão habilidosa de Ludmilla abrindo meu zíper e tocando minha intimidade por cima da calcinha.
Ela sorriu em meio ao beijo ao sentir o quão molhada eu estava e sem pensar duas vezes driblou o tecido rendado, tocando-me intimamente e começando a me masturbar.
Interrompi o beijo, ofegando contra os lábios de Ludmilla enquanto sentia sua mão aumentar a velocidade em cima do meu clitóris.
Ao perceber que eu estava ofegante, Ludmilla subiu sua mão que até então estava na minha cintura para o meu pescoço, apertando-o com certa força e puxando-o para trás, olhando pra mim.
Os olhos castanhos já não eram tão cristalinos como de tarde. Eles estavam escuros, dilatados e observavam atentamente cada movimento meu.
A falta de ar provocada pelo aperto em meu pescoço junto com os dedos ágeis de Ludmilla trabalhando incessantemente sobre meu clitóris estavam me deixando cada vez mais próxima de um orgasmo intenso.
Minha respiração ofegante se transformou em gemidos baixos que se tornavam cada vez mais audíveis conforme Ludmilla aumentava a velocidade entre minhas pernas.
Ela afrouxou o aperto em meu pescoço e em reflexo inclinei-me sobre ela, ficando próxima ao seu ouvido e começando a gemer de forma que só ela conseguisse ouvir.
— Isso. — ela falou ofegante. — Geme gostoso pra mim.
Senti meu centro começar a queimar, se contraindo cada vez mais.
— Ludmilla... — gemi arrastado. — Eu vou gozar.
Assim que ouviu minhas palavras ela deslizou com facilidade dois dedos até a minha entrada, onde penetrou.
Mordi seu ombro com força enquanto tremia sobre sua mão.
Eu estava gozando.
Ludmilla gemeu junto comigo ao sentir minha mordida em seu ombro e meu líquido escorrendo por entre seus dedos.
Agradeci por ela ter voltado a segurar minha cintura enquanto comecei a tremer, pois caso contrário teria acabado perdendo o equilíbrio e quem sabe me machucando.
Ela tirou os dedos de dentro de mim e lentamente subiu sua mão até o meu rosto, aproximando-a dos meus lábios.
Sorri com malícia ao entender sua intenção.
Abri minha boca o suficiente para que ela encaixasse os dedos sobre minha língua e lentamente os chupei, sentindo meu próprio gosto enquanto circulava a língua ao redor deles.
Ela observava a cena de forma tão intensa que por alguns segundos pude sentir meu rosto queimar.
Já com os dedos fora da minha boca, voltei a beijá-la, e assim que eu deslizei minha língua entre seus lábios, pude ouvi-la gemer.
— Seu gosto é uma delícia. — ela sussurrou contra minha boca.
Levei minha mão até o meio das suas pernas e repeti seu gesto, esfregando sua intimidade por cima da calça com certa força, o que a fez se encostar ainda mais contra a parede enquanto deixava um suspiro escapar por entre os lábios.
Olhei para baixo e com certa dificuldade desabotoei o único botão prateado de sua calça, puxando o zíper para baixo e tendo a visão de sua calcinha, que era da mesma cor do sutiã.
Vinho.
Levei meu rosto para a lateral do seu, procurando o lóbulo de sua orelha e passando a ponta da língua por ele para em seguida mordê-lo fraquinho.
Sem torturá-la, levei minha mão esquerda diretamente para dentro de sua calcinha, descendo até encontrar sua intimidade.
Usei dois dedos para tocá-la, e assim que o fiz gemi contra seu ouvido.
Molhada era eufemismo para descrever o estado em que ela estava.
— Você ficou assim só de me sentir gozar? — perguntei sussurrando contra a pele de seu pescoço.
Recebi um gemido positivo em resposta e comecei a masturbá-la, descendo até sua entrada e subindo novamente até o clitóris, espalhando o líquido abundante por toda sua extensão.
Comecei a beijar seu pescoço sem parar com os movimentos entre suas pernas e percebi que ela começou a se remexer inquieta contra a parede.
— Brunna... — ela sussurrou.
Aumentei a velocidade dos meus dedos, novamente indo até sua entrada e subindo de volta, sem penetrá-la.
— Sim? — respondi.
— Para com isso. — ela levou sua mão direita até a minha.
— Isso o quê? — levei meus dedos até sua entrada e os deixei ali, ainda sem penetrá-la. — Eu não estou fazendo nada.
— Filha da puta. — ela gemeu. — Mete logo a porra desses dedos em mim.
Sua mão impulsionou a minha para cima e eu finalmente a penetrei, sentindo o quadril de Ludmilla levantando enquanto ela se apoiava com certa dificuldade contra a parede.
— Porra! — ela gemeu, levando sua mão esquerda até minha nuca.
Comecei a penetrá-la com força enquanto ela gemia contra meu pescoço e enrolava sua mão em meio ao meu cabelo, puxando-o para trás.
Senti quando acertei algo esponjoso dentro dela e o resultado foi um gemido agudo acompanhado de uma leve perda de equilíbrio da parte dela. Segurei-a pela cintura enquanto sentia seu centro se fechando contra meus dedos.
— Eu vou gozar. — ela falou já sem fôlego.
— Então goza. — a penetrei de novo. — Goza pra mim.
Ela se inclinou sobre mim e mordeu meu pescoço com um pouco de força. Seu corpo começou a tremer contra o meu e logo em seguida eu pude sentir seu líquido quente melar meus dedos.
Seu peito subia e descia contra o meu. Tê-la em meus braços daquele jeito, totalmente entregue, era sem dúvida alguma uma das minhas partes preferidas desde que havíamos começado a transar.
Pouco a pouco a respiração ofegante de Ludmilla foi voltando ao normal e quando senti que ela havia se recuperado o suficiente para conseguir se manter em pé, tirei meus dedos de dentro dela, o que a fez gemer em reprovação.
Ainda próximas, ela se inclinou e selou nossos lábios, sorrindo ao se afastar de mim e se encostar novamente contra a parede.
— Você foi incrível. — ela falou baixinho.
Olhei para os meus dedos e os ergui até estarem na direção do olhar atento de Ludmilla. Separei-os e pude ver o líquido viscoso e transparente formando uma ponte entre um e outro.
Sem pensar duas vezes levei-os até minha boca e chupei com vontade todo o gosto de Ludmilla, que olhava a cena como se não acreditasse no que via.
— Extremamente gostosa. — falei.
Ela balançou a cabeça negativamente e se aproximou de mim, dessa vez me prensando contra a parede e unindo nossos lábios mais uma vez.
Ouvimos a música alta novamente tomar conta do pequeno ambiente, o que indicava que alguém havia entrado no banheiro, e nos afastamos em reflexo.
Após alguns segundos em silêncio, Ludmilla balançou os ombros e estava prestes a voltar a me beijar quando ouvimos batidas na porta.
(Inicie: Physical - Dua Lipa)
Arregalei os olhos na hora e olhei para Ludmilla, que estava com as sobrancelhas franzidas.
— Brunna, eu sei que você está aí! — a voz de Juliana soou pelo ambiente. — Você também, Ludmilla.
— Eu já estou saindo. — falei alto para que ela pudesse ouvir.
— Eu sei que está. Vim aqui buscar vocês duas. — ela respondeu.
Olhei para Ludmilla que começou a rir enquanto subia o zíper da calça e fechava o botão.
Coloquei a mão sobre o trinco da porta, porém ela me impediu de abri-lo.
— O que foi? — sussurrei.
— Seu cabelo. — ela respondeu, me virando de frente para ela e levando as mãos até ele, arrumando-o. — Acabei bagunçando um pouquinho.
Ri baixinho e selei nossos lábios.
— Eu ouço sussurros e barulhos de beijo, espero que não estejam transando. — Juliana falou.
Abri o fecho da porta e saí de dentro do pequeno cubículo seguindo em direção ao espelho.
— Não estávamos transando, CheeChee. — falei.
— Tomando chá e comendo bolinho é que não estavam, né? — ela respondeu.
— Que horas são? — Ludmilla perguntou.
— Quase duas horas da manhã.
Arregalei os olhos.
Desde quando o tempo começou a voar?
— Onde estão as outras meninas? — perguntei.
— Estão pra lá de loucas dançando na pista de dança. — Juliana falou. — Vem, vamos até elas.
Saímos do banheiro e caminhamos de volta para a pista de dança, onde de longe já era possível enxergar um grupo de mulheres alteradas pulando e gritando as letras da música que tocava.
— Vem! — puxei Ludmilla pela mão enquanto começava a pular entrando no meio da rodinha que elas haviam formado.
— Olha quem resolveu aparecer! — Emily gritou enquanto pulávamos.
— Sejam bem-vindas de volta! — Júlia disse.
— Esse é o melhor aniversário de todos! — Ludmilla falou. — Obrigada, meninas!
Transformamos a rodinha em um abraço coletivo e Ludmilla, que estava do meu lado, inclinou o rosto para próximo do meu.
— Obrigada pela noite maravilhosa, meu amor. — ela sussurrou, deixando um beijo em minha bochecha.
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