Capítulo 20.
Maratona - (4/5)
POV Ludmilla Oliveira
Dois dias.
Esse era o tempo que havia se passado desde que Brunna e eu nos beijamos.
Aquela noite e tudo o que ela me proporcionou não saiu da minha cabeça nem por um segundo durante todo o final de semana.
Eu revivi cada momento, desde o caminho até o bar, até o final da noite, quando os lábios dela finalmente encontraram os meus.
Depois de nos beijarmos lembro de ter segurado em sua mão e voltado com ela até a loja de vestidos, onde ficamos até a chuva diminuir.
Apesar do frio que sentia devido às minhas roupas e cabelo molhado, internamente eu estava em chamas.
Quando a chuva foi embora, o que não demorou muito, acompanhei Brunna até seu carro, onde acabei ganhando outro beijo.
Dois beijos. Dois dias.
— Srta. Oliveira? — o motorista perguntou, trazendo-me de volta para a realidade.
— Perdoe-me. Ocorreu algo? — perguntei.
— Chegamos ao edifício do New York Times.
Olhei através do vidro do carro e encarei o enorme prédio ao meu lado.
— Muito obrigada! Eu ligo para o senhor quando a reunião encerrar. — respondi.
— Sim, Srta. Oliveira. Tenha uma ótima reunião! — ele desejou simpaticamente enquanto eu fechava a porta do carro.
Havia marcado a reunião com os fotógrafos do Times para hoje de manhã com o intuito de apresentar todos os detalhes que havia discutido com Brunna na sexta-feira.
Enquanto adentrava o prédio e caminhava até o elevador, novamente fui tomada por pensamentos.
Nós não havíamos conversado durante o final de semana.
Será que eu havia feito algo de errado?
Fomos rápido demais?
Minha cabeça estava lotada de perguntas sem respostas. Meu coração acelerava só em pensar que poderia perdê-la de novo.
O tilintar do elevador me trouxe novamente à realidade e agora, já no andar onde ocorreria a reunião, procurei me recompor, deixando minha vida pessoal de lado e focando apenas em ser profissional.
— Seja bem-vinda de volta, Ludmilla. — Cooper desejou ao me ver.
— Obrigada, Cooper. Está tudo pronto para nossa reunião?
— Sim. A equipe está à sua espera na sala de conferências.
Caminhamos pelo enorme andar até chegar na sala onde a reunião aconteceria. Adentrei o local e sentei-me na cadeira na ponta da mesa. Cooper sentou-se ao meu lado.
— Bom dia a todos! Daremos início a nossa reunião para acertar todos os detalhes antes do evento que ocorrerá nesta sexta-feira. Alguma objeção antes de começarmos? — perguntei.
Todos me olhavam atentos, alguns nem chegavam a piscar.
— Acredito que não, Srta. Oliveira. — uma mulher loira ao fundo da mesa respondeu.
Ao olhar em sua direção pude ver Matthew sentado ao seu lado.
Ele me olhava atentamente.
Encarei-o por tempo suficiente até que ele se sentisse desconfortável e desviasse o olhar.
— Durante a semana passada fiz um planejamento para o evento. Os separei em duplas. Sendo assim, cada dupla ficará responsável por fotografar uma área específica, que também já está determinada. — falei enquanto pegava alguns papéis. — Como você são em 10 pessoas, teremos 5 equipes, que separei pelas letras: A, B, C, D e E.
— Excelente planejamento, Srta. Oliveira! — Cooper me elogiou.
Sorri ao lembrar a quem pertencia a ideia.
— Tudo fica melhor quando bem organizado, não é? — perguntei e o homem concordou.
— Posso dar uma olhada nas duplas formadas? — ele perguntou.
— Claro! Fiz uma cópia para cada um de vocês com o nome das duplas e a área em que cada uma ficará responsável por fotografar. — respondi entregando os papéis para os fotógrafos.
— Eu tenho uma objeção. — Matthew falou depois de alguns minutos analisando o planejamento.
— E qual seria? — respondi surpresa.
— Você me colocou para trabalhar com o John, mas não quero trabalhar com ele. — Matthew olhou para o homem sentado há algumas cadeiras ao seu lado. — Nada pessoal.
— E por que não? Pensei que vocês fossem uma equipe.
Cooper se remexeu desconfortável ao meu lado.
— Srta. Oliveira, eu... — ele riu sem graça. — Eu acabei me esquecendo de avisá-la sobre isso, mas no caso de Matthew, ele já possui uma parceira com quem está acostumado a trabalhar.
Arqueei as sobrancelhas.
— E quem seria? — perguntei.
— Eu, senhora. — a mesma mulher loira que havia me respondido no começo da reunião respondeu.
— E qual o seu nome?
— Margaret.
— Pois então faremos essa troca. Matthew trabalhará com Margaret e John trabalhará com Peter. Algo a mais? — perguntei.
— Por enquanto não. — Cooper respondeu.
— Tudo bem. Seguindo com o nosso planejamento, é importante destacar que cada dupla ficará responsável por cobrir somente a área a qual foi determinada, não havendo, portanto, um contato direto entre as duplas. — continuei.
— E por que isso? — Matthew voltou a me questionar.
Ele estava me testando.
— Porque foi como eu planejei. — respondi.
Observei Margaret fazer um carinho em seu braço, como se o reconfortasse pela minha resposta seca.
Franzi o cenho para a cena, mas não falei nada.
— O que faremos caso haja algum imprevisto com alguma dupla? — John perguntou.
— Esperamos que isso não aconteça, mas caso venha a acontecer, o líder da dupla deve resolver o mais rápido possível, podendo se comunicar com outra dupla caso seja necessário. — respondi.
— E quem são os líderes de cada dupla? — Cooper perguntou.
— Estão escritos nos papéis, exceto as duplas que acabaram de sofrer mudança. John e Margaret, tudo bem pra vocês em seres os líderes? — perguntei.
— Tudo sim. — John respondeu.
— Por mim está ok. — Margaret respondeu.
Olhei para Matthew que me olhava com os olhos fervendo de raiva.
Ele realmente achou que eu o escolheria como líder?
— E a respeito de trajes, o que deveremos usar? — um homem barbudo ao lado de John perguntou.
— Os trajes serão escolhidos de acordo com a preferência de cada um de vocês, contanto que sejam sociais. Sugiro que optem pelo clássico: preto ou branco.
— Ainda sobre as duplas, Srta. Oliveira, como nos comunicaremos caso seja necessário? — Margaret perguntou.
— Cada um de vocês receberá um ponto eletrônico no dia do evento, fiquem tranquilos.
— A senhorita realmente pensou em todos os detalhes! — Cooper comentou.
— Tenho que pensar! Não é um evento qualquer. — ri.
— Tem razão. — ele respondeu.
— Mais um detalhe: o único momento onde todos vocês vão se encontrar será quando os discursos ocorrerem. A primeira a discursar será eu, em seguida meu pai. Lembrem-se: teremos convidados especiais, celebridades, subcelebridades, empresários, artistas... Queremos o melhor de vocês! — falei.
[...]
Assim que a reunião acabou, Cooper voltou a me parabenizar pelo excelente projeto de planejamento e eu sem jeito o agradeci.
Iria passar todos esses elogios para Brunna, afinal, o projeto era dela.
Estava ansiosa para contar como havia sido a reunião, mas mais do que isso eu estava ansiosa para vê-la.
Ao sair do prédio, o motorista que meu pai designou para me levar e buscar da reunião já estava a minha espera. Pedi para que ele me deixasse na loja de vestidos e agradeci pelos serviços prestados.
Assim que entrei na loja, a primeira coisa que vi foi Vero no balcão da recepção. Fui até ela.
— Olha só quem resolveu aparecer! — ela falou ao me ver se aproximando do balcão.
— Eu estava em uma reunião, ok? Tudo certo por aqui? — perguntei.
— Tudo certo, exceto por um detalhe.
— Qual?
— Você não ter me contado o que aconteceu depois que a senhorita saiu toda apressadinha do bar na sexta-feira. — Emily respondeu.
Revirei os olhos.
— Isso não é da sua conta. — falei.
— Claro que é, eu sou sua melhor amiga e tenho que saber de tudo. Vocês se pegaram, não se pegaram?
— Eu não sei do que você está falando.
— Isso quer dizer que sim? — ela insistiu.
— Estarei em meu escritório. Me avise quando a Brunna chegar. — pedi mudando completamente de assunto enquanto caminhava até o elevador.
— Ela já está aqui.
— Já? — perguntei girando sobre meus calcanhares e olhando para Emily.
— Sim! Ela chegou bem cedo e perguntou por você, falei que você ainda não havia chegado e ela agradeceu, subiu e não desceu desde então.
— Nem para almoçar? — perguntei.
— Nem para almoçar.
— Ok. Obrigada, Emily. Sabe onde me encontrar. — falei antes de virar-me novamente em direção ao elevador.
Apertei o botão para chamar o elevador, porém como o tempo parecia não passar resolvi ir pela escada.
Péssima ideia.
Ao chegar no último andar eu estava completamente ofegante já que havia subido correndo.
Eu precisava voltar a treinar.
Caminhei pelo corredor tranquilamente na tentativa de normalizar minha respiração e meus batimentos cardíacos, porém falhei ao encontrar a porta do estúdio entreaberta.
Ao ver Brunna sentada de costas para a porta trabalhando em seu computador, ali... Há tão poucos metros de mim, senti meu coração acelerar ainda mais.
Bater ou não bater na porta?
(Inicie: Mess Is Mine - Vance Joy)
Depois de pensar por alguns segundos resolvi que iria até ela, afinal, precisávamos conversar sobre o que havia acontecido.
— Oie. — falei baixinho dando três toques na porta de madeira.
Brunna se virou em direção a porta e ao me ver abriu um sorriso.
Isso é um bom sinal, não é?
— Oie! — ela respondeu. — Pode entrar.
— Licença. — falei ao entrar o que fez com ela risse.
Observei-a se levantar e caminhar até um pequeno sofá que ficava encostado em uma das paredes do estúdio.
— Vem cá. — ela pediu e eu me aproximei de onde ela estava.
Sentei-me no sofá e senti seu olhar sobre mim.
Silêncio.
— Me reuni com o pessoal do Times hoje. — puxei assunto.
— Sério? E aí? — ela perguntou inclinando-se sobre o sofá e apoiando o rosto com uma das mãos.
— Sim! Passei todos os detalhes do que discutimos na sexta-feira, e devo dizer que o planejamento como um todo foi muito elogiado pelo Cooper.
— Oh meu Deus, Ludmilla! Isso é muito bom! — Brunna respondeu animada.
— Me senti culpada em não falar sobre a verdadeira dona da ideia, mas não podia comprometer nosso plano. — falei. — Mas fique tranquila, farei isso quando o evento passar.
— Não se preocupe com isso, Lud. Está tudo bem.
— Vai ficar tudo bem quando Cooper conhecer você. — respondi.
Brunna não me respondeu, apenas sorriu, e novamente o silêncio voltou a surgir entre nós.
Olhei para ela, que não desviava o olhar de mim.
— Olha, Bru... Sobre sexta... Se você quiser nós podemos fingir que não aconteceu e colocar a culpa na quantidade de álcool e.... — comecei a falar mas fui interrompida por um grito.
— NÃO! — ela gritou e eu arregalei os olhos. — Quer dizer... Não. — ela falou de forma mais calma.
Eu continuava olhando para ela, que agora se ajeitava novamente no sofá, inquieta.
— Eu não quero esquecer o que aconteceu na sexta-feira. — ela falou e eu senti meu coração parar por um segundo.
— Tudo bem, então. — falei.
— Eu passei o final de semana inteiro pensando em te ligar, tentando encontrar as palavras certas... Mas fiquei apreensiva, então desisti. Me perdoe. — ela falou e me olhou.
— Você quer conversar sobre isso? — perguntei.
— Quero! Muito! Eu preciso falar como me sinto em relação a tudo. Preciso ser sincera com você. — ela respondeu.
Eu acenei com a cabeça, me preparando para todos os cenários possíveis aos quais aquela conversa nos levaria.
— Eu gosto de você, Lud. Estar com você me faz bem, me faz sentir livre, eu me sinto eu mesma e eu gosto muito disso, porque nunca me senti tão feliz ao lado de alguém. — ela sorriu. — Mas ao mesmo tempo em que tudo isso é muito bom e intenso, é novo também. Eu estou me descobrindo agora e está sendo uma experiência e tanto, entende? Eu estou tentando me entender, entender o que eu sou. Estou uma bagunça e eu não quero te machucar por isso.
— Bru... Está tudo bem! É importante conversarmos sobre isso e fico feliz que tenha se sentido à vontade para me contar como se sente. — falei. — Eu sei que é muita coisa pra processar e absorver em tão pouco tempo, mas quero que saiba que eu vou sempre estar aqui caso queira conversar sobre isso. Eu gosto de você e não vou deixar de gostar porque você "está uma bagunça". — fiz aspas com os dedos, citando sua frase. — Muito pelo contrário, eu vou te apoiar e te ajudar, caso seja o que você queira.
— Eu queria não ser tão complicada. — ela riu. — Você sabe como me sinto em relação a nós, mas ainda existem outras coisas que preciso resolver. Se for pra estar com alguém quero estar 100% presente, sendo 100% eu. Então por isso, tudo que eu te peço é tempo. Tempo para organizar a bagunça dentro de mim. Inclusive quero que saiba que eu sei que isso é muito para se pedir a alguém, então entendo se você não quiser.
— Eu acho que o que construímos até aqui surgiu de forma muito natural. Desde o início nós sempre fomos amigas e acho que isso teve uma grande contribuição para que nos aproximássemos tanto. Eu não sei se já disse, mas acredito muito na frase "se for pra ser, será". — falei. — Então, sendo extremamente clichê agora, digo que se for pra acontecer algo entre nós, irá acontecer. Sem pressão, sem nada. Apenas nós e o destino unindo aquilo que é pra ser.
Olhei para Brunna e notei que seus olhos estavam molhados.
Ela estava chorando.
— Ei! Não precisa chorar, está tudo bem! — falei me aproximando dela no sofá.
Ela começou a rir, tímida, enquanto enxugava as lágrimas que insistiam em cair.
— É muito bom ser ouvida e compreendida. — ela respondeu se aproximando de mim.
— Se depender de mim, isso sempre vai acontecer. — sorri. — Agora vem cá.
Envolvi o pescoço de Brunna com meu braço direito enquanto ela abraçou minha cintura.
— Você é incrível, Lud. Obrigada.
— Shhhh... — falei colocando meu indicador sobre seus lábios. — Sem agradecimentos, ok? Isso é o mínimo que posso fazer por você.
Aproveitei a pequena distância em que estávamos para poder secar as lágrimas que escorriam de seus olhos.
— Linda. — Brunna falou olhando em meus olhos.
— Você. — toquei na ponta de seu nariz.
Brunna se aproximou bem lentamente de mim e quando chegou perto o bastante do meu rosto, roubou-me um selinho, afastando-se em seguida e começando a rir.
— EI! — falei e me aproximei dela, que se contorcia ainda rindo. — Você acha isso engraçado?
Ela concordou com a cabeça.
— Vou te mostrar algo bem engraçado.
Levantei do sofá e fui para perto dela, que agora já havia se esticado no sofá. Levei minhas mãos até sua barriga e comecei a fazer cosquinhas.
Sua gargalhada preencheu o ambiente enquanto ela tentava se proteger das minhas mãos com suas pernas e braços.
— Ludmilla! — ela gritou em meio às risadas.
— O que foi? — perguntei ainda fazendo cosquinhas em seu corpo.
— Para! — sua risada aumentou quando eu movi minhas mãos para seu pescoço.
— Hm... E o que eu vou ganhar em troca? — perguntei.
— Eu... Não... Sei... O que... Você... Quiser!
— O que eu quiser? — perguntei. — Isso é perigoso.
— Oquevocêquiser! Euvoufazerxixi, para! — ela estava começando a ficar vermelha.
— Tudo bem, tudo bem. — falei, tirando minhas mãos de seu corpo. — Sou muito bondosa, viu?
— Obrigada! — ela falou ofegante enquanto sentava-se no sofá.
— Obrigada não, eu quero minha recompensa agora. — semicerrei os olhos em sua direção.
— E o que você tem em mente? — ela perguntou se levantando e vindo até onde eu estava.
— Um beijo. — respondi.
— Um beijo?
— Sim.
— Assim? — ela perguntou depois de beijar minha bochecha.
— Quase... — respondi envolvendo sua cintura com os braços enquanto olhava em seus olhos. — Eu estava pensando em algo mais assim...
Coloquei sua franja atrás da orelha e puxei-a para perto de mim, o que fez ela sorrir com o canto dos lábios. Aproximei meu rosto do seu e senti quando suas mãos subiram até a minha nuca.
Unindo nossos lábios, acabei com a distância entre nós.
Brunna entreabriu sua boca, permitindo com que minha língua encontrasse a sua e juntas pudessem se mover em uma sincronia perfeita.
Céus...
Como era bom beijar aquela mulher!
Chupei seu lábio inferior voltando a beijá-la no instante seguinte. Suas mãos, que anteriormente estavam em minha nuca, desceram para os meus braços, onde ela arranhou com um pouquinho mais de força.
Nos beijamos por mais alguns minutos até o ar começar a faltar.
Desci meu rosto para o seu pescoço e ali fiquei imóvel, apenas sentindo o cheiro doce de sua pele contrastando com o aroma cítrico de seus cabelos.
Senti quando uma de suas mãos envolveu meu cabelo e começou a fazer carinho, focando principalmente em minha nuca.
Sorri.
— Quero te mostrar um lugar. — falei afastando-me lentamente da mulher a minha frente.
— Que lugar? — ela perguntou curiosa.
Peguei em sua mão e juntas saímos do estúdio, descendo alguns lances de escada até chegar aos provadores.
— Você não vai me fazer provar meu vestido de noiva, vai? — ela arqueou a sobrancelha.
— Não exatamente. — respondi e observei o olhar confuso em seu rosto.
Caminhamos até uma enorme porta branca localizada no final do corredor dos provadores. Abri-a com meu molho de chaves e quando entramos no ambiente, Brunna ficou boquiaberta.
Era o lugar onde guardávamos todos os vestidos de casamento.
— Eu estou no paraíso? — ela perguntou.
— Você é muito boba, vem logo! — falei pegando em sua mão.
— Ah! Não era isso que você queria me mostrar?
— Não. O que eu vou te mostrar é muito mais legal que isso. — respondi.
Cruzamos alguns corredores abarrotados de vestidos até chegarmos em um mini lance de escadas, com três degraus, que levava a uma porta menor.
— Seja bem-vinda ao meu esconderijo. — falei enquanto terminava de destrancar a porta. — É aqui onde eu desenho e projeto todos os vestidos.
Ao entrar na pequena sala, Brunna correu em direção ao tapete felpudo que ficava nos fundos e se jogou sobre ele.
— Isso é melhor que a minha cama. — ela respondeu enquanto abria os braços e sentia o tecido fofinho do tapete contra sua pele.
Ri de como ela estava e voltei a trancar a porta atrás de mim.
— Dá pra morar aqui! — ela voltou a falar, sentando-se sobre o tapete e escorando suas costas contra o pequeno sofá atrás dela, ao mesmo tempo em que observava a sala.
— Já passei muito tempo aqui dentro, então dei um jeito para não ter que ficar saindo toda hora. Tenho um frigobar, um armário com besteiras, uma escrivaninha cheia de esboços, réguas, lápis e lapiseiras, uma mini arara de roupas e esse cantinho onde você está sentada.
— Confesso que aqui é meu lugar preferido no momento. Além de aconchegante, dessa janela aqui você consegue ver praticamente todo o movimento da rua. — ela apontou para a janela acima do sofá.
Me aproximei de onde ela estava e sentei-me ao seu lado.
— É bem aconchegante mesmo. — respondi. — Que bom que gostou.
— Espera aí... — ela falou estreitando os olhos em direção a minha arara de roupas. — Aquele ali é o meu vestido?
— Sim. Eu falei que eu mesma ficaria encarregada de cuidar do seu vestido, não falei? Resolvi deixar separado dos outros para evitar algum possível acidente.
— Hm... Muito obrigada, Lud. — ela sorriu. — E o que é aquela outra capa preta ao lado dele?
— Você já sabe o que vai usar na sexta? — perguntei.
— Mais ou menos. Estava pensando em sair para comprar algo mais social. — ela respondeu. — E você?
— Aquela capa preta está guardando o vestido que eu vou usar. — respondi.
Brunna arregalou os olhos.
— E foi você quem desenhou?
— Cada detalhe.
— E eu posso ver? — ela perguntou sorrindo com malícia.
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