Capítulo 23.
POV Brunna Gonçalves
Mesmo tendo chegado em casa tarde e ido dormir mais tarde ainda depois de tomar um longo banho, remover toda a maquiagem e escutar Juliana montando mil e um planos diferentes para desfigurar o rosto de Matthew, na manhã seguinte acordei surpreendentemente agitada.
Eu precisava de respostas.
Enviei mensagem para Margaret combinando de encontrar-me com ela na cafeteria dos meus pais e levantei para me arrumar.
Tomei um banho para relaxar o corpo, que estava começando a ficar tenso e voltei para meu quarto para poder me trocar.
— Bom dia, bela adormecida! — falei ao perceber que Juliana havia acabado de acordar.
— Que horas são? — ela perguntou.
— Oito e pouco. — respondi.
— E o que caralhos você está fazendo acordada, Chancho? Nós fomos dormir depois das três da manhã!
— Marquei de me encontrar com Margaret, lembra? — abri a porta do guarda-roupa para escolher o que vestir.
— Ah, é mesmo! E eu tenho que ir junto com você?
— Não, CheeChee. Você vai ficar aqui vigiando para o caso do Matthew resolver aparecer para fazer uma surpresa. — falei. — O que eu coloco? Não sei o que vestir.
— Obrigada, estava torcendo pra você responder que eu poderia ficar. Vou vigiar ele daqui da cama enquanto tiro um cochilo, ok? — ela me olhou. — Pega aquela jaqueta xadrez e coloca uma calça preta.
— Juliana! Você tem que ficar acordada! — peguei as peças que ela havia sugerido colocando-as em frente ao corpo. — Ficou bom?
— Tudo bem, eu fico! Mas fique ciente que vou estourar pipoca e assistir algum filme de suspense policial enquanto espero a chegada do príncipe de Chernobyl. — ela se ajeitou na cama, olhando para onde eu estava. — É claro que ficou bom, eu nunca falho na escolha de um bom look.
— Você não existe, mulher. — falei rindo enquanto vestia as peças escolhidas.
[...]
— Bom dia, Jamie! — falei para o homem de cabelos grisalhos sentado na guarita da portaria.
— Bom dia, Senhorita Gonçalves! — ele respondeu sorridente.
— Como o senhor está?
— Eu estou indo, minha filha. Está tudo bem?
— Está sim! O senhor já tomou café da manhã? Eu trouxe alguns biscoitos acompanhados de um café bem quentinho. — falei segurando os objetos em mãos.
— Oh, querida! Quanta gentileza, não precisava! — ele respondeu pegando o saquinho dos biscoitos e o copo térmico.
— Imagina, Jamie!
— Está tudo bem mesmo? Estou achando a senhorita diferente esta manhã. — ele falou enquanto levava o copo de café até a boca.
— Na verdade... — sorri sem graça. — Eu queria pedir um favor.
— Pode falar, será um prazer ajudá-la!
— Bom... Eu e Matthew não estamos em um bom momento agora. — falei gesticulando com as mãos enquanto tentava encontrar as palavras certas para fazer meu pedido ao homem.
— Eu nunca gostei daquele mauricinho. — Jamie falou e ao perceber o que havia dito arregalou os olhos. — Não que eu tenha alguma opinião formada a respeito dele.
— Está tudo bem, Jamie. — ri de seu comentário.
Eu achava fofo o jeito como ele lembrava o lado protetor do meu pai.
— O que eu quero pedir é para que não o deixe subir ao apartamento. Caso ele apareça aqui peça para que ele me espere aqui fora.
— Pode deixar, garota. Do saguão ele não passa! — ele sorriu amigavelmente.
[...]
Assim que deixei o prédio, caminhei por algumas quadras até chegar a cafeteria dos meus pais.
— Hija! Que surpresa boa! — minha mãe falou ao me ver contornando o balcão para abraçá-la.
— Mama! Que saudades! — a abracei. — Onde está todo mundo?
— Seu pai ficou em casa descansando e Sofi está em algum lugar com Luane. — ela respondeu. — Somos só eu e Patty hoje.
Olhei para a pequena mulher que estava secando algumas xícaras e sorri.
— Oi, Patty! — falei.
— Oi, Bru! — ela sorriu tímida.
— Não precisa de ajuda? Eu posso ficar para te ajudar. — me ofereci.
— Não se preocupe com isso, hija. Está tudo sob controle. — minha mãe sorriu. — O que te traz aqui tão cedo? Aconteceu alguma coisa?
— Não, está tudo bem! Vou me encontrar com uma amiga. — respondi da forma mais natural possível.
— Ludmilla?
— Infelizmente não. — falei e minha mãe fez um semblante triste.
— Diga a ela que estou com saudades! Traga-a aqui qualquer tarde dessas. Vocês trabalham demais naquela loja de vestidos!
— Os últimos dias foram bem corridos, mas pode deixar que voltarei aqui com ela. — sorri.
[...]
Não demorou muito para que Margaret chegasse à cafeteria. Agora estávamos de frente uma para outra e ela me olhava animada.
— Que cafeteria aconchegante! — ela falou.
— Obrigada! Meus pais são os donos. — respondi.
— Puxa, que bacana! Eu já havia passado aqui em frente algumas vezes e sempre fiquei imaginando como seria por dentro, mas nunca parei para realmente conhecer.
— Sério? E por que não? — perguntei curiosa.
— Na maioria das vezes em que passei aqui eu estava com Matthew, mas ele sempre me levava para outra cafeteria alegando que essa aqui era ruim.
— Ah, ele te disse isso? — ri sarcasticamente levando a xícara de café até a boca.
— Sim... — ela me olhou desconfiada. — Karla, me desculpe, pode ser só impressão, mas eu sinto que às vezes você faz alguns comentários estranhos, como se o conhecesse. Tem algo que eu precise saber?
Coloquei a xícara sobre a mesa.
— Foi pra isso que chamei você aqui. — respondi.
— Ok, agora você está me preocupando. Ele é algum tipo de criminoso, tipo um serial killer ou algum mafioso? — ela perguntou com um certo pânico.
— Não que eu saiba. — falei. — Mas como ele é bom em esconder as coisas, talvez ele seja.
— Do que você está falando?
— Eu sou noiva do Matthew. — respondi.
— O quê? Mas isso é impossível! — ela respondeu confusa. — A noiva do Huss morreu há três anos atrás, quando eles estavam prestes a se casar!
Arqueei as sobrancelhas surpresa com o que havia acabado de escutar.
Então quer dizer que além de me trair, ele também havia me matado?
— Bom, eu não faço ideia do que ele te contou, mas eu sou a noiva dele e estou bem viva.
— Ele disse que a noiva dele havia sofrido um acidente de carro e morreu poucos meses antes dos dois se casarem.
— Ele disse o nome dela? — perguntei.
— Brunna.
Filho da puta.
— Meu nome não é Gonçalves. — falei. — É Brunna. Na verdade, é Brunna Gonçalves.
— Mas... — ela começou a falar e eu a interrompi.
— Nós nos conhecemos há três anos atrás. Eu ainda estava me graduando em Fotografia e ele foi um dos palestrantes em um evento da NYU. — contei. — Nós começamos a sair e pouco tempo depois ele me pediu em namoro. Noivamos no ano passado e casaríamos agora em setembro. — tirei o pequeno anel do meu anelar direito e o coloquei em cima da mesa.
— Nossa, eu... — ela ficou em silêncio, pensativa. — Eu não sei nem o que falar pra você, Brunna. Pensei que ele fosse solteiro... Eu jamais me envolveria com um homem compromissado! Estou me sentindo completamente suja!
— Não! — estendi minha mão sobre a mesa e segurei em suas mãos que estavam geladas. — Você não teve culpa de nada, ele a enganou. Enganou a mim também. O único culpado de tudo isso é ele.
— Como ele pôde fazer isso? Manter essas duas vidas... — ela falou com a voz embargada.
— Há quanto tempo vocês estão juntos? — perguntei.
— Tem alguns meses... — ela respondeu. — Vocês têm algum filho juntos? Por favor, diga que não!
— Felizmente não! — falei e ela suspirou aliviada.
— Eu me culparia eternamente se soubesse que além de noivo, ele também tivesse filhos.
— Não carregue essa culpa. O único errado na história é ele.
— Você já sabe o que vai fazer? — ela perguntou.
— Sim, eu vou terminar tudo. — respondi.
— Eu também. — Margaret respondeu. — Só preciso criar coragem para encará-lo de novo.
[...]
Depois de me despedir de Margaret, sentei-me nos bancos ao redor do balcão onde minha mãe estava e, aproveitando que o movimento na cafeteria estava fraco, me atualizei sobre as novidades na vida dos meus pais.
Minha mãe não me perguntou em momento algum sobre Matthew, o que achei ótimo. Ainda não era o momento de contar para ela que eu estava prestes a terminar de vez o relacionamento que todos consideravam perfeito.
Voltei para o meu apartamento antes do horário de almoço e tomei um susto ao abrir a porta e encontrar Juliana parada em pé do lado de dentro segurando uma frigideira nas mãos.
— Você enlouqueceu? — perguntei levando a mão até o peito, sentindo meu coração acelerar a cada segundo.
— Nossa, Brunna! Por que você não ligou? Eu achei que era o idiota do Matthew. — ela respondeu abaixando a frigideira e terminando de abrir a porta, permitindo com que eu passasse.
— E você iria fazer o que com uma frigideira caso ele aparecesse aqui?
— Dar uma frigideirada na cabeça dele, ué! — ela falou como se fosse óbvio.
— Meu Deus do céu, Juliana! Ainda bem que ele não apareceu aqui, ainda temos tempo de continuar com o plano. — respondi indo até meu quarto.
Abri o lado do guarda-roupa que guardava todas as roupas de Matthew e peguei todas as suas camisas, calças e gravatas, jogando-as sobre a cama.
— Brunna, você é doida! — Juliana falou entrando no quarto.
Voltei para o guarda-roupa, pegando agora meu vestido e entregando-o para Juliana, que o deixou de lado entre a bagunça de roupas espalhadas pela cama.
— Você vai me ajudar ou não? — perguntei.
— É claro que eu vou! — ela sorriu. — Mas e aí, me conta! Como foi lá com a Margaret?
Fui até o banheiro e procurei pelos dois objetos metálicos, retornando para o quarto e entregando um deles para Juliana.
— É melhor você não saber ou é capaz de matá-lo. — respondi. — Pronta?
— Você vai me contar tudo depois, Brunna. E sim, estou pronta. Eu nasci assim! — ela falou jogando o cabelo por cima dos ombros.
(Inicie: I Love It - Icona Pop ft. Charlie XCX)
Peguei uma das camisas sociais de Matthew e com o auxílio da tesoura que segurava em minha outra mão, cortei-a por completo.
— Isso é extremamente relaxante! — falei e comecei a rir.
Juliana observou a cena com um sorriso enorme no rosto, para logo em seguida começar a me ajudar a cortar e rasgar as roupas de Matthew.
Cortamos todas as gravatas que achamos. Algumas camisas ficaram furadas, outras rasgadas e outras ficaram até mesmo com uma espécie de babado na barra da camisa, toque especial que Juliana fez questão de picotar.
Algumas calças viraram shorts, outras foram rasgadas de ponta a ponta e outras viraram apenas pequenos retalhos de tecido.
Fui até o banheiro e peguei todos os cremes, desodorantes e perfumes que ele usava, jogando-os no lixo e amarrando o saco preto no instante seguinte.
Com a ajuda de Juliana consegui pegar a única mala que ele havia deixado no alto do guarda-roupas e dentro dela joguei todos os trapos e restos de roupas, colocando também o saco de lixo com todos os cosmésticos dele.
Abri a capa do vestido e de lá tirei a nota fiscal que indicava a finalização da compra da peça e a acrescentei ao conteúdo da mala.
— Parte um concluída com sucesso. — falei ofegante enquanto dava um tapinha na mão de Juliana.
— Liga o computador, eu pego o vestido. — Juliana respondeu.
Segui para a sala onde liguei meu notebook. Peguei minha câmera e de dentro dela removi o cartão de memória utilizado na noite passada, conectando-o no computador logo em seguida.
Procurei pela foto de Matthew e Margaret aos beijos e selecionei a opção para imprimir algumas cópias.
Juliana removeu o vestido da capa preta e o esticou sobre o sofá da sala. Levantei-me da cadeira onde estava sentada e caminhei até ela.
— Tem certeza? — ela me olhou. — É tão lindo!
— Tenho. — respondi. — Eu não quero ter absolutamente nada que me lembre ele ou o que quase tive com ele.
Encarei a peça por alguns segundos, observando todos os detalhes das pedrarias e rendas bordadas à mão.
— Me perdoe, Ludmilla. — falei antes de enfiar a tesoura no busto do vestido e rasgá-lo ao meio.
Minha ação fez com que todas as pedrarias se soltassem uma a uma, enchendo o piso da sala de pequenos brilhantes.
Juliana me ajudou a picotar o vestido, que agora já estava completamente rasgado e com as rendas soltas e cortadas, quase sem pedrarias presas à sua estrutura.
Peguei um saco de lixo maior e mais resistente e coloquei todos os restos dele, junto de cada pedrinha espalhada pelo chão.
Fui até a impressora e peguei as cópias da foto do beijo, deixando-as em cima do saco preto onde o vestido estava.
— Agora é só esperar ele chegar. — falei.
— BRUNNA! — ouvi um grito alto e rouco através da sacada da sala.
— Ops... Acho que ele já chegou. — Juliana respondeu.
Caminhei até a sacada e ao debruçar-me sobre o parapeito pude ver Matthew parado próximo ao jardim do prédio.
— O QUE VOCÊ QUER?! — gritei de volta.
— QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO? POR QUE O JAMIE NÃO ME DEIXOU SUBIR? — ele perguntou irritado.
— PORQUE ACABOU, MATTHEW! NOSSO RELACIONAMENTO JÁ ERA!
— DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO? EU VIM AQUI PARA TENTAR FAZER AS PAZES COM VOCÊ! ME DEIXA SUBIR!
— NÃO! — gritei.
— BRUNNA, OS VIZINHOS JÁ ESTÃO SAINDO PRA VER O QUE ESTÁ ACONTECENDO! ME DEIXA SUBIR AGORA!
— POIS QUE VEJAM! QUERO QUE TODOS SAIBAM O SAFADO, CANALHA, IDIOTA E DESPREZÍVEL QUE VOCÊ É!
— DO QUE CARALHOS VOCÊ ESTÁ FALANDO, BRUNNA?
— DISSO AQUI! — respondi enquanto pegava o montinho de fotos que Juliana me passou.
Arremessei as fotos no ar e com a ajuda do vento, o céu ficou coberto por milhares de cópias da foto de Matthew e Margaret se beijando, caindo lentamente até se espalharem por todo o jardim do prédio.
Matthew se aproximou de uma das fotos, pegando-a entre as mãos e analisando o conteúdo ali registrado. Ele observou o papel por alguns segundos, passando a mão entre os cabelos no instante seguinte e soltando um grito de raiva.
Ele não tinha como dizer que não era ele naquela foto.
— VOCÊ ESTÁ PASSANDO VERGONHA, SUA LOUCA! ME DEIXA SUBIR PARA PEGAR MINHAS COISAS! — ele gritou ainda mais alto.
Seu rosto estava extremamente vermelho, provavelmente uma mistura de vergonha e raiva.
Uma pena.
— NÃO SE PREOCUPE! DEIXA QUE EU FACILITO AS COISAS PRA VOCÊ! — gritei de volta.
Voltei para dentro do apartamento e peguei sua mala, arremessando-a pelo parapeito da sacada no instante seguinte.
O estrondo da mala pesada encontrando com o chão duro e pedregoso foi alto. Fiquei surpresa com o fato dela não ter aberto durante a queda.
— O QUE É ISSO? — ele perguntou.
— SUAS ROUPAS! — respondi.
— BRUNNA, VOCÊ ENLOUQUECEU?
— CALMA, TEM MAIS UMA COISA!
Juntas, Juliana e eu pegamos o saco de lixo preto com o vestido inteiramente picado e caminhamos de volta até o parapeito da sacada, virando-o para baixo no instante seguinte.
Todos os retalhos do vestido automaticamente começaram a flutuar pelo céu e de repente tudo que era azul se tornou branco e quadriculado.
Era como uma chuva de tecido.
Observei Jamie se aproximar de Matthew, com quem trocou algumas palavras, e, pela reação dele presumi que o que o senhor de cabelos grisalhos havia dito provavelmente era algo relacionado a limpar toda a bagunça que cobria o jardim.
Matthew apontou para a sacada onde Juliana e eu estávamos, o que fez Jamie olhar para cima e acenar para nós, voltando a encarar Matthew no instante seguinte, entregando-lhe uma vassoura e retornando para a guarita.
— E ANTES QUE EU ME ESQUEÇA... — gritei enquanto pegava o anel de noivado em meu bolso traseiro. — PODE FICAR COM ISSO AQUI!
Arremessei o pequeno objeto pela sacada e logo em seguida pude ouvir uma sequência de gritos, aplausos e até mesmo vaias vindo das janelas e sacadas próximas a minha.
Eram meus vizinhos comemorando toda aquela situação.
Olhei para Juliana, que me encarava com um sorriso de orelha a orelha.
— Eu estou muito orgulhosa de você, Chancho! — ela me abraçou. — Te ensinei direitinho mesmo.
— Obrigada por me ajudar com tudo isso. — falei abraçando-a forte.
— Como se sente?
— Livre! — suspirei aliviada.
[...]
Depois da minha pequena vingança por todos os meses em que havia sido enganada, Juliana sugeriu que eu passasse a noite junto com Júlia e ela, comemorando por eu estar livre e solteira outra vez.
Agora, espalhada pelo sofá da enorme sala de estar e bebendo cerveja, Juliana contava para Júlia o que havia acontecido horas atrás.
— Você tinha que ver, amor! Eu nunca tinha visto a Brunna daquele jeito! Ela pegou a mala com as coisas do fedorento e jogou com tudo no jardim do prédio, foi perfeito! Queria tanto que tivesse acertado ele... — ela lamentou levando a garrafa até a boca e dando um gole.
— Juliana! — Júlia a repreendeu enquanto tentava controlar o riso.
— Confesso que gostaria também. — falei enquanto me esticava para pegar outro pedaço de pizza. — Mas não gosto de machucar as pessoas.
— Você é boa demais para esse mundo, Chancho. — Juliana falou.
Senti meu celular vibrando e o peguei para poder checar o que era.
Uma mensagem de Ludmilla.
Abri o aplicativo de mensagens e cliquei na conversa com ela.
lud: Oie, está por aqui?
Sorri.
Eu: Oi Lud, estou sim!
lud: Você está bem?
Eu: Sim e você?
Lud: Eu também...
Lud: Conseguiu resolver os problemas de ontem?
Eu: Consegui sim! Deu tudo certo!
Eu: Obrigada por confiar em mim, prometo que devolvo as chaves na segunda-feira.
Lud: Que bom! Quanto às chaves, não se preocupe com isso.
Lud: O que você está fazendo?
Eu: Tomando cerveja e comendo pizza e você?
Lud: Parece uma ótima combinação.
Lud: Eu estava deitada tentando dormir, mas não conseguia desligar... Então resolvi te mandar mensagem.
Eu: Tem algo te preocupando?
lud: Não exatamente, mas tem algo que eu gostaria de saber sobre você.
Eu: Ai meu Deus,o quê?
Ludmilla ficou digitando por alguns angustiantes minutos, parando diversas vezes, até realmente enviar a mensagem.
Lud: Se eu te chamar para sair amanhã a tarde, você aceita?
Sorri automaticamente ao ler sua pergunta. Bloqueei o celular e deixei-o apoiado sobre o chão, perto de mim.
Abracei meus joelhos e afundei meu rosto entre eles, soltando um gritinho que foi abafado.
— Bru? — ouvi a voz de Júlia me chamando bem longe.
— Chancho! — Juliana gritou trazendo-me de volta para a realidade.
— O que foi? — perguntei assustada.
— O que aconteceu? — Juliana perguntou.
— Nada, ué. — respondi.
— A Ludmilla te mandou mensagem? — ela sorriu maliciosamente.
— Eu não sei do que você está falando. — levantei do chão, pegando minha garrafa de cerveja e meu celular. — Estou muito cansada, gente. Vou escovar os dentes e deitar.
— Sua mentirosa, eu sei que você vai ficar falando com ela. — Juliana resmungou e lançou uma almofada em minha direção, a qual felizmente consegui desviar.
— Boa noite, meninas! Eu amo vocês! — ergui a garrafa e em seguida levei-a até meus lábios, ingerindo o líquido gelado.
Subi as escadas da casa e fui até o quarto de hóspedes, onde passaria a noite.
Apoiei a garrafa de cerveja sobre a pequena mesa ao lado da cama e me deitei, voltando a abrir o aplicativo de mensagens.
Lud: Se eu te chamar para sair amanhã a tarde, você aceita?
Eu: Claro que sim! Para onde vamos?
Depois de alguns segundos online no aplicativo, recebi sua resposta.
lud: É surpresa! Vista algo confortável, ok? E se você quiser, pode levar sua câmera.
Eu: Você vai mesmo me deixar curiosa?
lud: Vou *emoji piscando e mostrando a língua*.
lud: Durma bem, Bru. Te vejo amanhã! Beijos.
Eu: Eu devo gostar mesmo de você.
Eu: Até daqui algumas horas! Durma bem também, beijos!
Bloqueei meu celular e o deixei ao lado da garrafa de cerveja, voltando a fitar o teto no instante seguinte.
Eu não conseguia parar de sorrir.
Ali, deitada, a única coisa a qual eu tinha certeza era que agora eu estava livre.
Livre para fazer o que eu quisesse, com quem eu quisesse. Livre para amar quem eu bem entendesse, e o mais importante...
Livre para ser eu mesma.
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